Não distorça Dany. Não quis impor meu discurso. Fiz um texto argumentativo e citei provas. Historicamente respaldadas. Não me coloquei como o dono da única verdade. Mostrei o que eu critico. Não se trata do que eu acho. Mas vamos lá, você desviou do foco. Eu o trago de volta: Ao ouvirmos as palavras puta e prostituta, o que é posto em funcionamento através das condições histórica e social é a imagem de uma mulher devassa, sensual, sem moral, transgressora, etc. enfatizando sentidos sobre a mulher como a origem de todo mal, sentidos. A moral cristã carimbando o julgamento. Assim, ao se mencionar os termos: prostituta e puta, o que, de imediato, é colocado em funcionamento pela memória são sentidos que ligam a imagem feminina a uma prática não autorizada, a da prostituição. Por outro lado, estes mesmos termos podem produzir sentidos diferentes dos já dados ou ainda possuir sentidos que foram apagados prevalecendo apenas um sentido e não outro. Cada vocábulo traz, em suas acepções, marcas do histórico-ideológico em relação ao meretrício, o que demonstra que, além de colocar em circulação sentidos já dados, produz novos sentidos, silenciando outros. Segundo Orlandi “quando uma palavra significa é porque tem textualidade, ou seja, porque a sua interpretação deriva de um discurso que a sustenta, que a provê de realidade significativa”. Sendo assim, há sentidos que são cristalizados pela sociedade, produzindo, às vezes, um silenciamento de outros sentidos, instalados anteriormente, isto é, em se tratando dos sentidos que institui cada palavra, inclusive o termo prostituta, há sempre um já-dito, um pré-construído, que é colocado em funcionamento por diferentes posições-sujeito. Eu trago mais informações: Em meados do século XVI as mulheres estavam recebendo apenas um terço do salário já reduzido dos homens e não conseguiam se sustentar com o trabalho assalariado, nem na agricultura nem no setor manufatureiro, motivo que indubitavelmente é responsável pela gigantesca extensão da prostituição nesse período”.
Além do mais, a Igreja Católica mostra a mulher como débil mental, propensa a fazer tratos com o diabo. Começa a caça às bruxas, o ataque aos direitos reprodutivos e a introdução de novas leis que sancionam a subordinação da esposa ao marido no âmbito familiar. São estampadas dois tipos de mulheres: a Maria santa e boa, trancafiada em casa, e a perdida Eva, pecadora e expulsa do paraíso.
O capitalismo avança, com ele a divisão das classes sociais e se acentuam as tendências de que: às mulheres, em geral, têm seus direitos cerceados, porém é a mulher do burguês aquela que pode ficar em casa, cuidando dos filhos, a quem se pretende preservar sua honra porque é a esposa daquele que possui os bens e os meios de produção. Em comparação, as mulheres operárias e camponesas são humilhadas, castigadas e obrigadas a ser uma mercadoria a qual o burguês compra, na fazenda, na oficina, na fábrica e também no prostíbulo. Com hipocrisia, a prostituição é condenada moralmente porém não é eliminada. Isto porque para que o bom burguês não desonre sua santa esposa, comete os piores pecados com a puta do prostíbulo. E os prostíbulos não estão em pleno centro da cidade... nem tampouco estão longe, para que o senhor chegue rápido quando assim necessitar. Assim, o mundo público é para os homens e as mulheres se tornam parte do mundo privado. As putas são as únicas públicas. Contudo, estamos falando do século XVII, hoje é diferente...Será? Com esse tipo de comentário vemos que nada mudou.