Depois da troca de mensagens no WhatsApp, desci a escadas e encontrei com os meus pais na sala. Minha mãe vestia um vestido preto e um colar de brilhantes, sem exagero de maquiagem, já o meu pai vestia uma calça jeans e uma camiseta branca. Era um jantar simples, não necessariamente de todas as coisas que já estamos acostumados a ver.
— Uau, onde o rapaz pensa que vai assim desse jeito? Todo gatão e cheiroso, só quer encantar alguém. — Minha mãe disse sorrindo.
— Ah, mãe. Nem vem! E aliás, nem estou tão bem vestido assim, deve ser só uma coisa simples. Mas também não devemos ir de qualquer jeito. — Eu respondi sorrindo para a minha mãe.
— E só para lembrar, filho. Amanhã você já vai para a escola nova. Lembre-se que ainda estamos em abril, dar para pagar o conteúdo fácil. — Meu pai, que até então, estava calado, se pronunciou.
— Mas… Mas Já? — Gaguejei.
— Sim, você não deve ficar perdendo tempo. Lembre-se de que esse é o seu último ano, portanto, estuda bastante. Aproveite para estudar ainda mais…. Não se prejudique com as disciplinas. — Meu pai disse por fim.
— Seu pai está certo, meu filho. Apesar de você ser sempre um bom aluno e um bom filho, você tem que se dedicar mais ainda. — Minha mãe falou se entrando na conversa.
— É… vocês tem razão. — concordei com eles. — Mas sabia que estava muito nervoso com essa história de escola nova e novas pessoas para ver todos os dias. Sei como é difícil começar em um colégio novo e também sei como é o quanto ainda é mais difícil com a minha opção sexual.
Para não demorar mais tempo, resolvemos ir de encontro aos nossos novos vizinhos. Chegando lá, quem nos recebe é uma das empregadas de Carmem. Todos estavam muito bem vestido e acabei conhecendo a sua filha mais nova, de 08 anos e que se chamava Viviane. A pequena tinha cabelos ondulados pretos, não muito baixa e dos olhos pretos. Era uma amor de pessoa.
Nos conhecemos melhor, mas não falei qualquer palavra com o filho mais velho dela. Era notável que ele não estava satisfeito com a nossa presença. E eu já estava começando a me sentir desconfortável com tal comportamento daquele rapaz.
— Gabriel, você sabia que o meu irmãozinho sempre brinca de boneca e casinha comigo? — Ela respondeu me encarando com aqueles olhos encantadoras e depois soltou um largo sorriso.
— Cala a boca, pirralha. Ninguém te perguntou nada e acho que ele não queria saber sobre a vida de uma criança. — Foram as únicas palavras que Eduardo respondeu, totalmente constrangido com o que a sua irmã acabara de dizer.
— Mentira! Ele se interessa sim. — A menor respondeu com brava do rapaz à sua frente. — Não é verdade, Gabriel? — Ela perguntou me olhando. Agora, eu seria metido no meio de toda aquela confusão e para não magoar magoar menor, resolvi responder:
— Sim, eu me interesso, pequena. — Respondi dando um largo sorriso para aquela criança ao meu lado. Confesso que eu tinha vontade de ter um irmão para poder compartilhar tudo.
O jantar se estendeu e foi ficando um pouco tarde para a Viviane ficar acordada. A mesma acabou adormecendo e depois foi dormir em seu quarto. Também já estávamos de saída, não queríamos atrapalhar mais ainda a família e, com certeza, teriam compromissos amanhã.
Por ser o meu primeiro dia de aula, meus pais me deram carona. O edifício daquela escola mais parecia um museu, com paredes antigas e, sinceramente, tudo aquilo dava um ar de mais ser um prédio antigo. Dentro do carro, os meus pais tentavam me passar uma mensagem de confiança e que tudo daria certo.
— Filho, vai ficar tudo bem. Devo imaginar o quanto é difícil para você se adaptar ao que é novo, mas tente, pelo menos. — Minha mãe falava enquanto segurava minhas mãos e abria um sorriso tranquilizador.
— Qualquer coisa ligue para nós e viemos correndo. — Tranquilizou-me meu pai. — Agora, você precisa ir, não podemos nos atrasar e muito menos você.
Desci do carro e resolvi entrar no colégio. Havia uma placa, que indica o nome da instituição: Centro de Ensino Oásis Rousseff. Respirei fundo para caminhar até a equipe gestão, onde eu receberia meu horário de aulas e em qual sala eu ficaria. Assim que bati na porta que estava com uma flecha aberta, a diretora me pediu para que entrasse e assim eu fiz.
— Você é o aluno novo, correto? — Ela tinha cabelos não muito curtos lisos e um pouco brancos com a idade, usava óculos e tinha uma postura invejável diante daquela cadeira. — Eu sou a diretora da instituição e me chamo Olívia.
— Sim, senhora! Acabei de me mudar de cidade. — Respondi a sua pergunta.
Ela me entregou alguns papéis com as normas da escola, horários e qual seria a minha sala de aula agora em diante. Como os meus pais falaram, não poderia mais perder tempo com os meus estudos. Depois me retirei de sua sala e fui pelos corredores procurar a minha, quando esbarro em alguém:
— Ei! Olha por onde anda, garoto! — Acabara de dizer o aluno em que esbarrei e eu nem sequer tinha virado a cabeça para me certificar de quem era.
— Desculpas, não vi que você estava aí. — Respondi sem olhar para cima.
— Sem essa de desculpas, você não é cego! Sabe muito bem que não pode ficar andando por aí sem ao menos notar onde pisa. — Era notável que ele estava ficando agressivo com o seu tom de voz.
Ouvi algumas gargalhadas de dois rapazes que andavam com aquele brutamontes. Quando resolvi encarar a pessoa, notei que já a conhecia antes. Era Eduardo, o meu vizinho. Era ele quem havia me tratado daquela forma.
— Isso não vai mais se repetir! Com licença. — Falei rapidamente para me afastar deles. Soltei o pouco ar que me restava em meus pulmões… resolvi tomar um pouco de água e só depois procurar a minha sala.
Eu parei diante da sala que indicava ser a minha. Bati na porta e em seguida foi aberta por uma mulher jovem ainda, na base de seus 30 anos. Com cabelos longos e loiros, o seu corpo magro e pálido e tinha uma beleza incrível. Ela, com certeza, deveria gostar do que andava a fazer.
— Com licença… A gestora disse que essa seria a minha sala. — Expliquei a mulher que eu já tinha acabado de atrapalhar a aula.
— Entre, por favor! Seja bem-vindo, novato. Venha cá. — Ela me puxou para a frente da turma. — Se apresente para os seus novos colegas.
Eu não gostava muito de me apresentar em público. Era muito vergonhoso e eu ficava nervoso. Meus olhos congelaram quando eu passei os meus olhos por todos os alunos, até que encontrei Eduardo e seus amigos. Que saco! Tinha que cair na mesma sala que eles, por quê?!
— Bem… Meu nome é Gabriel Shakespeare Campos e eu sou novo na cidade ainda. Tenho 17 anos e eu acho que é isso. — Respondi olhando para a professora.
Era notável que Eduardo me olhava enquanto eu falava e ficava debochando. Já estava de saco cheio com esse garoto, desde que cheguei, ele implica comigo.
— Prazer em conhecê-lo, Gabriel. Sou a professora de Filosofia, Cristiane. Escolha um lugar vago e sente-se, vamos iniciar a aula. Espero que a gente se dê bem, basta tirar notas boas e se comportar. — Ela respondia enquanto dava risadas. Era engraçado aquele tipo de professor.
— Obrigado, professora. — Agradeci.
Comecei a olhar todos os cantos da sala, na esperança de encontrar algum lugar vazio para me sentar e, infelizmente, só restava um: o único lugar era na fileira de Eduardo, a única diferença era que uma pessoa nos separavam. Amém! Fui caminhando até lá e me acomodei. De repente, a garota que estava atrás me chamou a atenção e eu virei.
— Oi, Gabriel. Meu nome é Yasmin. — Se apresentou simpaticamente.
Yasmin era muito bonita. Era um pouco magra demais e tinha olhos castanhos, pele um pouco bronzeada. Não reparei se ela usava maquiagem, o que era um pouco incomum. Ela era alta e seus cabelos ondulados preto, o que a deixava ainda mais bonita.
— Oi, Yasmin. Prazer em conhecê-la… — Disse timidamente para ela.
— Você me parece muito tímido e nerd! — Ela falou em tom descontraído. — Que fofo!
Minhas bochechas começaram a queimar nessa hora. Quando olhei por cima de Yasmin, notei que Eduardo me encarava com um olhar mortal em seus olhos. Como era possível o menino me odiar daquela maneira em tão pouco tempo? Eu não sabia o que fazer! Resolvi prestar atenção na aula.
Notas finais
Estão gostando da história? Escrevam nos comentários o que estão achando, críticas, elogios ou sugestões. É necessário para a continuação do enredo, motivar.