ANO DE 2017
CENA 01: CT do Rio FC, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Manhã
TRILHA SONORA: Cold – Jorge Méndez
"Eu me sentia como se estivesse dentro de um barril de pólvora. Por fora, calmo, tranquilo, sem aparentar nenhum problema. Mas por dentro, bastava uma fagulha para me fazer explodir em mil pedaços"
Esses eram os pensamentos de Gustavo, enquanto treinava naquela manhã.
RICARDO: Andem, mantenham a intensidade, lembrem-se que preciso de vocês com o melhor preparo físico para que possamos disputar os campeonatos durante este ano e o ano que vem – ele faz um sinal com as mãos, chamando Gustavo. O jovem caminha até ele.
GUSTAVO: Sim, treinador...
RICARDO: Gustavo, alguns novos jogadores serão agregados hoje ao nosso time. Alguns vieram lá do Sub-17, mas tem outros também que vieram de transferência. Gostaria muito que você os ajudassem a se encontrar aqui pelo CT.
GUSTAVO: Tudo bem, treinador, pode deixar...
O treino continuou por alguns instantes, até o momento em que Gustavo viu alguns outros jogadores saírem do túnel do vestiário em direção ao campo, e então seu olhar focou-se em certos cabelos pretos, que remexiam ao vento enquanto o seu portador corria.
RICARDO: Pessoal! Parem um pouco o que estão fazendo para que possam dar as boas vindas aos novos atletas da equipe! – o rapaz dos cabelos pretos era Rodrigo – Alguns desses atletas estão sendo promovidos do sub-17, e outros vieram de outros clubes, entre eles o Rodrigo, filho do técnico Diego Melo. Esperamos que todos vocês os recebam muito bem.
Foi o primeiro cruzamento de olhares dos dois. Rodrigo olhou para Gustavo com surpresa, nunca tinha visto alguém tão atraente aos seus olhos. O observou dos pés a cabeça, e um sorriso tímido se formou em seu rosto enquanto ele o observava. Para Gustavo, os sentimentos que sentia traziam à tona diversas lembranças, não tão boas.
CENA 02: FLASHBACK, Igreja de Jonas, Niterói, Noite
Gustavo, como sempre, fazia os gostos do pai, e costumava acompanha-lo nos cultos quando não tinha compromissos com seu time. E era em momentos como aqueles que a realidade batia a sua porta. Gustavo via o pai pregar no púlpito da igreja, sentado, acuado na platéia.
JONAS: Segundo a Bíblia, irmãos, nós já estamos chegando ao fim dos tempos. É um momento de arrependimento geral, das pessoas procurarem se arrepender dos seus pecados. Aqueles que não se arrependerem queimarão no fogo do inferno, terão suas vidas condenadas. Entre eles os homossexuais, seres abominados por Deus, de acordo com a Bíblia. Em Levítico, 18:22, o homem que se deita com outro homem, como se fosse mulher, é abominação aos olhos de Deus. Portanto tentem, de todas as formas tentem se libertar do pecado.
Gustavo ouvia tudo aquilo com medo, receio. Pois ele sabia que sentia atração por homens, e que se seu pai descobrisse seria uma tragédia.
CENA 03: CT do Rio FC, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Manhã
TRILHA SONORA: Stay – Rihanna
Os jogadores treinavam, e o treino passou rapidamente, mas não sem vários olhares trocados entre Gustavo e Rodrigo, as quais a imagem mostra.
RICARDO: Bem pessoal, o treino está encerrado. Lembrem-se que a tarde teremos uma reunião no auditório, estejam lá – falou, começando a andar – E aos jogadores novatos, o Gustavo vai levar vocês para conhecerem o nosso CT.
Imediatamente, Rodrigo olhou para o rapaz, atraindo novamente o olhar de Gustavo. Seu olhar era profundo e denso, de forma que Gustavo sentiu seu coração acelerar.
GUSTAVO: Pessoal, vamos logo que eu estou morrendo de fome. – falou, começando a andar na tentativa de disfarçar o que estava sentindo.
Rodrigo logo atrás observava Gustavo andando, de costas. Rodrigo também tinha uma história em que se sentia enclausurado.
CENA 04: FLASHBACK, Estádio do Maracanã, Maracanã, Rio de Janeiro, Noite
Rodrigo estava no estádio mais uma vez acompanhando o pai, que estava como técnico naquela noite.
RODRIGO: Espero que ele ganhe! – dizia, sorrindo, enquanto via o pai gesticular.
Entretanto, sua atenção logo saiu da do pai quando um torcedor extremamente bonito que passou por perto do camarote. Na cabeça de Rodrigo, passavam as lembranças da posição do pai, do quanto ele era conhecido, e de como seria uma tragédia caso descobrissem que ele gostava de rapazes.
RODRIGO: Eu... Eu vou ao banheiro! – disse ao assessor que estava ao seu lado, se levantando.
Rodrigo começou a andar para o lado de fora do camarote, meio desnorteado, até que esbarrou em uma moça.
RODRIGO: Oh, me desculpe – os dois se olharam nos olhos.
DIANA: Não precisa se desculpar ! – ela falou, sorrindo – Afinal, eu também tive culpa.
Rodrigo a observou, por algum motivo.
CENA 05: CT do Rio FC, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Manhã
Gustavo andava por dentro do CT acompanhando dos novatos.
GUSTAVO: Bem, pessoal, aqui fica a nossa academia... Ali ficam as salas de fisioterapia e dos médicos, e para aquele lado fica o nosso vestiário principal. – dizia, apontando o caminho.
RODRIGO: O CT é muito bonito, não é ? – dizia, se aproximando de Gustavo e ficando ao seu lado.
GUSTAVO: Sim, é muito bonito... Um dos melhores que eu já tive o prazer de conhecer.
Durante alguns instantes os dois ficaram a se olhar nos olhos, sem dizer nada. Porém logo voltaram a andar.
GUSTAVO (pensando): "Oh Deus, ajude-me a livrar desses desejos imundos que eu sinto!". – ele respira fundo e fala. – Vamos então para o refeitório? Estou com fome. – disse enquanto andava.
RODRIGO: Espera! – Rodrigo o segurou, chamando a sua atenção – Você sabe me dizer onde fica o meu dormitório na concentração?
Aquele toque tirou a atenção e o foco de Gustavo, que naquele momento só ficou em Rodrigo.
GUSTAVO: Sim, eu sei! Vamos até lá. – falou, começando a andar.
De longe, a câmera foca em Eduardo, que observava os dois andando juntos. O olhar dele era enigmático.
CENA 06: Dormitório, CT do Rio FC, Rio de Janeiro, Manhã
Não demorou muito para os dois estarem frente a frente do local onde faziam as concentrações antes dos jogos. E então veio a surpresa para Gustavo. A câmera foca na porta, onde estavam escritos os nomes dele e de Rodrigo.
GUSTAVO: É, parece que você vai ser meu companheiro de quarto! – falou, o olhando aflito.
RODRIGO: Sério? Que bacana! – abriu a porta em seguida – Creio que nós vamos nos dar muito bem. – virou de costas, o olhou nos olhos, e sorriu.
GUSTAVO: É, quem sabe... – o olhar de Gustavo era cheio de medo e receio.
"Os homossexuais são abominação aos olhos de Deus!", isso ecoava na mente de Gustavo. Sem que os dois percebem, o curioso Eduardo os acompanhava, querendo saber de quem se tratava o novo forasteiro que transitava pelo CT.
CENA 07: Refeitório, CT do Rio FC, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Tarde
TRILHA SONORA: NOVEMBER RAIN – GUNS N ROSES
Todos os atletas da base faziam as refeições naquele local, sempre envolto de muita conversa e descontração. Naquele dia não era diferente. Entretanto o olhar de Gustavo era de apreensão.
EDUARDO: Tá tudo bem com você hoje, Gustavo? Tá tão calado... Ah é, me esqueci que você é sempre assim...
Gustavo apenas o olhou, com a mesma indiferença de sempre.
GUSTAVO: Muito engraçado, Eduardo! – dizia com ironia – Come a tua comida aí e me deixa em paz, hoje eu não estou com muita paciência pra brincadeiras.
EDUARDO: Nossa... O que houve? Brigou com a namorada foi? Aquela que você não tem. – falou, rindo – Ou melhor, descobri que você está tentando arranjar um namorado! – falou, rindo novamente, atraindo a ira de Gustavo.
GUSTAVO: O que foi que você disse? – se levantou puxando-o pela gola – Pare de me irritar, Eduardo!
Gustavo soltou Eduardo, se virou e começou a andar pra longe daquela mesa, sem falar com ninguém. Rodrigo o acompanhou com o olhar.
CENA 08: CT do Rio FC, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Tarde
Gustavo caminhou para a beira do gramado, pois estar ali naquele local o ajudava a pensar.
GUSTAVO: Porque eu não consigo mudar, meu Deus? Porque eu tenho que me sentir assim! Porque eu não consigo mudar! – sussurrava pra si mesmo, enquanto observava o vento balançar levemente as redes do gol – Será que eu nunca vou mudar? Vou viver sempre assim, me sentindo culpado pelos meus sentimentos?
Sem que Gustavo percebesse, Rodrigo se aproximou dele.
RODRIGO: Não liga pra isso não – atraiu a atenção dele – Tem gente que não merece a nossa atenção para nada, acredite...
Durante alguns segundos, eles ficaram em silêncio, lado a lado, sem dizer nada. E Gustavo pode olhar o corpo de Rodrigo. A câmera foca no corpo dele, de baixo pra cima. E então foca na virilha dele. Gustavo logo em seguida mexe o olhar e balança a cabeça, como se quisesse esquecer.
GUSTAVO: Obrigado por sua preocupação. Mas eu já estou acostumado com esse jeito do Eduardo. Ele sempre implicou comigo desde que eu cheguei aqui. Acho que deve ser apaixonado por mim! – falou, tentando descontrair – Bem, vamos logo, ainda temos reunião com o treinador no auditório.
RODRIGO: Espera! – Rodrigo colocou a mão sob o ombro de Gustavo, fazendo o imediatamente parar – Vamos sair qualquer dia desses. Eu não sou retardado igual a esse garoto aí – falou, sorrindo.
Gustavo tinha medo de qualquer aproximação com outro rapaz e não foi diferente dessa vez.
GUSTAVO: Eu acho melhor não... Meus pais são muito rígidos e me enchem bastante a paciência quando eu saio com alguém... – disse, começando a andar.
Porém, logo após virar um corredor, Gustavo parou e se escorou na parede.
GUSTAVO (pensando): "Deus, me ajude ! Me ajude a me livrar desses impulsos!"
CENA 09: Casa dos Dias, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, Noite
Como fazia todos os dias, Gustavo entrava na sua casa cabisbaixo, e logo dava de cara com sua mãe, Giovana, que sempre costumava chegar cedo.
GIOVANA: Oi filho – dizia, dando um beijo no seu rosto – Como foi o dia?
GUSTAVO: O mesmo de sempre mãe. – suspirou em seguida – Estamos fazendo a preparação para a Copinha.
GIOVANA: Mas já tá tudo certo? Você vai mesmo?
GUSTAVO: Sim, o Ricardo já me disse que eu vou e que vai me dar a braçadeira de capitão.
GIOVANA: Que ótimo filho! Vai ser uma chance boa de você aparecer.
GUSTAVO: É, vai ser. – dizia ele, se sentando no sofá da sala para assistir TV.
Entretanto, a imagem mostra os seus devaneios, enquanto pensava em Rodrigo.
GUSTAVO (pensando): "Ele é tão bonito!"
Logo, ele mexe a sua cabeça como já havia feito a tarde, tentando esquecer o novato do seu time.
JONAS: Que bom que já está em casa meu filho. – dizia Jonas, descendo as escadas.
GUSTAVO: Está tudo bem com o senhor, pai?
JONAS: Comigo está tudo bem sim. Mas sabe com quem não está bem?
GIOVANA: Quem? – ela perguntava, com o olhar de curiosidade.
JONAS: Com a nossa vizinha...
GIOVANA: Ah é? Mas porquê?
JONAS: Ela foi me procurar hoje lá na Igreja, dizendo que tinha descoberto que o filho é homossexual.
Gustavo imediatamente focou sua atenção no pai e Giovana o olhou, com olhar de choque.
GIOVANA: Sério? Mas aquele rapaz, tão másculo... Não parece!
JONAS: Hoje em dia é assim mesmo, Giovana. Foi me procurar pra saber se eu não podia fazer alguma coisa pra livrar o rapaz desse caminho, mas o problema é que o rapaz diz que não precisa mudar, que não tem nada de errado com ele. Como se Deus aceitasse isso tranquilamente! Mas espere, um dia estaremos todos frente a frente com Ele e poderemos acertar as nossas contas.
Gustavo ouvia tudo aquilo cabisbaixo e confuso, com uma feição de medo. Logo pegou as suas coisas e começou a subir as escadas, calado, em direção ao seu quarto. Ao entrar, se jogou sobre a sua cama e olhou pro teto com o olhar vago.
GUSTAVO (pensando): "O que eu faço? O que eu faço pra mudar, meu Deus?"
CENA 10: Apartamento dos Melo, Leblon, Rio de Janeiro, Noite
Rodrigo entrava no apartamento, e como sempre, não costumava encontrar seu pai, já que ele passava muito pouco tempo em casa, estando sempre a trabalho. Joga as suas coisas de um lado, caminha em direção a cozinha, abre a geladeira, e pega uma jarra de suco que estava ali. Enquanto enchia o copo, volta a lembrar do seu primeiro dia, e de Gustavo. De repente um barulho é ouvido. Ele começa a caminhar em direção a sala, e então o susto.
DIANA: Surpresa! – falou ela, aparecendo do nada.
RODRIGO: Diana! – sua feição era de medo – Ai que susto! Porquê você não me avisou que iria vir aqui em casa hein?
DIANA: Ué, queria fazer uma surpresa pro meu namorado, não posso? – falou ela, o abraçando.
RODRIGO: Poder pode né... Mas eu já pensava que era um ladrão. – dizia ele, fingindo um sorriso enquanto bebia o suco que estava na jarra.
DIANA: É, mas agora você sabe que não é... – de repente ela se aproximou do ouvido dele e sussurrou – E o Diego me disse que você estaria sozinho hoje, não é? – imediatamente ela começou a beijar o pescoço dele.
RODRIGO: Não Diana, espera! – falou, se separando dele.
DIANA: Esperar o quê? Você não tá vendo que eu tô louquinha por você hein?
As mãos de Diana passeavam pelo corpo de Rodrigo, mas era nítido em seu rosto o seu desconforto.
CENA 11: Quarto de Rodrigo, Apartamento dos Melo, Leblon, Rio de Janeiro, Noite
TRILHA SONORA: Only Piano – Loneliness
A câmera mostra Rodrigo sem camisa, e Diana sob ele, o beijando. O olhar da moça era cheio de desejo, e o do rapaz de frustração, em meio aquela pegação.
DIANA: Eu estou ficando louca, sabia, por você me deixar passar por tanta vontade assim – dizia, enquanto acariciava todo o seu corpo.
Rodrigo até tentava, mas não demorou muito para a sua frustração falar mais alto.
RODRIGO: Diana, para! – falou ele, tirando ela de cima dele, que logo se pôs sentado a beira da cama.
DIANA: O que houve, Rodrigo? Porque você sempre faz isso hein? Sempre que a gente tenta alguma coisa, você acaba com o clima! – ao ouvir aquilo, ele se levantou e pegou a sua camisa que estava jogada pelo chão.
RODRIGO: Eu não sou como os outros rapazes que você conheceu, Diana! – saiu do quarto logo em seguida.
Rodrigo andou mais alguns metros para fora do apartamento, meio que sem rumo. Entretanto logo parou, e deu um soco na parede.
RODRIGO (pensando): "Será que algum dia eu terei coragem de dizer a todos quem eu sou de verdade?"
CENA 12: Hotel, Madrid, Espanha, Tarde
A câmera mostra Diego em reunião com os seus companheiros de trabalho, quando de repente ele sente o celular dele vibrar. Ele olha no visor, e vê o nome Diana. Logo se levanta e sai da sala para atender.
DIEGO: Alô? Diana? O que houve? Porquê você está me ligando a essa hora? Aconteceu alguma coisa com o Rodrigo?
DIANA: Desculpa estar ligando pra você, Diego, eu sei que deve estar ocupado, mas é que... Eu não sei... Tem alguma coisa estranha com o seu filho.
DIEGO: Como assim estranha? Não faça rodeios, por favor.
DIANA: Eu não sei, mas tem horas que até parece que o seu filho não gosta de mulher, Diego!
DIEGO: O quê? – a feição do homem é de surpresa – Você só pode estar brincando, não é? – diz ele, aos risos – O meu filho é macho, assim como o pai, Diana! Talvez seja você que não conseguiu aquecê-lo o bastante! – ela apenas revira os olhos do outro lado.
DIANA: Me poupe desses seus comentários! Eu nunca passei por isso antes com nenhum outro namorado! A gente já namora faz tempo e nunca fomos além dos beijos! Sempre que eu tento fazer alguma coisa, ele se esquiva e desfaz todo o clima... Ou ele é gay, ou está me traindo! Por isso queria que quando você voltasse, conversasse com o seu filho! – a feição do homem mudou ao ouvir aquilo.
DIEGO: Fique tranquila, Diana... Eu conversarei com o meu filho, e pode ficar tranquila, ouviu? O meu filho não é gay! Eu não teria um filho gay! – disse, desligando o telefone logo em seguida.
Durante alguns segundos, Diego ficou olhando para o celular, mas logo em seguida entrou novamente na sala.
CENA 13: Quarto de Gustavo, Casa dos Dias, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, Noite
Gustavo se encontrava sentado na sua varanda, com o olhar vago, pensando e ouvindo música, quando de repente o toque no seu ombro das mãos de Jonas tira a sua atenção
GUSTAVO: Ah pai, não tinha percebido que o senhor estava aí. – dizia, tirando o fone do ouvido para dar-lhe atenção – O senhor está precisando de algo?
JONAS: Não... Só estou querendo conversar com você! – falou ele, puxando uma das cadeiras para sentar-se ao lado do filho – Filho, você namora alguém? – ao ouvir a pergunta, imediatamente Gustavo voltou a olhar pro pai.
GUSTAVO: Não, pai... Mas porque a pergunta?
JONAS: Bem... É que... As pessoas falam, filho! Na Igreja todo mundo se pergunta porque você é solteiro, tem tantas moças boas e bonitas por lá.
GUSTAVO: Ora pai... E por acaso agora eu sou obrigado a namorar? Se eu não quero namorar ninguém, a escolha é minha, a vida é minha!
JONAS: Mas filho, que é estranho, é... Você, um rapaz cheio de qualidades, solteiro por aí... Nunca trouxe uma namorada pra dentro de casa... – a feição de Gustavo era de irritação.
GUSTAVO: No dia que eu namorar alguém, que eu gostar de alguém, eu trarei aqui e vocês poderão conhecer, tá bom assim? – falou, fazendo o olhar de Jonas se tornar mais curioso.
JONAS: Tudo bem, filho, vá dormir que amanhã cedo você tem que ir pro treino. – deu um beijo na testa de Gustavo – Só espero que isso seja logo, para não despertar tantos... Comentários! – dizia, saindo do quarto.
Assim que Gustavo ouviu o barulho da porta fechando, baixou a cabeça, como se estivesse perdido.
GUSTAVO (pensando): "Como poderei viver uma vida assim?"
CENA 14: Apartamento dos Melo, Leblon, Rio de Janeiro, Noite
Rodrigo entrava novamente no seu apartamento. Vasculha os cômodos porém não vê mais Diana por ali. Logo se joga no sofá, e volta novamente a pensar. De repente seu telefone começa a tocar, e quando ele olha no visor, vê o nome "Pai".
RODRIGO: Oi pai.
DIEGO: Rodrigo? Tá tudo bem com você, filho?
RODRIGO: Sim, pai, na medida do possível. Que estranho você estar me ligando a essa hora.
DIEGO: É, eu sei que aí no Brasil já é tarde e você tem que descansar para o seu treino amanhã, mas eu liguei porque quero saber como estão correndo as coisas.
RODRIGO: Tudo muito bem, pai. Conheci o CT hoje, o treinador, alguns colegas. – dizia, novamente tendo o seu pensamento levado para o rosto de Gustavo.
DIEGO: Que bom, filho, fico feliz em ver que você está seguindo os meus passos. Quando eu retornar, vê se consegue tirar um momento para passar um tempo com seu pai. Quero conversar algumas coisas com você.
RODRIGO: Tá bom, pai! – dizia ele, com o olhar ligeiramente desconfiado.
DIEGO: Tudo bem, filho, então vá dormir logo e descanse bem. Logo estou de volta.
RODRIGO: Ok, até mais, pai – logo a ligação foi terminada, e o olhar de curiosidade tomou conta de Rodrigo. – O que será que ele quer comigo?
CENA 15: Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, Manhã
É mostrado cenas do bonito amanhecer na capital fluminense.
CENA 16: Sala de Jantar, Casa dos Dias, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, Noite
É visto Gustavo entrando na sala, com uma bolsa nas mãos. Jonas e Giovana já tomavam o café da manhã.
JONAS: Vocês nem sabem da novidade! – dizia Jonas, assim que Gustavo sentou-se na cadeira.
GIOVANA: Qual é a novidade, meu amor? – dizia, enquanto cortava um pedaço de melão.
JONAS: Vão abrir uma nova Igreja na rua da minha...
GIOVANA: Ah é? Qual?
JONAS: Eu nem sei direito qual é, mas estava rolando um boato de que é uma daquelas Igrejas inclusivas.
GIOVANA: E o que é Igreja inclusiva, Jonas?
JONAS: É uma daquelas Igrejas que pregam aquelas heresias de que Deus aceita os gays e todas essas abominações que existem por aí – dizia, atraindo logo em seguida a atenção de Gustavo – O pior é o tanto de gente que vai acabar caindo nessa baboseira que eles vão dizer, eu não quero nem ver.
Algo dentro de Gustavo começou a dizer que ele devia conhecer aquele lugar.
CENA 17: Apartamento dos Reis, Leblon, Rio de Janeiro, Manhã
Rodrigo penteava os seus cabelos, e assim como Gustavo, leva uma bolsa consigo. Anda até a cozinha, e enquanto prepara um sanduíche, recebe uma mensagem no celular.
"Por favor, não se atrasem. Quero aproveitar cada minuto que tivermos de treino hoje. Att: Treinador Ricardo"
Ao ver a mensagem, Rodrigo começa a apressar-se, pega uma garrafa de energético e sai do apartamento a morder o sanduíche.
CENA 18: Ruas do Rio de Janeiro, Manhã
São mostradas cenas de Rodrigo e Gustavo dirigindo os seus respectivos carros pelas ruas do Rio de Janeiro, em direção ao CT naquela manhã. Os dois ouviam a mesma trilha, Stay, de Rihanna.
CENA 19: Estacionamento do CT do Rio FC, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Manhã
TRILHA SONORA: STAY – RIHANNA
Coincidentemente, a câmera mostra as vagas de estacionamento dos dois atletas, uma ao lado da outra. E não demora muito para os dois chegarem e estacionarem lado a lado. Ao saírem do carro, um olha diretamente para os olhos do outro.
RODRIGO: Será mesmo que o destino quer que a gente fique mesmo lado a lado? – sorriu ao dizer isso.
CONTINUA...
Essa história foi escrita originalmente por mim para um blog onde ela se tornou uma web série. Transcrevo os textos pra quem se interessar em ler.