Capítulo III – Acidentes
- Você está bem? – Alexandre perguntou para aquela figura assustada em seus braços
-S-sim – Arthur respondeu tentando recuperar o folego. “A voz dele parece a de uma criança triste” Alexandre pensou, aquela era a primeira vez que ele ouvia a sua voz.
- Tem certeza? – Alexandre perguntou.
- Sim.. é.. – ele olhou para Alexandre e depois olhou para seu corpo completamente ensopado
- Arthur – uma voz gritou e o garoto olhou em direção, sua mãe finalmente apareceu depois de tudo o que a havia acontecido Arthur deu um grande suspiro ao ver um rosto conhecido – o que está acontece... – Cibelle havia finalmente reconhecido Alexandre, ela arregalou os olhos – Arthur o que você fez? - ela falou agora ais perto e mais baixo tentando não causar uma cena, mais do que já havia acontecido minutos atrás, todos olhavam para eles, mas ninguém teve a coragem, de se aproximar, “covardes” pensou Alexandre.
- Vamos resolver isso lá dentro – Cibelle concordou, Alexandre tentou pegar Arthur no colo, ele não teria dificuldade, mas ele não o deixou, ele quis andar o caminho, deixando um rastro de água por onde andava.
- Arthur! - mais uma pessoa, dessa vez era seu pai, Alexandre deu um grande suspiro sem que fosse notado por ninguém a sua volta, ele não queria lidar com mais ninguém naquele momento – o que aconteceu com você? Cibelle – ele se voltou para sua esposa.
- Bem eu ainda não sei, só entramos para não causar uma cena – ela tinha um certo requinte pensou Alexandre, diferente daquele homem, que falava e agia como uma pessoa que não passou do primário. Os dois olharam para Arthur que não sabia como explicar.
- Um homem quis tentar ser engraçado com o seu filho, mas ele não gostou, sinceramente não entendo como podem deixá-lo sozinho em um ambiente como esse especialmente em sua condição.
- Condição? – o homem perguntou. Alexandre olhou para Arthur, era como se ele tivesse sido desmascarado, a feição em sua mãe era a mesma
- Condição, ele ser um om.. – Alexandre parou no meio de sua sentença entendendo o que estava acontecendo. Ao que parecia, os pais quase nunca conseguiam sentir as próprias crias – Bem – ele retomou mais calmo – é melhor subirmos como sua esposa disse. Irei levá-los para um quarto privado.
Depois de entrar na festa Alexandre perdeu Arthur de vista, ele não estava mais com seus pais, seu pai conversava com outras pessoas que ele supôs ser da Humminbird e sua mãe batia papo com as demais esposas de charlatões de gravatas. Mas até eles Alexandre perdeu de vista quando todos saíram para fora para um anúncio de seu pai, ele agradecia a presença de todos e se despediu de todos encerrando a noite com fogos de artificio.
Quando uma boa parcela foi embora ele viu Arthur novamente na beira da piscina embaixo de ums tenta, nos braços de um homem que tinha idade de seu avô, por um segundo ele odiou o garoto por se deixar levar por outro, mas logo ele percebeu o seu desconforto, o homem, claramente alterado, o abraçava e não o deixava se soltar, por mais que ele tentasse, ele se puxou com tanta força que esbarrou em uma das mesas e caiu na piscina, aquele segundo durou por muito tempo, até Alexandre perceber que ele não estava voltando a superfície. Alexandre viu que ninguém ao redor fez nada e saiu em disparada da agua, ele puxou o garoto de volta a superfície vendo que ele tinha um ferimento em sua cabeça.
- Alexandre! – Alexandre ouviu seu nome ser chamado, era João, pai de Arthur, saindo do quarto onde ele e sua esposa a algum tempo com seu filho.
- Como ele está? – Alexandre logo perguntou.
- Ele está bem, vamos passar no hospital logo que sairmos daqui.
- Eu posso pedir para chamarem o médico da família el...
- Não vai ser preciso – ele disse – eu consigo assumir daqui em diante.
- Tudo bem – Alexandre disse, ele conseguiu ver que aquele homem era orgulhoso para pedir ajuda.
- Bem, eu queria conversar com você a sós – ele olhou para os lados.
- Sim, claro, o que foi?
- Bem... eu gostaria que você mantesse o fato de Arthur ser... bem você sabe, em segredo por um pouco.
- Como assim? Segredo?
- Sim, bem... como posso explicar, essa é uma situação nova para mim, para todos nós, o Arthur, ele, nem ninguém para falar a verdade, sabia de sua... sua condição como você mesmo colocou.
- Como você poderiam não saber.
- Estou tentando entender também, mas parece que ele se desenvolveu bem tarde, e eu... bem eu preciso de um tempo para saber como resolver isso.
- Resolver? - Alexandre disse, não havia muito a se resolver, nada podia mudar o que Arthur era, e como ele queria que aquilo não mudasse, desde que Arthur passou por ele, e o breve momento que ele esteve em seus braços, o cheiro era intolerável, ele teve que se resguardar com suas atitudes, pois sua vontade era a de sucumbir aos seus desejos e deixar de lado sua consciência, mas ele era melhor que aquilo, ele honraria o sangue em suas veias.
- Sim, ter um filho assim não estava nos meus planos, principalmente agora, terei que resolver isso, mandá-lo para longe por um tempo.
Alexandre queria obrigá-lo a tirar aquela ideia de sua cabeça, mas ele se conteve, ele não tinha lugar para dizer aquilo, não naquele momento.
- E já que estamos aqui, poderíamos conversar sobre a Humminbird e seu fu....
- Não por favor, essa noite não é de negócios, principalmente depois do que aconteceu com seu filho, eu queria deixar claro que vocês estão convidados a passar a noite, é o mínimo depois do que o garoto passou na minha casa.
- Não que isso – João disse, ele não ficou feliz com a cortada que Alexandre deu nele, mas felizmente ele ao mínimo sabia de sua posição naquele momento. Ele não sabia o quanto poder ele realmente tinha agora que Alexandre conheceu seu filho.
João se despediu de Alexandre e entrou novamente no quarto, com os pouco segundos da porta aberta Alexandre conseguiu ver Arthur, ele estava enrolado em um roupão, agora seco, e deitado na cama com sua mãe ao seu lado, suas pernas estavam de fora descobertas, foram poucos segundos, mas Alexandre não conseguiu não pensar na pessoa que Arthur parecia, desde o momento que ele chegou naquela casa horas antes.