Nunca tinha visto a ex do Wagner pessoalmente, já tinha visto fotos, mas na real mesmo nunca.
E naquele dia eu já estava muito estressado. Tinha acontecido umas coisas no trabalho e eu já estava puto.
Encontrei ele no shopping esse dia, tínhamos combinado de comer algo por lá e depois irmos pra casa, até porquê ele estava cansado também.
- Tá com essa cara aí porquê? Fiz alguma coisa? - ele perguntou.
Estávamos na praça de alimentação.
- Não é nada com você não, vida. É coisa lá do café. - respondi dando uma piscadinha pra ele.
Me lembro como se fosse ontem. Pegamos uma pizza e estávamos conversando super tranquilos, eu tinha até esquecido um pouco os problemas do dia. E ai apareceu aquela louca.
Bonita, admito. Loiraça, bem vestida.
- Oi Wagner. - ela disse.
Falou com ele olhando pra minha cara. Me fuzilando.
- Ah, e aí, blz? - ele cumprimentou.
Ela continuou olhando pra mim.
- Estava tudo bem, sim, até eu ver essa ceninha patética. Esse é o viado que você tá comendo, então?
Mano, eu fiquei puto. Na hora quis levantar e dar na cara daquela vaca.
- Ei, quê isso? Tá falando essa merda por quê? - o Wagner falou.
- O Felipe me falou que você ta namorando um cara. Um cara, Wagner! Eu pensei que você fosse macho, porra!
Ela falava alto e a essa altura já tinha gente nos olhando.
- Olha aqui, garota! Não vem pagar de doida comigo, não. Tá achando que você pode chegar aqui e falar o que quer e pronto? - eu falei, já me levantando da cadeira. - Se ele tiver me comendo é da sua conta?
A essa altura o Wagner já estava todo vermelho. Quando ele fica nervoso fica todo vermelhinho, lindo.
- Alexandre, não precisa falar assim com ela. - ele disse colocando a mão no meu ombro.
Aí eu enlouqueci. Fiquei puterrimo.
- Por acaso você tá defendendo essa porra dessa mulher?
Ele me olhou sem falar nada.
- Quer saber, - continuei - vá a merda, você e ela.
Ela, não contente, ainda disse:
- Olha aqui, não quero você perto do meu filho.
Dei uma olhada de cima a baixo pra ela e sai andando.
Escutei a voz do Wagner me chamando mas queria que ele se fodesse. Ele defendeu ela. Defendeu uma mulher escrota que falou aquelas coisas horríveis pra mim.
Fui pra casa arrasado. Eu não sei se vocês me entendem, mas eu me senti traído.
Ele me ligou várias vezes aquele dia, foi no prédio, tocou o interfone milhares de vezes e eu não dei a mínima pra ele. Fiquei realmente chateado.
Era madrugada já quando ele me mandou uma mensagem, dizia o seguinte:
"Vc tem todo o direito de estar chateado comigo. Falhei contigo e eu quero e preciso olhar nos teus olhos e dizer umas coisas. Me atende, deixa eu ir até aí."
Não respondi.
Ele mandou outra depois de uns 20 minutos.
"Caralho, já deu pra entender que vc ta puto, não precisa desse gelo todo. Não vou dormir sem falar com você."
Passaram mais uns 10 minutos e o interfone tocou.
Atendi.
- Vai me deixar aqui fora? - ele perguntou.
Não disse nada, só abri o portão.
Fiquei sentado numa cadeira com uma xícara de café na mão.
Ele deu duas batidas na porta. E logo entrou.
Se apoiou na parede e ficou me olhando.
- Fez café agora? - ele perguntou.
Fiz sinal positivo com a cabeça.
Ele foi até a cozinha e voltou com uma xícara nas mãos, sentou de frente pra mim.
- Me perdoa? - ele falou
Olhei pra ele e só senti a lágrima escorrer pelo meu rosto.
- Ei, não faz isso, não. - continuou. - Eu fiquei sem reação quando ela apareceu. Não esperava aquela cena toda, sério.
- Cara, estou muito chateado com você. - falei. - Você defendeu ela.
- Calma aí, não defendi ela. Só falei aquilo porque não queria que a situação saísse do controle. - fez uma pausa. - A gente se conhece a pouco tempo, mas eu te saquei já, Alexandre. Você é estressado, explode fácil. Depois que falei aquilo me arrependi pra caralho. Juro.
Fiquei olhando pro chão.
- Mesmo assim, eu esperava mais de você numa situação desse tipo. - falei.
- Alê, você tem que concordar comigo numa coisa: eu tenho paciência pra caralho contigo.
Encarei ele.
Ele tentou me beijar, mas virei o rosto.
- Vai pra sua casa. - eu disse.
Ele me olhou com uma carinha de "não faz assim".
- Não precisa disso, Alê. Custa me perdoar dessa vez? O que ela disse não mudou nada entre a gente. Estou pouco me fodendo para o que ela pensa ou diz. Eu sei que me meu filho me ama, eu amo ele e já expliquei pra ele sobre a gente. Ele pode ser uma criança, mas é esperto e puxou pra mim nessa questão. Ele não vai julgar ninguém, disso tenho certeza.
Levantei da cadeira e fui pro banheiro escovar os dentes.
- Estou perdoado? - ele perguntou.
Olhei pra ele e disse:
- Dessa vez sim, mas não exita nem um pouco antes de ficar do meu lado, porque eu não exitaria nunca. Pode ter certeza.
E eu comecei a chorar de novo. E ele me beijou com a boca toda melada de pasta de dente.
- Meu viadinho fresco, sentimental. - ele disse no meu ouvido.
Agarrei o pescoço dele e fiquei ali. Não queria soltar. Por quê eu amo esse cara e amo o cheiro dele e amo ficar grudado nele mesmo.
- Tá, vida, entendi que estou perdoado. Pode me soltar agora. - ele disse rindo. - Toma um banho comigo?
Larguei ele e disse:
- Vou deitar já é, sinceramente? Ta perdoado, mas vai dormir na sua casa. - não falei sério.
Ele me olhou sem entender.
- Pô vida, que perdão é esse? Eu não consigo ficar longe de você, esse é meu ponto fraco. Eu fico rolando na cama e não durmo, sério. Acostumei com o seu cafuné até eu pegar no sono, com você passando os pés nos meus...
Tirei a roupa. Ele sorrindo.
- Vou aceitar o banho compartilhado.
Entramos no chuveiro e eu dei banho nele e ele em mim. E eu tentei esquecer aquilo que tinha acontecido com a ex dele.
Eu sou chato, sou cabeça dura, sou brigão e ele, apesar de aparentar ser aquele cara machão, tem um coração muito bom. Ele perdoa de coração, faz tudo por mim, me agrada e prova a cada dia que me ama de verdade.
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Amanhã eu vou finalizar aqui e vou dizer como estamos hoje, como está a vida, o trabalho.
Nessa parte não dei muita enfase pro sexo, mas acho que vocês vão me entender.