CAPÍTULO VII
"Idiota, brocha, imaturo sexual...", eu me recriminava, "Por que não assisti a mais vídeos do Antonio Biaggi? Ou Diego Sans? Gozar nas preliminares?", não conseguia nem encará-lo.
Ian roçava o joelho no meu buscando manter contato, eu, me encolhi, enrodilhado em um casulo de vergonha. "Aos dezessete anos em pleno dois mil e dezoito..." Ian acariciava minha coxa, mais de uma vez me olhou terno, buscando carinho.
Ele dirigia e tentava manter o tesão acesso, eu travei!
Ian estacionou em frente a minha casa.
- Quer entrar? - perguntei hesitante.
- Não, eu te espero aqui, - ele acariciou meu rosto. - Sabe, estou tendo uma ideia mas te conto quando você voltar.
Ian me mostrou a tela do celular dele com um quarto de hotel com banheira, vista do alto.
- Tá com dinheiro assim?
Eu olhava a tela do celular nas mãos dele para fugir do contato visual, segurei no celular tocando em sua mão. Os poros do meu corpo arrepiaram-se. Foi inevitável ao erguer meu rosto encontrar com o dele.
- Vamos ter a noite que merecemos... - ele sussurrou.
Eu o beijei, ele segurou a minha nuca, nossas línguas encontraram-se numa competição deliciosa de empurrar um aos lábios do outro como gestos de massagens com a boca, o cheiro do perfume dele me envolvia, tomamos ar.
- Você é muito lindo cara, - falei.
- Essa boquinha toda vermelha assim, - ele passou o polegar por meus lábios. - É que é a coisa mais perfeita.
E como em um mergulho após tomar um pouco de ar, voltamos a afundar de cabeça, senti nossas lábios grudarem, ele virou-se um pouco a esquerda, sutilmente, virei-me para a direita...
- Eu... vem entra comigo - pedi.
Ele balançou a cabeça.
- Aham, aham, com tua mãe aí? - ele sorriu. - Sou safado, confesso, mas... vamos respeitar ela. Além do mais, tem um lugar muito especial nós aguardando.
Eu voltei relaxar os ombros e agir como sempre acontecia ao lado dele.
- Cara, vou pensar que tudo isso foi planejado.
Ele riu enrugou o rosto numa cara de sério.
- Ah... Há onze anos. Tudo muito bem planejado até aqui.
Minha mãe dormia com o rosto pendendo sob a palma da mão no braço do sofá. Caminhei na ponta dos pés para livrá-la do constrangimento de pegar a roupa do filho suja de esperma.
Toda vez que eu olhasse para aquela bermuda pensaria na minha estupidez. Ou como diria Felipe "amadorismo yag".
O meu celular caiu em cima da cama enquanto eu tirava a bermuda e a cueca melecada. A tela acendeu e entre várias notificações apareciam:
Felipe...
Felipe...
Felipe...
Felipe...
Eram mensagens no zap, no telegram, no direct do instagram, e até chamadas, me lembrei de tê-lo deixado na casa de dona Janete. "Será que ela passou mal? Ian não ia querer saber nada relacionado a mãe", foda-se eu sim.
Com esse pensamento abri o chat do zap:
Felipe: "se prepare para cair para trás ou de boca hahaha", ele escreveu e em cima havia um link. Não entendi por quê mas um frio subiu por meu estomago como uma mão gelada tampando minha respiração.
""
Eu apertei no player do áudio do Felipe e a voz estridente dele explodiu pelo quarto no celular.
Ele - Veado! Ianderson é um príncipe! Segura logo esse boy! Confere o dote! Te mandei o link dos conteúdos hot dele no telegram. O malandrinho vende (fotos e vídeos do Ianzão dele). Você vai cair para trás, sem cueca e com as mãos segurando as bandas da bundinha feita a chuca, assim espero!
A coincidência de eu estar ouvindo aquele áudio justamente sem cueca e no meu quarto, logo depois de estar com Ian, fez eu parar, conferir tudo no quarto, e logo perceber que Felipe havia enviado bem mais cedo.
- Então era isso...
Na primeira foto Ian olhava para a direita com o celular em um apoio ou alguém o fotografando de baixo, desenhava-se o seu pênis, tão duro quanto eu pude senti-lo minutos antes.
Em seguida um vídeo de menos de dois minutos, Ian masturbava-se. Em outro uma boca de traços femininos o sugava, batia o pau dele na cara dela, enquanto Ian olhava para a câmera.
"- Era assim que você queria? Hãm gostosa?"
- Ian! - gritei sem querer.
Minhas mãos tremiam.
Senti minha testa esfriar.
Eu cai na cama meu coração saltava dentro do peito. Entreouvi passos vindos pelo corredor, pensei em mamãe, e puxei a toalha para a cintura. Três toques curtos na porta, era ele.
- Você demorou então, - disse Ian.
Nós olhamos. Eu virei para o celular depois para ele, Ian espremeu as sobrancelhas forçando os olhos para mim.
- É... é... é... garoto propaganda? Criador de conteúdo né...?
Ian suspirou de cabeça baixa correu os olhos pelo chão até voltar-se para mim. Ele fez o gesto de ansiedade que repetia quando assistia filmes de terror comigo na sala, passava a mão como um pente nos cabelos para trás.
- Sim João Carlos, - disse sério. - Um trabalho como outro...
- Porra nenhuma cara, nem vem dizer que... que... Sou um idiota mesmo.
- Caralho, sem drama, - ele bradou forte. - Já basta o carnaval da minha mãe, você eu não aceito!
Eu o encarei nos olhos, ele fugiu, apoiou a mão na nuca, ficamos em silêncio por um tempo, ouvíamos bem baixo o barulho do vídeo se repetindo e a voz da mulher ou homem sendo fodido, fodida por ele.