Em decorrência do último relato que compartilhei, percebi a curiosidade de alguns acerca dos eventos passados em minha vida. Por conseguinte, decidi partilhar com vocês algo que nunca revelei a ninguém, à exceção de minha psicóloga, omitindo-o até mesmo de meu marido. Este sigilo, especialmente, é motivado pela perspectiva de enfrentar um possível julgamento ao compartilhar o acontecido.
Todos os nomes que mencionarei no texto são fictícios, com o intuito de preservar a identidade dos envolvidos. E Alerto que essa parte inicial pode ser um pouco maçante, mas minha ideia é realmente descrever com riqueza de detalhes tudo o que aconteceu. Dito isso, vamos começar.
O início desse período marcante ocorreu quando me preparava para iniciar os estudos do ensino médio. Havia se passado apenas alguns meses desde nossa mudança, e eu residia com minha mãe, meu tio (que também é meu padrinho) e minha avó em sua residência. O falecimento de meu avô alguns anos antes levou minha mãe a decidir regressar para prover assistência à minha avó, em virtude de sua avançada idade. Além disso, o recente episódio de um derrame que acometera minha avó, ainda que não de grande gravidade, ocasionou certa limitação em suas atividades diárias. Antes, conforme recordo, morávamos na residência de minha tia, com minhas duas primas. Guardo memórias encantadoras desse período, especialmente em razão do vasto quintal da casa, onde desfrutávamos das tardes brincando.
Quanto ao meu pai, as raras vezes que minha mãe abordou o assunto, afirmou que não era proveitoso manter contato, pois ele era uma pessoa desorientada e incapaz de contribuir para nossa família. Eu acreditei, especialmente após escutar furtivamente uma conversa entre ela e minha tia, na qual ambas concordavam que o término com ele trouxera alívio, visto que minha mãe sofria agressões. Além disso, tive conhecimento, por intermédio de meu avô falecido avó, que na época estava vivo, que meu pai era alcoólatra. Consciente do impacto emocional que esse assunto provocava em minha mãe, escolhi não mais questionar mais sobre.
Sempre vi minha mãe uma verdadeira guerreira, principalmente por ser mãe solteira. Ela trabalhava como recepcionista em um hotel, por vezes virava a noite para trazer nosso sustento. E apesar de nossa condição financeira desfavorável, nunca estudei em escola pública, minha mãe sempre colocou como prioridade minha educação. Meu padrinho também nos ajudou muito nessa época, principalmente com os custos dos meus estudos. Graças ao esforço deles, hoje sou graduada em enfermagem pela universidade federal do meu estado.
Minha rotina era bem estruturada, minha mãe, exigente como era, sempre cobrou muito tanto no que tange aos meus estudos quanto às minhas relações de amizade. Assim, meus dias consistiam em frequentar a escola pela manhã, ir para as aulas reforço à tarde e, por fim, contribuir com as tarefas domésticas ao auxiliar minha avó. Essa agenda programada deixava pouco espaço para o cultivo de amizades. Ademais, fui rotulado como "nerd" na escola devido ao meu enfoque nos estudos.
Durante um a dois dias por semana, minha mãe trabalhava no turno da noite. Ficou combinado que minha avó me acompanharia nessas noites em que minha mãe tinha seus compromissos, porém, ocasionalmente, ela acabava adormecendo em seu próprio quarto antes de vir para o meu. Foi nesse período que comecei a me descobrir sexualmente, principalmente quando estava sozinha em meu quarto. Meu padrinho, tinha assinatura de TV a cabo, com pontos em todos os cômodos da casa. Sempre fui muito observadora e eventualmente consegui descobrir a senha dos canais adultos. E, na ausência de minha mãe, imergia-me nesses momentos. Ficava até altas horas, mergulhando nos filmes disponíveis, me masturbando muito.
Logo notei que tinha um desejo sexual mais aflorado do que o comum. Apesar da falta de intimidade com minhas colegas de escola, sempre rolavam conversas sobre sexo e era notório o quanto me masturbava mais que elas. Inicialmente cogitei que era pela falta de proximidade, por isso não me contavam tudo.
No colégio, cheguei a ficar com alguns meninos, lógico, de maneira totalmente sigilosa, pois eu tinha muito medo de que minha mãe descobrisse algo. Nunca passou de beijo, um dos garotos até tentou passar a mão em meus seios, mas eu o retruquei e me afastei, embora estivesse excitada.
A única pessoa com quem tinha intimidade para confidenciar tais sentimentos era uma de minhas primas, chamada Leticia. Nós temos praticamente a mesma idade, e até hoje somos melhores amigas. Conversávamos sobre tudo, e é claro, algumas vezes sobre sexo. Mesmo em comparação com ela, percebi que a frequência com que me pensava em sexo e me masturbava era maior.
Sentia-me culpada por experimentar tais sentimentos, especialmente devido à influência dos dogmas da igreja que retratam a sexualidade como algo negativo. Quase todos os domingos, acompanhava minha mãe à missa, tínhamos o costume de sentar nas cadeiras da frente, porém, cada visita era acompanhada por um peso de culpa, pois acreditava estar cometendo um pecado.
Mal poderia imaginar que, meses mais tarde, estaria sentado naquela mesma cadeira com o cu cheio de gala…