A Vida é pra ser Vivida #15 - Qual o Verdadeiro significado de Felicidade?

Um conto erótico de Hyuuga5
Categoria: Homossexual
Contém 2782 palavras
Data: 22/10/2016 18:33:23
Assuntos: Gay, Homossexual

A Vida é pra ser Vivida #15

Qual o verdadeiro significado de Felicidade?

Vim de volta do interior com a intenção de contar tudo sobre minha sexualidade para meus pais, no entanto nunca achei que seria tão difícil. Diversas vezes eu quase contei, mas percebia que aquele momento não era o certo. E assim se passou uma semana desde que cheguei aqui. Amanhã é Natal.

Saí diversas vezes com Júlia, Hugo e Luan, um amigo da Júlia da faculdade. Foram momentos únicos. Estava realmente precisando me distrair, esquecer de tudo que estava passando e ser uma pessoal “normal” novamente. Queria ser eu e meu eu não mudara da maneira que eu pensei. Tipo, eu sou gay. Ponto. Mas não me senti diferente em relação a isso. Eu não mudei nada desde que me aceitei. Continue o mesmo de sempre: lendo livros de ficção e terror, ouvindo o meu rock nacional, continuei a brigar na internet por causa de política. Sei lá, na minha mente acharia que mudaria algo em mim. Mas, internamente, em parte, e externamente, nada mudou.

Era de tarde quando Hugo ligou para mim e perguntou se eu queria ir com ele para Cariri Shopping no Juazeiro. Ele iria para o cinema com alguns amigos que vieram com ele para um encontro de Economia. Estava sem fazer nada e resolvi ir. Não antes de chamar minha fiel escudeira Júlia que confirmou na mesma hora.

Então fui vestir algo. Percebi que estava com um guarda-roupa fraco. Precisava comprar algumas camisetas, shorts, calças. Vesti uma blusa branca e uma camisa manga longa xadrez vermelha com preto. Uma bermuda jeans e já estava preparado. Fiquei me olhando no espelho e até me estranhei. Precisava dar uma mudada no visual. Estava barbudo demais e meu cabelo já estava maior do que eu pensava. Quando saí de casa já estava Júlia me esperando na varanda, estava conversando com minha mãe.

Júlia: Huuum. Vai passear no shopping ou conquistar alguém Toim!?

Antonio: Deixe de besteiras Júlia. Agora só esperar o Hugo.

Júlia: Dona Inácia esse garoto véi abusado nunca quis nada comigo, pode um negócio desses? – falava pra minha mãe. – Eu gostosona aqui dando bola e dando em cima dele e ele nem sequer me deu uma chance. – falava como se estivesse ofendida.

Antonio: Nem vem Júlia. Tu sempre foi uma puta. Para de drama. Quando eu te quis tu nem me deu bola, lembra disso?

Júlia: Águas passadas não movem moinhos. – falou me abraçando.

Ficamos lá mais alguns minutos até que Hugo finalmente chegasse num carro.

Hugo: Olá... Boa noite tia Inácia, amor. – falava brincando com minha mãe. – Vamos, vocês dois? Bateremos perna no shopping, depois vamos para uma festinha num clube beber algo e depois voltamos. Tia Inácia não temos hora pra voltar...

Dentro do carro havia três amigos do Hugo, da mesma faculdade de Economia de Floresta Bela: Adriana, uma bela mulher, morena, cabelos pretos lisos e de um sorriso contagiante e Ricardo, loiro, branquinho, com o mesmo físico que o meu, um pouco mais alto que eu, gostosinho que só, mas não era pro bico de ninguém. Ele e Adriana eram namorados. E então fomos para o shopping.

Ficamos batendo perna no shopping até eu não aguentar mais. Eram Júlia e Adriana igualmente loucas indo a lojas comprando blusas e acessórios de maquiagem. Hugo e Ricardo estavam ajudando elas na decisão e eu resolvi ir até uma livraria para ver se achava alguns livros interessantes para comprar.

Finalmente achei livros de meu interesse. Comprei o “Inferno” de Dan Brown, um romance qualquer que comprei, pois achei a sinopse interessante. Não achei nenhum mais que me chamasse atenção. Estava vendo a seção dos HQs quando Joe veio até mim.

Joe: Antonio você por aqui. – falava sorridente.

Antonio: Opa. – falei me virando pra ele. – Joe. Tudo bem.

Joe: Fazendo o que sozinho aqui?

Antonio: Fazendo minha biblioteca própria. – falei levando a sacola com meus livros.

Ele permaneceu comigo alguns minutos até que um rapaz se aproximou de nós e o chamou. Era nada mais nada menos que o namorado dele. Eu fiquei boquiaberto com aquilo. Não tinha ideia de que Joe era gay. Demonstrei meu espanto olhando-o.

Joe: Sim, eu sei, é estranho me ver com outro cara não é? – falava rindo. – Esse é o Felipe, meu companheiro.

Cumprimentei o rapaz. Ficamos conversando mais alguns minutos até que eles se foram. Estava surpreso com aquilo tudo e acho que deixei bem na cara. Joe era meu amigo de infância e nunca havia percebido que ele era homossexual. Essa história de “gaydar” não existe, ou então o meu está com defeito.

Finalmente acabei de comprar meus livros e voltei para onde os outros deveriam estar. Mas quem disse que aqueles filhos de uma quenga estavam por lá? Fiquei furioso, como podem me deixar sozinho nesta droga de shopping. Eu sempre fui muito caseiro, até mais do que gostaria, mas sempre fiquei recluso em minha realidade por causa disso aqui: “amigos”. Saí dali querendo destruir o mundo.

Estava tomando um milk-shake quando Hugo me encontrou.

Hugo: Poxa cara onde tu se meteu? Te procurei em todos os cantos desse lugar.

Antonio: Me perdi entre os devaneios de minha própria realidade. – falei olhando pro nada.

Hugo: Vamos voltar pra onde estão os outros. Nós vamos assistir um filme no cinema, bora?

Antonio: Ah não prefiro ficar aqui mesmo. – sim, eu estava fazendo birra. Eu sei ser bastante mimado quando quero.

Hugo: Sério que tu vai ficar de mimimi aí?

Antonio: Sim. – falei sem olhar pra ele.

Então ele se sentou no banco ao meu lado e ficou ali sem falar palavra alguma. Esperou que eu terminasse meu Milk-shake para falar.

Hugo: Pronto senhor mimado. Podemos voltar para a companhia dos outros? Se bem que nós dois vamos segurar já que a Júlia encontrou um amigo por aqui e já estão juntos.

Antonio: Quem? – perguntei curioso.

Hugo: Um tal de Luan.

Antonio: Luan? Pensei que eles eram apenas amigos. Aquela vadia não perde tempo mesmo.

Hugo: Ficou com ciúmes foi? Tu é a fim dela? – falou curioso.

Antonio: Eu? – falei rindo. – nem a pau que ficaria com ela. Nada. Ela não faz meu tipo.

Hugo: E qual seu tipo?

Fiquei sem saber o que dizer. Falava a verdade ou não. Dizia que era gay ou não. Resolvi ser sincero.

Antonio: Tipo isso: 1.80 de altura, um pouco musculoso, loiro ou negro, tanto faz, olhos azuis ou pretos profundos. E que tenha uma bunda bem gostosinha. – falei em tom de brincadeira.

Ele me olhava sério. Quando me olhou nos olhos e se aproximou de mim. Foi chegando cada vez mais perto como se quisesse algo a mais. Eu o olhava espantado, mas não me mexi para evitar sua aproximação. Quando ele chegou bem perto de meu rosto ele riu.

Hugo: Cara tu é realmente gay. – falou rindo alto.

Antonio: Terra à vista Cabral. – retruquei.

Hugo: Tá tá você é gay e pelo visto é enrustido ainda né? Mas para de drama e vamos para o cinema ver um filme que estamos atrasados para encontrar o pessoal.

E fomos. Sabe, dei graças aos Céus que Hugo não me beijou e nem tinha a intensão na verdade. Tipo chega de casinhos com primos. Bastou o meu pequeno afer com o JP. Nunca tive incertezas quanto a sexualidade do Hugo. Até ri depois quando cheguei em casa, daquela situação. O que mais deixou alegre é que ele nem quis saber. Me tratou com se eu fosse “normal”, quer dizer, Eu sou normal, mas ele nem ligou para o que eu disse. Sabe, acho que o mundo precisa de mais pessoas assim: que não se importe se você transa com homens ou mulheres, apenas seja seu amigo em qualquer situação.

Assistimos a um filme qualquer e resolvemos nem ir para o bar. Decidimos que voltaríamos para casa, pois Ricardo e Adriana voltariam amanhã cedo pra Floresta Bela. Hugo iria ficar mais alguns dias lá em casa. Quando cheguei em casa já eram quase 23 horas. Resolvi ir dormir.

NATAL...

E então é Natal... Era o dia em que contaria tudo para minha mãe e meu pai. Estava decidido que seria sim aquele dia. Não passaria daquele dia. Em menos de uma semana seria ano novo e eu queria começar este ano sendo eu mesmo, algo que não era a mais de 21 anos. Estava na hora de viver.

Minha mãe estava bastante ocupada, pois ela estava cuidando do jantar de Natal comunitário do meu bairro em Barbalha. Todos os anos há um jantar para toda a comunidade para celebrar a chegada do menino Jesus. Ela ficou a cargo de fazer as sobremesas: bolo, pudim, maçãs do amor, panetones caseiros, brigadeiro... Minha mãe era muito boa no que fazia. Como ela estava ocupada eu não quis incomodá-la. Dei apenas um beijo de bom dia nela e a deixei trabalhar.

Meu pai estava ajeitando algo no carro dele. Bom, eu não atrapalharia também. Sabe, meu pai seria o desafio. Imaginava sua reação quando soubesse da minha sexualidade. Seria um choque tremendo tanto pra ele e quanto pra mãe. Durante alguns anos da minha adolescência meu pai teve um caso com outra mulher daqui do bairro. Foram momentos difíceis, pra mim, mas principalmente pra minha mãe. Ela sofreu bastante. Desde essa época que não tenho um bom relacionamento com ele, na verdade, eu nunca me lembro de ter tido uma boa relação com, nem quando era criança. Acho que a primeira vez que ele demonstrou algo emocional em relação a mim foi quando eu decidi sair de casa e rumar pra Fortaleza.

Decidi que seria na hora do almoço. Fui para meu quarto treinar o que diria:

“Mãe e Pai, eu sou gay, pode me passar o sal por favor?”

“Mãe e Pai, eu sou gay, mas olhem pelo lado bom eu não sou um drogado”.

“Mãe e Pai, eu sou gay, mas pelo menos eu não fui recrutado pelo Estado Islâmico”.

Realmente não sabia o que dizer. Estava começando a suar frio. Sei lá, é um momento muito complicado. Sério meus caros amigos que se assumem aos 15 anos. Vocês são vencedores. Eu estou cá, aos 21 anos de idade, velho, barbudo, grande, e ainda estou nervoso em relação a isso. Ah cara, que coisa deprimente.

A hora do almoço havia chego. Estava muito nervoso. Sei lá. Mas comecei.

Antonio: Mãe e Pai tenho algo a falar com vocês. – estava nervoso e até minha voz falhava.

Mãe: Pode falar meu filho. Não gostou da comida é isso?

Pai: Só não me vai falar que engravidou alguma garota em Fortaleza. Estou muito novo para ser avô.

Antonio: Não, não é isso mãe e pai. Acho que vocês não irão gostar nem um pouco do que irei falar e imagino que a reação de vocês não vai ser das melhores.

Mãe: Fala logo filho. Você está me deixando assustada. – falava aflita.

Antonio: É o seguinte. Nós não escolhemos por quem nos atrairá sexualmente. Existem pessoas que sentem atração por mulheres, outros por homens. Alguns pelos dois. Eles não escolhem quem irão amar, quem irão sentir atraído sexualmente por algum dos dois gêneros. Muitas vezes essas pessoas não conseguem ser quem são por consequência acabam vivendo em mundo que não as delas, um mundo de mentiras. Há muitos garotos que vivem namorando todas as garotas, mas que na verdade não se sentem atraídos por elas. Mas com medo do que os outros falarão dele, ele se engana achando que gosta de mulheres. E assim acontece com as mulheres também. É muito mais comum do que se imagina. Existem homens que não aceitam quem são de verdade e acabam se casando, tendo filhos e passam a vida toda num mundo de ilusões, enganando-se e enganando as pessoas a sua volta. Bom, onde eu quero chegar é: Eu sou um desses garotos que se enganam. Eu não tenho atração por mulheres. Eu sou um desses garotos que não viveram felizes por não se encaixarem no mundo onde eles não são aceitos. Eu sou um dos garotos que vivem com medo de comentários que o ridicularizem. Eu sou alguém que existe, mas que nunca viveu verdadeiramente, eu sou um desses garotos infelizes. Mãe. Pai. Eu sou gay. Eu gosto de homens. – já chorava nesse momento. Nem conseguia encará-los.

Mãe: Filho eu não sei nem o que dizer. – fez uma pausa. – tenho que continuar a fazer meus bolos para o jantar de mais a noite. – ela nem sequer terminou o almoço.

Fiquei esperando meu pai falar algo, mas sua reação foi apenas de sair da mesa, pegou sua carteira e saiu de casa. Sem falar nada, sem me olhar. Aquelas atitudes tinham sido dolorosas pra mim. Lá estava eu, sentado numa mesa, só, chorando, sem saber o que fazer. Decidi ir para meu quarto.

Quando cheguei me deitei na cama. E por incrível que pareça eu não chorei mais. Sei lá, eu sei que tomei a atitude certa. Não poderia mais enganar meus pais fingindo ser algo que eu não sou. Parecia que eu estava mais leve, não estava mais me escondendo de nada. Mas algo me assustava: a reação de meus pais. Durante a tarde inteira só saía do quarto para beber água e ir ao banheiro. Estava esperando minha mãe ter alguma reação e vir falar comigo, mas ela não veio.

Decidi sair de casa. Andar por aí sem destino. Aquele silêncio estava me consumindo e queria espairecer. Andei pelo bairro, reencontrei alguns vizinhos que nunca mais tinha visto. Passei alguns minutos conversando com eles e continuava andando. Decidi que iria até a pracinha do bairro.

Cheguei e me sentei em banco. Olhei aquilo tudo e fiquei observando as pessoas. Existem tantas pessoas que não são felizes 100% por conta do medo que alguns irão pensar sobre elas. Sim dá um medo muito grande, estava sentindo medo naquele momento. Passou alguns minutos e continuava ali. Observava tudo quando vejo três casais se sentando num banco próximo onde estava. Eram três casais adolescentes: dois heteressexuais e um homossexual. Eles interagiam comumente sem diferença no tratamento. Os dois garotos, que não deviam ter mais que 16 anos, faziam carinho um no outro e não tinham medo das reações das pessoas nas ruas. Pelo contrário, eles apenas ignoravam. A felicidade deles era visível quando tiro uma conclusão daquilo tudo: amar um homem ou uma mulher não importa. O que importa é a felicidade, é encontrar alguém que te faça feliz como você é verdadeiramente. Que enfrente tudo por você, que viverá sempre do seu lado. Acho que esse é o sentido de ser feliz.

Aqueles três casais me ensinaram uma lição importante naquela tarde. Algo que nem eu mesmo entendi até aquele momento: eu não preciso de aprovação de terceiros para eu ser completamente feliz, nem sequer dos meus pais. Queria muito que eles me aceitassem da maneira que nasci como sou agora, como sempre fui por dentro, mas se eles não me aceitassem, eu continuaria minha jornada nesse mundo. Saí andando de volta para casa.

Fiz o mesmo trajeto e andava tranquilamente quando avistei uma pequena confusão num bar próximo dali. Parecia algum tipo de briga entre dois bêbados. Não liguei muito até que reconheci a voz: era meu pai. Ele estava brigando com um senhor que não conhecia. O outro cara parecia bastante nervoso e exaltado. Decidi ir ver o que estava acontecendo.

Antonio: Pai o que está acontecendo aqui?

Pai: O que tu está fazendo aqui? Vai embora não preciso de tu aqui. – ignorei-o e o ajudei a levantar. Ele estava com um pouco de sangue na boca. Ele então se soltou rispidamente. Também não falei nada.

Bom eu já estava saindo quando o bêbado começou a voltar a arranjar confusão. Chamando meu pai de corno, filho da puta, todos os palavrões que imaginarem. Claro que meu pai estava bêbado e extremamente alterado e começou a rebater tudo. Eu estava ali sem saber o que fazer, afinal fui tentar ajudar e meu pai parecia que me via como inimigo.

Eles continuavam a se agredir verbalmente. Até que meu pai mandou ele dar o cu. Para que ele foi dizer isso. O outro cara ficou possesso. E partiu em direção de meu pai com uma faca. Meu pai tentou se afastar mais ele já estava muito perto.

A minha única reação entrar na sua frente para que ele não recebesse o golpe. Eu fiquei em seu lugar. Não dava para fazer mais nada. Eu havia levado a facada no lugar de meu pai. Olhei para minha barriga e estava sangrando. E então tudo se apagou...

CONTINUA...

O que será que acontecerá com Antonio. Será que ficará tudo bem com ele?


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Comentários

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Adorei o capítulo! Espero que o pai de Antônio perceba a burrada que cometeu e que concerte com essa atitude de Antônio!

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Adorei o capítulo! Espero que o pai de Antônio perceba a burrada que cometeu e que concerte com essa atitude de Antônio!

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DRAMA. UM PAI QUE NÃO ACEITA SEU FILHO GAY SER SALVO POR ELE. E AGORA? QUEM MANDOU SE FAZER DE VALENTÃO E DEFENDER O PAI/

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