Acompanhei meu pai até o interior da casa, meus avós já estavam dormindo e não viram a confusão. Fomos para a sala, lá estava apenas meu pai e minha mãe, tia Luiza já estava saindo, quando pedi que ela também ficasse, afinal, queria que todos estivessem ali. Sendo assim, estavam na sala: Karina e Arthur, meu pai e minha mãe, tia Luiza e Vanessa.
Eu: Precisamos conversar, antes que eu possa dizer qualquer coisa, gostaria de saber o que vocês querem saber? – Eu estava muito nervoso, ver todos ali, diante de mim, e eu sabia muito bem o que eles queriam saber.
Pai: Acho que não é essa a situação, queremos saber sobre tudo que você disse lá fora.
Tia Luiza: Gostaria de saber sobre a Pamela – Tia Luiza falou aquilo tentando não chorar.
Eu: Como disse lá fora, conheci Pamela no ensino médio, ela é prima da Milena, conheci ela antes de Caio, porém eu não fiquei com ela, e um tempo depois ela e Caio estavam ficando, podemos dizer assim. Com ela ficando com o Caio, todos os eventos que meus amigos marcavam, ela estava presente, quando estávamos sozinhos nestes lugares ela sempre dava em cima de mim, porém como eu considerava Caio como um irmão, eu não teria coragem de fazer algo. Certa vez, ele nos pegou, e ele preferiu acreditar na desculpa que ela deu. – Naquele momento, senti meus olhos lacrimejando, e todos me olhando tentando assimilar o que dizia – Depois daquele dia, nos afastamos, e ele começou a falar com todos que eu havia dado em cima de sua namorada.
Mãe: E pq você não nos contou a verdade – Falou me interrompendo.
Eu: Pq eu passei a gostar de Caio, e não era como um amigo, ou como um irmão como eu o considerava. – Quando falei aquilo, não consegui encará-los, sentia como se tivesse tirado um enorme peso dos meus ombros.
Eu: Naquela época, eu fiquei muito confuso, não sabia o que estava acontecendo, por isso preferi não falar nada.
Karina: Você preferiu levar a culpa por algo que não fez do que conversar com sua família? Eu não te entendo, todos esses anos sendo apontado como o culpado e um garoto imaturo.
Tia Luiza: Aquela briga, onde Caio cortou o braço, foi por causa desta garota?
Eu: sim, naquele dia eu estava tentando convence-lo, porém, ele partiu para cima de mim, eu na defesa, acabei o ferindo. – Minha tia ainda chorava.
Mãe: Então você gosta dele?
Eu: Não, não mais, tenho muita raiva do que ele fez hoje, porém, ele só me apressou uma das conversas que queria ter com vocês. – Naquele momento tive a coragem de olhar nos olhos de meus pais, queria ver a reação deles.
Eu: Eu estou ficando com um cara, o Rafael, está sendo tudo novo para mim, eu até pouco tempo ficava com garotas, porém, sempre gostei de Caio. Mas conheci Rafael e estamos juntos há um tempo. Eu iria contar para vocês, mas com o ocorrido preferi adiantar. – Todos naquela hora tinham uma cara de espanto, o silêncio prevaleceu naquele momento. Comecei a chorar novamente, não estava aquentando aquela situação. Meu pai começou a passar a mão na cabeça, minha mãe ainda não levantou a cabeça. Os demais eu nem prestei muita atenção, só me importava com os dois. Decidi ir lá para fora. Vanessa veio atrás de mim.
Vanessa: Luiz me espera.
Continuei andando até a piscina.
Eu: Eles devem estar me odiando. – Meu choro aumentou, comecei a soluçar, sentia como se tudo estivesse perdido, com o silêncio de meus pais, acreditava que eles estivessem me odiando.
Vanessa: Claro que não, eles só foram pegos de surpresa, foi muita informação de uma vez só. Deixe-os assimilar tudo que foi dito primeiro, você tem que se acalmar, pode passar mal de continuar desse jeito.
Eu: Pq ele fez isso? Eu o considerava muito, não consigo acreditar que cheguei a gostar dele. A única coisa que consigo sentir agora é ódio, estou com muita raiva dele, ainda bem que ele foi embora.
Eu: Preciso beber, me acompanha?
Vanessa: Tem certeza, acho que deveria deitar.
Eu: Não vou conseguir dormir, minha vontade é sumir.
Vanessa: O que vai beber?
Eu: Qualquer coisa.
Sobrou muita bebida, peguei uma cerveja para mim e para Vanessa, preparei um copo com vodka e energético. Tomei a cerveja quase que em um gole só. Ficamos ali por um bom tempo, Vanessa entro na casa e constatou que todos haviam ido dormir, ou pelo menos foram para seus quartos. Logo em seguida, segui para o quarto e tentei dormir, demorou, mas fui vencido pelo sono.
No domingo, acordei cedo, antes dos demais, e liguei para Rafael, que veio me buscar. Quando ele chegou, ele já estava saindo do carro quando eu disse:
Eu: Não desce, só me tire daqui. – Ele entendeu e saímos dali.
Rafael: Para onde vamos?
Eu: Me leve para casa.
Rafael: O que houve? Se quiser pode conversar comigo, ou se preferir pode ser em outra hora.
Eu: Agradeceria se pudesse ser mais tarde. – Ele concordou, seguimos em silêncio até minha casa, precisava de um banho.
Quando chegamos, entramos, deixei o na sala e fui para o banheiro, precisava tomar um banho. Debaixo do chuveiro, chorei mais ainda, não sabia como, mas ainda havia lágrimas. Sai do banho e fui até a sala.
Rafael: Você tem o tempo que quiser para me contar o que houve, não irei te pressionar, acredito que queira neste momento espairecer, se quiser, posso te levar para um lugar que acredito que possa te ajudar.
Concordei, não sabia onde era, mas queria esquecer tudo que aconteceu. Mandei uma msg para Vanessa explicando tudo, e que falasse com meus pais para não se preocuparem e que não contasse com quem eu estava. Me arrumei, peguei minha carteira e saí com Rafael para o tal destino que para mim era desconhecido.
Dentro do carro, consegui dormir um pouco, ele havia colocado umas músicas calmas, o que me relaxou um pouco. Acordei com ele me chamando.
Rafael: Chegamos. Bora sair do carro?
Eu: Onde estamos? – Olhei ao redor, apenas reconheci como uma das cidades vizinhas.
Rafael: Aqui possui um lugar que eu vinha quando criança, é aberto para visitação, acredito que seja o lugar ideal para você refletir. – Era um destes parques ecológicos que abrem o espaço para turismo.
Andamos por um tempo, ele me deu a mão e me conduziu. Depois de uns minutos de caminhada, chegamos até uma cachoeira, não havia muita gente ali, o dia estava nublado, sentamos em uma das pedras mais acima, onde não havia ninguém.
Rafael: Entenderei se não quiser falar sobre o que houve. Mas quero que saiba que estarei do seu lado. – Ele estava sendo muito atencioso, eu não queria falar sobre o que houve, porém não podia esconder dele, então contei-lhe tudo o que houve, até mesmo a minha história com Caio. Após falar tudo, pensei que ele poderia se afastar, mas ao contrário, o que ele fez me deixou completamente vulnerável. Ele me abraçou, me acolheu em seus braços, com aquele gesto, eu simplesmente desmoronei novamente.
Ficamos ali, abraçados, por muito tempo.
Eu: Obrigado por não me julgar, e principalmente por estar do meu lado.
Rafael: Mas é claro, eu não poderia tomar outra atitude senão ficar do seu lado, você está sendo honesto comigo, está passando por um momento difícil, e afinal, namorados servem para isso. – Quando ele disse a palavra namorado, meu coração acelerou, beijei-o, uma certa felicidade tomou conta de mim.
Depois do que ele disse, e após a sessão de beijos, decidimos ir almoçar. Após o almoço, pedi a ele que me levasse de volta ao sítio, precisava encarar a todos. Seguimos de volta conversando muito pouco.
Rafael: Não se preocupe, estarei contigo para o que precisar.
Quando chegamos no sítio, pedi a ele que me esperasse dentro do carro, para o caso eu precisasse sair dali. Quando desci, e andei em direção a casa, minha mãe ao me ver me abraçou.
Mãe: Onde esteve? Estávamos preocupados. – Andamos em direção a casa.
Eu: Precisava espairecer um pouco.
Mãe: Vamos lá para dentro. – Ao entrar, percebi que o local já havia sido organizado. Meu pai ao me ver, veio em minha direção e me abraçou.
Pai: Temos muita coisa para conversar, muito o que digerir, porém, estamos e sempre estaremos ao seu lado. Você é nosso filho, terá que entender que ainda é tudo novo para nós também, mas estamos dispostos a seguir em frente.
Quando escutei aquilo, logo de meu pai, fiquei sem saber o que fazer, não esperava que fosse ele o primeiro a se pronunciar. Tia Luiza e Vanessa já haviam ido embora. Minha mãe também me abraçou. Mandei uma msg para Rafael dizendo que estava tudo tranquilo e que ele podia ir embora, mais tarde eu ligaria. Karina apareceu.
Karina: Onde esteve, ficamos preocupados.
Eu: Precisei dar uma volta depois de tudo.
Karina: Estava sozinho?
Eu: Não, Rafael estava comigo.
Mãe: E cadê ele? Queremos conhece-lo, mesmo já tendo o visto.
Eu: foi embora, outro dia apresento-o com mais calma.
Mãe: Eu e seu pai faremos o possível para compreender, esperamos que tenha paciência conosco. Decidimos que queremos conhecer este rapaz esta semana. Convide-o para ir jantar lá em casa na segunda.
No final do dia, retornamos para casa. Meus pais me surpreenderam com tudo o que houve. Ao chegar em casa, Vanessa me mandou uma msg perguntando como eu estava, conversamos por um tempo, contei-lhe o que meus pais me disseram, e onde Rafael havia me levado. Mais tarde, liguei para Rafael e contei-lhe também o ocorrido, depois comentei que meus pais queriam o conhecer. Ele ficou mudo, porém concordou que já estava na hora. Despedi-me dele e resolvi dormir.