CAPÍTULO IV
Eu percebia uns movimentos mas não me liguei na claridade.
Ouvia a voz de minha mãe e o cheiro do café me despertou e ao meu estomago, abri os olhos, com Felipe sorrindo, e o Ian com os dentes para fora, minha mãe mordia um pedaço de pão com uma xícara na outra mão.
- Eu não disse, - ela falou. - Ele morre de rir enquanto dorme. Só a NASA pra explicar.
- Eu tinha esquecido esse detalhe, - Ian completou.
- O que está acontecendo aqui? - perguntei.
Olhei para baixo me certificando que a barraca não estava armada entre minhas pernas, coisa que justificaria os risos contidos dos três.
- Amigo você sorri enquanto dorme, - disse Felipe. - Ah, eu acordei com você tendo uma crise de gargalhadas Joca, pensei que estivesse possuído. Sério! Que bizarro.
- Acontece sempre, eu já acostumei - mamãe me estendeu a xícara. - É hereditário o pai dele tem a mesma coisa.
- Por favor, parem de falar como se eu não estivesse aqui, - pedi me erguendo.
- O banheiro é meu, - Ian se levantou num salto e passou pela porta.
Não sei com que disposição visto que praticamente havia sido carregado para dentro na noite passada.
- Alguém vomitou no meu rol, e vai ter que limpar - mamãe falou, e saiu.
Felipe ergueu a mão e sorriu para ela, voltei a cair na cama com aquela cólica no estomago por causa das risadas e do porre. As vozes de Felipe e mamãe se transformaram em gritinhos e sorrisos de deboche.
Eu fechei os olhos quase sentindo o sono retornar quando Ian entrou novamente no quarto com uma toalha em volta da cintura, a azul turquesa.
- Pegou a minha? - perguntei. - Está suja.
- Não vai dizer que passa no rabo né? - ele falou.
- Vai a merda Ian, - fiquei rubro. - A toalha é minha.
- Birra de filho único que horror!
- Você é o primeiro a reclamar quando eu pego algo seu emprestado, - argumentei.
Em um gesto de reflexo eu a puxei da cintura dele, e quase caio no chão. Há muito tempo não o via ao vivo e a cores nu da cintura para baixo. E embora estivesse meio duro, ainda era grande.
- Queria me ver peladão? Safado, - ele sorriu balançando-se.
- Como o mundo é injusto!! - reclamei sem ar, sem cor, e sem voz, quanta saúde em um ser só.
O domingo amanheceu nublado. Felipe ainda permaneceu até a tarde mas Ian inventara de treinar mesmo com ressaca e em pleno domingo. Antes das dezoito horas ele nós enviou mensagem:
"vocês não vão acreditar o que fizeram com meu carro!".