A História de Melissa - Capítulo VIII

Nota da autora: Oie gente! Resolvi remodelar a Historia da Melissa. Apaguei os seis capítulos antigos e vou publicar a partir de hoje capítulos menores, mais fáceis de ler, retirando alguns problemas de tempo e de continuidade além de expandir a estória. Espero que gostem. Beijus a todos.

Capítulo 8

As férias de julho chegaram rápido e de forma tranquila, continuei a experimentar as roupinhas que consegui garimpar, conversava com minha galerinha, mas o que mais me incomodava era a resposta à pergunta de um milhão de dólares, "Será que se eu me revelar para minha mãe ela me aceitaria? Qual seria a reação dela? Oque eu deveria fazer?" Isso me atormentava. Até que um dia aconteceu uma coisa que praticamente respondeu essas perguntas.

Tudo começou no primeiro dia das férias de julho, a campainha da sala bateu e o Ricardo meu irmão abriu e rapidamente chamou minha mãe e minha tia, uma bomba tinha explodido na sala. Fernando voltou para casa depois de seis meses de ausência, mas meu ex-amante agora preferia ser chamada de Marcela, estava usando um salto 10, preto envernizado, um vestido preto justinho com saia acima do joelho e uma fenda em forma de gota na altura o umbigo mostrando um percing de ouro com um brilhante. Seu olhar estava brilhante, sexy. Gente meu ex virou mulher!!!

Meus irmãos ficaram meio paralisados, com olhar de espanto, minha mãe e minha tia desmarcaram dois clientes e chamaram todos para conversar. Ai que medo essa reunião de família, meu coração estava palpitando, seria um momento muito adequado para saber a reação da família em relação ao meu primo, ou melhor minha prima, e ver o que eu vou fazer sobre a minha vida.

Mamãe assentou na cabeceira da mesa como uma matriarca e com a voz decidida, mas ligeiramente tremula pela emoção ela começou, “Bom gente, eu preferia não estar tendo essa conversa hoje, mas o Fernando antecipou a minha intenção e da tia de vocês o que eu tenho para dizer." Todo mundo continuava calado, mas eu vi um olhar de apreensão no rosto de Marcela e de alivio no rosto da tia Marluce, achei naquela hora que tudo ia acabar bem. "Eu tenho quatro coisas para dizer,", continuou minha mãe, "e caso algum de vocês não aceitarem a porta da rua é a serventia da casa", tremi. "O primeiro ponto é uma coisa que eu e a tia de vocês escondemos por muito tempo. O meu marido, Renato, e o tio de vocês, Marcelo. Bem acontece que eles morreram não por acidente de barco no Araguaia como vocês sempre pensaram. Eles foram assassinados em São Paulo. Na época o preconceito entre homossexuais, travestis e transformistas era muito maior e o pai de vocês eram transformistas."

Todo mundo começou a tentar falar alguma coisa, mas mamãe foi enérgica e mandou todo mundo calar a boca e disse que só daria a palavra depois de terminar de dizer o que ela tinha para dizer. "O pai de vocês era muito amoroso, ele era majoritariamente heterossexual, mas gostava de fazer shows de transformismo e nós nos amávamos e aceitei esse lado dele, da mesma forma em relação ao tio Marcelo e a Marluce. Hoje eles seriam chamados de Drag Queens. O nome artístico do Renato era Melissa van Hoeven e do Marcelo era Marcela van Hoeven, eles apresentavam em boates no Arouche, em São Paulo, sob o nome de Irmãs van Hoeven." Na hora correu uma lagrima sobre meu rosto, fiquei muito emocionada com tudo aquilo.

Minha mãe continuou, "Bem esse era o primeiro assunto, o segundo trata-se entre eu e sua tia, sua mãe viu Marcela!" Ela acabou de chamar meu primo de Marcela, isso é um sinal de aceitação, meu coração palpitava mais que eu podia aguentar. "Depois que nós ficamos viúvas, foi um grande baque, e nós nos apoiamos muito e a perda deles foi muito, muito triste para nós duas. Ai aos poucos foi aparecendo um carinho muito grande entre a gente e nisso ocorreu que eu amo a Marluce e ela me ama, e desde algum tempo a gente vive juntas como um casal, apesar de escondidas." As duas deram se as mãos e sorriram uma para a outra. Nessa altura do campeonato eu e Marcela já não escondíamos mais nossa emoção e nossos olhos já estavam cheios de lagrimas e com as mãos dadas uma da outra, como grandes amigas. Ricardo e Renato demonstraram menos, mas dava para ver que eles também estavam emocionados sem sinal de reprovação.