Boa escrita, continue
O capataz e eu parte II
Tomando café Fernandinho ainda podia sentir o aroma forte de avelã, flores vermelhas e morango. Mastigava com raiva e sentia-se idiota depois de sua tentativa frustrada de transar com seu Tide.
Durante algum tempo esqueceu do assunto. Se concentrou em sair um pouco de casa, ficar com os amigos e mesmo que antes de dormir soubesse que um homem grande e másculo estivesse dormindo (provavelmente pelado)a alguns metros da sua própria cama, a humilhação íntima que Fernandinho tinha passado fazia com que ele eliminasse qualquer tentativa. Ao menos por enquanto.
Até que em uma madrugada, entre assistir seriados e comer na cama, Fernandinho acabou caindo no sono.
Adormecido, sonhou.
Na fantasia, se viu em mais uma tentativa. Malicioso, como era, fingiu se afogar na piscina. Tinha cometido a audácia de se jogar nu mesmo, sem roupa. Em seu encalço, numa tarde quente, surgia seu Tide, pulando para salvá-lo. Espumas e esguichos na tremulação da água da piscina. Não demorava muito pra que os dois se agarrassem.
Fernandinho acordou nu, molhado de suor, sedento de calor de homem.
Foi quando chegou da aula do cursinho, pouco antes do pôr do sol e constatou que a casa estava silenciosa. Chamou pela empregada, mas aquela altura ela já devia ter ido embora. Foi até o quarto do pai, mesmo sabendo que o carro não se encontrava na garagem. Por garantia.
Na cozinha, fingindo lavar as mãos na pia, olhou fixamente para o quartinho dos fundos. Pela janela ao longe, enxergou uma silhueta.
Seu coração começou a pulsar ligeiro.
Seguindo seu desejo ardente, caminhou pela extensão do quintal, sem fazer alarde. Podia entrar pela porta fechada ou espiar pelas frestas da janela. Optou pela segunda opção. Sentiu a cabeça rodopiar quando viu o homem que tanto desejava úmido, ainda pingando de um banho recém tomado. O umbigo saliente, provocante se erguia na barriga charmosa, a extensão do corpo bronzeado contrastando com a toalha branca, amarrada desleixadamente na cintura. Fernandinho não conseguia piscar.
Viu seu Tide arrumar a cama, esfregar a cabeça e coçar a axila. Viu também aquele homem pegar no sexo como tantos homens fazem numa coceira mais por força do hábito do que por realmente estar coçando de fato. Viu seu Tide abrir sua trouxa e escolher um calção velho e estender sobre a cama. E viu também quando de um puxão rápido e inesperado, o gostoso puxou a toalha e de costas para ele ficou completamente nu.
Fernandinho engoliu em seco. Sentiu seu próprio sexo endurecer de excitação.
De costas seu Tide era uma delícia. Costas largas, braços grossos de macho. Uma pele bronzeada, uma lombar bem desenhada e uma bunda redonda e protuberante. O bumbum de jogador de futebol combinava com as panturrilhas musculosas, pés pequenos e com unhas minúsculas. Gotas ainda deslizavam do cabelo rasteiro, percorrendo toda a extensão das costas até a bunda. Fernandinho mordeu o lábio e sentiu vontade de se masturbar.
Seu Tide então virou-se.
Fosse a piroca grossa e apetitosa, mesmo que não estivesse dura, fosse o peitoral delicioso de mamilos pequenos e amarelados, fosse a pouca distância entre os dois o fato foi que Fernandinho espantou-se. Sua reação involuntária não foi silenciosa e temendo o pior, correu antes que tivesse de encarar o que não estava pronto.
Seu Tide abriu a janela e viu Fernandinho correr para dentro de casa.
“Como estão as coisas parceiro?”, um colega das redondezas de onde morava, longe da capital perguntou ao celular.
“Acredita que o filho do patrão me espiou hoje ?”
Seu Tide ouviu o amigo sorrir do outro lado da linha.
“Você sabe que eu gosto de boceta. Mas carne de veado continua sendo carne.”
Seu Tide repreendeu o amigo e foi dormir pensando como contornaria aquela situação.