Quando a pandemia de covid-19 chegou ao Brasil, eu tinha voltado ao país havia poucos meses, depois de dois anos estudando na Espanha, e ainda estava tentando recomeçar a minha vida. O meu novo emprego já estava a perigo e eu mal conseguia pagar o aluguel e as contas básicas.
As opções eram pedir para morar com a minha mãe ou com meu pai. Como eu não me dou bem com o meu padrasto, não queria ficar com eles nem morta, mas tudo ficou mais fácil quando meu pai me procurou primeiro, perguntando se eu não gostaria de passar um tempo no apartamento dele.
Papai é muito bem aposentado pela Petrobras, então dinheiro não seria problema, e assim pedi demissão para ficar confinada. Apesar de jovem (tinha 54 anos quando a pandemia começou), ele é hipertenso, portanto grupo de risco, e por isso precisaríamos levar o isolamento muito a sério e eu ficaria responsável por todos os contatos com o mundo exterior, e ainda assim só os estritamente necessários.
Sempre tínhamos sido muito próximos e com uma relação franca e aberta, por isso nos demos muito bem na vida a dois. Nos revezamos na cozinha e nos serviços domésticos, vemos muitos filmes e séries juntos. A intimidade, claro, só aumentava com a passagem das semanas, e logo comecei a cortar o cabelo dele e ele a pintar o meu. E passou a ser normal um ver o outro sair do banho só de toalha, ou um ver o outro se vestindo, tanto que começamos até a usar o banheiro de porta aberta.
Certa vez, quando eu usava um shortinho e uma blusinha soltinhos, sem nada por baixo, reparei que o olho dele me seguia quando eu passava. Nunca fui a musa do bairro, mas não me considero de se jogar fora. Tenho 1,64, bunda e seios grandes, o cabelo pintado de ruivo combina com minha pele branquinha. Um prato cheio para um coroa enxuto confinado, modéstia à parte. Aquilo me deixou com tesão.
Um dia, acordei com Papai na minha cama, segurando uma grande bandeja de café da manhã. Era meu aniversário de 32 anos.
- Filha, vamos comemorar o seu dia como antigamente? - perguntou ele, depois de me abraçar e me parabenizar.
Eu adorei a proposta. Quando eu era criança, sempre tínhamos um dia especial de pai e filha em que ele me levava café na cama, depois fazia o meu prato predileto no almoço (arroz e feijão, bife à milanesa e batata frita), depois brincávamos e íamos ao cinema.
E assim tivemos, mais de vinte anos depois, mais um daqueles dias especiais. Jogamos jogos de tabuleiro, ele pintou minhas unhas como fazia quando eu era criança (mas desta vez senti tesão enquanto ele segurava meus pés), fez aquele mesmo almoço maravilhoso, e à tarde, impossibilitados de ir ao cinema, vimos um filme no sofá da sala, com uma enorme tigela de pipoca.
À noite, quando ele deitou pra dormir, eu entrei no quarto dele só de camisolinha.
- Esquecemos uma parte da comemoração - eu disse.
- Qual? - perguntou ele.
- Você sempre me deixava dormir com você no meu aniversário.
Ele me olhou por um tempo e notei, pelo volume no lençol, que o pau dele ficou duro. Ele apenas levantou um dos lados do lençol e bateu no travesseiro vazio, pra me chamar.
Eu deitei e me aninhei nos braços dele, e ficamos conversando até altas horas, adormecendo lado a lado.
No dia seguinte, notei uma ligeira mudança no comportamento do meu pai, que ao mesmo tempo me paparicava mais e ficava meio constrangido na minha presença, numa confusão de sentimentos.
Eu estava muito atraída pela ideia louca de ser a mulher dele. Afinal, estávamos ali, confinados e sozinhos, e nenhum de nós fazia sexo desde antes da pandemia. Quem iria saber?
Eu sabia que no fundo ele também me desejava, mas eu precisava ir com muita calma, passo por passo, para não colocar tudo a perder.
Naquela noite seguinte ao meu aniversário, quando meu pai foi se deitar, eu de novo entrei no quarto dele de camisola e nem pedi permissão para deitar no lado vazio da cama.
- Ué, já é o seu aniversário de novo? - perguntou ele, rindo.
- Ah, não tem motivo pra gente dormir em camas separadas, né? Aqui a gente pode conversar, ver uma série juntos, é até menos roupa de cama pra lavar. Eu dormir aqui é melhor pra nós dois, não acha?
- É sim - respondeu ele, apagando a luz do abajur.
/ CONTINUA
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