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Link da conta antiga. Lá encontrarão meus primeiros posts.
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Silêncio. Ao fundo o choro abafado do homem que eu admirava somente por existir. Eu queria estar com ele, respirar o mesmo ar que ele e dar meu ombro para que ele pudesse chorar e se encontrar no meio de tudo que eu havia lhe dito. Por fim ele voltou à nossa realidade e sua voz devagar se fazia entender.
ㅡ Vini, eu sinto muito, por tudo. Eu estou me odiando por estar magoando o cara mais incrível que já conheci. Não deveria ser assim...
ㅡ a gente não precisa se magoar mais. Você não precisa se culpar e eu não preciso sofrer mais que já estou sofrendo. Só que não posso ficar perto de você fingindo ser seu amigo, sabendo que eu te amo. E você sabe disso, Matteo. Te amo mesmo, tenho vergonha nenhuma de admitir isso, cara, mas não é a primeira e nem a ultima vez que um gay se apaixona por um cara hétero e quebra a cara. A gente supera. Só que vou te mandar a real: não vai ser fácil te esquecer, nunca senti por outro homem o quê sinto por você. E nem precisa me falar mais nada.
Desliguei o celular e fui tomar um banho. Queria esquecer o Matteo, esquecer o quê eu sentia por ele, mas é claro que um amor não se esquece de uma hora para outra.
O resto das férias fiquei recluso em casa. Procurei ocupar minha cabeça montando trabalhos e excursões para os alunos. Eu adorava tirar aquelas pestes das salas de aula e levá-los em lugares diferentes e ensinar um Inglês de forma mais divertida.
As aulas começaram e meu tempo era todo ocupado pela escola. Me distanciei um pouco da Penny, ela sempre foi muito curiosa e certamente me faria lembrar de coisas que eu não queria.
Das raras vezes que o Valter apareceu em casa, me disse que o Matteo pediu a ele um tempo no projeto que eles estavam trabalhando. Me senti um pouco culpado e sabia que era por minha causa. Não queria que ele deixasse o projeto de lado, era algo que ele adorava fazer e ver seus desenhos se concrerizando era seu sonho. Lamentei profundamente.
Mês de agosto inventei de levar as crianças acamparem com a supervisão de duas mães de alunos.
Antes da viajem a diretora me informou que não seria possível levar as crianças ao camping pois a prefeitura não poderia ceder o ônibus por pura má vontade e burocracia.
Fiz uma reunião com os pais e me comprometi em alugar o ônibus e se estariam de acordo.
A escola assinou um termo de reaponsabilidade junto a mim e conseguimos levar os pirralhos que ficam tão felizes que não paravam de agradecer.
Foi um dos poucos momentos de felicidade que tive. A imagem do Matteo sempre vinha à minha cabeça e tive vontade de ligar inúmeras vezes, mas não consegui.
Eu sentia tanta a falta daquele homem que meu coração desmoronava todas as vezes que eu pensava nele.
Já era outrubro, início de mês e eu estava no centro sacando meu salário no caixa eletrônico quando vi minha madrasta entrar no Banco. Senti sua felicidade ao me ver e sorri indo em sua direção. Ela me abraçou e disse que meu pai estava preocupado comigo. Disse que estava bem e, claro que ela sabia o motivo da minha tristeza e sumiço.
ㅡ como está esse coração, Vini?
ㅡ rsrs, teimoso como sempre.
ㅡ esse cara te pegou de jeito mesmo.
ㅡ quem me dera se ele tivesse me pegado. Porque a gente nunca se quer trocou um beijo.
ㅡ vem jantar comigo e com seu pai no sábado? Pelo menos você se distrai um pouco.
ㅡ tudo bem. Estou precisando relaxar. Mas fala pro pai não comentar com a Penny, ela iria encher a minha cabeça e não estou afim.
ㅡ rsrs, te entendo, mas vá falar com ela depois. Sua irmã tem aquele temperamento de Hulk, mas ela te ama demais. Posso te esperar então?
ㅡ pode sim.
Ela se foi e fui sacar meu dinheiro. Antes de sair da agência vi o Matteo entrando pela porta lateral. Fiquei imóvel e sem qualquer reação, ele estava bem à minha frente e fiquei na dúvida se falaria com ele ou se me afastaria, mas me afastei e em seguida vi entrando pela mesma porta a tal Vanessa do ginásio. Virei de costas e ela entrou, lhe ofereceu o braço e eles foram em direção ao caixa eletrônico e eu saí o mais rápido que pude. Ela não me viu e foi mais fácil.
Fui até o estacionamento pegar meu carro e me perguntando se eles estavam namorando. Já fazia três meses que não falava com o Matteo, troquei meu número pra não correr o risco de receber nada dele.
Não sei porquê diabos voltei pro banco, mas eu precisava saber se aquela filha de uma boa mãe tinha conseguido conquistar o coração daquele filho da puta que estava me fazendo sofrer.
Fiquei do outro lado da rua e vi o Matteo de longe, ele ainda estava lá, mas a Vanessa não. Talvez ela estivesse ido ao banheiro, mas vi o Matteo saindo sozinho. Pensei um pouco e minha situação era patética. Ficar stalkeando um homem que não queria nada comigo além de amizade, que ridículo. Talvez ele nem se lembrasse mais de mim. Voltei pra realidade e fui pro estacionamento e quando passei a roleta e entreguei meu cartão pro rapaz, vi a Vanessa saindo com o carro dela e por Deus, ela me reconheceu e parou o carro.
ㅡ oi, Vinicius?
ㅡ tudo bem?
ㅡ tudo, como está?
ㅡ estou bem...
ㅡ acabei de encontrar com o Matteo no banco. Tanto tempo que não o via, ele sumiu por um tempo. Bacana encontrar vocês dois no mesmo dia.
ㅡ ah sim, claro. Legal te ver também.
ㅡ bom, eu preciso ir. Ainda tenho que pegar meu namorado no escritório. A gente se vê por aí...
ㅡ claro.
Não vou mentir, mas quase chorei de emoção quando ouvi ela dizer que estava namorando e o cara definitivamente não era o Matteo, mas por mais que eu estivesse feliz por isso, o Matteo era hétero e não queria nada comigo além de amizade. Só que ele ainda estava solteiro...droga, mas e daí? Eu continuei na mesma situação e fui pra casa.
Me arrumei rápido e fui pra escola. Eu precisava devolver o trabalho dos alunos e eles já estavam enlouquecidos. Eu adorava torturar os pirralhos e eles ficavam tão desesperados em saber o quê ganhariam. Eu sempre os presenteava com alguma bobeira e isso os estimulavam a tirar boas notas. Sempre dava certo. Eles adoravam e eu ficava feliz em vê-los felizes e um pouco mais inteligentes.
Fim de aula e eu já estava mais que cansado e meu pescoço praticamente quebrado de tanto que eles pularam em mim para agradecer os cararecos que levei.
Fui pra casa, tomei um banho rápido e caí na cama.
A semana toda trancorreu tranquila e mais uma vez pensei em ligar pro Matteo, mas me contive.
Era sábado e tinha o jantar na casa do papai.
Assim que cheguei, meu coroa veio me receber de braços abertos e com um sorriso besta na cara.
ㅡ quê foi pai, ganhou na Mega Sena?
ㅡ seu fuleiro. Dinheiro nenhum nesse mundo vale mais que você vir passar a noite com seu velho pai.
ㅡ obrigado. Desculpa o sumiço, mas eu precisava ficar um pouco sozinho.
ㅡ quando era adolescente não me dava tanto trabalho. Está com 26 anos e me fazendo ter crise de preocupação. Toma jeito, moleque!
ㅡ tomei foi um toco daqueles, viu. Bom pra eu aprender a me pôr no meu lugar e aceitar que as vezes não dá pra mudar certas coisas.
ㅡ está falando do homem que partiu seu coração?
ㅡ e que homem pai, homâo da porra! Mas deixa pra lá.
ㅡ se você ama esse cara, luta por ele. Não é assim que vocês falam?
ㅡ rsrs, ele é hétero.
ㅡ aí é mais complicado. É aquele amigo do Valter? Ele me contou meio por cima.
Contei como tudo aconteceu, cada detalhe. Meu pai disse ter visto ele uma vez, e que simpatizou com o Matteo de cara. Mas quem não se simpatiza com um cara tão maravilhoso como ele?
Só eu sabia o quanto estava me custando ficar longe dele e não ver seu olhos procurando os meus ou suas mãos me ensinando como era ser ele quando me guiava pelo apartamento; era meu martírio. Eu estava morrendo por dentro. Exagero? Pode ser, mas ele parecia ser o homem da minha vida toda.
A Laura nos chamou, nos serviu o jantar e conversamos sobre seus pacientes. Ela nunca nos revelava nomes, e nem poderia, mas sempre tomamos como exemplo de vida cada história e algumas nos deixava bem fragilizados.
Depois do jantar fui ajudar minha madrasta lavar a louça enquanto meu pai assistia o futebol na tv; eu odiava e a Laura me arrastou com ela.
ㅡ Vini, muito obrigada por ter vindo.
ㅡ eu é que agradeço o convite. O pai e eu nunca conversamos tanto. Acho que se a Penny estivesse aqui, a gente nem teria se falado direito.
ㅡ rsrs, ela não deixa ninguém falar.
ㅡ deixa não. É uma tagarela intrometida. Mas é minha defensora e eu estou em falta com ela.
ㅡ vá lá depois, ela me liga pra reclamar que você está evitando falar com ela. Não deixa ela achando que você não se importa.
ㅡ depois que eu sair daqui, passo lá e a gente conversa. Você está bem? Parece estar preocupada.
ㅡ rsrs, estou bem.
Eu guardava a louça que ela lavava e notei a Laura inquieta. Como ela disse que estava bem, achei melhor não insistir e deixar pra lá. Passei o café já avisando que eu não acertava nunca e ela não parava de tirar sarro da minha cara. De repente, não sei bem o quê me deu, mas me lembrei da minha mãe quando a vi secando as canecas. Ela fazia o mesmo movimento e até o jeito que ela se posicionava em pé, era igual ao da mamãe. Na hora eu olhei pra ela e pedi um abraço. Chorei em seu ombro e ela acariciava meu cabelo.
ㅡ ei, o quê foi?
ㅡ Laura, sempre te achei muito parecida com a nossa mãe e a Penny também. Quando o pai disse que estava namorando contigo e você veio aqui em casa, a Penny e eu ficamos espantados em como você se parece com ela; no modo como fala, como se comporta à mesa, como nos aconselha e nos dà bronca. Eu te respeito muito e te amo como se fosse ela. Obrigado por sempre se preocupar comigo.
Choramos juntos, ela me agradeceu e sorrimos do nosso sentimentalismo barato.
ㅡ você não sabe como me sinto feliz ouvindo tudo isso. Tudo que eu mais queria era poder ser pra vocês uma grande amiga e ser comparada com a Carla, é uma honra. Seu pai a tem em um pedestal e admiro o amor dos dois. Obrigada.
Eu disse que precisava ir pra casa e fui me despedir do meu pai. Meu celular tocou e era a Penny. Falei que estava com nosso pai e que passaria em sua casa em seguida. Primeiro ela me xingou de filho de uma égua pra cima, depois disse que me amava e que estava preocupada comigo. Bem a cara da Penny.
Eu já estava dentro do carro e recebi uma mensagem. Quando vi que era o número do Matteo, fiquei em choque. Mas como ele tinha meu número?Fiquei na dúvida e nessa hora senti falta da minha mãe. Queria um abraço e conselho materno. Meu coração gritava para que eu lesse sua mensagem, mas minha cabeça dizia para eu seguir em frente.
Permaneci no carro tempo suficiente para descer e ir conversar com a Laura. Queria um conselho, de mãe, de amiga e eu precisava de alguém com um pouco mais de juizo que a Penny naquele momento.
Meu pai abriu a porta e perguntou se eu tinha me esquecido de algo e disse que precisava falar com a Laura.
Ele disse que ela estava no quarto e aporta estava encostada. Bati e perguntei se podia entrar. Ela estava com os olhos vermelhos, parecia ter chorado e segurava uma foto em que eu estava com meu pai.
ㅡ poxa lindona, vim correndo te pedir um conselho materno e te pego chorando? Te falei algo que te ofendeu? Desculpe ter te comparado com a mamãe, mas...
ㅡ não...não me senti ofendida, pelo contrário. Me senti muito lisongeada e acho que não mereço tanto.
ㅡ claro que merece. Volto outro dia e a gente conversa.
ㅡ de jeito nenhum, pode me falar o quê está te acontecendo. É uma ordem. ㅡ sorri e ela colocou de volta a foto no criado mudo.
ㅡ o Matteo, acabou de me mandar uma mensagem e não sei se devo saber o quê ele quer, ou seguir em frente com a minha vida.
ㅡ você o ama?
ㅡqueria dizer que não o amo mais, mas estaria mentindo, Laura. Sinto uma conexão muito forte com esse homem apesar de tudo. Mesmo todos esses meses sem saber dele, meu coração estava com ele o tempo todo. É como se a vida só tivesse nos dado um tempo pra gente pensar em tudo...sei lá.
ㅡ filho, me permite te chamar assim?
ㅡ claro! ㅡ ela sorriu e segurou minha mão.
ㅡ já parou pra pensar que ele pode estar te amando? Que ele está confuso com tudo que aconteceu com vocês? Você nasceu gay Vinicios,desde criança sabia que se sentia atraido por homens, mas suporemos que ele seja bissexual, mas até então nunca havia sentido atração por outro homem; isso é muito comum; tenho pacientes que depois dos 30, 40 anos, se descobriram bissexuais e alguns pensaram em suicídio. Não vamos pensar nessa hipótese, nossa! Mas um belo dia ele conheceu um rapaz e a partir daí, tudo mudou. Foi quando você apareceu na vida dele. ㅡ confesso que não curti a parte do suicídio, fiquei boladão.
ㅡ e porque ele não me disse nada, ao invés de esfregar uma namorada que nem existia na minha cara?
ㅡ medo de se assumir pra si mesmo. Vini, até esses dias ele só se relacionou com mulheres e você apareceu, ficaram amigos e ele sabia seu interesse por ele, não sabia?
ㅡ sabia, mas por isso mesmo deveria ter se abrido comigo, poxa.
ㅡ pra você que sempre soube o quê era, é fácil falar. Sua família te ama como você é, te respeita, convivia com seus antigos namorados da forma mais natural do mundo, mas pra ele é um mundo novo. Eu ficaria maluca se de repente me pegasse apaixonada por uma mulher nessa altura da vida.
ㅡ o quê eu faço?
ㅡ fale com ele. Se quer meu conselho de mãe, liga pro Matteo. Não vai conseguir seguir em frente sem saber o quê ele está pensando.
Naquele momento eu é quem estava me sentindo pra lá de confuso e ela me abraçou. Chorei feito criança e meu pai entrou no quarto. Me vendo nos braços da Laura me tomou pra ele em um abraço apertado e disse que me amava demais.
ㅡ desculpa ouvir atrás da porta, mas como não estava fechada e você é meu filho, achei que tinha direito.
ㅡ não tem problema, pai. Eu vou indo nessa, preciso fazer uma coisa.
ㅡ quer que eu te leve? Está bem pra dirigir?
ㅡ eu estou bem.
Agradeci a Laura pelo apoio e meu pai me levou até o carro. Dirigi duas quadras e estacionei.
Peguei meu celular e resolvi ler a mensagem do Matteo. Era um audio imenso. Pelo jeito, ele tinha muita coisa a me dizer.
" Eu estou ensaiando esse momento há duas semanas e espero que ainda esteja solteiro, porque se não estiver, eu vou ter que pagar o preço por ter afastado de mim o homem que me fez descobrir um amor que eu pensava ser impossível de existir e como é difícil entender isso. Meu Deus, eu estou tremendo...rsrs, estou falando muito baixo? Aumenta o volume porque não estou conseguindo me expressar direito. Minha cabeça está girando e meu coração confuso, só que de um jeito bom, agora. Seu cheiro está pelo meu apartamento e adivinha? Seu perfume é aquele que vejo no comercial da tv à cabo as vezes; Euphoria, da Calvin Klein, não é esse? Descobri quando fui ao shopping com o Rogério e ele me sugeriu justo o bendito, reconheci o cheiro na hora e acredita que chorei no meio da loja?
Eu comprei o perfume e borrifei por toda a casa quando cheguei. Quer coisa mais gay que isso? Ai...ai...eu acho que Te Amo, Vini. Na verdade, eu tenho certeza que Te Amo e me sinto muito estranho. Ah, não brigue com o Valter por ele ter me passado seu número novo, mas como ele me fez prometer que nunca mais te faria sofrer, acabou cedendo à chantagem do cego e você sabe que isso sempre funciona. Acho até que ele chorou no outro lado da linha quando eu disse que te amava.
Te Amo, será que dá pra você vir aqui me ajudar a entender tudo isso? Eu sei que estraguei a porra toda antes, mas Vini, eu sou o Demomidor, cara, o homem com medo de tudo nesse momento e só você pode me ajudar a enfrentar essa parada."
Fim do audio e eu me encontrava debruçado no volante do carro. Eu ria, emocionado e ria alto por ele ser tão cara de pau. Eu estava achando ele o cara mais fofo do universo e se eu fosse uma super nova, acabaria com o planeta em uma explosão gigantesca.
Respirei fundo, contei até dez e dei a partida no carro quase sem gasolina. Abasteci no primeiro posto que vi na avenida e quando cheguei no prédio do Matteo, pedi ao porteiro que não interfonasse.
ㅡ mas eu não posso mandar ninguém subir sem autorização. O senhor sabe disso.
ㅡ eu sei, mas preciso fazer uma surpresa a ele. É uma questão de amor...
ㅡ bem que eu sabia que vocês dois tinha um caso.
ㅡ a gente não tinha, mas vamos passar a ter se você me deixar subir pra dizer o quanto eu amo aquele cara. Me revista se quiser, cuida as câmeras de segurança, mas me deixa subir.
ㅡ vou te revistar, mas sei que não é nenhum louco.
Abri meus braços e ele me apertava, até demais pro meu gosto. Comecei a rir e ele ficou sem graça. Era um senhor de uns 60 anos, muito bem conservado e divertido, ele estava adorando me ter nas mãos.
ㅡ acho que o senhor vai ter que se explicar com o Matteo depois dessa, heim? ㅡ senti um aperto a mais.
ㅡ hahaha, me desculpa, mas nunca se sabe quando uma oportunidade assim vai aparecer de novo. Pode subir e boa sorte pra vocês. Ah, estou de olho!
ㅡ valeu!
O safado do velho deu uma amassada nas minhas bolas que me fez rir da ousadia dele.
Tomei o elevador e a caixa me sufocava, mas eu não me importei. Queria estar com ele, sentir seus braços e pela primeira vez, sentir sua boca. Eu o teria como sempre quis e quanto mais eu pensava que estava próximo de tê-lo em meus braços, mais o elevador demorava a chegar.
Finalmente a porta se abriu e saí daquela prisão. Fiquei parado em frente à porta e apertei a campainha duas vezes.
Quando a porta se abriu, ele parecia confuso e quando me aproximei, ele sorriu e abriu os braços para que eu pudesse me encaixar em seu corpo.
ㅡ minha nossa, é você. É você, mesmo? ㅡ ele passava a mão pelo meu rosto e eu ria por ele não estar acreditando. ㅡ Meu Deus, é você mesmo!
ㅡ claro que sou eu, quem mais seria?
ㅡ o rapaz do gás!
ㅡ mas já está me traindo com o cara do gás?
ㅡ kkkkkk, não...é que o Evandro interfonou dizendo que o rapaz vinha verificar o registro do gás pra ver se estava tudo okay. Eu não abro a porta pra ninguém sem ele interfonar.
ㅡ pois é, eu tive que deixar ele apertar meu saco em troca de me deixar subir pra te fazer uma surpresa.
ㅡ kkkkkk, que tarado.
Estávamos abraçados e paramos de rir assim que ele afundou o nariz no meu pescoço e sentiu meu cheiro.
ㅡ é Euphoria, da Calvin Klein. ㅡ disse e ele me arrastou pra dentro.
ㅡ senti tanto a tua falta. Me perdoa, por favor?
ㅡ você esfregou uma namorada na minha cara, Matteo. Fiquei puto contigo e minha vontade era de te dar uma surra. Você partiu meu coração, cara.
ㅡ nunca foi minha intenção te magoar, mas eu estava confuso demis e minha cabeça parecia que iria explodir. Eu queria tirar você da minha cabeça e achava errado sentir tudo isso por você. Mas prometi a mim mesmo que te teria de volta até meu aniversário. Fui à Perfumaria, comprei o perfume e depois o vinho que você adora... ㅡ o interrompi sorrindo.
ㅡ você faz aniversário quando? ㅡ ele começou a rir.
ㅡ hoje! Guardei a garrafa aqui, nesse aparador e disse pra ela se acalmar. Eu literalmente falei pra essa garrafa de vinho que eu traria o homem que eu amo de volta e que ele nunca mais fugiria de mim.
Eu te vi no banco assim que passei por aquela porta e você achou que eu tinha esquecido o cheiro do teu perfume? ㅡ ele andou até o aparador e me entregou a sacolinha da Perfumaria ㅡ Eu comprei pra te dar quando você voltasse aqui e dizer que você me conquistou desde o primeiro dia que te vi na casa do Valter, com esse Calvin Klein e depois com aquela cantada fajuta. ㅡ ele terminou de dizer e me abraçou novamente. Eu já estava com meu rosto encharcado pelas minhas lágrimas abestalhadas.
Senti novamente o cheiro do meu homem. Senti suas mãos, sua pele e senti que precisava dele na minha vida, pra sempre. Seus braços me envolveram da forma mais carinhosa possível, mas eu tinha que fazer o quê estava querendo há muito tempo e precisava ser logo.
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+ Continua...
Pessoal, muito obrigado pela leitura e comentários. Espero estar agradando. Um leitor me enviou um email sugerindo que eu poste no Wattpad e estou pensando nessa possibilidade. Aviso caso decida postar lá também. Bom fim de semana e até o próximo! 😉✌