A inesquecível férias na Bahia - X FINAL

Um conto erótico de Matt
Categoria: Homossexual
Contém 4605 palavras
Data: 01/05/2019 20:52:43

Olá parceiros! Enfim o "fim".

Desde já obrigado a todos que leram e acompanharam tudo até aqui, o que publico agora não é um "conto erótico" é apenas o desfecho de tudo isso, acredito que é do interesse de muitos.

Passamos os melhores dias possíveis, eu experimentei coisas que nunca imaginaria experimentar, foi uma experiência maravilhosa em diversos sentidos, eu iria sentir saudade de tudo aquilo.

Curtimos muitos momentos que despertaram sensações e sentimentos que eu não acreditava em ter. Mas aquilo iria acabar, não é mesmo?

Passamos o réveillon em uma bela praia de um local chamado "Linha Verde" um pouco distante de Salvador, estávamos em família, foi tudo maravilhoso e até naquela praia chamada "Forte" tivemos um momento somente nosso. Bom, foi um feliz 2018 sim.

Era 03 de Janeiro, o dia de nosso retorno a Curitiba, após tantos momentos que passamos, havia chegado a hora da despedida ou do até logo, acho "despedida" muito forte. Foi proveitoso para todos, cada um de sua forma, pode não parecer mas tive boas experiências com outros familiares da Bahia, só não achei válido relatar todas elas, não eram o foco. Meus tios nos levaram ao aeroporto, Renan por estar em serviço no dia partiu diretamente de lá para nos despedirmos. Foi aquele choro imenso de nossos familiares, bastante comovente.

Chegamos no aeroporto e despachamos as bagagens, a mãe parecia levar a Bahia toda em caixas, ela sempre levava muitas coisas. Passados alguns minutos chegava o Renan, abraçando meus pais e vindo em minha direção, demos um aperto de mãos seguido de um abraço e não falamos muito naquele momento.

Ficamos de frente pro outro, em pleno silêncio, eu tentava sorrir enquanto ele não conseguia disfarçar a tristeza e seus olhos avermelhados reforçavam isso. Não demorou muito a anunciar o embarque e termos que ir em direção ao portão solicitado. Naquele instante meus tios e pais se despediram, Renan disse que iria aguardar a decolagem e eu informei aos meus pais que já estava indo. Naquele curto tempo que restava eu decidi falar, agradeci por todos os momentos que ele havia me proporcionado e ressaltei o quanto gostei de conhecê-lo, de estar com ele, que jamais esqueceria tudo que vivenciamos juntos. Foi quando ele me abraçou de forma repentina e começou a chorar, chorava e tentava conter, aquilo me deixou sem reação, não tive palavra alguma para expressar, apenas o abracei e com uma das mãos o afaguei seus cabelos.

- Eu não queria que você fosse... desculpa... - Disse Renan. - Fica tranquilo, também não queria ir, mas eu volto em breve. - Falei, foi de forma impulsiva, mas eu senti vontade em falar aquilo. Eu respirava fundo e sentia meus olhos encherem d'água, até que tive que o soltar.

Nos afastamos e eu sorri, era hora de voltar para casa. - Obrigado! Você é foda, piá! Quando chegar em Guarulhos eu te mando uma mensagem, beleza? - Falei, apertando a mão dele mais uma vez e partindo em direção ao portão de embarque logo em seguida.

Minha rotina em Curitiba voltava ao normal, conversava com o Renan sempre pelo WhatsApp, sentia falta daquele moleque, por que não falar saudade? Sim, eu sentia. Eu estava estranho de forma que as pessoas ao meu redor percebiam e comentavam, eu não havia notado comportamento diferente algum da minha parte, mas enfim.

Mal havia chegado, então eu decidi voltar, conversei com meus pais e decidi que iria passar Carnaval na Bahia, eles ficaram surpresos pois sabem que não é meu tipo de festa favorito, mas nada mudou, eu estava decidido, porém pedi para não falarem nada, porque queria chegar e surpreender, comentei apenas com a tia na Bahia porque alguém tinha que estar ciente, claro. Ela ficou absolutamente feliz, deixou claro que me receberia sem problemas, expliquei que ela não precisava se preocupar eu saberia chegar na casa e iria de táxi. Pronto, foi tudo resolvido.

De janeiro a fevereiro parece que durou um ano, eu estava ansioso demais, foi difícil conter a vontade em falar pro primo que eu estava voltando para passar mais uns dias, poucos, mas passaríamos um tempo.

Fevereiro chegou e lá estava eu embarcando para a Bahia novamente, era dia 08 e o aeroporto estava um caos, mas fiz um bom embarque, uma boa viagem, cheguei em Salvador por volta das 18:25, então recolhi minha bagagem e solicitei um Uber, no caminho fui falando com meus pais sobre a viagem e com a tia sobre minha chegada, falei pra ela pedir ao Renan para atender a porta, ao mesmo tempo eu conversava com o mergulhador, comentando sobre ter saudade dele, como estava e o que iria fazer aquela noite, ele me respondeu que estava entediado e ficaria em casa jogando, nem sequer fazia ideia do que estava por vir.

Finalmente, na porta, bati. Claro que não fiquei na visão do "olho mágico", até que ele abriu.

- E aí? Cheguei cedo? Pensei que o Carnaval começava hoje, já vim preparado pra ir correr atrás de um trio. - Falei enquanto ria.

Foi certeiro, o cara ficou sem palavras, deu alguns passos para trás, depois para frente, eu via os olhos dele brilharem, ele só conseguiu dizer um "não acredito..." e me abraçou. Foi uma surpresa, só meus tios sabiam que eu estava indo, foi emocionante, mas não podíamos expressar a explosão de sensações naquele instante.

Eu não ficaria tantos dias, dia 14 já iria embora, não fomos atrás de trios ou coisas do tipo, ele também não era um grande apreciador da festa carnavalesca. Naquele dia ficamos em casa, eu estava cansado da viagem, fui ao quarto dele colocar as coisas, tomar um bom banho e comer algo que a tia preparou, foi tudo bacana demais, sensacional, mas a noite não demoraria a ficar muito ruim.

Era inevitável que estávamos louco de desejo um pelo outro e a inconsequência finalmente mostrou seu preço a nós, após toda ação bacana pela minha chegada e tal, fomos pro quarto, conversamos algumas coisas simples, até porque nos falávamos sempre, mas logo já estávamos nos pegando, beijando intensamente pra caralho, tiramos nossas camisas e ficamos apenas de bermuda, foram curtos minutos de pura excitação, cortados pelo grito da Giselle que proferia as seguintes palavras: - Meu Deus, eu não acredito nisso! - Dizia a irmã do Renan com a porta do nosso quarto aberto. Parceiros, meu coração parou, Renan ficou nervoso de imediato e começou a tremer, foi tudo absolutamente rápido. Foi uma situação totalmente desnecessária, ela não precisava ter feito aquele alarde, com isso não demorou para meus tios estarem na porta questionando o que houve e sem nem refletir duas vezes ela falou que estávamos nos beijando. Eu não entendi nada daquela situação, como aconteceu tão rápido e o porquê dela estar fazendo aquilo, podia nos chamar a sós ou ficar com o segredo somente pra ela, mas não...

Eu não queria estar ali, não queria ter viajado, puta que pariu quantas coisas passaram na mente. O pai do Renan estava lá, berrando com ele, questionando se era verdade, ao lado eu via minha tia chorar e sendo consolada pela minha prima, de verdade naquele instante eu só queria dar um soco nela, de tanta raiva pelo o que ela causou.

Mas eu já havia lidado com pessoas daquele tipo, ela era só mais uma daquelas "nada contra, até tenho amigos que são..." que até foto com filtro da bandeira em perfil de Facebook colocava, mas pra ela ver o irmão e o primo foi forte demais, não sei, tentei entender o lado dela depois, mas confesso não ter visto motivos para o alarde, enfim.

Renan tremia, chorava, não conseguia falar nada. O pai dele o prensou contra a parede e só sabia perguntar se era verdade o que sua filha havia dito. Quando meu o primo respondeu que sim, ele o deu um soco no rosto, assim, do nada, gratuitamente. Aquilo ferveu meu sangue na hora, minha reação foi só ir até ele, o puxar pelo braço e empurrá-lo para trás, mas eu o empurrei com tanta força que ele até caiu no chão. Não me julguem, ele não é um cara idoso, era apenas maduro e se exercitava muito, então levantou e partiu pra cima de mim e eu o empurrei novamente deixando claro que se ele me agredisse eu iria revidar. Minha tia gritava para ele parar, até que ele parou e apenas nos expulsou. Pois é, acreditem, ele disse com claras palavras "não quero viadagem em minha casa, vazem os dois daqui, vão embora, saiam".

Eu sou orgulhoso demais pra ouvir um cara me dizer isso e me manter na casa dele. Vesti minha camisa, peguei novamente minha mala que nem havia sido desfeita, fui até o Renan o peguei pelo braço e o levei até perto do guarda roupa. - Põe a roupa que der na mochila e vamos. - Falei.

Ele ainda nervoso, chorando e só repetindo pedido de desculpas foi de me partir o coração e aumentar meu ódio contra o pai dele, minha tia não disse uma palavra sequer e o outro ficou lá a resmungar algumas coisas. O primo pegou o que achou necessário e assim fomos saindo do quarto. - Não precisa voltar se quiser, vão pra longe com esse problema de vocês. - Dizia o pai do Renan. Voltei até ele e o encarei, ele tinha quase a mesma altura que a minha, mas aparentemente fisicamente eu era mais forte. - Fica de boa que estamos saindo, se você fizer algo assim novamente com ele, eu vou partir pra cima de você, tô nem aí que seja tio, pai dele, marido da minha tia, foda-se! - Direcionei ao pai dele.

- Me perdoe, tia. - Falei. - Guria, o que você fez pra seu irmão foi sem escrúpulos, você é nojenta pra caralho. - Direcionei a Giselle.

Não ficamos muito mais tempo lá, saímos o mais rápido possível. Renan pegou o carro e fomos até um hotel para dormir, ele estava abalado mas conseguia dirigir, em seu rosto estava a marca daquele soco que me irritava só em vê-la. Até escolhermos um local para ficarmos foi uma viagem de silêncio, só notava ele murmurando algumas coisas. Eu estava fervendo de ódio, tipo, como eu disse bem lá no início de minha história, não dou a mínima, para mim nada daquilo faria diferença, as pessoas saberem ou não. Sou do tipo “foda-se, eu pago minhas contas”, mas para o Renan era algo assustador e eu abraçava aquela dor para mim, me senti culpado pra caralho, afinal aquilo só aconteceu porque eu voltei a sua casa.

Chegamos a um hotel, pegamos um quarto e fomos. Eu tentava acalmá-lo, o abracei e ele só sabia chorar, em pensamento eu só esperava a ligação de meus pais para falar de tudo, então me afastei por alguns minutos do Renan, liguei para a minha mãe, pedi para ela colocar no viva voz ao lado do pai e contei tudo, se eles iriam saber, que fosse por mim e por sorte foi dessa forma, eles ficaram calados, eu também fui firme em afirmar que o que eles pensassem não iria me incomodar em nada, falei também que quando eu voltasse de viagem conversaríamos cara a cara e que só estava ligando para que os familiares daqui não fizessem isso antes de mim, fim.

O mergulhador estava devastado, eu sentei, conversei com ele, até que ele se acalmasse, conseguindo.

- Sabe o primeiro lugar que fomos? Aquela ilha e tal? Tinharé, certo? Vamos amanhã, e aí? – Convidei repentinamente.

Renan me olhou assustado, questionando o motivo do convite, informei que era o melhor que podíamos fazer para não deixar nada estragar nossos dias e não demorou muito até que ele aceitasse, então pude ver um sorriso surgir naquele rosto tão bonito do meu garotão, apesar de machucado. Não havia muito clima para mais nada naquela noite, apenas tomamos um banho e fomos dormir e no outro dia pegamos a estrada rumo a cidade que fazia conexão com a ilha (Valença), foi uma viagem divertida, não tocamos no assunto do que aconteceu no dia anterior, apenas curtimos como a primeira vez. Ah, e sim, eu fiquei aflito com a travessia de barco, mas o retorno à aquele local era repleto de lembranças não tão antigas. Conseguimos nos hospedar no mesmo hotel com muita sorte pois só haviam dois quartos vagos. A ilha estava fervorosa mesmo com o carnaval de Salvador movendo a Bahia. Chegamos no início da tarde, então nos alojamos, comemos algo e fomos a praia. O dia passou da melhor forma possível, as vezes eu sentia uns picos de raiva lembrando da forma que o pai do Renan nos tratou, o tratou, mas eu conseguia disfarçar aquilo. Caralho, que garotão lindo, ele saía sorrindo do mar e eu só queria registrar aquele momento na mente. Ficamos lá até o final de tarde, até presenciarmos o pôr do sol, eu já me sentia um legítimo baiano, eu amava tanto aquela paisagem que parecia tê-la visto por toda minha vida.

A noite chegou e adivinhem onde fomos? Acertou quem pensou no bar dos amigos de universidade do Renan, o estabelecimento da Laila e Guilherme, que estava cheio demais, tivemos até que aguardar uma mesa ser liberada, enquanto isso ficamos bebendo no balcão, sendo mais detalhista, ele estava bebendo bem mais que eu, então eu me restringi um pouco, apesar dele não estar comentando sobre o ocorrido eu já o conhecia o suficiente para entender que ele estava se correndo com aquilo, guardando somente pra ele mesmo, seus amigos questionaram sobre o rosto machucado e ele disse ter sido uma briga com o pai, foi sincero, eu não esperava que ele diria isso, porém não entrou nos detalhes e seus amigos não o questionaram, mas se deixaram dispostos conversarem sobre depois. Eram por volta das 20:00 quando conseguimos uma mesa, nos sentamos e pedimos algo para comer, naquela altura eu já havia reduzido o máximo de meu consumo alcoólico, eu queria estar totalmente funcional caso ele não ficasse bem, não queria restringi-lo a nada. Que ele já estava alcoolizado era notável, mas estava sorridente, dizendo o quanto estava feliz por estar ali comigo. O cara é bonito pra caralho, eu já disse isso, certo? Sério, aquela camisa slim fit nele, desenhando todo seu físico superior o deixava com um charme imenso, acompanhado com aquele jeitão nerd e seu óculos de grau, eu adorava apreciá-lo.

Bom, aquela noite eu acredito que foi a noite da minha vida, da mudança de destino e reviravolta no mesmo. Guilherme e Laila sempre vinham até nós para sabermos como estava nosso atendimento, quando não vinham juntos, um dos dois ao menos. Naquele dia também havia um rapaz fazendo covers acompanhado de um violão, cantando muito bem por sinal, logo descobri que ele era irmão do Vagner, o músico que tocou na primeira vez que fomos lá. É, realmente o talento era de família, perguntei pelo músico daquele dia e Guilherme informou que ele havia ido passar o carnaval em Salvador, daí o irmão o substituía. – Gui, será que o cara lá deixa eu tocar umas duas músicas? – Pediu Renan. Eu o olhei “assustado”, não esperava aquilo, percebi também que seu amigo ficou surpreso com o pedido e até riu com o mesmo. – Sério? Já tá bêbado, né? Você não costuma pedir isso... – Dizia rindo. – Tem certeza, Renan? – Perguntei. – Tenho, tenho sim, relaxa que eu tô de boa, tranquilo, só preciso pagar uma dívida. – Respondeu. – Dívida? – Questionei. – Você já vai entender, relaxa aí. – Ele me disse. – Tranquilo, vou falar com ele, você sabe que é sempre um prazer ver você dando uma palinha, né? Canta demais, toca pra porra e eu nem preciso pagar pra isso. – Dizia Guilherme rindo bastante, arrancando risos do Renan.

Então lá foi o dono do estabelecimento conversar com o músico, pedindo para ceder o espaço para o primo pagar sabe lá o que e a quem, eu realmente não estava entendendo nada, pelo contrário, estava bem receoso. – Renan, tem mesmo certeza? Você está meio, é... meio bêbado, não? – O questionei novamente. – Ah, eu tô sim, mas eu estou consciente do que estou fazendo, eu só queria beber um pouco pra ter mais coragem, vou lá. – Me respondeu levantando-se da mesa e indo até o local onde o outro estava tocando/cantando. Eu ainda não conseguia entender o que ele queria, mas tudo bem, estava ali pra ver.

O Sandro, nome do cantor que estava lá no momento, anunciou no microfone que iria fazer uma pequena pausa para “beber uma água” e que um “amigo” iria cantar “algumas” músicas enquanto isso. O pessoal aplaudiu e assobiou bastante, ele realmente era muito talentoso. Bom, Renan apertou a mão do rapaz, trocaram um pequeno papo cujo eu não fazia ideia do que era e passados alguns minutos sentou-se, cumprimentou a todos e pediu desculpas por “cortar” o momento. Eu não esquecerei as palavras que ele disse naquele momento, enquanto “testava” seus toques nas cordas. – Vim aqui há quase dois meses atrás, bebi pra porra e o Gui me pediu para cantar aqui um pouco, perguntei ao cara que me acompanhava naquele dia o que ele queria ouvir, ele me disse “Barão Vermelho – Por você”, mas eu não sabia tocar essa música, então, ele voltou a Bahia e novamente estamos aqui, mas agora eu sei tocá-la, me perdoem se eu cantar mal, por favor... – Declarou.

Fiquei sem reação, ele simplesmente começou a tocar e cantar:

“Por você eu dançaria tango no teto, eu limparia os trilhos do metrô, eu iria a pé do Rio a Salvador. Eu aceitaria a vida como ela é, viajaria a prazo pro inferno, eu tomaria banho gelado no inverno...”

Eu fiquei bem emocionado, ouvia muito Barão Vermelho na época de adolescente e essa era minha música preferida, não fazia ideia de que ele se recordava que havia pedido essa na primeira vez que estivemos ali. Ele acabou de cantar e qual foi o resultado? Palmas, incluindo as minhas, muitas palmas, é inegável o talento. – Tá pago, Teu? – Ele questionou de lá. Apenas levantei meu polegar e novamente o aplaudi, confesso que os olhares em minha direção me deixavam desajeitado, mas tudo bem.

Pensei “acabou, volta pra cá”, mas me enganei, ele novamente voltou a falar e suas palavras se tornaram pra mim inesquecíveis.

- Gente, me dá só mais um tempo? – Ele perguntou. As pessoas ali estavam bebendo, gostando do jeitão dele, ele estava muito à vontade, chegava a ser realmente engraçado. Todos diziam sim, assobiavam, ouvi até vozes o chamando de lindo e gostoso, foi divertido.

- Tudo bem, é só mais essa, prometo. – Ele disse. – Esse cara que me pediu naquele dia para tocar “Barão Vermelho” se tornou especial demais pra mim, chegou ontem mas só de imaginar que ele terá que ir embora eu já fico mal pra caralho, principalmente agora, nessa fase maluca que entrei, é foda, me perdoem os palavrões. Cara, eu sou ruim pra me expressar com palavras, mas eu não queria que você fosse, é egoísta da minha parte, mas eu quero que você fique porque eu não queria que saísse mais de meu lado, eu adoro você [nesse momento aqui houveram tantos gritos que eu me senti em um show de grande porte], me perdoe estar falando isso dessa forma, em frente a tantos desconhecidos, mas eu não me importo se você não se importar. Só ouve o que vou tocar agora, porque é de coração, especialmente pra você. – Finalizou.

Eu precisaria de um outro grande texto inteiro só para descrever como fiquei, eu nunca me senti tão constrangido, tipo, meus olhos estavam cheios d’água, eu estava com a mão no rosto cobrindo a boca, completamente perplexo, estagnado, sem reação. Parceiros, acho que todo aquele bar/restaurante olhava para mim, eu não tinha coragem de olhar para os lados mas eu podia sentir todos os olhares possíveis voltados a minha direção, sem mover muito o rosto eu só via onde meu campo de visão dava e eu enxergava as pessoas me olharem, dali eu só conseguia ver o Guilherme e sua namorada Laila com expressões perplexas. Logo o Renan iniciou os toques e começou a tocar:

“Chega de saudade, quero sentir seu perfume, tô de malas prontas pra felicidade correndo pra te ver, pra ficar com você. Amor de verdade não acaba não, mesmo que a distância às vezes atrapalhe. Quando o dia amanhecer e o sol vier me aquecer, meu coração de barco a vela vai navegar no seu mar...”

Eu já havia ouvido aquela música, inclusive na própria Bahia quando fui em dezembro, mas foi na voz dele que eu percebi a força daquela letra e a emoção que passava, eu queria me manter firme, mas o cair de algumas lágrimas era inevitável, até que ele terminou de cantar e agradeceu. – Obrigado gente. – Disse enquanto era aplaudido, tão aplaudido que parecia um vocalista de alta fama. – Desculpem incomodar vocês. – Finalizou colocando o violão em um suporte.

O pessoal não parava de aplaudi-lo, eu estava tentando me manter firme, até que ele veio em minha direção, voltando a mesa. Me levantei para aguardá-lo e realmente pude comprovar que todos estavam nos olhando, quando ele chegou bem próximo eu o abracei muito forte e novamente o pessoal começava a gritar e aplaudir, aquilo em um mundo como nosso, soou como pessoas felizes pela felicidade alheia, foi gratificante, confesso. Enquanto ele cantava que eu notei o quanto amava aquele cara e que eu concordava com cada frase cantada, percebi que eu queria sim ficar ao lado dele, eu definitivamente estava fodido de apaixonado por ele. Ficamos abraçados por alguns curtos minutos, as palmas cessavam e eu dizia sobre o ouvido dele que eu estaria ali, que não iria deixá-lo, que o amava e que não deixaria nada, nem ninguém o derrubar. Ele chorava, aquilo me partia o coração, eu o afagava pelos cabelos e pedia um sorriso. Estávamos juntos desde que nos vimos, mas não percebíamos isso ou percebíamos e não queríamos acreditar.

Guilherme e Laila vieram até nós, elogiando-nos, era engraçado a forma que tudo aquilo estava acontecendo, eles não mostraram indiferença de forma alguma, que exemplos de seres humanos, sentaram conosco, conversaram bastante até que voltaram as responsabilidades do estabelecimento. Mais engraçado ainda foi o fato de algumas pessoas passarem pela nossa mesa e nos parabenizar, eu chegava a pensar “isso está acontecendo?”

Bom, ficamos mais algumas horas ali, até que encerramos nossa conta, nos despedimos de nossos amigos e voltamos para o hotel, lá tomamos um banho, deitamos juntos e conversamos muito sobre tudo o que aconteceu, que sensação deliciosa a de ter alguém ali em meu peito. Eu estava disposto a fazer todo o possível por aquele cara.

Passamos dois dias naquela ilha, mantivemos contato com nossos familiares, Renan com a tia, eu com meus pais, estava tudo “certo”. A tia nos pedia para irmos para casa dela quando voltássemos e iríamos. Aproveitamos todo nosso momento a sós, muito sexo, muito momento gostoso.

Tudo que é bom, tem uma pausa, né? Passamos nossos dois dias maravilhosos e agora estávamos voltando para a casa dos pais do Renan, lá fomos recepcionados pela tia que nos abraçou, chorou desesperadamente, se desculpou, declarou apoio. Mas não tínhamos motivos para ter receio algum com ela, ela não nos tratou mal, nem causou tudo aquilo. Na sala estavam a Giselle e o pai do Renan, dos dois somente Giselle tentou um contato que não foi um pedido de desculpas, então eu fui bem direto. – Não faça de conta que nada aconteceu, guria, quando você sentir que deve ir pedir desculpas, apenas vá e peça, força falsidade não. – E dei as costas. Renan ainda a respondeu, eram irmãos, normal, mas eu sou um pouco frio quanto a algumas coisas e eu não iria fingir que nada aconteceu. O tempo em que passamos juntos, fora, decidimos algo que poderia soar rápido ou drástico, mas era o melhor para nós dois: comprarmos um apartamento e morarmos juntos e foi esse o motivo no qual fez com que chamássemos a todos para comunicarmos a decisão, como era a família do Renan não quis falar tanto. Renan foi categórico, se dirigiu ao pai que não disse uma palavra sequer desde que entramos na casa, ele apenas pediu ao mesmo um pouco de paciência, que ele iria sair de casa, mas precisava procurar um apartamento para comprar e isso demoraria alguns dias, dependendo do processo, até semanas, a única resposta dele foi um “faça o que você quiser”, se retirando da sala em seguida. Com a tia conversamos mais abertamente, ela chorava, mas nos apoiava, ela foi muito carinhosa, conversamos muito mais com ela sobre os nossos planos, até que pude senti-la feliz por nós dois.

Eu estava decidido, iria voltar pra Curitiba, organizar minha vida por lá, ver meus processos de demissão, um crédito para financiar um apartamento junto com o Renan e ele iria cuidar disso em Salvador, sim, eu iria morar em Salvador, estava disposto a largar tudo para trás e encarar uma nova vida.

Meu tempo de folga acabou, voltei para casa no último dia de carnaval, era hora de enfrentar os meus pais. Fui preparado, mas eles me desarmaram, não me criticaram em momento algum, foram totalmente compreensivos e carinhosos, expliquei toda a situação e me apoiaram, pra mim foi gratificante e eu queria que o pai do Renan tivesse tido a mesma atitude. Eles ficaram chocados e surpreso com minha vontade de ir para a Bahia, tristes também, mas entenderam e eu pude mostrar que estava realmente decidido.

E hoje?

Bom, moro em Salvador desde novembro do ano passado, Renan comprou um ótimo apartamento e pagamos juntos, ele resolveu isso enquanto eu resolvia as coisas em Curitiba, por sinal ele foi nos visitar em junho do ano passado. Isso mesmo, eu e o Renan moramos juntos. Não passamos dificuldade alguma e se passarmos estaremos juntos, isso tudo tá sendo o foda e não vejo um jeito de algo assim estragar, parece tudo muito rápido, certo? Mas é de verdade. Por sinal meus irmãos ficaram em nosso apartamento nesse último ano que vieram com meus pais (não falei sobre eles, né? Não eram relevantes no relato, ambos lidam bem pra caramba comigo e o Renan, sabem de tudo, também, já são grandes o suficiente, um tem 18 e o outro tem 15, eles se divertem demais com as coisas do Renan, consoles de jogos, etc.

O pai do Renan até hoje não fala conosco, isso no começo deixava o Renan arrasado, mas ele aprendeu a entender que isso demandará tempo. A tia sempre que pode nos visita, não moramos tão longe nos vemos praticamente todo final de semana. Falamos normalmente com a Giselle, ela explicou o motivo de tudo, do medo de ter um irmão julgado, humilhado ou sendo vítima de homofóbicos, se desculpou com nós dois e hoje temos uma convivência maravilhosa.

Enfim, é isso... esse lugar me ajudou a desabafar muita coisa, quando comecei escrevendo aqui tudo ainda acontecia. Minha mente foi mudando, vivemos muitas coisas, mas estamos aqui, firmes e fortes e tacando um foda-se para o que as pessoas acham. Façam o mesmo, não deixem de viverem como querem por medo do que vão pensar de vocês.

Obrigado por terem lido todos os meus relatos, desde aos que comentaram em todos eles aos que foram leitores ocultos.

Eu já aprontei pra caralho em muita putaria, mas essa fase acabou. Eu contei tanta história pro Renan das coisas que já fiz que ele ficava perplexo e desacreditado, mas sempre acabava rindo.

Posso relatar algumas aventuras para vocês daqui há algum tempo, se quiserem.

Forte abraço!


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Comentários

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A melhor história q já li aqui, sem dúvidas!!

Seu relato me inspirou muito. Espero q esteja td na paz entre vc e o Renan.

Abração, e continue escrevendo pfvr

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Oi, tudo bem?

Eu sou um novelista de Salvador e a tempos procurava nesse site um relato interessante para fazer de história de um livro. Poderíamos conversar algum dia?

Parabéns pela narrativa.

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Uuuaaauuuu simplesmente uau

Cara q final porra ameiiiiu valeu a ena perde esse tempi

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Porra meu, li todos e fiquei maravilhado, e só posso dizer uma coisa em letra maiúscula FODA-SE PRA TODO MUNDO!!!!....Bjs pra vcs...

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Nossa,foi surpreendente a história de vocês, ainda bem que estão juntos! pena que foi resumida :)

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De longe o melhor relato que já li nesse site! A história de vcs me comoveu demais mano, e fico imensamente feliz em saber que tudo terminou bem e vcs continuam juntos. Felicidades ao casal!

E sim, quero relatos das suas aventuras, seu talento na escrita não pode ser desperdiçado haha. Espero continuar me deliciando com seus textos.

Abração!

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Mano, simplesmente perfeita a sua história. Comecei a ler todas e não consegui parar, a forma que você escreve é tão cativante, que nos faz esquecer que é um conteúdo erótico. Fico feliz pelo final, principalmente porque de certa forma me senti próximo de vocês pela forma que sua escrita foi feitas. Desejo a você e ao Renan muitas felicidades e muitos anos juntos.

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Feliz por vocês. Vibrações de amor aos dois. Conte-nos algumas aventuras, por favor.

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Parabenizo primeiramente ao site pelos seletos escritores que mais recentemente aparecem por aqui nos encantando com suas histórias, escritas e vocabulários bem expressados. Quero dizer que estou encantado com a sua história, sua forma de escrita, enredo e tudo o mais. Faltam-me palavras pra expressar minha estima. Sou deficiente visual total, e, portanto não enxergo nada. Mas, como bom leitor e advogado que sou, prezo por uma boa leitura e uma boa escrita, o que foi muito bem feito por você nessa história. Caso queira manter contato, deixo meu e-mail:ços, meu caro. E continue escrevendo.

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