- Por que todo mundo desconfia de nós?
- Sei lá, deve ser porque somos um grude.
- Também não saímos para namorar né!
- deve ser!
- Achei que meu pai iria me bater.
- Eu também!
- Acha que ele vai falar?
- Acho que não, mas não sei como vamos contar, eu estou com vergonha!
- Ah, ele disse que todo mundo já imagina, acho que não vamos ter muito problema não.
- Meninos, não falar mais uma vez.
Ele gritou de fora da porta, mas já estávamos vestidos, só estávamos conversando mesmo.
- Pai, vem cá!
Ele entrou e encostou a porta.
- Você não está mesmo chateado?
- Não meus filhos, não. Eu pensei que iria te ver namorando uma menina, mas fico feliz do mesmo jeito.
- E como vamos contar tio?
- Ué contando! Vão fazer o que? Se proibir sei que vão continuar fazendo, então melhor contar e pronto.
- Você ajuda pai?
- Vão tomar o café, vou chamar o Claudio para sairmos quando acabarem.
Estávamos com muito receio, mas era mesmo a melhor opção. Então tomamos o café e saímos os 4, andávamos em direção a cachoeira que tinha ali próximo.
- Claudio, os meninos têm algo para te contar!
Nós olhamos com arregalo.
- O que foi Mateus? O que vocês aprontaram heim?
- Nada não pai.
Na hora eu me amedrontei.
- Tem sim, ou vocês falam ou eu falo!
- O que foi?
- Tio, você sabe que eu te respeito muito né!
O Maycon disse olhando firme para meu pai.
- Sei meu filho, o que vocês fizeram?
- Eu amo o Mateus tio.
- Como assim?
Ele disse me olhando, eu abaixei a cabeça, estava morrendo de medo.
- Eu o amo tio, acho que queria namorar com ele.
- E você Mateus?
Gaguejando eu disse.
- Eu também pai. Abaixei a cabeça novamente.
- O que acha Cláudio?
- Ué, já sabíamos disso, eu mais ainda.
- Como assim Cláudio?
- Os dois estavam se chupando ontem lá Serafina.
Era o nome da árvore. Eu gelei nesta hora, o Maycon me olhou com espanto.
- Tá vendo o que falei com vocês hoje? Tem que ter cuidado.
- Como assim falou hoje Lipe?
- Os dois estavam transando de manhã no quarto.
- Porra Mateus, e se sua mão entra no quarto, ou a Alice?
- Não estávamos pai.
- Tá dizendo que sou mentiroso Mateus?
- Não tio, só estávamos deitados.
- Como?
Com muita vergonha eu disse que pelados.
- Pois é, e juntinhos, e nem trancam a porta.
- Olha meus filhos, não vamos ser contra vocês não, mas estas coisas tem que tomar cuidado, não vou admitir putaria em nossas casas não.
Era um mix de felicidade pela aceitação fácil, mas ao mesmo tempo estávamos muito sem graça.
- Posso contar?
- Não sei não. Disse meu pai.
- Eles já são grandinhos. Até demais!
- ah, vai!
Seu rosto era de preocupação e tensão.
- Vocês sabem que amamos muito as mães de vocês né!
Acenamos positivamente, atentos ao que estava por vir.
- Eu e seu tio temos um caso também.
- Como assim pai?
- É, nós nos gostamos igual a vocês, mas de um jeito um pouco diferente, casamos muito novos, não sabíamos o que queríamos direito e acabamos tendo vocês, depois descobrimos que nos gostávamos, e não temos opção, pois não é justo largar as mães de vocês para ficarmos juntos, seria muito triste para eles.
Eu estava confuso, muito confuso, como nunca havíamos percebido isso? E eu pensava na mamãe, mas ao mesmo tempo entendia o lado deles.
- Pai, mas vocês?
Maycon foi interrompido.
- Sim filho, nós fazemos tudo o que estão pensando, mas não podem deixar isso aparecer heim, um segredo para ser guardado pelas mães de vocês!
- Sim.
Nós dois consentimos.
- Quando estivermos aqui no sítio vocês podem vir na cachoeira, não vem ninguém nela, só fiquem atentos sempre.
- Vão, vão logo aproveitar o tesão de vocês, são jovens e devem ter muita coisa pra fazer ainda. Tio Lipe sorriu gentilmente.
Íamos quando meu me chama.
- Mateus, vem cá!
- O que pai?
- Hoje a noite vamos resolver isso logo e contar de vocês para suas mães. Elas são mães e vão entender! É melhor do que elas descobrirem de outro jeito, e você vão poder namorar em paz.
- Tá bom pai.
Nós saímos conversando e os observando para ver se não estavam nos seguindo.
No caminho falamos sobre o que acabou de ser revelado e concordamos que não estavam errados e que tínhamos de manter aquele segredo com nossas vidas.
- Será que foram para casa?
- Não sei.
Nós voltamos um pouco e escondidos e vimos eles seguindo uma pequena trilha pouco a frente.
- Vamos ver?
- Não sei.
- Eu estou curioso!
- Eu também!
Nós os seguimos na calada, e o que vimos foi incrível, acho que nossos pais haviam ficado com tesão naquilo tudo e foram se satisfazer, foi lindo ver eles dois se amarem e contarei no próximo.