Surreal - Cap 02

Um conto erótico de Erick
Categoria: Homossexual
Contém 1145 palavras
Data: 08/01/2017 22:21:00

Capítulo 02 - O Menino da Casa do Lado

Era meio dia, não tinha comido nada por não sentir fome, então resolvi sentar em uma cadeira de balanço na sala de estar da minha casa e ler o livro A Garota no Trem para tentar passar o tempo, já que era final de semana e meus pais tinham resolvido passar o dia na praia com uns amigos. Como eu era filho único, tinha quase tudo o que queria, sempre fui uma pessoa calada, chegando a ser chamado de antissocial pelos outros em algumas ocasiões. Lendo a obra, não pude evitar me comparar a Rachel, a protagonista do livro, descrita pela autora como uma mulher desequilibrada e bêbada. Não que eu fosse de beber, mas a mesma situação de penúria e tristeza em que se encontrava Rachel, poderia se aplicar ao que estou sentindo nesse momento.

Escuto algumas batidas no portão, rapidamente coloco meu livro em cima de uma mesinha e vou ver quem estava em pleno horário de almoço batendo na porta dos outros, passo pelo jardim que minha mãe fazia questão de cuidar todos os dias. Abro o portão e vejo Daniel, um dos meus melhores amigos.

- Daniel. O que faz aqui?

- Não vai me convidar para entrar? - pergunta ele sorrindo.

- Claro que vou, só esperava receber ninguém há esta hora, muito menos você.

- Estava almoçando?

- Não, mas entre - dei passagem ao garoto que entrou sem cerimônias na casa.

- Lendo como sempre, parece que você nunca irá mudar meu bom amigo - disse ele ao analisar o livro que lia.

- Gosto de ler e você sabe muito bem disso.

Daniel é dois anos mais velho que eu, e morou na casa ao lado da minha até entrar na faculdade de medicina na capital. Fazia pouco menos de um ano que eu não tinha muitas conversas com meu amigo, sempre nos comunicávamos por mensagens de bom dia e boa tarde, como vai? Entre outras pequenas conversas sem importância pelo Whatsapp ou facebook.

- Não vai me dar um abraço? - ele pergunta rindo, estava com saudade daquele espirito maroto e cretino do rapaz.

- Poderia encher sua cara de tapa, quase um ano sem falar direito comigo, seu canalha!

- Você não falava, por isso que não falei nada também. - disse ele fazendo pouco caso.

- Idiota - estendi os braços abertos para ele - Vem cá, me dê um abraço, estava com saudade do teu esqueleto.

Daniel veio e me abraçou fortemente, ele era um palmo mais alto que eu, tinha pele levemente bronzeada, cabelos castanhos que combinavam perfeitamente com seus olhos cor de âmbar.

- Também estava com saudades. - ele plantou um beijo em minha cabeça.

- Como vai o curso - disse saindo de seus braços e sentando na cadeira que a pouco estava sentado - Está namorando? Ficando?

Ele riu e se jogou no sofá como nos velhos tempos, algo que sempre fazia quando vinha aqui em casa. Daniel era um verdadeiro folgado.

- O curso está normal, medicina sempre foi meu sonho - disse ele - Enquanto a namorar, estou de boa, só ficando ai com as gatas.

- Galinha! Você tem 19 anos e nunca namorou na vida, precisa encontrar uma menina para te prender na terra.

- Tá louco, mano, Deus me livre namorar agora - ele se benzeu e depois de um tempo assumiu uma postura mais séria. - Soube que terminou com Cláudio, sua mãe contou a minha que depois me contou. Como está se sentindo?

- Fofoqueiras, as duas - suspirei - Estou levando né. Não vou fingir ou dizer que estou bem, pois não estou. Mas estou conseguindo levar adiante, quero viver e estava cansado de levar tantos chifres e não fazer nada.

- Entendo. Se eu estivesse aqui teria quebrado a cara daquele panaca!

- Eu sei e é por isso que te amo.

Demonstrações de afeto era algo normal entre Daniel e eu, ele era carinhoso e me via como um irmão mais novo que precisava de proteção, isso me faz lembrar um vez quando éramos crianças, um menino quis me bater, Daniel simplesmente o encheu de murros até deixa-lo semimorto no meio da rua.

Ele ficou algum tempo em casa, disse que estava com fome e me obrigou a preparar alguma coisa para ele comer, fiz apenas uma mistura de macarrão, molho, queijo e milho verde que eu mesmo chamava de macarronada, ele comeu como um boi e mesmo não estando com muita fome, o acompanhei no prato, comendo um pouquinho da gororoba que tinha feito. No final de tudo, Daniel bebeu uma golada de Coca-Cola e arrotou.

- Mal educado! - disse para ele.

- Você é um bom amigo, Erick. disso não tenho dúvidas, mas como cozinheiro você é pior do que péssimo - disse ele gargalhando alto apenas para me irritar.

- Filho da mãe. Se estava tão ruim assim, porque comeu duas vezes?

- Estava com muita fome e comida é comida, não podemos jogar fora - disse ele.

Daniel falou mais um pouco sobre a universidade e a vida na capital do estado, depois ele se despediu com outro abraço e voltou para a casa da mãe dele.

Após meu amigo sair de casa, fui para meu quarto no andar de cima, e resolvi abrir meu facebook que não era lá uma coisa muito movimentada. Para minha grande surpresa tinha um convite de amizade de Carlos Eduardo, o menino estranho da sala por quem eu estava tendo um certo interesse, aceitei seu convite, ele estava online e não demorou muito para este mandar um oi.

- Olá - respondi sua mensagem, deixei esperar alguns minutos para não mostrar que estava desesperado.

- Como vai? - ele perguntou.

- Bem e vc? - respondi.

- Tudo na paz - ele respondeu, não demorou muito e ele mandou outra mensagem - Os meninos da sala dizem que você é inteligente... será que poderia me ajudar com um problema de matemática?

Fiquei surpreso com o pedido, ele parecia ser bem tímido, apesar de falar com algumas pessoas na sala. Resolvi esperar um pouco e pensar no assunto. Porque não? Estava curioso em relação a ele e em pouco mais de cinco minutos respondi sua mensagem.

- Claro, será um prazer.

- Uffa! Pensei que não ia aceitar - ele respondeu.

- Kkkkk. Quando podemos marcar, para que lhe ajude? - perguntei via mensagem.

- Pode ser na segunda? Depois da aula? Na minha casa?

Parei para pensar e mais uma vez demorei um tempinho para responder. No final respondi as suas perguntas com sim acompanhado de um rostinho feliz. Ele apenas respondeu beleza e pouco tempo depois saiu do facebook.

Agora teria que ajudar aquele garoto estranho que eu mal conhecia o nome. Carlos Eduardo ainda era um mistério a ser desvendado, não era normal ele ficar me encarando a aula inteira, algo que eu também fazia, mas ele era diferente, parecia esquecer que o mundo existia para ficar me olhando a manhã inteira. Assim como eu já tinha notado seus olhares, Débora também o achava estranho e o tinha pegado várias vezes olhando para mim.


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A história tá ficando boa, esse mistério é envolvente...

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