Bom, eu ia postar somente daqui a uns dias, mas... mudei de ideia. Esse é o penúltimo capítulo.
Continuando...
Passam-se os dias... As noites na cobertura de Rebeca e William tornaram-se mais longas e silenciosas. Rebeca, atormentada pelo peso de sua decisão, mal conseguia disfarçar a ansiedade que a consumia. Seus pensamentos eram dominados pela dualidade do medo: o medo de perder a confiança de William e o medo de que o segredo, um dia, emergisse à tona.
William, por sua vez, começou a perceber que algo estava errado. Seus instintos o alertavam sobre a mudança no comportamento de Rebeca. No entanto, ele hesitava em confrontá-la, temendo que suas suspeitas fossem verdadeiras. As noites que antes eram preenchidas por risos e conversas agora eram marcadas pelo silêncio tenso e pelos olhares perdidos.
Enquanto isso, Rafael começou a enviar mensagens, tentando arrastar Rebeca para o centro de seu jogo. Ele sabia que o incidente recente havia abalado as estruturas da vida de Rebeca e William, e isso representava uma oportunidade para ele avançar em seu plano.
Rafael: "Rebeca, sei que as coisas estão difíceis para vocês. Estou aqui se precisar de alguém para desabafar. Ou talvez, para um pouco de diversão. Você sabe onde me encontrar."
As mensagens de Rafael, carregadas de sugestões e ambiguidades, adicionavam uma camada extra de tensão à situação já instável. Rebeca, dividida entre a lealdade a William e a tentação oferecida por Rafael, sentia-se encurralada.
Um dia, ao retornar para casa, William encontrou Rebeca sozinha na sala, olhando para o nada, perdida em seus próprios pensamentos. Estela, naquele dia, foi embora mais cedo.
William: (preocupado) Rebeca precisamos conversar. Algo está errado, e não podemos continuar assim.
Rebeca tentou sorrir, mas seu rosto denunciava a angústia que carregava.
Rebeca: (com a voz trêmula) Eu sei, William. Eu sinto muito por tudo isso.
William: (sereno) Não precisamos esconder nada um do outro. Estamos juntos nisso, lembra?
Rebeca hesitou por um momento, sentindo o coração acelerar. Ela sabia que a verdade precisava vir à tona, mas o medo da reação de William a paralisava.
Antes que pudesse reunir coragem para falar, o celular de Rebeca tocou. Ela olhou para a tela, revelando mais uma mensagem de Rafael.
Rafael: "O que acha de um encontro? Você precisa sair desse clima pesado. Estou esperando por você."
Rebeca, sentindo o peso das escolhas que havia feito, olhou para William, que percebeu a tensão em seu rosto. William senta-se no sofá ao seu lado e pergunta:
William: (firme) Rebeca, o que está acontecendo? Quem te enviou mensagem?
Rebeca, sentindo a pressão alcançar um ponto insustentável, tomou uma decisão. Era hora de encarar as consequências de seus atos e revelar a verdade, não importando o custo.
Na tela do celular de Rebeca, William podia ver o nome: “Daniela”.
Rebeca: (com lágrimas nos olhos) Precisamos conversar, William. Há algo que você precisa saber.
A revelação iminente pairava no ar, enquanto a cobertura de Rebeca e William se transformava em um cenário de suspense, pronto para desvendar o segredo que ameaçava destruir a harmonia que outrora existia entre Rebeca e William.
Rebeca: (nervosa) Esse nome que você está vendo escrito na tela do meu celular: “Daniela”. Na verdade, é o Rafael.
Rebeca: (soluçando) William, eu... eu traí você. Com o Rafael. Aquele reencontro com ele no evento empresarial desencadeou tudo.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. O peso da confissão pairava sobre a sala, como uma sombra escura que se espalhava rapidamente. William, transtornado pela revelação, mal conseguia processar as palavras de Rebeca.
William explodiu em uma mistura de raiva e decepção. Seu olhar, uma vez sereno, agora era cortante, perfurando Rebeca com a intensidade de suas emoções.
William: Como é que é? Você me traiu? Caralho, foi com aquele desgraçado do Rafael? eu estava desconfiado, mas não queria acreditar nisso. Como pode fazer isso comigo, Rebeca? E parar piorar, você salvou o nome dele no seu celular, com um nome feminino? Quem é a mulher diante de mim, caralho?
O apartamento, antes preenchido pelo silêncio tenso, estava agora impregnado com a explosão de emoções. Rebeca, com lágrimas nos olhos, lutava para formular palavras em meio ao turbilhão de sentimentos que a consumia. O suspense pairava no ar, enquanto a revelação abalava as estruturas do relacionamento aparentemente sólido deles.
Rebeca tentou articular suas palavras entre soluços e lágrimas, enquanto enfrentava o olhar furioso de William.
Rebeca: Eu não sei, amor, eu não sei. Rever o Rafael naquele evento empresarial me fez lembrar de tudo o que vivi com ele. Depois, aquele encontro na boate... as coisas tornaram-se ainda piores.
O choro de Rebeca ecoava pela sala, enquanto William, enfurecido, levantou-se do sofá com violência, lançando a mesa de centro para longe. O estrondo da madeira contra o chão ressoou, preenchendo o ambiente tenso. O olhar de William transbordava uma mistura avassaladora de raiva e dor.
William: Como você pôde, Rebeca? Como pôde trair nossa família desse jeito? Você destruiu tudo que construímos juntos.
Rebeca, entre soluços, tentava encontrar palavras que aliviassem a intensidade da situação.
Rebeca: William, eu... eu não queria que as coisas chegassem a esse ponto. Foi um erro, um terrível erro.
A sala tornou-se um campo de batalha emocional, com a revelação da traição rasgando os alicerces da confiança que um dia existiram entre Rebeca e William. O destino daquela família, agora, pendia no fio da decisão que William teria que tomar diante da traição que abalara a estrutura de seu casamento.
William, com a voz carregada de raiva e incredulidade, continuou a desferir palavras afiadas, confrontando Rebeca com sua decepção.
William: Pensei em contratar um detetive, sabia? Para confirmar minhas suspeitas. Mas eu resisti, achei que estávamos acima disso, que nossa história era forte. E então, o choque daquela tentativa de sequestro não foi o suficiente para te fazer repensar suas escolhas?
Ele fixou seu olhar furioso nos olhos de Rebeca.
William: Você trocaria um relacionamento sólido e duradouro por uma simples aventura? Acha que vale a pena, Rebeca? E esse ex-namorado seu, é tão incrível assim? Ele te fez mudar da água para o vinho, Rebeca. Diga-me, por que diabos terminaram? Eu quero saber, porra!
A sala, agora, era palco de um embate emocional intenso, onde as palavras pesadas ecoavam entre os destroços simbólicos da mesa de centro, testemunhas silenciosas da crise que se desenrolava.
As veias de William pulsavam visivelmente em seu pescoço, indicando a intensidade de sua fúria. William, com a voz elevada, exige uma resposta de Rebeca.
William (com raiva): Responda, Rebeca! Esse tal de Rafael era um bom namorado? Por que terminaram? O que aconteceu? Conte-me, caralho, conte-me!
Rebeca (soluçando): Eu não sei, William. Eu não sei. É como eu disse, rever o Rafael naquele evento empresarial me fez lembrar de tudo o que vivemos. Encontrá-lo na boate só complicou as coisas.
Rebeca (entre lágrimas): Eu não queria magoar você, William. Foi um momento de fraqueza, eu...
William (cortando): Fraqueza? Depois de tudo que passamos juntos, você chama isso de fraqueza? Pensei que tínhamos algo sólido, duradouro. E agora você me faz isso.
Rebeca (tentando se explicar): William, eu amo você. Isso não mudou. O Rafael faz parte do passado, eu juro.
William (ironicamente): Amor? Se fosse amor, não teria ido atrás dele. Você trocaria nossa família por uma aventura do passado?
Rebeca (desesperada): Eu não queria, William. As coisas saíram do controle. Eu me arrependo amargamente.
William (em um misto de raiva e tristeza): Não sei se posso continuar com isso. A confiança foi quebrada, Rebeca.
A tensão na sala atingia seu ápice, enquanto William confrontava Rebeca sobre a traição, e o futuro do relacionamento deles permanecia incerto.
William: (com os olhos marejados) Desde quando, Rebeca? Desde quando você está me traindo com aquele merda?
Rebeca: (nervosa) Amor, eu... isso começou há um tempo. No jantar na casa do Carlos, os primeiros amassos aconteceram lá.
William permaneceu em silêncio por um momento, sua expressão de surpresa denunciando uma mistura de choque e indignação. As palavras de Rebeca pairavam no ar, enchendo a sala com uma verdade dolorosa.
William: (incrédulo) Você o quê? Naquela noite... na casa do Carlos?
Rebeca, nervosa, tentava manter o controle, mas suas mãos tremiam visivelmente.
William, confuso: Como assim os primeiros amassos aconteceram naquele jantar? Lembro-me que, em um determinado momento, Carlos chamou aquele desgraçado do Rafael e eu para vermos o novo carro que ele tinha comprado. Rafael deu uma desculpa dizendo que não ia, que o jantar tinha feito mal a ele. Enfim, você, ele e a Rose ficaram lá na sala. Em que momento esses amassos ocorreram, hein?
Rebeca: (Nervosa) Bom, depois que vocês saíram, ficamos conversando e, em um determinado momento, Rose saiu para atender uma ligação do noivo dela.
Rebeca: (tensa) Então, Rafael se aproximou de mim e começou a dizer que estava com saudades, que me rever tinha deixado ele louco, porque relembrou os tempos em que éramos namorados. Nos olhamos, e todas as memórias do tempo em que estivemos juntos vieram à minha mente. Começamos a nos beijar, nos agarrar, e acabamos esquecendo onde estávamos, do perigo que corríamos. Só não fomos mais longe porque ouvimos o barulho da Rose voltando. Ela percebeu que algo tinha ocorrido na sua ausência, e o clima ficou tenso. Quando vocês voltaram, nem perceberam nada. Conseguimos disfarçar, mas o clima não estava legal.
William, em pé na sala, olhava para Rebeca indignado com o que acabara de ouvir.
William: Como é que é? Então, enquanto o Carlos e eu estávamos na garagem, vocês aproveitaram que a Rose foi atender uma ligação do noivo e se agarraram? Que pouca vergonha! Tenho nojo de vocês, sabia? Chegar a esse ponto e depois agir como se nada tivesse acontecido...
Rebeca, entre soluços, tentou articular uma resposta, mas suas palavras pareciam se perder na densidade do silêncio que se instalara. A sala, antes palco de risos e cumplicidade, transformou-se em um campo de batalha emocional.
William, com as mãos trêmulas, continuou a expressar sua fúria e decepção diante da traição. A imagem de Rebeca, a mulher com quem construíra uma vida sólida, agora estava manchada pela revelação devastadora.
William, com uma expressão carregada de raiva e mágoa, continuou a desenrolar os eventos dolorosos daquela fatídica noite.
William: (Irritado) E após o Carlos e eu voltarmos, ficamos conversando, aquele idiota do Rafael dando indiretas para mim. Foi aí que perdi a cabeça e parti para cima dele. Espanquei aquele otário, e você, em vez de ir embora comigo, ficou com aquele paspalho, deve até tê-lo acompanhado na ambulância para o hospital, não é mesmo, sua vadia?
O peso da traição e da escolha de Rebeca reverberava na sala, criando uma atmosfera ainda mais densa. A imagem de Rebeca, antes vista com ternura por William, agora estava marcada por uma série de decisões que pareciam insensatas e cruéis.
Rebeca, ainda entre lágrimas, tentou encontrar palavras para justificar suas ações, mas a dor refletida no rosto de William era avassaladora. Ela sabia que as palavras eram insuficientes para apagar o que tinha acontecido.
Rebeca: William, eu... Eu não sei o que dizer. Fui fraca, cedi às lembranças do passado com o Rafael, e...
William interrompeu-a com um olhar cortante, como se a visão dela fosse insuportável.
William: Não há desculpas, Rebeca. Você escolheu me trair.
Rebeca: Eu sei que errei, William. Não deveria ter te traído. Eu deveria ter ido com você, deveria ter ficado ao seu lado naquele momento. Mas eu fiquei confusa, atormentada por escolhas erradas.
William: (com sarcasmo) Escolhas erradas? Não, Rebeca, o que você fez foi uma traição. Uma escolha consciente de prejudicar o que tínhamos.
O clima na sala era de um luto iminente. A promissora história que Rebeca e William compartilhavam agora se desfazia em um amontoado de desilusões e desconfianças.
William: (com descrença) Rebeca, eu não posso acreditar em tudo que ouvi. Você agiu como uma adolescente inconsequente. Constituímos uma família, somos adultos, bem-sucedidos no trabalho, e você se permitiu agir dessa maneira? É decepcionante.
Rebeca: (tentando se explicar) William, eu sei que agi de forma impulsiva, como uma idiota. Eu só...
William: (cortando) Impulsiva? Rebeca, adolescentes agem por impulso. Nós, adultos, agimos com responsabilidade. Você não é mais uma jovem sem experiência. Construímos uma vida juntos, enfrentamos desafios, e agora você decide agir como se as consequências não importassem?
Rebeca: (envergonhada) Eu entendo que foi um erro, William. Estou arrependida.
William: (com firmeza) Arrependimento não muda o que aconteceu. Você precisa entender a gravidade do que fez. Não é apenas um deslize, é uma quebra profunda de confiança. Eu pensava que poderia confiar em você, Rebeca.
Rebeca: (com lágrimas nos olhos) Eu sei que a confiança foi quebrada, e eu me odeio por isso.
William: (sereno, mas ainda bem tenso) O que está feito, está feito. Vou precisar de tempo para processar tudo isso. Mas saiba que, como adultos, nossas escolhas têm consequências, e agora teremos que enfrentá-las.
William: (com olhos marejados) Rebeca, o que você fez vai além de um simples deslize. É como se tivéssemos construído uma casa, tijolo por tijolo, e você, num ato impulsivo, resolvesse atear fogo nela. Nossos esforços, nossas conquistas, tudo consumido por um fogo que nem sei se consigo apagar.
Rebeca: (soluçando) Eu não quis destruir tudo, William. Eu...
William: (cortando) Você pode não ter querido, mas agiu como se o que tivéssemos fosse descartável. Uma casa incendiada deixa mais do que cinzas, deixa uma cicatriz na terra. E agora, nossa terra está marcada por uma ferida que vai doer por muito tempo.
Rebeca: (com a voz trêmula) Eu entendo, William. Eu só... eu só queria...
William: (com firmeza) Queria o quê? Um escape? Uma fuga da realidade? Se era isso, você escolheu o caminho mais destrutivo. É como se, ao invés de nadar à tona, você decidisse se afundar deliberadamente.
Rebeca: (chorando) Eu não sei como isso aconteceu. Foi um erro terrível.
William: (com um suspiro) Erro? Foi uma traição. E traições deixam feridas profundas, que nem o tempo consegue curar completamente. Imagine um barco que navegava tranquilamente, e de repente, sem aviso, começa a afundar. As águas turbulentas nos cercam, e você não pode voltar atrás.
Rebeca fala algo que deixa o William enfurecido pra caralho!
Rebeca: (respirando fundo) Você nunca quis ser mais ousado com relação a fantasias sexuais.
William: (olhando para Rebeca, irritado novamente) O que? Onde quer chegar com isso, Rebeca?
William: (ficando nervoso novamente) Chega, Rebeca! Isso não tem nada a ver com o que aconteceu. Você está tentando desviar o foco do real problema com fantasias sexuais? Isso é irrelevante, caralho!
Rebeca: (nervosa) Não é isso, é só que...
William: (irritado) Isso não justifica nada do que você fez. Fantasias, desejos, seja lá o que for, não justifica a traição. Você quebrou a confiança que tínhamos.
Rebeca: (desesperada) William, por favor, eu sei que errei, mas podemos superar isso.
William: (com sarcasmo) Superar? Você realmente acha que podemos superar algo assim? Sua falta de maturidade é impressionante.
Isabella, a pequena filha do casal, desce as escadas devagar, segurando seu urso de pelúcia com força. Seus olhinhos assustados estão fixos nos pais, e ela tenta entender o que está acontecendo.
Isabella: (com voz trêmula) Mamãe? Papai?
Rebeca e William, ao perceberem a presença de Isabella, trocam olhares carregados de culpa. O ambiente fica ainda mais tenso com a intervenção da filha, que observa a situação com apreensão.
Rebeca: (tentando sorrir) Ah, querida, nós...
Isabella: (interrompendo) Por que vocês estão brigando? Eu ouvi gritos.
William: (abaixando o olhar) Filha, isso é coisa de adultos. Não precisa se preocupar.
Isabella: (franzindo o cenho) Mas eu estou preocupada! Vocês sempre dizem que devemos resolver as coisas conversando. Por que estão tão bravos?
Rebeca e William se entreolham, cientes de que suas ações não afetam apenas a eles mesmos, mas também a vida da filha.
Rebeca: (engolindo em seco) Isabella, nós estamos passando por um momento difícil, mas prometemos que vamos resolver isso da melhor forma possível.
Isabella: (com olhar inocente) Eu quero que vocês sejam felizes de novo. Posso ajudar?
William, incapaz de conter a avalanche de emoções, aproxima-se de Isabella, que ainda segura seu urso de pelúcia com força. Ele a abraça com força, deixando escapar lágrimas que misturam tristeza, raiva e desapontamento.
William: (com a voz embargada) Oh, meu amor, você é a luz da minha vida. (beija sua testa) Eu te amo demais!
Isabella: (soluçando) Eu não gosto de ver vocês brigando. Por favor, parem.
Rebeca, ao testemunhar a cena, sente um aperto no coração. A visão da felicidade da filha desmoronando por causa de suas escolhas a consome de culpa.
William, ainda abraçando Isabella, olha para Rebeca com olhos marejados e voz trêmula.
William: (com dor) Olha o que você fez com a nossa família, Rebeca. (limpa uma lágrima) Espero que tenha valido a pena.
Rebeca, também em lágrimas, levanta-se do sofá, mas William ergue a mão, pedindo para que ela pare.
William: Pare! Fique aí mesmo. Eu vou levar nossa filha para o quarto e acalmá-la.
Ele carrega Isabella em seus braços em direção às escadas, enquanto Rebeca, paralisada, observa a destruição que suas escolhas causaram naquela que era, até então, uma família feliz.
William, sentindo o coração pesado, coloca Isabella na cama com todo o cuidado. Ele percebe o nervosismo da filha e decide acalentá-la, pegando um banquinho para se sentar ao lado da cama.
William: (suavemente) Minha princesa, sei que as coisas parecem assustadoras agora, mas quero que saiba que eu e sua mãe estamos tentando resolver isso. As vezes os adultos também brigam, mas isso não significa que não nos amamos.
Ele sorri para Isabella, tentando transmitir segurança.
William: Como forma de mostrar que tudo vai ficar bem, que tal eu cantar aquela música que você adora? Vai ajudar a acalmar seu coraçãozinho. O que acha?
Isabella, ainda apreensiva, concorda com um aceno, permitindo que o pai comece a cantar a música que sempre a acalma. A melodia preenche o quarto, criando um momento de alívio e conforto em meio à turbulência que assola a casa.
Rebeca permanece na sala, cercada pelo silêncio tenso que paira no ar. As lágrimas caem sem controle, e seu coração está mergulhado em um abismo de arrependimento e dor. Cada pensamento parece um eco sombrio da escolha que fez.
O peso da culpa aperta seu peito, e o medo de ter perdido irremediavelmente o amor de William assombra cada recanto de sua mente. Ela sente o casamento desmoronando ao seu redor, como se estivesse assistindo a uma estrutura que outrora foi sólida se desfazer em pedaços.
Rebeca se pergunta se as lágrimas que agora inundam seus olhos poderiam de alguma forma lavar a traição, como se pudessem apagar as escolhas que a levaram a esse ponto. A angústia é quase palpável enquanto ela reflete sobre o que fez e sobre as consequências que estão prestes a se desenrolar.
Cada soluço é uma nota triste na sinfonia da sua própria ruína. Ela se vê afundando em um abismo emocional, perguntando-se se terá forças para enfrentar o olhar decepcionado de William e se algum dia poderá reparar o estrago que causou em sua família.
O silêncio na sala é apenas interrompido pelo som das lágrimas que caem sobre o tapete, ecoando a desolação de uma mulher que, em meio à sua própria tormenta, teme ter perdido não apenas a confiança do marido, mas a própria essência do que construíram juntos.
O celular de Rebeca vibra, interrompendo o pesado silêncio da sala. Ela hesita ao ver o nome "Daniela" piscando na tela, ela sabe que na verdade, trata-se do Rafael, mas acaba atendendo, sentindo a necessidade de enfrentar as consequências de suas escolhas.
Rebeca: (com voz carregada de ressentimento) O que você quer, Rafael?
Rafael: (com um tom de provocação) Achei que precisasse de um ombro amigo, especialmente depois do drama que se desenrolou aí. Como estão as coisas na família perfeita?
Rebeca, sentindo a raiva borbulhando, não hesita em responder:
Rebeca: (com firmeza) Você não tem ideia do que está falando. Tudo isso é culpa sua, você manipulou, jogou com as nossas vidas.
Rafael: (com sarcasmo) Manipulação? Eu só mostrei a verdade, Rebeca. Você não é tão perfeita quanto todos acreditam.
Rebeca: (exasperada) A verdade? Sua verdade é uma teia de mentiras e traições. Você destruiu o que tínhamos, Rafael.
Rafael: (com deboche) Ah, mas você não foi tão inocente assim. Não se faça de vítima, Rebeca. Você sempre soube que eu era o seu verdadeiro desejo.
Rebeca: (cheia de desprezo) Seu ego é tão grande que nem percebe a destruição que causou. E agora, eu também sou culpada por ter estragado tudo com William, o homem que sempre me tratou da melhor forma possível.
Rebeca desliga na cara de Rafael.
O destino, irônico e implacável, revela suas artimanhas na vida de Rebeca. No passado, ela foi vítima das traições incessantes de Rafael, um relacionamento que desmoronou sob o peso das mentiras e decepções. Naquela época, a decisão de encerrar aquela história tumultuada foi um ato de autodefesa, um passo em direção à busca por algo melhor.
No entanto, o curso do tempo, muitas vezes, tece ironias inesperadas. Agora, Rebeca se vê na posição que outrora repudiou: uma traidora. A fidelidade que William sempre ofereceu, a segurança e o afeto que construíram juntos, parecem agora desmoronar diante de uma escolha impulsiva e imprudente.
O passado e o presente se entrelaçam de maneira cruel, como se o destino decidisse brincar com os mesmos elementos que outrora guiaram as decisões de Rebeca. A ironia se manifesta na inversão de papéis, onde a vítima do passado torna-se a algoz do presente, e as lições não aprendidas cobram seu preço.
Agora, em meio às ruínas de sua relação, Rebeca enfrenta a dura realidade de que as cicatrizes do passado podem se abrir novamente, deixando-a vulnerável ao peso das consequências de suas próprias escolhas. A vida, por vezes, parece dançar ao som de uma ironia cruel e imprevisível.
Depois de um tempo...
Depois de fazer a filha dormir, William desceu as escadas com passos pesados, a expressão marcada pelo peso das descobertas recentes. Ao chegar lá, notou a ausência de Rebeca no sofá. Seus olhos examinaram a sala, e sua inquietação aumentou ao perceber a porta que levava à cobertura entreaberta. Rebeca havia saído.
William, apesar do momento delicado, não se importou. Em vez disso, fechou a porta, como se simbolizasse a necessidade de lidar com os problemas internos antes de enfrentar o que estava por vir.
Ele se dirigiu à sua adega, pegando algumas garrafas de vinho com a intenção de refugiar-se em seu escritório. O ambiente se tornou impregnado de uma atmosfera densa, enquanto o som do fechamento da porta ecoava como um divisor de águas. William sabia que a noite seria longa, repleta de reflexões amargas e decisões difíceis.
Enquanto William se encaminhava para o escritório, a atmosfera na cobertura tornava-se densa, carregada com o peso das revelações e desilusões. O vinho, usualmente apreciado em momentos de prazer, tornou-se uma fuga para William, uma maneira de encontrar consolo em meio ao caos.
Entretanto, o que o aguardava além da porta do escritório era mais do que um simples refúgio. Era uma encruzilhada, onde escolhas cruciais aguardavam para moldar o destino de todos os envolvidos.
Será que a família poderá se recuperar diante das feridas abertas? E o mais intrigante: Rebeca realmente saiu em busca de redenção, ou há algo mais sinistro por trás da porta entreaberta?
O capítulo final será mais extenso, para que eu possa terminar essa história de forma satisfatória.
Continua...