[Lucas narrando]
- Então, explique... Só não garanto que irei entender.
- O Victor veio me dizer que se interessou por mim. Óbvio, que eu, como comprometido e amigo da Ingrid, recusei qualquer tentativa de aproximação dele. Bruno, não fala nada para ninguém, por favor? Quero falar sobre isso com o ítalo, mas com a Ingrid é impossível. Ela está morrendo.
- Morrendo?! Tentando justificar o erro de vocês com uma coisa tão séria e grave?
- Eu jamais brincaria com algo dessa natureza. Esse é o principal motivo do casamento: o estado de saúde dela. Além disso, ela está grávida. O Victor é pai dessa criança, e acredito que ele não se perdoaria caso algo viesse a acontecer com o bebê.
- Vou esquecer o que vi por enquanto, mas eu quero um favor seu, algo que só você pode fazer.
- Qual?
- O Álvaro está voltando para Solar e precisa te ver. Você tem que escutar o que ele tem para dizer.
- Você parece estar ligado demais ao Álvaro. Qual o seu nível de interesse nessa história que ele tem para mim?
- Quero apenas ajudar o meu amigo\
- (Cortei-o) Com uma pessoa que não quer mais nada com ele. Faz o seguinte: diz a ele que eu aceito me encontrar com ele. Avisa que é melhor ele não tentar nenhuma gracinha. Dá licença – saí deixando ele sozinho.
O que será que o Álvaro quer comigo? E o Bruno nessa história?
Peguei o celular e disquei novamente o número do Ítalo.
[ítalo narrando]
- Pai, vai embora antes que eu faça uma besteira!
- A maior de todas elas é continuar com esse veadinho de merda!
- O amor da minha vida! Dá o fora daqui, agora! – coloquei o meu pai para fora.
- Eu não vou te deixar em paz, ítalo. Você vai me pagar muito caro.
Meu pai tinha mesmo o poder de me tirar do sério. Eu tenho vivido os piores anos da minha vida desde que o meu irmão se foi. A única pessoa da minha família que existe é o meu pai, mas nós vivemos uma relação conturbada desde a minha infância.
Não é fácil para mim mostrar os defeitos do meu pai. O homem que deveria me encher de orgulho, ser um espelho, na verdade, é o tipo de pessoa que eu mais detesto: alguém capaz de tudo para ter o que quer.
Vejo o meu celular tocando e o nome do Lucas na tela, e eu atendo prontamente.
- Fala, amor. Algum problema?
- Que demora toda é essa? Estava preocupado... Você sai, diz que vai receber uns móveis e demora uma eternidade.
- É que meu pai apareceu aqui. Nós tivemos uma briga horrível. Essa chegada repentina só pode ter sido coisa da Íris.
- Ela está precisando entender que o que você tinha com ela acabou. Meu amor, volta logo para a pousada. Eu preciso te contar uma coisa.
- Por que você não vem aqui? Estava pensando em fazer umas coisas bem legais com você.
- Assim fica difícil recusar o convite. Estou indo.
- Te amo. Beijo...
- Beijo...
Desliguei o telefone e voltei para perto da Clara e da Ingrid.
- Meus amores, eu preciso ir até a casa do ítalo. Temos algumas coisas para conversar, para fazermos...
- Traduzindo: sexo!
- Deixa de ser ridícula, Clarinha. Eu sou um rapaz de família.
- Eu nunca disse o contrário, apenas sei que não és casto, querido.
- Ele ficou sem graça, amiga – falou a Ingrid colocando os croquis de vestidos de noiva que estava vendo na mesa.
- Você ficou muito tempo fora. Está precisando se atualizar, amiga.
- Vou indo, pessoal. Vocês não me respeitam mais.
Ao virar-me, vejo o meu pai subindo as escadas.
- Pai, estou indo na casa do Ítalo. A gente precisa conversar algumas coisas.
- Você pretende dormir por lá?
- Não sei, mas acredito que sim. Tem problema?
- Não, mas me ligue quando chegar lá. Essa cidade está muito estranha ultimamente.
- Certo. Beijo, divas e divo.
Após beijar meu pai e minhas amigas, eu desço as escadas e saio da pousada em direção a casa do Ítalo.
[Bruno narrando]
- Você está se envolvendo num terreno muito arenoso, francês...
- Do quê você está falando? É Bruno, não é...?
- Sim, me chamo Bruno. Estou falando sobre o seu beijo mais cedo com o Lucas.
- Você não vai me entregar para sua namorada, não é?
- Vai depender do que eu vou ganhar em troca...
- Chantagem? O que você quer?
- Afastar o Lucas do amor da minha vida.
- A Clara, mas por quê?
- Eu gosto da Clara, mas não a amo. O amor da minha vida é o Álvaro, o ex-namorado do Lucas. Ele quer reconquistar o Lucas a qualquer custo, mas isso afasta a possibilidade de ele perceber que eu o amo. O Ítalo vai sair da vida do Lucas por conta do pai dele e da Íris, sua ex-noiva. Mas o Lucas ficando livre, ele vai se tornar mais vulnerável ao Álvaro, e a sede de dinheiro do Álvaro, vai juntar os dois novamente. É uma longa história. Posso contar com você?
- Não vou participar desse joguinho macabro. Eu tenho você em minhas mãos, afinal, você sabe sobre o beijo, e eu sei sobre o seu amor platônico.
- Acontece que eu tenho como provar sobre o beijo, mas você nada tem contra mim. Então, o que vai ser?
[Íris narrando]
- Doutor Humberto, como foi a conversa com o Ítalo?
- Pior do que eu imaginava. Vai ser uma longa batalha, mas no final ganharemos essa guerra, minha querida. Agora eu tenho que desligar, porque vou dirigir. Chego ao hotel em dez minutos, no máximo.
- Até mais.
[Humberto narrando]
Ao ligar o carro, vejo o Lucas caminhando na rua. Acredito que deveria estar indo em direção à casa do Ítalo.
Sem ter tido tempo para pensar, aproveitei a rua deserta e acelerei o carro. O Ítalo começaria a pagar por ter me desafiado.
Atropelei o Lucas e fui embora sem olhar para trás.
[Ítalo narrando]
Ouvi um barulho como de uma batida. Saí desesperado para olhar o que tinha acontecido. Vi o Lucas caído no chão e banhado em sangue.
Continua...
Olá, queridas leitoras e queridos leitores. Primeiramente, venho pedir desculpa por ter me ausentado da Casa. Inúmeras são as minhas responsabilidades na faculdade, tenho ficado sem tempo algum para lazer, família, mas consegui escrever mais um capítulo.
Não sei se todos os que leem tem achado a estória confusa, sem graça – como um dos comentários que recebi, o qual agradeço muito, pois permite-me avaliar a opinião de vocês -, mas tenho dado o melhor de mim. Com esse conto eu tenho tentado fugir da obviedade, da mesmice de muitos contos da Casa. Não menosprezo o talento de ninguém, e sei que muitos escritores aqui dão o melhor de si, assim como eu, mas tento criar estórias que, embora já conhecidas, sejam recontadas de outra maneira.
Sexo e apenas sexo não é o foco dos meus contos, apesar de ter uma imaginação muito fértil para tal. Enfim, não prometo outro capítulo essa semana, mas semana que vem, dando tudo certo, eu posto outro para vocês.
Meus sinceros agradecimentos aos que comentam em Solar e em Irresistível Força. Cada comentário, cada e-mail e cada voto é muito importante para mim.
Sem mais para dizer, desejo uma ótima leitura a todos. Tenha um excelente fim de semana. Até a próxima.
Beijos. Amo vocês!
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