- O que pensas, das questões abolicionistas? - perguntei para Carmen, enquanto nos recostavamos sobre uma árvore a sombra da tarde.
Aquela foi apenas uma das inúmeras perguntas que lhe fiz, naquele tempo que ficamos juntos
Estavamos empenhados em aprender tudo sobre o outro. E tanto eu quanto ela, perguntavamos tudo, sem pudores. As respostas eram sempre diretas e sinceras, conforme prometemos que seria tudo sobre nós dois dali em diante.
- Sinceramente, não entendo como ainda não aconteceu. Provincias vizinhas já estão libertando seus escravos. A colônia inglesa mesmo. E várias do reino espanhol. Minha mãe disse que sou uma tola por pensar assim, uma vez que nossa família depende do trabalho deles como se não houvessem outras formas de o fazer.
Percebi rapidamente, pelo seu tom decidido, que se tratava de uma abolicionista. Aquilo em nada me surpreendeu.
- As pessoaa se acostumam as coisas. Não importa se é bom ou ruim. Elas lutam para manter as coisas do jeito que estão, apenas porque não querem ter o trabalho de penssr diferente.
- E além de tudo... - ela refletiu, quase que consigo mesma - Não consigo conceber como alguém pode achar isso decente? As coisas que fazem... Sei que parece hipocrisia, pois me beneficio muito deles, e já os ordenei fazerem coisas que... Bem... Não me orgulho, mas também não me arrependo - e deu um meio sorriso encabulado.
- Sinto que sua história vai rumar para algo interessante. Por favor, não me prive dos detalhes.
- Não faria isso contigo - e me beijou - Bem... Acontece que, quando tinha meus 12 anos, eu e minha amiga falamos de garotos. Ela dissera que tinha visto o corpo nu do padrinho uma vez, e que não conseguia parar de pensar naquilo. Ela se achava pois, segundo ela, já conhecia o corpo de um homem e eu não. Como se ver alguém nu ensinasse algo ou amadurecesse o espírito. Mas aquilo me incomodou. Mais do que admiti. Eu não podia deixar ficar daquele jeito. Naquela mesma noite, fui aos estábulos procurar Vacario, nosso negro responsável pelos cavalos. Um negro forte e alto. Ordenei que ele parasse o que fazia, e tirasse as roupas, pois queria ver como era seu corpo. Ele titubeou, mas eu o ameacei. Disse que iria chamar meu pai e que ele o castigaria por me desobedecer. Que inventaria uma história e seria minha palavra contra a dele. O pobre homem não teve escolha e tirou a roupa. Aquilo... Aquilo me encantou. Não deve ser grande coisa pra vocês homens, mas par uma menina, ver seu órgão pela primeira vez era... Fascinante. Como funcionava? Porque algo tão longo e, porque, apesar de não ter nada demais, me parecia tão belo?
Eu a ouvia encantado. A verdade em sua voz, a autenticidade em cada palavra. O jeito franco de Carmen era sem dúvidas sua qualidade que mais admirava.
- Tive vontade de segurar ele naquele dia. De sentir sua testura, seu peso, seu cheiro. Fiquei intrigada como ele ganhava tamanho e volume tão rápido. Não entendi como aquilo ocorria e fiquei verdadeiramente intrigada . Mas fomos interrompidos pela chagada se alguém. Eu saltei para entre os fenos e me escondi. A tempo de meu irmão passar. Ele não me viu, mas deu um uma bronca em Vacario, exigindo que ele se explicasse de porque estava nu no estábulo. Ele inventou rapidamente uma desculpa. Disse estar indo se lavar. E pediu desculpas, pois não imaginou que um dos patrões iria estar ali. Por pouco escapou de um castigo. Se me visse. Ali, Vacario, com certeza seria punido. Na melhor das hipóteses levaria uma surra. Mas provavelmente iria morrer. Mas eu não estava preocupada com isso. Queria apenas não ser vista, pois estava com vergonha. As vezes me pergunto se isso me torna uma pessoa ruim.
- Você foi educada assim, nada mais - apaziguei. - eu também. Fiz muitas coisas simplesmente por não ver essas pessoas como pessoas. Eram propriedade da fazenda, como os cavalos, o gado.
Nossa conversa fluiu naturalmente e quase perdemos a hora. Quando voltamos para a fazenda. Nana nos olhou aliviadas
- Senhores, por onde se enfiaram? Seus tios estavam preocupados.
- Desculpe Nana. Nos distraímos. Tinhamos muito assunto a por em dia. Onde está minha tia? Para que eu possa apaziguar seu coração?
- Saiu com o coronel. Foram para a fazenda de Justino e só devem voltar amanhã.
Eu não precisei perguntar o motivo de tal viagem, até porque dificilmente Nana saberia. Mas eu sim. Se Justino havia voltado, só haveria um assunto que eles gostariam de tratar com tanta urgência.
Afastei meus pensamentos daquilo. Teria tempo de me preocupar com essa questão em breve. Juntos, Carmen e eu, fomos a biblioteca onde encontramos Rodolfo debruçado sobre um bom livro. Sorriu ao nos ver
- Pensei em mandar um grupo de busca atrás dos pombinhos, pois supunha estarem perdidos.
- Perdão, primo. Apenas perdemos a hora.
Ele se levantou e cumprimentou Carmem com um beijo na mão.
- Então, podemos jantar, creio eu - informou.
- Não sei. Já esta tarde. Talvez seja melhor eu ir pra casa - Carmen propôs.
- Ora pois, e por que? Você está na casa de tua madrinha, que mal há de passar mais tempo, ou até a noite aqui? - questionei. Olhei para Rodolfo, atrás de apoio, e ele consentiu.
- Sim, Carmem, jante conosco.
Pelo que pude observar, os dois ainda não estavam plenamente a vontade um com o outro, como eram comigo na privacidade.
Sempre foi assim, na verdade. Eu era a cola que unia aqueles dois. E se tudo desse certo, os prenderia ainda mais firmes.
O jantar correu bem, aos poucos, levados pelo vinho, Rodolfo foi perdendo as inibições perto de minha noiva e mostrou toda sua simpatia, a qual normalmente mostrava apenas para mim. Marta também foi perdendo as defesas, e se permitia rir com maior afinco dos gracejos de meu primo.
Ao avancar da hora, ficou resolvido estar tarde para minha noiva sair, e fomos a guiando para um dos quartos de hóspedes. Meus tios, ao que pareciam, não voltariam mesmo pra casa naquele dia. Chegando na porta de seu quarto, ela entrou, mas antes que fechasse a porta, eu a impedi.
- Carmen, verdade, quase me esqueci. Creio ser a hora de dar meu presente de casamento para você. Trata-se de um excelente escravo que consegui em uma aposta Uma barganha.
Rodolfo elevou uma sobrancelha em total estranheza. Carmen, ao contrário, parecia entender bem as implicações do que eu dizia
- Deve ser um exemplar interessante - comentou, fingindo desentendimento.
- Pois é. Escravos brancos são difíceis de conseguir.
- E onde arrumastes um desses primo? -
Rodolfo perguntou. Era a deixa que eu esperava.
- Simples. És tu - informei diretamente.
Os olhos de meu primo se arregalaran.
- Estás de brincadeira.
- Não. Tenho o direito de um dia de lhe ter como meu escravo. Pois bem. Dou esse direito a minha noiva e ela terá tua propriedade por esta noite.
Carmem ficou quieta, achando melhor não se manifestar.
Meu primo ia titubear, mas eu parei diante dele com o olhar sério.
- És ou não um homem de palavra? Então, cale-te e obedeça tua patroa.
Rodolfo parou de repente, me encarando como se não me reconhecesse. Acho que nunca o tratei com autoridade antes. Normalmente era ele quem mantinha as rédeas de nossa relação. Vi o vislumbre de um sorriso brotar de seu rosto, o qual ele conteve para não dar o braço a torcer.
- Entre - Carmen ordenou ao meu primo - e tu também - completou com o mesmo tom.
- Não sou teu escravo, meu amor - lembrei.
- Serás por toda a vida. Isso é um casamento. Vou te deixar pronto para tal
- Rodolfo soltou um risinho e eu o mandei se calar.
Entramos. Marta, muito mais a vontade, despiu o xale que tinha sob os ombros e o colocou sob a cama, despois sentou, cruzou as pernas e nos olhou, avaliando de cima a baixo.
- Tu, marido. Sente-se ali - e me indicou a cadeira. Eu obedeci. - Tu, escravo, tire a blusa.
Rodolfo, com ar altivo obedeceu. Deixando o peito nu.
Marta olhou o tronco forte com aprovação.
- Agora a calça.
Rodolfo obedeceu novamente. Tirou os sapatos, e depois as ciroulas. Ficou nu, pau duro como rocha.
- Ajoelhe-se.
Rodolfo sorriu e obedeceu. Mesmo submisso, não perdia a magestsde.
- Mãos no chão.
Feito. Ficou em quatro apoios sobre o chão do quarto.
Marta levantou, caminhou até ele, e sentou-se em suas costas.
- Muito melhor - comentou, satisfeita, antes de lhe dar um sonoro tapa nas nádegas.
- Me responda, escravo. Ja montastes em meu futuro marido algumas vezes. Mas alguém já lhe montou?
Rodolfo respirou fundo.
- Não, senhora. - tentou falar em tom despreocupado e quase conseguiu.
- Estás me dizendo que é virgem? - e alisou sua bunda. - Não se atreveria a mentir para sua senhora, certo?
E alisou com o dedo a entrada do orifício.
- Não senhora... Eu não mentiria para vós.
Marta introduziu levemente o dedo, massageando com carinho enquanto Rodolfo respirava fundo.
- De fato, não parece violado. - Concordou.
E deu mais um tapa em suas nádegas. Rodolfo estremeceu.
- Gosta disso, escravo?
Mas Rodolfo não respondeu. Em instantes, algo havia mudado nele. Eu acompanhava tudo, intrigado. Não lembro de ter visto Rodolfo submisso a alguém. Nunca tentei, na verdade. E aquilo me intrigou.
- Responda - e deu outro tapa - Gosta disso, não é mesmo?
Silêncio. Carmen continuou mesmo assim
- Conheço teus tipos. Varões para com teus iguais, mas na intimidade, preferem a submissão. Estou errada? - e deu outro tapa
Era capaz, dali, de ver os pelos de meu primo se arrepiando. Fiquei encantado. Como nunca observei isso? Jamais o imaginei em igual posição. Nunca me atrevi a colocá-lo naquela situação. Sempre fui eu a me submeter. Até mesmo reivindicar o direito de te-lo como escravo foi algo que adiei. Mas por falta de aptidão do que propriamente outra coisa. Mas agora, vendo minha noiva tomar meu ligar, senti ter tomado a decisão correta.
- Me responda, escravo. Tua mãe lhe batia muito quando pequeno?
Rodolfo não respondeu. Continuou calado. Estarrecido, como uma criança que vê uma cena traumatizada e não consegue reagir.
- Pois eu lembro quanto tinha 12 anos, e tua mãe brigou contigo quando me empurrou e me machucou - ela narrou - lembro dela ter lhe arriado as calças e batido em sua bunda nua. Lembro do teu olhar. Você não ficou ofendido como os filhos normalmente ficam. Mas ficou constrangido. Isso eu percebi. Quando Catia, sua madrinha, fez o mesmo, quando você sujou o vestido dela vindo sujo após brincar na lama da fazenda... Vi que seu olhar foi outro.
Carmen se ergueu.
- Venha. Ajoelhe-se ali, ao pé da cama e se debruce sobre ela
Rodolfo ergueu, corpo grande, pele vermelha. Pau duro. Nunca o vi tão grande e ao mesmo tempo tão pequeno.
Ajoelhou diante da cama e se debruçou sobre ela. Marta pegou o leque que trazia preso ao vestido e deu um sonoro golpe contra as nádegas de Rodolfo. Instantâneamente uma linha vermelha marcou a área atingida.
Ele estremeceu. Mas segurou qualquer som. Outro golpe.
- Isso é por tratar meu marido de forma tão desonrosa. Sabe o que é para uma noiva saber que seu homem é usado como uma mulher da vida? Você feriu minha honra com tua atitude, e agora eu ferirei a tua.
Outro tapa. Eu acomoanhava tudo estasiado, mal conseguia piscar.
- Obrigado pelo presente, meu amor. Agora permita que eu retribua o favor, vingando tua honra.
Mais golpes. Precisos, com a dosagem certa de força. Marcavam a pele sem corta-la, faziam Rodolfo reagir sem gritos. Rodolfo segurava tudo, agarrando as cobertas com força.
- De agora em diante, não quero mais segredos. Não me importa que monte em meu marido. Não me importa que o use como bem entender. Mas de agora em diante, exigirei saber de tudo. Cada detalhe, por mais sujo ou pecaminoso que seja.
Ela então, desatou o vestido, deixando escorrergar pelo corpo e cair no chão. O corpo nu saltou para fora
- Exigo isso e, também, que saiba me agradar também. Venha escravo. Me possua. Me faza sentir o que meu noivo sente em teus braços.
Rodolfo então, acometido de força e fúria, a tomou nos bracos e a envouvel. Um beijo longo e molhado. A atirou na cama como quem luta contra um inimigo e beijou seu corpo dos pés a cabeça. Dedicou um bom tempo aos pés, de onde recebeu pequenos chutes enquanto lambia os dedos.
Depois, montando em cima dela, encaixou o órgão e rompeu o hímem. Carmen não gritou, mas seus olhos arregalaram. Fiquei preocupado que Rodolfo tivesse ido longe demais, porém minha aflição se esvaiu ao ver o sorriso brotando de Carmen após passar o inicial susto.
Logo, suas mãos o entrelacaram e meu primo começou a penetrar com mais afinco, mais velocidade. Meu primo fodia como um animal indomável, cheio de vigor. Dava gosto ver suas nádegas contrariem a cada penetrada.
Minha noiva gemia de prazer, perdida no mar de êxtase que sentia enquanto tinha seus seios devorados pelo amante.
Sentei e observei tudo com estupor. Parte de mim queria tirar as roupas e me unir a eles, mas não o fiz. Não ia me intrometer no prazer deles. Então fiquei ali, me deliciando com o som de seus gemidos.
Até Rodolfo chegar ao seu ápice e ejacular. Por boa razão, conseguiu tirar o órgão de dentro e impedir a semente de fecundar minha noiva.
...
Estava deitado na cama, ainda sem sono, absorvendo as delícias do momento que acabara de passar. Em meu torno, as duas pessoas mais importantes de minha vida. A direita, dormindo sob meu peito, minha noiva, a mulher que já amava sem sequer conhecer as virtudes que ela ainda guardava escondido. Do outro, meu primo e meu primeiro amor, exausto após o vigoroso desempenho. Estava nu, descoberto, com o rosto bem próximo ao meu.
Outra coisa que me tirava o sono era a preocupação que assolava. Pois sentia que era chegada a hora. Se eu queria agir, teria de ser naquele momento. Não encontraria oportunidade melhor e, se não o fizesse de imediato, poderia ser tarde demais.
Com carinho, rolei Carmen para um lado, a deixando confortável sob a cama. Deslizei o corpo com cuidado, saindo pelo canto da cama. Ergui e me vesti, sem sequer abalar o pesado sono dos dois.
Sai do quarto sem fazer barulho.