Renan e Cauã - Do lugar mais seguro ao mais inseguro (Publicação 1)

Um conto erótico de Cauã Rebouças
Categoria: Gay
Contém 4506 palavras
Data: 02/09/2023 03:35:51
Assuntos: Gay, REAL

Esse é um dos textos mais sinceros que já escrevi.

Tava terminando hoje de ver a série de Dark Souls do Luba no YouTube e acabei lembrando de um ex-amigo meu, Renan; os finais de semana na casa dele e outras memórias envolvendo ele e resolvi vir contar aqui sobre um dia específico que resume bem como era nossa relação.

Capítulo 1 - O que o Renan me deu?

Chegamos na casa dele depois da aula à tarde, por volta das cinco da tarde, como de costume. A gente entrou, tiramos os tênis, jogamos a mochila no sofá imenso que ficava na sala de estar dele e fomos pro quarto dele onde tinha um PC ligado numa TV ao lado que tinha outro sofá bem confortável. Ele foi direto tomar banho e eu fiquei vendo o PC ligar, peguei o mouse e o teclado sem fio e fui sentar no sofá pra escolher o que a gente ia jogar. Nossa relação era de amizade, mas éramos extremamente próximos, quase como namorados mas sem esse compromisso. Pra ilustrar digo o que aconteceu quando ele saiu do banho, ele chegou com uma toalha na cintura e a outra secando o cabelo cacheado e compridinho dele, ele era branco, rostinho delicado, sem barba, expressão inocente e gordinho; apenas perfeito e eu vivia pra dizer isso pra ele. Ele secava o cabelo rapidinho com uma expressão de força, parei e olhei pra ele, hipnotizado; ele pára, olha pra mim, sorri, olha pra TV, senta no sofá do meu lado e diz:

-E aí, coração...? Vamo comer o quê? - Renan diz isso se inclinando e pegando o celular dele em cima da mesinha que ficava em baixo da TV

-Ah, pode escolher, pode ser pizza...pastel...sanduí... - notei que ele já tava me olhando com uma cara de "sério?" - kkkkk que foi?

-Escolhe o que tu quiser, vai. - ele me deu o celular e pegou o mouse, abriu o Dark Souls Remastered e continuou secando o cabelo e os braços com a toalha.

-É, pode ser esse combo - era um que vinha 2 x-tudo, 2 batatas e uma Coca-Cola de 2L - o que tu acha?

-Gooosto, gosto! - ele pegou o celular de volta - E tá barato! Viu? Por isso que eu deixei tu pedir! Tu é foda!

Isso é uma das coisas que mais sinto falta, ele me colocava num patamar altíssimo por qualquer bobagem que eu fazia. Ele confirmou o pedido, levantou, foi pro guarda roupa escolher uma roupa e sem cerimônia soltou a toalha, eu virei o rosto de reflexo e ele disse:

-Aaahh pronto! Cauã, a gente se conhece melhor do que isso, deixa de besteira. - virei o rosto de volta pra ele e ele tava de costas mexendo no guarda roupa, ele não tinha um pelo no corpo, só uma tatoo de um foguim azulado que ia da cintura até o meio das costas e o corpo dele me quebrou em 26 pedaços quando vi. - Levanta e vai tomar banho logo, criatura.

-Tu é perfeito. - tava de boca aberta comicamente, ele riu e disse enquanto dava uma voltinha:

-Obrigaaado...! Tu é minha autoestima mesmo. - ele sorria de dentro pra fora, coisa mais linda de todas - tuuu...já tinha visto minha tatuagem? - ele disse isso levantando o braço esquerdo, virando de lado e afastando a pele da barriga pra me mostrar onde foi feita a tatuagem, nesse ângulo, a carinha dele de ansiedade pela minha resposta, as pernas perfeitas em pose, o pau dele grossinho em cima do saco, sem pelo nenhum, naqueles 1,78m de perfeição me presentearam com a melhor cena que já vi na vida. Só consegui responder um "o q-que significa?" tentando disfarçar a boca seca e a fraqueza nas pernas, ele olhandinho pra tatuagem disse - é uma homenagem ao fogo que consumiu o Artorias, ele é meu personagem favorito do jogo. - muita nerdice, se você sabe, você sabe. Eu disse:

-Hmmmm! Adorei, meu bem! Pois eu vou tomar meu banho, venho já. - saí do sofá só os cacos em direção ao banheiro do quarto, passando do lado dele enquanto ele mexia nas roupas. Entrei no banheiro, fechei a porta e vi que não ia aguentar não gozar naquele dia e decidi esperar ele dormir mais tarde pra ir me resolver em outro banheiro da casa, sou todo cheio de dedos com isso já que sou uma menina trans dentro do armário mas por fora uma versão de Kurt Cobain de Florianópolis com piercing na cara e uns 20kg a mais que o Kurt, e, apesar de ter zero problemas com minha genitália e querer até manter ela numa futura transição, acho muito desconfortável isso de achar normal dizer que "vou bater uma punheta ali hahahah" então daí todo esse meu pudor, ele vem de uma delicadeza que gosto, não de disforia. Enfim...tomei meu banho quente pra organizar as ideias, depilei, passei o sabonete com cuidado em tudo, na paz, e saí de toalha já com o foco de ir pra sala pegar uma roupa, mas quando abri a porta, vi o Renan de costas já matando uns monstrinhos na Undead Parish, sem camisa. Pensei "ok, vou dar uma sentada ali no sofá pra secar meu cabelo também e olhar um pouco ele jogando pra dar uma aliviada no stress" então, fui andando e vi os joelhos dele, daí as coxas, ele em posição de lótus e meu coração parou porque pensei que ele ainda tava nu, vi a carinha de concentração dele jogando e só quando tava do lado do sofá foi que pude ver que ele tava de cueca, pensei um "ainda bem mas ainda vai ser difícil" e sentei do lado dele. Foi tranquilo, a gente conversou sobre vários nadas enquanto eu fazia meu teatrinho e fui me acalmando, até ali, achava que era só fogo no rabo, mas noto a diferença entre só fogo e quando tô apaixonado por alguém dentro de mim, comigo, no meu âmago, quando acontece o que aconteceu em seguida.

No meio da conversa, ele começa a falar da arquitetura das construções do jogo, de uma estátua que tinha um item importante no pé dela, e começou a falar sobre várias coisas com muita propriedade, desde arquitetura clássica à design de games; foi aí, que notei que estava apaixonado por um amigo porque estava admirando a inteligência dele. Então esperei ele acabar e o silêncio vir pra dizer:

-Pois eu vou me vestir, beleza?

-Uhum - respondeu ele sem nem olhar pra mim enquanto lutava contra três inimigos.

Eu fui pra sala, abri minha bolsa e procurei, mas vi que tinha trazido só uma camisa; na pressa, acabei esquecendo de trazer bermuda, então peguei minha cueca e camisa e voltei lá, o jogo já tava mais calmo e eu aproveitei pra pedir uma bermuda emprestada:

-Ei, bem. Esqueci de trazer bermuda, olha: - mostrei a ele minha cueca branca e camisa de manga comprida também branca - tu tem uma pra me emprestar por hoje?

-Ôôôhh, Cauã que cerimônia também, sentaee...! Vamo jogar aqui, eu adoro tua presença aqui em casa, vem vem!

-E eu num vou me vestir não, é?

-Por mim tu num precisa se vestir não, tu vive me dizendo que fica nu sempre que fica só em casa, eu também, bora, tira a toalha ae...pera - ele foi pra um lugar seguro no jogo enquanto eu tava morrendo indo pra um lugar seguro dentro da minha cabeça tentando ir à diante com a situação - pronto. - ele deixou o controle no braço do sofá e tirou, sentado mesmo, a cueca dele, depois me disse - deixa lá essa roupa aí, é bom que não suja, aí já já o combo chega e a gente passa a noite de boa aqui até a hora que a gente quiser. - deve ter tido um silêncio porque ele disse logo depois - vai lá, bem! Eu também tô curioso pra te ver nuzão! KKKKKKK - a gente riu, o que aliviou MUITO a tensão, eu voltei e coloquei minha roupa de volta na mochila, com um sentimento de frustração por saber que não ia rolar mais nada além de ver ele nu e talvez uma ereçãozinha mas de felicidade num tom meio de "ah, pelo menos...", voltei pro quarto, ele tava no celular vendo story no Insta, fui no banheiro e deixei as toalhas penduradas lá, abri a porta do banheiro já nu e ele virou pra mim, colocou o braço sobre o encosto do sofá e disse - olha eeeelee...! Gostei...mas ei, meu bem, deixa as toalhas no varal "plis"! (plis como please, "por favor" inglês)

Bom, fui deixar as toalhas no varal e isso por si só me deixou duro porque fiquei ao ar livre e "em público" enquanto fazia isso e meu coração explodia de nervoso, voltei e na cozinha tomei água, quando acabei o copo, já tava normal, voltei pro quarto e ele me recebeu com um "oooi..." de maneira sexy mas cômica enquanto sorria, respondi um "oi" envergonhaaaaado que só vendo, sentei e comecei a tentar focar na TV. Assunto vai, assunto vem, a gente tava falando de música e já nem eu ou ele mais lembrávamos do jogo, isso acontecia direeeto da gente usar o jogo só como desculpa pra se ver e papear, a gente tava conversando literalmente um virado pro outro, ele falando fazendo mil gestos, lindo, e eu já acariciava a perna dele, de novo, tirando a parte da nudez, nada novo entre a gente; sério mesmo! Mas foi aí que a gente ouviu a campainha e como num estalo que tira da hipnose, quebramos a nossa conexão ali e voltamos à realidade e, rindo, o Renan diz:

-Carai o entregador! KKKKKKKKK deixa eu me vestir! - ele levanta e se joga dentro de um short do Real Madrid e sai pela porta do quarto.

No silêncio enquanto ele voltava eu tava pensando mil coisas já, desde o simples "como eu amo esse menino" à "tá, como que eu faço pra me declarar pra ele" ou "será que ele vai querer morar comigo aqui?" até que ele volta com os sanduíches numa mão e as batatas na outra, cada um dentro de uma sacola, ele diz:

-Tá, vou buscar a Coca! - ele sai e eu fico olhando pra entrega, chorosa, porque notei que ele é simplesmente incrível. - ooooi, voltei meu bem! - ele cai no sofá e serve a Coca em dois copos de tipo 500ml cada, me dá meu sanduíche e batatas e diz - sim, como eu ia dizendo... - come um pedaço do sanduíche dele e de boca cheia continua - ...aquele álbum amarelo do King...que foi? - ele falou isso me conectando de volta à realidade de apenas amigos e digo:

-Ai, nossa, desculpa, é que eu tava olhando pra tu e lamentando que tu é hétero. - nisso, ele fez uma cara de :c perfeita (perfeição de novo, que raiva) e disse:

-Ôh meu Deusinho que coisa mais linda! - ele levou a mão dele ao meu rosto E SIM, ELE TINHA CHEIRO DE SABONETE DE FLORES NAS MÃOS SIM AAAAAAAAA...voltando, enquanto ele me acariciava, disse - Olha, eu só digo pros outros que sou hétero porque eu não tanko (gíria pra "aguento") o preconceito porque vejo o preconceito que eles jogam em cima de tu... - ele tira a mão do meu rosto, morde o hamburguer comicamente grande dele e de boquinhea chea ele continua - mas, dependendo da pessoa, eu acho que conseguiria sim ficar com um cara sim...mas é só que achar homem delicado é uma porra! Todos querem se provar como uns cavalo máquina de sexo...se foder! - a gente riu, ele deu outra mordida e eu perguntei A Pergunta:

-Tu ficaria comigo, Renan? - ele olhou pra mim e, mastigando, ele olhou pra cima, pensou, olhou de volta pra mim, sorriu e disse:

-Por que a gente não continua como a gente tá mas aqui e ali...bom, - ele deixou o sanduíche de lado, tomou a Coca, limpou as mãos e continuou - a gente pode...sei lá, - ele começou a se inclinar e vir em minha direção, se inclinou até meu pau enquanto eu afastava meu sanduíche e Coca, abria minhas pernas e ia pra mais perto dele - chupar um ao outro...bater uma juntos - ele tava falando isso com os cotovelos no sofá, me olhando bem de pertinho - conversar sobre assuntos mais íntimos, mostrar umas coisas tipo "olha como depilei meu cu!" - a gente riu - ou até mesmo ajudar um ao outro se depilar... - nessa hora ele tocou de leve meu pau e eu quase gozei, gemi forte - porque assim, a gente se conhece muito muito muito e eu, de verdade? Tenho um medinho de um namoro... - ele então pegou no meu saco de mão cheia, me desmontando e começou a massagear bem delicadamente - estragar nossa relação de amizade e confiabilidade sabe...Tamires? - eu abaixei minha cabeça rápido e olhei na hora pra ele. "Tamires" é meu nome feminino que só ele, e apenas ele, sabia - Com esse nível de conhecimento um do outro, - ele falava isso mexendo bem em mim, fazendo caras e bocas enquanto pensava - a gente pode ter uma coisa muito legal com essa amizade colorida, tu não acha?

-Ach-cho - mal consegui responder.

-Então...deixa tua comida de lado - ele disse isso me soltando e ficando de quatro, com a bunda bem arrebitada - que a gente goza agora, eu e tu...tu de verdade...depois a gente come e segue o dia, fazendo o que a gente quiser...o que tu acha, meu bem?

Se me permite, eu quero dar uma pausa no andamento deste relato e dizer que aqui, o Renan tinha me dado algo que ninguém nunca até então tinha: segurança. Quando ele me chama pelo meu nome de verdade e me aceita ali completamente vulnerável como estava com todas as minhas falhas, ele me colocou no lugar mais seguro do mundo; ele então me fazer um pedido que eu, em outra situação negaria e seguiria triste pra superar não poder viver uma história com ele, aceitei e a gente transou até o sol raiar e a gente cair de sono. Foi assim:

-...eu acho que uma amizade colorida é perfeito, meu bem...a gente não vai perder nada mas vai ganhar tudo...eu... - ele começa a me punhetar beeem devagarzinho enquanto sorri mordendo o lábio inferior - ...eu quero isso demais.

Então, eu deixo a minha comida de lado enquanto ele continua a brincar comigo, daí ele tira a mão direita do meu e leva ela ao pau dele, se apoia no braço esquerdo e começa a me chupar enquanto se masturba; ele estava lindo ali, perfeito. Depois de algumas chupadinhas tímidas, ele tira, sorri e sem dizer nada, passa o braço esquerdo dele por trás de mim e diz "tu é linda, meu benzim...sabia?" e segue me chupando, eu, agradecendo à tudo por aquele momento, gozo bem, esticando minhas pernas, passando a mão no cabelo dele, segurando ele...quando torno à mim, ele está sentado nas pernas dele, me olhando recuperar o ar, sorrindo, ele diz:

-Te amo demais, tá?

-Também te amo demais.

Isso é como a gente dizia "te amo" mas sempre com a "barreira" da amizade, agora, soou real, como uma confissão, um finalmente. Ele então diz:

-Tu pode me chupar, Tamires? - e eu, já com minha voz feminina 100% pra fora, digo:

-Posso sim, meu bem.

Ele se senta e deixa o pau dele de pé, me esperando, cercado por aquele corpo perfeito; o pau dele era grossinho e de pouco mais de 10cm e com pele até a cabeça mas que se puxasse, ela baixava e digo que, pra quem gosta de pinto, rola, pau mesmo, sabe, que esse é o melhor tipo! Enfim, chupei devagar aumentando o ritmo quando ele pedia e diminuindo quando ele tava perto de gozar, não sei quanto tempo demorei ali, mas foi muito tempo! Eu segurava a bunda dele pra me apoiar, quando ele tava perto ou diminuía o ritmo, ou colocava o saco dele na minha boca olhando pra ele de sobrancelhas arqueadas e boquinha abertinha, também rendido e vulnerável, ou lambia do saco até a cabeça e já perto do final, puxei ele deixando ele realmente deitado no sofá, abri bem as pernas dele e chupei o cuzinho dele, depilado e da cor da pele dele, enfiando a língua enquanto ele morria ali, suando tanto que molhou o sofá, saí de lá já voltando pro pau dele enquanto enfiava o dedo nele, senti que ele ia gozar e me fiz que ia sair, então ele pediu pra que eu ficasse ali, que ele nunca tinha deixado ou pedido que ninguém deixasse ele gozar na boca mas que comigo ele queria aquilo e eu fiz, relutante mas fiz, ele segurou minha cabeça enquanto gozou me colocando entre as coxas grossas dele, fiquei ali coisa de mais de um minuto de relógio até ele me liberar que foi quando eu levantei e sentei em minhas pernas pra ver ele recobrar a consciência dele. Quando ele voltou, a gente só sorriu e depois riu e depois riu mais, em agradecimento àquilo.

Comemos a nossa melhor comida fria, bebemos a nossa melhor coca quente, comemos a nossa batata murcha e depois ficamos ouvindo música com vizualizers na TV fumando maconha, transamos chapados e foi lindo, tudo correu da melhor forma e ele me aceitou com tudo que fiz ali, da minha voz real à falar que amava ele durante, ele ficou por cima nas primeiras posições e em algumas eu fiquei como ativo; ali, a gente tava aproveitando o corpo um do outro e apenas isso. Foi lindo e sincero e nesse dia durou até mais de 7 da manhã quando a gente dormiu até as três da tarde, acordando e fazendo mais umas brincadeiras como ver pornô juntinhos. Foi bonito e esses finais de semana viraram rotina depois de um tempo, sempre acontecia de eu ir pra lá e a gente se amar assim. Foi isso tudo que o Renan me deu.

Capítulo 2 - O que o Renan me tirou?

Tudo ia bem pela parte do Renan mas depois de uns dois meses assim, eu comecei a sentir uma mão de via única na nossa relação, já que fora da casa dele, ele me tratava como brother, parceiraço ou amigão, mas não como namorada dele, entende? Então teve um dia que me neguei a fazer algo além de oral e masturbação, depois sequer queria o oral, daí virou só uma masturbação mútua as vezes e do meu lado foi esfriando, ele, ainda agia normalmente comigo, como se nada tivesse mudado da primeira vez pra última. Bom, teve um dia que eu fui lá pra casa dele e foi quando ele realmente mudou, a gente já estava nu e jogando Fallout:New Vegas, foi quando eu joguei a bomba clássica de vários relacionamentos complicados no colo dele depois de criar muita coragem:

-...eu conheci uma pessoa. - pessoa essa que editei a parte dela fora do texto, cheguei à conclusão que ela não vêm ao caso além de vocês saberem que era uma menina de 19 anos, enquanto eu e ele tínhamos 25 na época.

-Hmm! Legal...quem é?

-Fulana, filha de Bealtrana, sabe?

-Uhum, tô ligado. - teve um silêncio e eu perguntei:

-Vai mudar alguma coisa entre a gente, Renan?

-Acho que transar a gente não vai poder mais, mas se ela te receber como eu te recebi, por mim de boa...só quero ver minha Tamires bem. - ele falou isso muito sério, e pra piorar o clima, sabendo que seria muito difícil eu contar no meio da relação pra alguém que sou trans e a pessoa aceitar, veio mais um silêncio e eu disse:

-Caralho...pesado isso que tu disse, Renan... - lembrando que lá, eu não era mais o Cauã há uns meses já e sim, a Tamires! Sempre que ele batia o portão da casa dele, eu clicava e virava eu de verdade; voz, trejeitos, pronomes, tudo!

-Eu sei que é, mas é a realidade...tu tem que procur- caralho! - ele atira num monstro no jogo - tu tem que procurar alguém que te abrace por completo se quiser uma relação, eu e tu somos demissexual, a gente é assim e não conseguimos abrir mão disso, tu sabe. - teve um silêncio comigo tristinho olhando pro chão, pensativo e, o FNV é um jogo que pausa, diferente do Dark Souls, então foi o que ele fez e começou a chorar muito. Muito. Eu fiquei sem reação, mas abracei ele chorando também, ele me abraçou de volta e quando terminou de chorar disse - eu não quero que te machuquem não, Tamires...ôh meu Deus...! - e voltou a chorar.

Aqui, eu notei, burro, que depois de meses, o amor era sim recíproco e ele só não namorava comigo por medo da sociedade mesmo. Eu estendi minha estadia lá pela primeira vez e a gente passou coisa de 15 dias juntos, conversando e pensando sobre nossa relação, até a Fulana foi lá. Bom, passado esse tempo, foi decidido que eu ficasse com ela e a gente voltasse pra só ficar nu juntos e no máximo se masturbar juntos com até isso acabando uma vez que eu e a Fulana ficássemos sérios. Gente, pra esclarecer, eu e a Fulana também nos dávamos muito bem, não sexualmente porque ela era muito safada e esperava uma masculinidade e virilidade muito difícil pra eu alcançar, que me fazia ter um esforço que me desconectava dela na cama.

O tempo passou e eu fiquei cada vez mais próximo da Fulana, a gente trocou presentes de dia dos namorados e vivia dizendo que se amava, com uma conexão daquelas de ter coincidências bizarras aqui e ali como ela precisar de mim, mandar mensagem e eu responder "pois abra a porta, já tô aqui". Bom, isso não afetou em nada os finais de semana que passava com o Renan, até que um dia ele disse enquanto jogava:

-A trilha sonora desse jogo é foda né, Cauã? - ele cortou a fala, pausou o jogo (Gris) e virou pra mim dizendo - AI MEU DEUS. Desculpa desculpa desculpa! Foi sem querer! - e eu com a expressão de "tudo bem" disse:

-Caaalma, Renan! Tá tudo certo, ow...! Nem fora do armário eu tô, relaxa, sério! - eu sempre fui do tipo que me esmago e diminuo pra não incomodar ninguém e ele sabia disso.

-Que calma, caralho! Fique com raiva!

-N-não precisa, sério mesmo...

-Eu vou ficar com raiva se tu nã-

-Renan! - silêncio - Sério, pára. Tá tudo certo. De verdadeVai se vestir, dá mais não. - disse ele, decidido.

-Quê?

-Vai, levanta. - e daí desencadeou uma briga feia.

Ele derramou tudo que parecia estar preso no coração dele enquanto eu tava sentado, respondendo, me defendendo; ele disse várias coisas como que queria viver aquilo comigo mas não era homem o suficiente pra aguentar o mundo lá fora; que morre um pouco toda vida que eu falo naquela lá; que não aguenta me tratar como amiga; e no final, parou...choroso disse:

-Te amo demais...esse é o problema.

Eu levantei e pela primeira e única vez a gente se beijou como namorados, cheios de lágrima no rosto. Foi um beijo longo, apaixonado e de despedida. Eu sabia que já não era mais belo, inocente ou sequer saudável ficar ali, mesmo que largássemos tudo. Saí e fui me vestir.

Meses se passaram, vez ou outra lembrava dos bons momentos com ele ou via a visualização dele nos meus stories, mas já era uma coisa distante depois de um ano. Foi aí que ele me tomou uma coisa.

Eu e a Fulana já estávamos no ponto de adotarmos cachorros juntos e equilibrarmos todas as nossas expectativas de vida, amorosas e sexuais. Foi quando um dos meus melhores amigos, amigo em comum com o Renan, disse ter tirado a virgindade de outra amiga em comum nossa em um contexto de bar e bebedeira, disse isso "pra rapazeada" e começou a rir com a galera quando disse que gosta é das apertadas mas que ia pular fora depois de "inaugurar ela". Isso foi abruptamente fora de qualquer coisa que ele já tinha flertado em dizer, uns random que tava com a gente no bar riram e passou, eu chamei ele no canto e amassei ele gritando e mandando ele virar homem, ele riu me chamando de "esquerdomacho" pra baixo e a gente brigou ali pra nunca mais se falar, perdi um dos meus melhores amigos ali. Foi quando cheguei em casa que ele me chama no whatsapp pra dizer que era mentira e armação dele e da menina pra eu passar vergonha em frente à "cidade", nessa hora ela tava me mandando mensagem rindo da minha cara também enquanto dizia que a ideia foi do Renan e que eles convenceram a Fulana a ajudar eles. Ali, eu quebrei. Porque três das melhores pessoas que passaram pela minha vida, esse amigo do bar, Renan e a Fulana se juntaram pra me foder simplesmente por eu ser quem eu era? Eu não aguentei.

Então, sem muita cerimônia, sem muito alarde, eu desliguei a tela do celular, apaguei as luzes da casa e sentei na minha cama. No silêncio. Ouvindo apenas a minha tinnitus. Sim, eu ia me matar. Arrumei todo o cenário e quando ia executar, meu melhor amigo da vida, que conheço desde que nasci, me liga do nada - coisa que ele nunca fez antes OU depois - pra me falar de qualquer besteira do cenário competitivo de LoL e rir de uns times. Ali eu parei e pensei que o problema talvez fosse eles ou só o Renan, ou talvez só a menina que o meu amigo disse ter tirado a virgindade. Bom, não sei como, mas talvez esse meu amigo de infância tenha mandado umas energias, eu me recompus e saí do quarto pra ver o jornal com minha mãe e meu gato.

Anos se passaram e até mesmo depois de ter explicado a situação pra Fulana e como eu quase me matei, a gente teve um revival e passamos do natal até o final de fevereiro juntos de novo e estamos numa de esperar a hora certa de voltar. Vivi alguns outros amores mais leves nesse meio tempo e tô quase terminando a faculdade com um ciclo novo de amigos, todo fantásticos. Tô feliz e tô aqui pra te dizer que pode parecer clichê, mas uma hora ou outra, tudo passa. As piores pessoas vão parecer insetos que te incomodaram mas que tu já matou quando elas saírem da sua vida e você vai notar que você pode ser melhor. Hoje, eu estou usando apenas as drogas que me transcendem ou fazem bem, estou cercado de pessoas de aura leve, sou admirado por elas por tudo, do meu gosto musical à minha posição política e, bem, estou feliz apesar de ter raspado tão perto do suicídio outrora. Já já acabo meu primeiro livro e a minha faculdade, a vida está seguindo. Siga você também!

Obrigado por ler tudo!

-Cauã. Tamires para os íntimos.


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