CHEIROSO E PERFUMADO

Um conto erótico de ClaudioNewgromont
Categoria: Homossexual
Contém 701 palavras
Data: 12/03/2018 14:34:45
Assuntos: Gay, Homossexual

Eu estava atrasado para o trabalho, quando percebi que acabara o perfume. Puta que pariu! Preciso passar na loja, voando, para comprar um novo. Caralho! Só fui encontrar uma vaga para estacionar a “quilômetros” de distância... Ao me aproximar da porta, o segurança, qual um sensor eletrônico, já foi abrindo e cumprimentando-me. Menos mal.

Foi quando eu vi. Não era uma mulher que estava atendendo, como normalmente acontece. Era um homem. Um rapaz de seus vinte e poucos (muito poucos) anos. Todo de preto: a calça justa contornava os detalhes de sua anatomia privilegiada; a camisa, quase sem mangas, mostrava axilas bem tratadas. Barba impecavelmente desenhada, cabelo ainda úmido, rescendendo a um xampu de cheiro delicioso.

Por instantes fiquei em transe. Completamente imóvel, olhos vidrados naquele jovem deus grego, que sorria profissionalmente, embora eu quisesse ver mais que gentileza naquele sorriso. Esqueci completamente a pressa de que estivera tomado até aquele momento.

Um lampejo de realidade, entretanto, trouxe-me de volta ao mundo real, aquele em que tenho cinquenta anos, e, mesmo estando puto com o cara que me deu um homérico bolo na noite anterior, e me sentindo trêmulo e frio como um adolescente, jamais pensaria em algo com aquele rapaz novo e lindo. Não é preconceito, é constatação, gente!

Fiz o pedido, ele gentilmente dirigiu-se até a gôndola, retirando o produto e me colocando nas mãos. Eu procurava disfarçar as batidas fortes do coração, que respondiam, na mesma intensidade, na minha pica pulsante. Perguntou-me se eu conhecia o novo lançamento; diante do meu abobalhamento e breve silêncio, ele, sempre sorrindo, conduziu-me a uma prateleira, no canto da loja, falando suavemente:

– É um perfume muito gostoso, tem uma fragrância que fica entre o discreto e o atrevido. Eu mesmo adorei. Estou usando agora, inclusive.

Aproveitei a deixa de que o perfume era atrevido, e o vazio da loja àquela hora da manhã, acrescentado pelo lugar reservado em que estávamos, e somado a minha carência e meu deslumbramento:

– Posso senti-lo em você?

– Claro! – ele disse, e se aproximou de mim.

Encostei meu nariz em seu pescoço, fechei os olhos para sentir todo aquele aroma penetrar em mim, e roçando de leve minha barba. Demorei, talvez, mais do que o necessário para sentir o cheiro, mas menos do que meu desejo de ficar ali. Ao me afastar, ele estava meio desconcertado – embora ainda sorrindo – e todos os pelos de seu braço eriçados.

– De fato, é muito gostoso! – a dubiedade da frase quase o deixa sem jeito.

Pedi para experimentar; ele aspergiu o voluptuoso líquido em meu braço, profissionalmente. Solicitei que fosse no pescoço, ele assim o fez.

– Agora observe se está cheiroso, se combina comigo – pedi.

Ele aproximou-se, e sua barba chegou antes que seu nariz. Senti sua fungada mais demorada do que a minha, como senti minha rola endurecer fortemente, e senti mesmo – como não registrar isso? – um leve beijinho na minha pele.

Mostrando-lhe meu braço completamente armado, comentei:

– Realmente, esse perfume é poderoso, hein...?!

Minha frase foi cortada por seus lábios em minha boca, sua língua misturando-se à minha, nossos corpos apertados, sentindo as picas endurecidas, uma contra a outra. Quando nossas bocas se libertaram, passeei por aquela barba, o pescoço, as axilas, sentindo-lhe o cheiro incomparável do perfume que usava, mas distinguindo o odor fresco que emanava daquele corpo jovem. Enquanto nos esfregávamos, ele sussurrava safadezas em meu ouvido, que jamais tinha visto um coroa assim tão fogoso, cheiroso e apetitoso – dizia isso enquanto acariciava firmemente minha rola...

– Somente isso, senhor?

Sua voz educada, mas incisiva, trouxe-me de volta ao centro da loja, com a caixa semiaberta na minha mão. Meio sem jeito, disse-lhe que somente isso. Dirigi-me ao caixa, efetuei o pagamento, procurando disfarçar as olhadelas que dava para seu rosto e o restante de seu corpo.

Recebi a compra, em delicada embalagem, e respondi ao agradecimento que ele fazia, com seu sorriso de todos os dentes. Controlei, com algum esforço, meu ímpeto de pular em seu pescoço e conhecer o gosto de seu beijo; ele me acompanhou até a porta (“Volte sempre!” – “Ah, pode ter certeza disso”, pensei comigo), e me vi, de repente, diante do mundo real, a caminho do trabalho, agora ainda mais atrasado. Mas feliz.


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