A coisa estava preta. Regina, após ter passado pela máquina, havia tido a sua capacidade de amar apaixonadamente, seu “Ágape”, retirada e supostamente presa em uma esfera espelhada. Só que, ao retirar o Amor, seu ódio por quem havia feito isso com ela foi amplificado.
Usando minha habilidade, consegui quebrar duas esferas no escritório de Waite. Deveria ser uma delas, mas não funcionou.
Ela atacou Waite, e depois guardiões após guardiões.
Ela já havia neutralizado alguns deles , e eu outros. Drake e Diana estariam a caminho, mas antes disso, Alguém me agarrou por trás e começou a me sufocar.Achei que era o fim, que tudo iria acabar ali.
Então, alguém pulou sobre nós. Era Regina! Com o pulo, caí sobre meu atacante, de costas. Regina caiu sentada sobre mim. Sei que não devia pensar nem comentar isso...mas a bucetinha dela estava bem no meu queixo. Ela, com as mãos, apertava alguma coisa. Provavelmente os globos oculares do meu atacante. Então, vi as mãos dele, grandes e negras. Era Nguvu!!
Ela apertava com força, com ódio real.
Senti o corpo do homem amolecer embaixo de mim. Regina respirava fundo, suspirava. Eu segurava os quadris dela, ela estremecia sobre mim.
Olhei ao redor, havia mais uns seis agentes, todos apontando suas miras “laser” para nós, os fachos bem visíveis por causa da neblina escura. Regina olhou para mim, agora os lindos olhos verdes úmidos.
Senti suas lágrimas caindo sobre meu rosto.
“- Eu...não sei...mas acho que amo você.”
Os agentes esperavam a ordem para atirar.
“- PAREM!! PAREM TUDO!! ABAIXEM AS ARMAS!!
Era a voz de Drake.
“- MEU DEUS!!!” Essa era a voz de Diana.
Os agentes abaixaram as armas e foram se afastando.
Drake falou, a voz demonstrando seu abalo.
“- Inacreditável! Impossível!”
Regina olhava para ele, quieta.
“- Vocês neutralizaram vinte agentes altamente treinados, sozinhos!”
Minha esposa olhou para ele, séria.
“- Vinte e três.”
“- Como?”
“- Vinte e três. Pode contar direito”
A névoa começou a se dissipar. Regina fez menção de se levantar, mas eu a segurei.
“- Hmmm... acho que você gostou que eu sentei em você.” A bucetinha dela estava bem no meu queixo.
Diana falou:
“- Isso é bem do seu estilo, mesmo no perigo ainda se esfrega ...”
Regina olhou bem séria para ela.
Ela quis levantar de novo, eu segurei.
“-Número Um...está esperando o caralho do Negão endurecer embaixo de você?”
“- EPA”
Deixei que ela levantasse, levantei junto. Mas não havia perigo, Nguvu estava todo mole, nocauteado.
“- Ainda não consigo acreditar” Drake repetiu, olhando para Regina. “- Você derrotou todos eles com as mãos nuas...”
“-Toda nua, Senhor” Diana o corrigiu.
“- O que?”
“- Não foram só mãos nuas. Ela está toda nua. Completamente pelada.”
Drake ainda olhava aquele caos.
Waite estava em frangalhos. O rosto , os braços e o peito com sangue coagulado, devido aos arranhões e socos de Regina.
Minha esposa estava ali, em pé, com sua postura altiva, belissimamente nua.
Decidi explicar de uma vez:
“- Waite era o responsável pelas câmeras no seu escritório e no apartamento de Diana. Isso explica a facilidade com que instalaram, já que eles controlavam a Segurança da Agência”.
“- Você tem como comprovar isso, Um?”
“- Tenho, a sala fica ao lado da monitoração interna, naquela ala.” Apontei o lado.
“- E o que tem isso a ver com o que aconteceu hoje?”
“- Tudo. Diana também foi colocada na máquina...”
“- Como você sabe?” Diana interferiu.
“- Deixe eu terminar. Você foi colocada na máquina, que retirou seu ‘Ágape’...”
“- Ágape?’
Agora foi Regina que interveio:
“- Diana, DEIXA ELE FALAR! Eu preciso entender isso!”
“- ‘Ágape’ ou ‘Mojo’ se preferir” ( elas fizeram sinal com a cabeça que entenderam)
“- Então, a máquina extraiu a sua capacidade de amor verdadeiro, amor apaixonado, afeto incondicional, deixando apenas o “Philius” e o “Eros”, ou seja, as amizades superficiais e o sexo. Esse ‘Ágape’ seria armazenado -segundo o Doutor Eldon – em esferas espelhadas, com um sigilo.”
“- Waite fez isso comigo?” Perguntou Diana, já ficando furiosa.
“- Fez, e pelo jeito você amava Drake, porque vocês dois eram monitorizados para ver se os efeitos da máquina eram permanentes.”
“- O FILHO DA PUTA!!” Diana bufava.
“- Mas e as esferas?” Perguntou minha esposa.
“- Eu achei que , quebrando as duas, o que fiz através do gato, reverteria o processo, mas...”
Nisso, chega o Doutor Eldon, segurando duas esferas espelhadas nas mãos. Ele explicou:
“- O que você fez não funcionou, porque aquelas esferas estavam vazias. Estas são as verdadeiras”
“- Mas como?”
“- São preciosas demais para ficar com alguém como Waite. Quando o processo terminou, troquei por esferas vazias, e guardei as verdadeiras.”
Ele entregou uma das esferas a Regina, e a outra a Diana.
Abracei minha esposa, que estava muito confusa, olhando para aquilo.
Eu sabia o que fazer. Primeiro, apaguei o Sigilo desenhado na esfera. Em seguida, joguei no chão, e ela se espatifou, liberando uma energia dourada, que envolveu o corpo nu de Regina.
“- Só isso?”
Ficamos olhando para ela, Eldon também estava curioso, nunca havia visto a energia retornar à pessoa antes.
“- Você não está diferente?”
“-Sou eu mesma, por que deveria ‘estar diferente’?”
“- Tem sua razão de ser... quando você saiu da máquina”, eu me dirigi a Regina, “- você também disse que estava tudo igual.”
Diana olhava para a sua esfera. Drake perguntou:
“- E então, não vai recuperar seu ‘Mojo’?”
Ela olhou, pensou...
“- Não sei. Faz tanto tempo que isso aconteceu. Será que eu não sou quem eu sou por causa disso? E se quebrar? Vou ser a mesma agente?”
EU me aproximei de Diana, pegando nas mãos dela.
“- Diana... pense... o Amor é a coisa mais importante da vida. Quem consegue...?”
Fomos interrompidos por Regina:
“- Pode ir largando dela. E me dá esse troço aqui.”
Ela deu uma cuspida na esfera, esfregou apagando o Sigilo, e jogou no chão, bem aos pés da espiã britânica. Se não era a ‘minha Regina’ de volta, não sei quem era...eu sorri.
Uma energia dourada parecida, mas um pouco mais rosada, envolveu Diana.
Regina grudou no meu braço e me puxou para o lado dela. Notei o olhar de ciúme.
Minha esposa estava inteira de novo!
Diana nos olhou fixamente, e depois na direção de Drake.
“- Não sei. Acho que continuo igual.”
Regina se aproximou dela, sem me largar, e a beijou nos lábios, sendo retribuída com a língua.
Não é preciso dizer que todos os agentes que haviam sido neutralizados haviam acordado e olhavam a cena....exceto Waite e Nguvu, ainda nocauteados.
“- Acho que amo você...” disse Diana.
“- Ixi! Tem como colocar de volta o troço na esfera?” Regina falou.
... Mas logo em seguida, Diana acrescentou: “- Brincadeira, gente!!! É que essa história é muito interessante...”
Ela, em seguida, enlaçou o braço de Drake, e apertou o corpo dela contra o dele.
O chefe da Agência me olhou e piscou . Eu nunca havia visto Diana fazer isso antes...Regina notou, mas ficou quieta, apenas me beijou apaixonadamente.
“- Acho que é você de novo”, falei.
“- Mas eu nunca deixei de ser eu”, ela replicou.
“- Você entende, querida...você é mais você agora. Inteira, com todos os ingredientes.”
“- Você disse ‘Ingredientes’, lembrei do Strogonoff na bunda”
“-Strogonoff na bunda? Como foi isso?” Riu Diana.
Então, minha esposa explicou o episódio onde Waite fez com que ela deitasse na mesa, depois espalhou Strogonoff no corpo dela, e depois lambeu tudo, demorando na bunda, lambendo a bucetinha e o cuzinho dela ...
Essa era mesmo a ‘minha’ Regina.
O Dr. Eldon, que estava quieto até aquele momento, falou:
“- Mestre Drake... creio que medidas de segurança devam ser imediatamente implantadas, para evitar que cada chefe de setor imponha suas próprias ideias quanto ao uso da Tecnomagia.”
“- Iremos discutir isso imediatamente. Enquanto isso, Waite e Nguvu serão detidos. Como Nguvu é reincidente, teremos que rever tudo o que aconteceu.”
Drake teve que pedir que os guardiões e agentes se dispersassem , porque eles não paravam de admirar aquelas mulheres lindas, uma delas completamente nua.
Regina olhou para si mesma.
“- Gente, estou toda suja, suada e descabelada, um caco!!!”
“- Está nada, você está linda!” Eu falei. E era verdade.
“- Ah não!!!” E saiu correndo em direção ao Salão Espelhado. Diana foi junto.
“- Também preciso me arrumar...e depilar...sabe?” disse a espiã britânica.
As duas riram.
Ficamos eu, Drake e o Dr. Eldon ali.
“- Você notou?” Perguntou Drake.
“- Claro que notei. O jeito que ela segurou no seu braço e colou no seu corpo...”
Como descrevi em um conto anterior ( no episódio “No Clube de Swing em Londres”):
“Diana e Drake nunca haviam feito sexo, ela disse que “não deu liga”... talvez o gosto dela fosse diferente. “
Drake continuou:
“- São pequenos detalhes... sabe, no início, achei que ela gostava de mim, mas antes de chegarmos a maiores intimidades, ela fez o treinamento aqui no Castelo, passou pela máquina... depois nunca foi igual, e eu me perguntava o porquê”.
“- Waite, ou alguém mais além dele, queria agentes sem vínculos fortes.” Falei.
“- Número Um, confesso que, pelos relatórios anteriores, eu achava que você era mais um ‘ajudante’ nas missões de Regina, mas desta vez você realmente me surpreendeu. Descobriu uma trama que ninguém na Agência sequer sabia que existia”.
“- Vamos para a Taverna”, sugeri, “- Essa confusão toda me deu sede.”
“- Não é sua esposa que fala essas coisas?”
“- Pois é, às vezes a gente pensa a mesma coisa ao mesmo tempo.”
“- Olha...como eu gostaria de ter alguém assim como Regina”
“- Mas você tem, Drake. Tenho a certeza que já tem há muito tempo.”
“- Espero que sim.”
Fomos à Taverna, eu e Drake. O Dr. Eldon retornou ao Laboratório.
Bebemos um pouco, conversamos bastante. Uma das moças nuas em outra mesa se aproximou de nós.
“- Desculpe... mas você não viu Laylah? Ela sempre vem aqui neste horário, mas ela parece que sumiu...e com toda essa confusão...”
Olhei para Drake.
“-É mesmo, ela deveria estar com Nguvu.”
Mas isso era assunto para outro momento. Regina e Diana estavam voltando do Salão Espelhado, ambas deslumbrantes. E nuas, as duas. As moças haviam caprichado na depilação, penteados, manicure, pedicure...
“- Estão deslumbrantes!” falei.
Regina já veio grudando no meu braço, e Diana sentou ao lado de Drake, encostando nele.
“- E a roupa, Diana?” Perguntou Drake.
“- Ah, eu já estava pelada depois da depilação, e Regina anda o tempo todo assim... mas posso ir colocar imediatamente, Senhor...”
“- PELAMORDEDEUS, NÃO!!!” Implorou Drake, segurando no braço dela, e puxando-a para o colo dele. Vi que a pele de Diana se arrepiou inteira. Regina notou e sorriu.
“- Hmmm, o que foi, gente? Por que me olharam assim? Foi só um ventinho frio... “
Regina disse a ela:
“- Diana, aproveite. Ontem foi ontem, hoje é hoje, e você está aqui e agora, aproveite.”
Isso foi o que ela havia me dito antes, sem o “Ágape”. Mas continuava sendo verdade.
Resolvi falar:
“- Muitas vezes, nós damos como certo e garantido o que temos, e não damos a devida atenção até que nos é tirado. Embora minha esposa, a quem amo mais que tudo, estivesse sempre perto, eu não esperava o que aconteceu. Se não fossem essas benditas coincidências – se é que existe tal coisa – e obras do acaso, talvez nós dois não estivéssemos juntos aqui e agora. Então, meus amigos...vamos fazer um brinde.”
“- E ao que vamos brindar?” Perguntou Diana.
“- Ao amor! Ao amor verdadeiro! Que nunca seja tirado de nós !” Regina falou, me beijando em seguida. Diana encostou a cabeça no ombro de Drake. Em seguida, não resistiu e o beijou na boca. Drake, embora surpreso, retribuiu. Devia estar esperando por isso há anos.
FIM DO EPISÓDIO
MAS CONTINUA...