Negócio Arriscado 14 – Nitroglicerina na Rede

Um conto erótico de Kamila Teles
Categoria: Heterossexual
Contém 1288 palavras
Data: 02/11/2019 18:40:11

Penúltimo capítulo — Passava do meio-dia de segunda-feira quando Pedro e Jessie acordaram em um motel de periferia, nus e abraçados, ela em posição relaxada com a cabeça repousando no peito dele. A sensação de esgotamento não foi por causa da transa que se estendeu até de madrugada. O desgaste físico e emocional era resultante do esforço despendido naquela jornada em busca de vingança, somado à luta pela sobrevivência contra seus inimigos.

Jessie levantou pronta para continuar a batalha. O Pedro, esparramado na cama, se encantava admirando a nudez do corpo jovial defronte dele. A garota letal e de atitudes frias às vezes, era feminina e de gestos graciosos na maioria do tempo. Ajeitava os cabelos fazendo um coque enquanto explicava a divisão das novas tarefas para aquele dia.

Depois de tomarem o desjejum, o Pedro foi ao centro da cidade, no largo do Paissandú. Na praça acontece uma "feirinha do rolo" onde se vende produtos contrabandeados e também furtados em sua maioria. A feira ilegal existe há anos, mas parece que não incomoda as autoridades; funciona a menos de vinte metros de uma base móvel da polícia militar. Ele circulou entre as garotas que trabalham vendendo sexo por míseros reais e de "comerciantes autônomos" que vendem eletrônicos, acessórios, roupas e tênis usados que foram retirados à força de vítimas de roubos. Não demorou e ele foi abordado por um cara lhe oferecendo um celular de última geração pelo valor de R$100. Depois de uma negociação ele testou o bagulho e pagou R$50 pelo aparelho.

Em Santa Catarina

A Polícia Técnico-Científica havia identificado um dos corpos queimados na casa em Itapema como sendo de Maciel Neri Messina, filho de Inês Messina, proprietária da casa. As autoridades informaram que não foi possível identificar a segunda vítima. Isso não era verdade, os técnicos identificaram o outro cadáver: Tenório Evangelista Bastos, policial demitido em SP, no entanto, foram ordenados pelos seus superiores a deletarem os registros porque não era conveniente que sua identidade fosse revelada.

O ex-policial civil de São Paulo (Tenório) foi enterrado como indigente.

Em um bairro nobre da capital paulista

O industrial estava possesso desde que fora informado da participação do Tenório naquela trama.

— Porra, seus incompetentes! — como não desconfiaram que esse segurança filho da puta estava envolvido nisso?

O esporro sobrou para toda a equipe de segurança e policiais financiados pelo homem.

— Eu não quero mais desculpas, quero resultados imediatos. Achem logo aquela vadia e o meu dinheiro!

O policial Breno Glock, em posse das últimas informações, estava compondo o quadro para chegar aos executores dos dois homens. No dia da perseguição do Santana não conseguiram identificar o rapaz que atirou contra eles, muito menos o motorista, em razão dos vidros escuros do veículo. O investigador refazia a sua linha de pensamento: “Acho que subestimei a garota de programa e seu parceiro de fuga. Eles estiveram sempre um passo à frente de todos nós. Ou são apenas sortudos ou são bons no que fazem. E o dinheiro? É muito provável que esteja com eles.” Pensou.

O Pedro chegou em casa e, como havíamos combinado, ele havia deixado o aparelho desligado e até retirado a bateria.

Eu fiz a minha parte que era comprar um chip pré-pago em uma banca de jornal em um bairro próximo e também encontrei, em meus arquivos armazenados na nuvem, o CPF e demais informações válidas de duas pessoas.

— Vamos dar uma volta longe daqui, colocamos o chip e você liga pra habilitar o negócio — falou Jessie para o parceiro.

— E se pedirem nome, qual a gente usa? — ele disse.

— Tem que dar o mesmo nome que consta aí no documento, ou então pode dar treta, mas acho que nem vão pedir.

Paramos em uma pequena praça e o Pedro ligou para a operadora, habilitou o chip e depois fomos até uma banca de jornal colocar uns créditos. Voltamos para a pracinha, conectei o Pen drive ao Smartphone e enviei as fotos e áudios para os e-mails sugeridos nos rodapés de páginas de publicações online voltadas principalmente à política de esquerda. Já os havia analisado com carinho no dia anterior. Os vídeos, cópias dos áudios e fotos enviei tudo para um serviço gratuito de armazenamento em nuvem criado com uma conta fake. Os links para acesso também foram enviados para os e-mails das mesmas publicações online. Deixamos de fora o material que evidenciava a condição de amantes do Tenório e sua patroa, pois o marido seria capaz de matá-la e, morta, ela não me serviria de nada.

Desmontamos o celular depois de jogarmos aquela bomba na rede. Continuamos a caminhar até estarmos sobre uma ponte do rio Tietê e atiramos celular, bateria e chip dentro d'água. O Pen drive ficaria guardado no interior da gola do meu colete jeans.

Com o número da patroa que peguei no celular do Nordestino, informei-lhe que o seu marido havia matado o seu amante, contudo, o homem ainda não sabia que era um chifrudo. Avisei que era melhor ela ficar esperta.

A mulher não conseguia acreditar que seu amante estava morto, direcionou toda a sua raiva contra o marido. Ao mesmo tempo considerou o risco que corria. Disse a si mesma que precisava se controlar porque se o caso entre ela e o segurança viesse à tona, o marido a mataria. Ela pensava em vingança, mesmo que demorasse a vida toda.

O material enviado e disponibilizado por Jessie e Pedro viralizou na internet e durante dias foi o assunto principal em todos os veículos de comunicação. Investigadores confirmaram suas suspeitas levantadas de que o empresário, representante de um grupo comercial, fraudava licitações efetuando pagamentos de propinas no valor de milhões a políticos, referentes a concessões de rodovias.

Jessie não estava completamente satisfeita, uma vez que não conseguiu devolver pessoalmente e na mesma intensidade as agressões que sofrera do empresário. Seu desejo era de ter dado o mesmo fim que dera nos comparsas traidores. No entanto, a moça vingativa deixaria quieto o assunto para não perder o parceiro.

— Este assunto está encerrado, eu prometo — disse a jovem. — E então, vamos seguir juntos para algum outro lugar em busca de diversão?

Eles já haviam conversado sobre continuarem a parceria, a exigência do Pedro era a de que a companheira esquecesse definitivamente sua vingança contra o empresário, ademais, já havia feito o suficiente divulgando as provas e ambos tinham bastante dinheiro para curtirem a vida, uma vez que eles dividiram o milhão de dólares meio a meio e também o valor conseguido com o Maciel.

— E pra onde você está pretendendo ir? — questionou ele.

— Pensei em passar uma temporada na Bahia, Salvador, o que acha?

— Nunca estive lá, mas gosto da ideia de ir para o Nordeste, não gostei do frio que senti do lado de cá.

— Então bora fazer as malas, mas antes vamos fazer uma coisa bem triste, daremos um perdido no meu bichão, o Santana, pois a turma do mal deve estar atrás dele.

A especialidade do Pedro era motocicletas, mas ele sabia como deixar um carro irreconhecível tirando peças e apagando números. Depois eles queimaram o veículo às margens da represa de Guarapiranga.

Os dois jovens ainda não sabiam, mas poderiam começar a baixar a guarda, uma vez que os capangas continuaram, sim, tentando encontrá-los através das pessoas relacionadas ao Maciel, mas as coisas complicaram para o empresário e ele afrouxou a atenção "no caso da vadia", conforme ele dizia.

A Polícia Federal prendeu um diretor do Departamento de Estradas e Rodagens e um dos diretores do grupo investigado. Dias depois ambos aceitaram um acordo de delação premiada. O empresário, inimigo da Jessie, entrou em desespero e antes que fosse preso refugiou-se com a família na Guatemala, o país de origem do casal.

Continua…


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Foto de perfil de KamilaTelesKamilaTelesContos: 174Seguidores: 111Seguindo: 0Mensagem É prazeroso ter você aqui, a sua presença é o mais importante e será sempre muito bem-vinda. Meu nome é Kamila, e para os mais próximos apenas Mila, 26 anos. Sobrevivi a uma relação complicada e vivo cada dia como se fosse o último e sem ficar pensando no futuro, apesar de ter alguns sonhos. Mais de duas décadas de emoções com recordações boas e ruins vividas em períodos de ebulição em quase sua totalidade, visto que pessoas passaram por minha vida causando estragos e tiveram papéis marcantes como antagonistas: meu pai e meu padrasto, por exemplo. Travei com eles batalhas de paixão e de ódio onde não houve vencedores e nem vencidos. Fiz coisas que hoje eu não faria e arrependo-me de algumas delas. Trago em minhas lembranças, primeiramente os momentos de curtição, já os dissabores serviram como aprendizado e de maneira alguma considero-me uma vítima, pois desde cedo tinha a consciência de que não era um anjo e entrei no jogo porque quis e já conhecendo as regras. Algumas outras pessoas estiveram envolvidas em minha vida nos últimos anos, e tiveram um maior ou menor grau de relevância ensinando-me as artimanhas de uma relação a dois e a portar-me como uma dama, contudo, sem exigirem que perdesse o meu lado moleca e a minha irreverência. Então gente, é isso aí, vivi anos agitados da puberdade até agora, não lembro de nenhum período de calmaria que possa ser considerado como significativo. Bola pra frente que ainda há muito que viver.

Comentários

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que suspense, estou adorando e espero ansioso pela conclusao

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