Foi há muito, muito tempo, quando os europeus começaram a chegar nas longinquas e recém descobertas terras do Brasil.
A jovem portuguesa Leocádia atravessara o oceano ao lado de Francisco, seu marido, e mais um punhado de conterrâneos. Traziam um filhinho de colo. Vinham atrás das promessas de riqueza fácil que corriam na Europa sobre o novo continente.
A viagem fora longa e infernal. Pouca água e de péssima qualidade, alimentação pior ainda, sujeira, fedor e muitas doenças. O bebê não resistira e ficara no meio do caminho. Seu túmulo fora o mar infinito.
O casal chegou a salvo, apesar de tudo, e se instalara com outros colonos numas terras ainda virgens, sempre temeroso dos ataques dos índios, que eram então os donos da terra.
Trabalharam duro, derrubaram matas, e em alguns meses já haviam plantado as primeiras hortas, e erguido casas rústicas de barro com telhado de um capim grosso chamado santa - fé. Leocádia deu à luz uma menina.
As coisas estavam tomando forma na nova terra, quando Francisco morreu de uma febre dos trópicos.
Leocádia ainda não completara 20 anos e já era viúva, numa terra estranha, com uma filhinha pequena, e outro que dormia no mar.
Que seria dela, pensou angustiada.
Seu desejo era voltar a Portugal, mas seria muito difícil.
E depois, precisava pensar em América, sua filhinha.
O nome fora posto em homenagem ao novo continente.
Não queria que acontecesse a ela o mesmo que ao seu filho mais velho.
Leocádia nunca amara seu marido, fora obrigada a se casar com ele por seus pais, que tinha apenas 14 anos.
Francisco já tinha 40 anos, era um homem rude, bebia muito e fedia como um porco.
Leocádia estremecia sempre que lembrava de sua noite de nupcial.
Ela era uma menina inocente que não sabia de nada, e ele se jogara sobre ela e roubara sua virgindade numa dor aguda...
Ele tinha uma coisa horrível no meio das pernas, e Leocádia odiava quando de noite ele metia aquilo dentro dela.
Mas estar sozinha numa terra estranha era ainda pior.
Era claro que, desde a morte de Francisco, muitos homens encaravam a jovem e bela viúva cheios de desejo, afinal as mulheres brancas eram raras no Brasil.
Leocádia, porém, sentia repugnancia por todos aqueles portugueses e espanhóis, tão rudes e suados quanto seu marido.
E não sabia o que fazer...