Estonteante. Se em uma palavra pudesse ser dita, seria estonteante. Mas meus olhos estavam cativados por tamanha beleza, e a boca parecia ter perdido seus sentidos. Com uma camisa branca de alfaiataria dobrada nos punhos, dois botões abertos mostrando o decote que faria Michelangelo chorar, uma saia plissada azul marinho, acinturada e alta, terminando bem na linha de seus joelhos, e revelando panturrilhas carameladas pelo sol, Emily fazia gosto de se olhar, a mulher que mesmo em uma cortina iria parecer angelical, sensação que era reforçada por seu rosto, um rosto de menina atrevida e aventureira, que com seus olhos azul esverdeados em formato de amêndoa, faria todo homem pirar por uma piscadela. O tom café com leite de sua pele e seus cachos loiro escuros davam a ela um olhar de amazona, o que seus Louboutin’s lhe davam a altura.
Nem preciso dizer que uma mulher dessas não iria se deixar impressionar por gracejos baratos, é do tipo que é bonita e sabe, e também não gosta de ser lembrada por homens irritantes, com uma mulher dessa, sentava ao lado de um Carlos Drummond pétreo, mas mesmo assim impressionado por tamanha beleza, e olhando o pôr do sol sobre a ainda linda praia de Copacabana, uma das mais lindas visões, a praia é ok, imagino.
Me aproximo, e puxo papo, falo sobre como algum maluco roubou os óculos do Pobre Carlos, e que tipo de míope salafrário era esse. Quebrada a tensão inicial, a conversa rolou solta, tomou espaço e se agigantou. Ela falou de como o pai dela, um antigo editor, costumava levá-la naquela mesma praia quando era menina, como o mundo era grande e ainda sim vazio, e como será que o Vasco vai se sair no Brasileirão do ano que vem.
Aleatório o papo, assim como o encontro. Decidimos ir tomar um vinho em um restaurante por perto, ao qual pude apreciar o modo como o vento beijava seus cabelos cor de bronze claro, e como estava frio, oferecer-lhe meu blazer esportivo para que se aquecesse (sim meus amigos, aquele quase impossível dia frio no Rio de Janeiro).
Chegamos ao restaurante, e decidimos comer por lá mesmo, ela pedindo uma pasta primavera acompanhado de um bom Pinot Noir, ao qual ela teve a indecência de tocar com aqueles lábios carnudos cor de camélia.
Desejando que reencarne como taça, puxei um assunto mais leve, sobre namoricos na adolescência. Ela, puxada pelo pai rígido, nunca teve muitos namorados, por isso costumava aproveitar cada momentos à sós com eles para tirar proveito dos sortudos. Contei pra ela como me engracei pela filha de um general, e como o mesmo quase me leva preso, e a faço rir o tempo inteiro, quase sem perceber quando ela tira um dos seus sapatos e começa a roçar seus dedos delicados por minhas pernas, como uma delicada bailarina, apenas noto quando ela começa a subi-los por minha coxa, ao qual capturou por cima da mesa seu sorriso travesso e cheio de Sex Appeal, talvez aumentado por duas taças de vinho. Seu cheiro era inebriante quando sussurrei ao seu ouvido que meu apartamento era ali do lado, e que se quisesse poderíamos subir, e mordendo seu lábio bem de leve respondeu que adoraria. Paguei a conta, saímos de mãos dadas, ambos subindo pelas paredes, para o meu apartamento.
Chegando lá, mais uma taça de vinho, mais olhares penetrantes, coloco um bom e sexy Blues para tocar, e decidimos dançar. O jeito de mexer seu corpo a faz parecer ainda mais inacreditavelmente sexy, com suas coxas grossas levantando de leve a saia e revelando o formato arredondado de sua bunda. Vou me arriscando, e em pouco tempo já tenho minhas mãos e seu quadril, enquanto ela balançava-se no ritmo da música, e seu busto já começava a suar, nossas bocas se encontram, e um beijo demorado e cheio de vontade fez ela abrir mais sua camisa, revelando um sutiã preto de renda...
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Fim da primeira parte.