O tempo parecia que tinha congelado, não mais sentia o bater do meu coração, na minha face não se formava nenhuma expressão como uma tela branca sem respingos de tinta. Seu olhar era mortal, de ódio, suas passadas eram ferozes, como se cada uma fizesse o chão estremecer, me lembrando de toda sua força e como ele ficava transtornado quando desobedecido, e todas essas lembranças me fizeram encolher e me sentir tão pequeno em relação a ele. Meus olhos apenas se fecharam esperando a primeira colisão da sua mão com meu corpo, mas apenas senti seu perfume passar como vento ao meu lado e como um estalar lembrei do André
- Seu filho da puta, então é você?!
Quando olhei para trás vi Apolo falando bem perto de André, quase o beijando, enquanto o impressava pelo pescoço na parede o prendendo
- Não precisa responder, é você que está comendo aquela puta ali não é ?? Mas te falar uma coisa, ele nunca será seu, não mais. Era visível o ódio de Apolo, suas mãos tremiam enquanto o segurava, seu rosto suava, estava vermelho assim como seus olhos, sua voz era baixa, contida. Poderia jurar que ele estava com o demônio se não fosse o próprio
Eu não podia deixar aquilo ocorrer, Apolo tinha que entender e mesmo que eu sendo burro e indeciso mais uma vez tenha sido oq me fez estar naquela situação não poderia deixar ele machucar André. Me levantei em reação e vesti uma blusa do André que ficou um pouco grande, mas apenas vesti a primeira coisa que vi pela frente para não ficar pior.
- Apolo solta ele. Minha voz era aflita, ainda tentei tocar no braço dele
Ele nem olhou na minha cara. - Se você me encostar de novo ou tentar proteger esse merda, eu juro que por tudo que é mais sagrado que eu cumpro a promessa que eu te fiz
Parecia que ele ficava com mais raiva ainda, a pressão no pescoço dele era visível, e se continuasse assim ele logo mataria André, mas parecia que o mesmo não ligava para isso
- Quer saber, eu comi sim. Sua voz era rouca, falha. - Toda vez que eu metia nele, ele gritava, pedia mais, ele é meu, eu o marquei de todas as formas que um macho poderia marcar ele, principalmente quando ele pedia pra tomar meu leitinho, então sim ele é meu. André ainda tentava ganhar uma disputa que já estava perdida dando um sorriso se glóriando de um feito e que estava me deixando com vergonha, vergonha essa por me sentir apenas um objeto( e desde quando eu era um troféu que se ganha no final??? Ou eu teria virado um a partir do momento em que não soube me impor?? ).
Mesmo André sendo forte ele não conseguia superar a força de Apolo, não o deixando naquele estado e parecia que tinha piorado as coisas falando aquilo com ele
Apolo ainda olhou pra mim, como se esperasse alguma resposta, uma negação, mas não tinha como mentir, até pq ele me pegou na cama, talvez ele ainda quisesse pensar que era apenas um sexo casual, algo sem graça, mas a minha única reação foi abaixar a cabeça e escutar o primeiro estalo. Apolo atingiu um soco no rosto de André o fazendo cair no chão, e logo foi pra cima dele, em alguns casos as pessoas xingam e gritam para ajudar a aliviar o ódio, mas com Apolo era diferente, ele não dizia nenhuma palavra, apenas aplicava socos atrás de socos, a tal ponto que a cara do André já estava deformada, ensanguentada e irreconhecível, se continuasse assim André logo morreria, mas eu não estava preocupado se André morresse e sim o que aconteceria com Apolo( vocês devem me achar a pessoa mais suja do mundo, de certa forma não tiro a razão, mas é difícil você ser racional quando o emocional toma as redias.... Talvez tenha sido fraco por tudo que passei lá atrás, fraco por não ter tido coragem por fazer algo que era necessário, talvez eu tenha me tornado pior do que aquele que eu considerava que tinha me feito sangrar)
Mesmo correndo o risco eu tinha que tentar, era minha obrigação intervir
- Apolo para, por favor, não faz mais isso. Tentei tirar ele de cima do André o puxando por trás, mas não teve muito efeito, a não ser ele desviar o foco por alguns segundos de André e em um simples empurrão me fazer cair, mesmo ele lutando pra não me machucar eu sabia q deveria correr o risco, mesmo q apanhasse eu o tinha que parar
- Por favor... Eu pulei nas costas dele o abraçando, tentando o prender, mas que nunca daria certo aquilo, e o resultado foi ele se levantar e assim que se soltou senti o primeiro choque e uma dor se alastrou por todo meu rosto, assim como o gosto de sangue invadindo a minha boca. Eu poderia tentar me defender mas não conseguiria por muito tempo, se é que eu iria conseguir, o que me fez apenas fechar o olho e aguardar os próximos golpes e rezar para que fossem rápido, assim como a minha perca de sentido, no segundo soco eu senti que ele tentava controlar a força, como se estivesse em um conflito interno, sobre ser ou não ser, como se soubesse e desejasse não me machucar, mas que sua mente não conseguia raciocinar e nem tomar o domínio do seu corpo. Antes de sentir a terceira uma lágrima escorreu dos meus olhos
- Eu te amo e sempre irei. Saiu como um sussurro como se esperasse a morte por vir e senti sua mão se aproximar, mas ela passou direto, de encontro com a parede
No momento eu não queria abrir meu olho, mas tinha que fazer, mesmo que fosse pra ver o pior, mas só consegui abri quando senti o toque da sua mãos em meu rosto, como se visse oq ele mesmo teria causado, quando não menos me deparei com seus olhos bem mais vermelhos, e algumas lágrimas trilhando um caminho pelo seu rosto. Ainda tentei o toca - lo, como quem quer dizer que está tudo bem, mas ele apenas se afastou, como se tentasse processar tudo, e eu n não consegui me mover, era muita coisa pra pouco tempo.
Apolo ainda saiu sem rumo pela porta, mas não saiu da casa, eu ainda tentei ajudar ao André que parecia com pouca consciência, mas não precisou de muito tempo para que chegasse uma ambulância e dois carros de polícia