Diário de um Hétero REAL - 05 [MAIS UM NA MULTIDÃO]

Um conto erótico de Tomas
Categoria: Homossexual
Contém 2273 palavras
Data: 01/08/2016 00:36:30
Última revisão: 01/08/2016 01:57:42

05.

Eu: como assim perdeu a criança? – juro que senti um misto de felicidade com tristeza; uma lágrima se formou e depois que caiu parece que abriu a cascata junto, chorei copiosamente nos braços do Jimmy. Um choro de raiva, de esperança (?), de amargura. Minha cabeça estava a mil. O Jimmy sabia que eu ainda amava muito o Matt, muito mesmo. Eu não poderia machucá-lo dessa forma, dando falsas esperanças a ele, e talvez isso era o que mais me doía, saber que existia um cara tão maravilhoso quanto o Jérémy, que estava ali aos meus pés, pronto pra me amar e me fazer feliz e eu simplesmente recusava esse amor. Isso só piorava o que eu sentia por dentro...

Jimmy: shiii... calma... calma... tudo isso vai passar. E eu vou estar aqui esperando você!!! – disse ele me olhando profundamente nos olhos, tentando decifrar o que se passava na minha cabeça.

Como eu poderia não amá-lo? Como eu me sentia egoísta... “mulher de bandido...” foi isso que veio na minha cabeça. Mon Dieu!!! Jimmy me deitou no peito dele e cantarolou uma música que eu amooooo e assim eu adormeci. YOUR SONG (ELTON JOHN)

It's a little bit funny this feeling inside

I'm not one of those who can easily hide

I don't have much money, but, boy, if I did

I'd buy a big house where we both could live

If I was a sculptor, but then again, no

Or a man who makes potions in a travelling show

I know it's not much, but it's the best I can do

My gift is my song and this one's for you

And you can tell everybody this is your song

It may be quite simple, but now that it's done

I hope you don't mind

I hope you don't mind that I put down in words

How wonderful life is while you're in the world

I sat on the roof and kicked off the moss

Well, a few of the verses, well, they've got me quite cross

But the sun's been quite kind while I wrote this song

It's for people like you that keep it turned on

So excuse me forgetting, but these things I do

You see, I've forgotten if they're green or they're blue

Anyway the thing is what I really mean

Yours are the sweetest eyes I've ever seen

And you can tell everybody this is your song

It may be quite simple, but now that it's done

I hope you don't mind

I hope you don't mind that I put down in words

How wonderful life is while you're in the world

I hope you don't mind

I hope you don't mind that I put down in words

How wonderful life is while you're in the world

TRADUÇĀO

É um tanto engraçado esse sentimento aqui dentro

Não sou daqueles que conseguem esconder facilmente

Não tenho muito dinheiro, mas, garoto, se eu tivesse

Compraria uma casa grande onde nós dois pudéssemos morar

Se eu fosse um escultor, mas eu também não sou

Ou um homem que faz poções em um circo

Eu sei que não é muito, mas é o melhor que posso fazer

Meu dom é a minha canção e esta é pra você

E pode dizer a todos que esta é sua canção

Pode ser um tanto simples, mas agora está pronta

Eu espero que não se importe

Espero que não se importe que eu me expresse em palavras

Como a vida é maravilhosa enquanto você está no mundo

Eu sentei no telhado e tirei os musgos

Alguns desses versos, me deixaram embaraçado

Mas o sol foi um tanto gentil enquanto eu escrevia esta canção

É por pessoas como você que ele continua a brilhar

Então, me desculpe por esquecer, mas eu faço essas coisas

Veja só, eu esqueci se eles são verdes ou azuis

De qualquer forma o que eu realmente quero dizer é

Que seus olhos são os mais lindos que eu já vi

E pode dizer a todos que esta é sua canção

Pode ser um tanto simples, mas agora está pronta

Eu espero que não se importe

Espero que não se importe que eu expresse em palavras

Como a vida é maravilhosa enquanto você está no mundo

Eu espero que você não se importe

Espero que não se importe que eu expresse em palavras

No dia seguinte acordei com uma mega ressaca moral. Dormi feito uma pedra lunar porém parecia que não tinha pregado os olhos.

Renan: qualé parça que cara é essa? Parece que passou um trator por cima de tu brother!! – disse isso e apontou pro meu rosto.

Eu: Putain de merdeeeeee! – olhei no espelho o roxo que estava no meu rosto e alguns hematomas pelo meu corpo. – cara nem me dei conta que a briga foi feia mesmo...

Renan: queria saber o por que do outro carinha ter saído tāo transtornado do banheiro... me fala ae o que que tá pegando?

Eu: Renan desculpa, mas não posso contar... não tenho coragem pra te contar... – falei abaixando a cabeça.

Então do nada ele segura meu queixo e fala olhando no fundo dos meus olhos: - tu ama aquele carinha né?!?! Dá pra perceber de longe o rolo de vocês, mas saiba que se quiser conversar sobre isso ou qualquer outra coisa eu sou acima de tudo teu parça, te vejo como um irmão que nunca tive e não vou deixar nada nem ninguém te ferir... – e nisso veio e me deu um abraço protetor, acolhedor, fraterno. Me senti bem naqueles braços, me sentia mais leve de ter alguém com quem compartilhar minhas dúvidas e medo.

E foi assim que relatei tudo a Renan. Ele não me interrompeu em nenhum momento, ouvia meu relato e fazia várias expressões engraçadas (ele sempre foi assim muito expressivo, tipo de fazer caras e bocas). Ao final do meu relato, ele simplesmente me disse para “seguir meu coração”.

Eu: Renan, já que estou me abrindo pra você, acho que tenho a liberdade pra te perguntar algo. Posso?

Renan: demorô, manda ai...

Eu: você levou super de boa minha revelação, tipo você é gay? – perguntei meio sem graça.

Renan: cara, na boa mesmo... eu não me ponho rótulos, apenas vivo e tento ser feliz, seja com mulher ou homem. – falou sereno e franco.

Eu: cara você a cada dia me surpeende mais... tenho sorte de ter você como ami... – fui interrompido por ele.

Renan: ... amigo nāo! IRMÃO. Como disse pa tu, te considero um irmão! – falou num tom seguro porém dava pra perceber fraternidade vindo da parte dele.

Eu: acho que vou dar uma volta na Paulista, quero pensar um pouco, colocar as ideias no lugar.

Renan: vou junto com você...

Eu: se você não levar a mal, prefiro ir sozinho... – galera sou de escorpião e eu sempre tenho esses momentos introspectivos, onde preciso me desligar do mundo exterior e mergulhar no “meu mundo”, aproveito pra fazer uma autoanalise de tudo o que está acontecendo na minha vida. Literalmente preciso ir ao fundo do poço e voltar. E quando isso acontece sempre volto mais forte.

Renan: sem bronca... mas vou subir com você até a Paulista, preciso passar na Fnac... bora?!

Narrado por Matt

Não acreditei quando o vi entrando na balada. Juro que não esperava que ele fosse pois o Jimmy falou pra minha amiga que ele não iria. Meu coração acelerou quando o vi. Lindo. Aquele ar de moleque maroto que me encantou desde a primeira vez que o vi. Senti minhas mãos suarem. Minhas pernas bambearam. Como pode ele mexer tanto assim comigo? Porém quando vi um carinha do lado dele, rindo e sendo apresentado ao Jimmy, senti uma raiva tão grande me consumir. Meus olhos tremiam de ódio. Foi quando nossos olhares se encontraram. Senti um frio percorrer minha espinha. Meus músculos todos rígidos, retesados, como se estivesse indo para uma briga. Vi que seu sorriso se desmanchou na mesma hora que nos olhamos. Sinal de que ele não tinha gostado de me ver ali. Senti meu ódio aumentar. Ele se achava melhor do que eu? Falava que me amava mas já estava fudendo com outro. Isso não ia ficar assim! Não mesmo.

Passei o resto da noite os observando. Eles foram pro bar. Bebiam muito, sabia que mais cedo ou mais tarde aquele álcool ia ter que ser eliminado e essa seria minha oportunidade de tirar essa história a limpo. Fiquei com mais raiva ainda quando ele começou a se exibir dançando em cima de um palquinho. Meus punhos se fecharam quando o vi tirar a camisa e se exibir que nem uma puta dançando por uns trocados em cima de um balcão de bar de boate. Apertei tanto os punhos que minhas veias se vasodilataram que parecia que iam explodir. Nem precisei esperar por muito tempo. Vi quando ele se dirigiu ao banheiro, sozinho, e eu fui atrás.

Dei de cara com ele que estava quase saindo do banheiro.

Matt: o que pensa que está fazendo? – falei cuspindo o ódio que sentia.

Tomas: ham? O que? – senti certo deboche da parte dele.

Matt: que palhaçada é essa? Quem é esse cara? É ele que tá te comendo? Veio esfregar teu novo macho na minha cara é isso???? – falei segurando forte em seus braços e jogando-o dentro do reservado.

Tomas: ahhh o Renan? Gato ele neh? – falou ironicamente. – tá me comendo sim, fazendo o que você não teve capacidade de fazer. – disse isso com um risinho de canto de boca.

Nāo vi mais nada. Fiquei cego de raiva. Disparei um soco nele que fez ele bater na parede dentro do reservado. Fiquei assustado com minha reação. Como poderia machucá-lo dessa forma? Sou um inútil. Acho que nem ele acreditou no que eu tinha acabado de fazer. Ele me olhava incrédulo. Contudo, senti um golpe no rosto me acertar na mesma velocidade dos meus pensamentos. Dessa vez fui eu quem ficou incrédulo. Ele partiu pra cima de mim e eu só tentava me defender. Várias pessoas tentavam nos separar. O Jimmy chegou e separou a gente e eu saí dali em disparada nem olhando para trás.

Peguei meu carro e ao entrar parece que toda aquela tensão se esvaiu e eu desabei num choro sentido, profundo, as lágrimas pareciam querer me lavar a alma, elas queriam me livrar de todo aquele sentimento de culpa e remorso por magoar alguém tão especial como o Tomas. Meus olhos estavam embaçados e mesmo assim sai dirigindo pelas ruas de São Paulo. Dirigia sem destino. Foi quando senti uma pancada forte ao lado do meu carro. Senti meu corpo ser projetado para fora, levitando no ar. Tudo aconteceu muito rápido. Senti um gosto amargo na boca. Meus pulmões pareciam estar sendo comprimidos pois não conseguia respirar. Ouvi vozes ao fundo. Gritos. Logo depois sirenes. Meus olhos não conseguiam se abrir. Ouvi gritos. Senti duas māos afundarem no meio do meu tórax. Comprimindo e relaxando. Comprimindo e relaxando. Senti o ar se deslocando como dois sopros profundos para dentro de meus pulmões. E de repente não senti mais nada.

Narrado por Tomas

Caminhava pela avenida mais famosa do país, arranha-céus, carros e milhares de pessoas indo e vindo, em todas as direções. Ali eu era mais um na multidão. Tentando sobreviver na selva de pedras. Tentando entender as amarguras e dessabores da minha vida. Por que eu amava alguém que só me fazia sofrer? Por que não conseguia amar o Jimmy? Seria tudo tāo mais fácil. Mas a vida não é fácil neh mesmo?!?! Caminhava rumo ao Conjunto Nacional. Adorava morar naquela região. Amava me perder nas curvas das arquiteturas dos prédios de São Paulo, e assim, sendo mais um na multidão ia fazendo a autoanalise da minha vida.

Sinto meu celular vibrar. “JIMMY” aparece no visor. “não, eu não vou atender” pensei. Deixei a chamada cair na caixa postal. Resolvi entrar no Conjunto Nacional e vi que ali estava exposto um enorme cachorro. Gigante mesmo. Celular vibrando de novo. “JIMMY” – recusei a chamada e desliguei o celular. Decidi subir a rampa e ir até o terraço do Conjunto Nacional. De lá de cima fiquei observando a movimentação dos carros lá embaixo na Paulista. Fiquei ali em torno de 1 hora. Resolvi voltar pra casa de metrô, apesar de ter andando só duas estações. Desci na brigadeiro, e assim que entrei em casa, sou surpreendido por um Jérémy nervoso.

Jimmy: senta aí. Preciso te falar algo mas me prometa que você vai ser forte...

Eu: o que aconteceu Jimmy? – falei rápido e já nervoso.

Jimmy: se acalma... tenta ficar calmo... – disse isso e respirou profundamente.

Olhei pro Renan e seu olhar dizia “seja forte eu tô aqui”.

Eu: vas-y Jérémy ! (Vai Jérémy!) – falei não aguentando mais aquele clima fúnebre, como se algo de muito ruim tivesse acontecido.

Jimmy: ontem a noite o Matt sofreu um acidente de carro... – falou enquanto segurava minhas mãos.

Senti meu corpo gelar. Senti faltar o chão. Por pouco não desmaiei.

Eu: foi grave? Ele tá bem? Fala porraaaaa... – já falei isso no meio de um choro compulsivo.

Jimmy: infelizmente foi muito grave sim...

Eu: nãããooooo... ele morreu? Jimmy me fala logo, ele morreu???...

(Continua

Pessoas mil desculpas pelo sumiço mas tinha voltado pra França pra resolver problemas de doença na família. Tem um mês mais ou menos que voltei ao Brasil. E dessa vez espero ficar. Resolvi dar continuidade na minha história. Aqueles que já acompanhavam, espero que gostem desse capítulo e aos que chegaram agora, sejam bem-vindos!


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Comentários

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Muito linda sua história, realmente conseguiu prender minha atenção de uma forma rara, eu quase que senti o mesmo que ele sentia... Ansioso para o próximo capítulo!

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linda a sua historia. confesso que tive que voltar a ler os capitulos anteriores, pois vc demorou bastante pra postar a continuação dessa historia linda. Fico feliz que voltou a postar. vê se nao demorar postar o próximo capítulo. to ansioso pra saber o que vai acontecer com o matt vacilão.

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