Almas de Estorninhos parte II (4)

Um conto erótico de L. Amaral
Categoria: Gay
Contém 2639 palavras
Data: 14/04/2024 09:08:32

"Ethan, eu vou te pegar. Vc vai me pagar por ter feito aquilo comigo"

"Por favor me deixe em paz"

"Vc ainda vai ser meu. Está entendendo? Meu e de mais ninguém"

"Nunca mais eu quero te ver"

"Senão eu vou te ferrar todo"

"Por favor, você tem que procurar alguma ajuda"

"Eu não preciso de ajuda. Eu só quero te ver"

"Vc está me deixando muito mal. Fique longe de mim, por favor.

"Vai se ferrar!"

"Seu doente. Psicopata. Vai se ferrar vc"

"Me desculpa. Por favor. Eu estou mal. Eu só quero te ver".

"Frank, por favor só me deixe em paz"

"Eu vou partir a sua cara ao meio".

Essas só foram algumas mensagens trocadas entre mim e o Frank, depois daquele dia em que fugi do bar. Não foram exatamente nessa ordem e eu já tinha bloqueado-o outras vezes, mas ele dava um jeito de entrar em contato.

Foram quase duas semanas assim. Às vezes ele me dava uma esperança de que pararia com as mensagens. Uma noite eu dormia tranquilo, mas de manhã lá estava ele me perturbando. Parecia que nunca iria acabar. Porém, um dia, o inferno terminou. E me deixou todo queimado.

— Você não está comendo direito e quase não está saindo de casa. Filho, o que está acontecendo?

Eu estava no sofá com a minha mãe e a Jane. Esta última, de pé, segurava um copo de suco de frutas que não consegui tomar. Não descia.

— Ethan, me diz o que foi — insistiu mamãe.

Puxei mais o cobertor para o meu corpo e engoli em seco, olhando para baixo.

— Eu vou levá-lo ao terapeuta.

Olhei para cima e vi minha mãe falando isso para Jane. Enfim, falei:

— Não precisa. É que aconteceu uma coisa.

— Então me diz, filho — Ela alisou uma das minhas pernas, me encorajando.

Quase chorando, contei à minha mãe o que tinha acontecido. E, depois de me consolar, ela disparou:

— Eu não acredito que você foi para um bar à meia noite se encontrar com um psicopata.

— Ele parecia uma boa pessoa.

— Se ele continuar te ameaçando, vamos ter que envolver a polícia nisso. Me diz quem é ele.

— Não, ele já parou. Eu não tenho mais nenhum contato com ele. Ele já parou — repeti.

— Mas ele ainda te assusta, não é mesmo? — Jane comentou.

Assenti.

A aparente depressão não era só por causa do trauma: "você se encontrou com um maníaco!", ou do medo, depois; mas também na frustração, na ruptura do belo romance que eu estava criando com o Frank.

— Ele não está só assustado, está deprimido. Por isso eu ainda vou te levar ao terapeuta. E você nunca mais vai sair por aí marcando encontro com qualquer um, ouviu?

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Capítulo 4: A viagem

Depois de quatro dias eu estava novamente na casa do Wade, só que dessa vez, sozinho com ele.

— Fique aqui, jason — disse Wade, enquanto subíamos alegres pelas escadas.

O quarto dele era claro e iluminado, com duas janelas grandes — a cama ficava entre elas.

Wade beijou o meu pescoço. Chegou até a minha orelha direita, deu uma mordiscada e a chupou. Me senti como uma fonte que, antes quieta, é atingida por algo e então é provocado uma agitação, uma ondulação. No meu caso, pelos lábios daquele homem.

— Gosta disso? — sussurrou-me.

— Sim — suspirei.

Wade me pôs de joelhos para que eu pudesse me deliciar com o seu cacete explodindo de duro e salivante.

— Isso! Chupa, bebê. Ahhh!

Socou na minha boca, me fazendo engasgar.

— Você é meu — ao dizer, Wade se abaixou e me beijou.

— Todinho meu — repetiu.

— Sim! Eu só todinho seu, Wade.

Deitamos no carpete.

Gemi, enquanto era beijado no pescoço e peito. Wade desceu mais e chegou no meu pau. Gemi alto, ainda mais quando fui virado e o cuzinho chupado.

— Ahh!

Wade dava tapas em minha bunda.

— Isso! Ahhh — repeti.

Em seguida voltava a me chupar, às vezes dando mordiscadas em meu bumbum. Então, subiu passando a língua em minhas costas até chegar em minha boca.

— Quem é seu macho, em?

— Você, Wade. É você.

Ele passava o pau na minha entrada enquanto dizia sacanagem em meu ouvido.

Depois de me dar várias metidas, Wade parou.

— Viu como eu estou melhorando? Já te comi um bocado e ainda quero mais.

— Quer é? — gemi.

Realmente tinha melhorado da ejaculação precoce.

Então, aquele macho se ergueu comigo nos braços e o pau ainda dentro de mim, e socou. Com as pernas enroladas na cintura dele, eu gemia e choraminga de tesão no ombro dele. Era o meu lugar favorito, nos braços de um homem me fodendo.

Já na cama, Wade socava calmo e depois aumentava, girava o quadril e empurrava fundo o pau no meu íntimo. E logo, o meu corpo estava prestes a alcançar a superfície do prazer.

— Isso, vai! Goza — Wade exclamou.

O suor dele pingava e se misturava ao meu. O meu sopro batia no rosto dele, e o dele no meu.

— Oh, Wade! — berrei com os olhos lacrimejantes.

E entrei no lugar onde o tempo para, onde tudo para. E o Wade logo me alcançou. Ouvi os gemidos dele aumentarem, então, senti o seu pau pulsar e jorrar sua semente dentro de mim. Uma veia saltitante se formou na testa dele, enquanto se afogava no orgasmo. Apertou forte os meus braços e gemia.

— Ahhhh!

Depois caiu sobre mim, tremendo e arfante. Um minuto inteiro assim. Aos poucos foi se acalmando.

Respiração suave e profunda soprando em meu pescoço. Acariciei as suas costas largas e suadas.

E a brisa, vinda da janela, veio refrescar os nossos corpos naquela tarde maravilhosa.

Ao som de música eletrizante, um monte de pessoas suadas carregavam pesos. Ouvi gemidos e berros. Uma orgia de tortura e escravidão? Não, era só uma manhã de sábado na academia do Wade.

Reconheci uma dessas pessoas, um barbudo. E fui reconhecido também. Antes de eu chegar à recepção, ele me alcançou.

— Ethan?

— Michael! Tudo bem? Eu vim ver o Wade.

Ele vestia um shortinho preto e uma regata, todo suado.

— Ele está no escritório — disse, um pouco ofegante. Fica lá em cima — acrescentou.

— Obrigado.

— Quer que eu te acompanhe?

— Não, eu acho ele. Obrigado.

Antes que subisse as escadas, Michael segurou o meu braço.

— Ei, sobre aquele dia...

— Está tudo bem. De verdade — falei, sinceramente.

Ele sorriu gentilmente.

— É bom te ver — acrescentou.

Eu assenti. E já no topo da escada, olhei para baixo.

— Pelo lado esquerdo — disse Michael e piscou um olho para mim.

O escritório ficava no meio do corredor. Passei por um jarro grande de alguma espécie de palmeira, e dei batidinhas na porta.

— Wade, está aí? Oi!

O encontrei num canto da sala, perto de um armário, parecia se esconder. Corri até ele.

— Wade, o que foi?

Ele tentava abrir um frasco de pílulas, porém, tremia muito.

— Nada, estou bem — gaguejou.

— Deixa que eu abro, espere. É só uma?

Wade assentiu. Colou as costas na parede e fechou os olhos.

— Aqui.

Peguei uma garrafa d'água ali perto da mesa, ajudei-o a tomar o remédio.

— Calma, beba. Respire fundo.

Segurei a mão dele. Em seguida observei aquele frasco, parecia um tranquilizante.

— Wade, o que é isso?

— Não é nada — disse, sem olhar para mim.

— É por causa da bebida? — aventurei.

Ele engoliu em seco e assentiu. Limpou a garganta e disse:

— Às vezes eu fico com muita coisa na cabeça, e então, acontece isso. Eu fico querendo beber mas não vou fazer isso — Fez uma pausa e acrescentou: — Ai, que coisa horrível — Puxou o ar profundamente e acrescentou: — Eu não queria que você me visse assim.

Seus joelhos tremiam muito.

— Está tudo bem. Não quer sentar no sofá?

— Ah, eu não vou conseguir sair daqui agora — Ele tentou rir.

— Wade — Acabei me hiperventilando.

— Ei, eu já vou ficar bem. Vem cá, me abrace. Isso.

Ele me apertou forte.

— Você me acalma — falou.

Alisei a parte de baixo das costas dele. E aos poucos o seu corpo foi se livrando daquela "hipotermia". Então, Wade escorreu na parede até o sentarmos no chão.

— Você veio só me ver ou quer veio de exercitar? — Ele fez uma careta.

— Só te ver — Eu ri também.

— Mas se quiser, pode vir à vontade.

— Tá, eu vou pensar.

Então, nos beijamos.

— Já está melhor agora? — perguntei, já de pé.

— Muito melhor.

No sofá de couro preto, do outro lado da sala, sentamos.

— Estou feliz que esteja aqui — Wade sorriu, sem tirar os olhos de mim.

Um pouco relutante e, ao mesmo tempo, perguntei:

— Você me ama?

Os olhos dele encolheram quando aumentou o sorriso.

— Sim. Eu te amo. Por quê? Você não me ama? Hahaha!

— Ah, é claro que te amo — Eu ri também. Fiz uma ligeira pausa e acrescentei: — Às vezes parece que tudo isso é um sonho. Que tudo isso é um conto mágico. Por que, qual era a chance da gente ter ficado junto, de você me amar.

Wade refletiu um momento antes de dizer:

— Eu acredito que, às vezes, a realidade é muito mais surpreendente do que qualquer conto de fadas. Você não acha? Senão, como explicar o que sinto por você?

Os meus olhos arderam.

Wade acariciou a minha bochecha.

— Você é tão jovem, Ethan. Ainda tem muito o que aprender. E eu não vou ser o seu príncipe encantado porque isso só atrapalha tudo. Enquanto isso durar, eu quero ser o seu amigo e o seu homem.

— Eu não quero que acabe.

— Eu também não — Ele terminou me beijando.

Uma semana se passou depois disso. Nesse período, Wade e eu transamos mais três vezes, na casa dele e uma no meu quarto. E dávamos uns pegas quando podíamos. A Jane quase nos pegou nos beijando na cozinha. Foi um pouco tenso, mas acabamos rindo depois.

A minha vida não só era torno do Wade, é claro, mas eu também saí com os meus amigos.

— Que sorriso é esse? — indagou Emily.

— Nada — falei, sorrindo mais ainda.

— Eu sei bem em quem você está pensando.

— Sabe é?

— É bom te ver assim — Ela roçou a cabeça em meu ombro.

— Obrigado.

— Ei, vocês dois! Vão ficar só olhando? — gritou a namorada da Emily.

Às vezes vamos ao parque jogar vôlei, disco, ouvir música, dançar. Eu e a Emily estávamos sentados na grama observando o resto da galera brincar, logo nos unimos novamente a eles.

Nesse mesmo dia, à noite, o meu pai me levou ao boliche. Depois fomos comer pizza.

— Vou amanhã comprar a passagem para Nova York — comentei.

— Ah, deixa que eu pago.

— Não precisa.

— Eu pago.

— Eu já tenho todo o dinheiro, pai.

— Por favor, deixe-me fazer isso — pediu.

— Pai...

— O quê? Por favor.

Suspirei, fazendo uma pausa.

— Está bem — falei.

— Bom. Amanhã eu te levo.

Assenti, contente também.

E dois dias depois, eu já estava no aeroporto. O Wade me levou, junto com a minha mãe.

— Se cuida, filho.

Ela me envolveu em seus braços, e senti o cheiro dos seus cabelos. Amêndoa.

— Tchau, Ethan — Wade estendeu a mão.

Eu não a toquei. Preferi abraça-lo.

Wade me apertou forte, rindo.

— Tchau, Wade.

Nesse momento, faltavam menos de dez minutos para o embarque. Foi quando o meu pai chegou correndo.

— Desculpa pelo atraso — Ele também me abraçou forte.

Depois de nos desgrudar. O meu pai estendeu a mão para o Wade.

— Sou o Brian. Muito prazer — disse.

Ambos sérios, apertaram as mãos.

— Wade. Muito prazer.

— Oi, Isabelle.

— Achei que não fosse vir — A minha mãe disse para o meu pai

— A caminhonete furou o pneu, então tive que vir de táxi.

Então, me despedi deles mais uma vez e fui para o avião. E após 4 horas de viagem, cheguei a Nova York. A Lucy já estava me aguardando no aeroporto.

— Que lindo você está — disse ela, me abraçando.

— Olha quem fala.

— E aí gostou do cabelo? Retoquei a cor — Lucy riu, balançando a cabeleira loira.

— Está ótima! Perdeu peso também?

— Ah, para. Eu ganhei um quilo e meio.

— De bunda, né? — acrescentei.

Rimos.

— Vamos — começando a arrastar a minha mala, disse Lucy.

Depois de almoçar, fomos de táxi até o apartamento dela.

— A mamãe voltou com o papai?

— O quê? Não. Ela está com o Wade.

— Ah, o bonitão. Ele é legal?

— É sim.

Em pé na janela do quarto dela, eu observava a cidade. O clima estava agradável lá fora. Então, me virei para Lucy e aventurei:

— O papai tentou falar com você?

— Sim.

De frente para o espelho, ela tirou um brinco e o outro.

— A gente conversou um pouco — acrescentou.

— Sério? E como foi?

— A gente conversou de boa.

Lucy tirou os saltos e a jaqueta, estava toda de preto, e se deitou na cama.

— Sabe, eu já tenho a minha vida aqui, e os nossos pais têm a deles lá. Estar aqui era tudo o que queria. E o que passou, passou. Eu não sou mais aquela adolescente lutando para explorar o mundo, querendo fazer mil coisas.

— Uau! Você está parecendo a mamãe.

— Ah, cala a boca — ela riu.

— Ou será que foi o seu homem o responsável por amolecer esse coração? — falei de um jeito dramático, me deitando ao lado dela.

Ela revirou os olhos e mudou de assunto.

— E aí, pensou no que te falei? Você já vai se formar. Vai querer vir estudar aqui?

— Eu ainda não sei, Lu.

— Está com pena da mamãe? Ela vai ficar bem, ainda mais agora que arrumou um namorado.

— A minha vida também está lá. Os meus pais, meus amigos, e... Ah...

— Você não me contou que tinha arrumado alguém. Não é outro maníaco, é? — ela arregalou os olhos.

— Não. Eu não arrumei outro maníaco. A gente está se conhecendo.

Peguei o meu celular e mostrei uma foto do Dylan, com quem eu já não falava há dias.

— É um gatinho. Tem certeza que não é um maníaco? Olha que ele pode ter outra faca escondida nas calças, e não a que você gosta. Hahaha!

Ergui as sobrancelhas, boquiaberto.

— Piranha cretina — Bati nela com o travesseiro.

— Ai. Eu sou mesmo! Ai, para.

— Sua designer de quinta!

— Aí pegou pesado. Haha!

— Imagina na cama.

— Ah, pode crer. É eu viro uma cretina escandalosa quando o meu homem vem me ver.

— Eca. E eu vou ter que ficar ouvindo do outro quarto?

— Relaxa. Eu tenho tampões de ouvido, depois eu te levo para você não ouvir os nossos... gemidos mais tarde.

— Oh, meu Deus! Me leve de volta pra Atlanta — choraminguei.

— Você não vai não, porra. Eu vou te prender aqui!

Então, Lucy enterrou o travesseiro na minha cara, enquanto ríamos.

E três semanas depois, embarquei novamente para casa. Durante esse tempo em Nova York, saí bastante com a minha irmã, (e sozinho também). A maioria das vezes foi à noite, por causa do trabalho dela. Fomos a vários lugares, tiramos muitas fotos e comemos muito. O namorado da Lucy também nos acompanhou. Ele era legal e muito divertido, um morenão de cabelo quase raspado, me lembrou um dos amigos do Wade. Falando neste, não conversei sempre com ele, com os meus pais menos ainda.

— Aproveita o resto da viagem.

— Wade, está tudo bem? Parece triste.

Eu estava no Central Park, em nossa última conversa por chamada de vídeo.

— Eu só estou um pouco cansando — Pareceu forçar um sorriso, pois foi exagerado.

— Está bem então. Em breve estaremos juntos — falei.

— Não vejo a hora.

E essa hora se aproximava quando eu caminhava pelo terminal do aeroporto, porém, só encontrei os meus pais.

Depois de todo os abraços calorosos, fomos para o estacionamento.

— O Wade não veio?

— Não, eu vim com o Brian.

— Não deu para ele vir?

A minha mãe ficou quieta até entrarmos na caminhonete do meu pai.

— Mãe, cadê o Wade? — insisti.

A minha mãe respirou fundo, e enfim, disse

— O Wade não veio porque a gente — do banco da frente, ela se virou e completou: — A gente terminou.


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