LILIANA:
...
Me desesperei, fui para cima do meu filho para tentar reanima-lo, mas com esforço conseguiram me tirar da sala, uma enfermeira ficou abraçada comigo enquanto eu chorava desesperadamente até que tudo começou a ficar escuro e apaguei.
...
Acordei lentamente, estava um pouco tonta e aos poucos pude ver que o Ricardo estava sentado na cadeira ao lado da cama que eu estava deitada, quando viu que eu acordei ele deu um sorriso e segurou minha mão, tentei me levantar rapidamente mas cai na cama novamente, estava tonta demais para conseguir me levantar.
R: Calma aí Liliana, eles te deram uns remédios para você dormir, acho que você ainda está sob efeito deles.
Eu: Ricardo, eu tive um sonho muito estranho, meu filho, meu Diego morria...
R: e morreu...
Eu: Meu Deus, meu filho – falei voltando a chorar.
R: ele morreu por três minutos, mas conseguiram reanima-lo, os médicos daqui do hospital provaram que são muito bons.
Eu: então, ele esta vivo?
R: e esta na em observação, eles conseguiu salvar a vida dele.
Nesse momento todo o peso e medo que estavam nas minhas costas despareceram coloquei a mão no rosto e desabei de uma só vez na cama e comecei a agradecer a Deus por ter salvo a vida do meu filho, mas agora a pergunta que fica é: como foi que tudo isso aconteceu?
Eu: como isso aconteceu? – perguntei olhando seriamente para ele.
R: foi meu pai, ele mandou fazer isso.
Eu: aquele desgraçado, eu vou matar aquele velho.
R: talvez não precise, por minha causa eles prenderam o sujeito que fez isso com Diego e ele falou tudo, disse que meu pai o contratou para dar um susto, mas como a situação saiu do controle, ele usou a faca e deu no que deu. A polícia foi até a casa do meu pai e ele foi preso.
Nesse momento entrou o Dr. José Carlos entra pela porta perguntando se eu estava melhor, depois de me analisar e constatar que eu estava bem mais calma e depois de muita insistência minha ele nos deixou ver o meu filho. Chegando à sala em que ele estava, eu disse a Ricardo que poderia pegar em sua mão se ele quisesse e assim ele fez, pegou na mão do meu filho e ficou ali perto dele. Diego estava pálido e parecia muito fraco, tendo em vista pelo o que ele passou, posso dizer que ele estava muito melhor, Ricardo começou a chorar e a pedir desculpas pelo que tinha acontecido.
Eu: ei, para com isso, você não é culpado de nada.
R: sou, meu pai mandou fazer isso por minha causa, se Diego está nessa situação, a culpa é minha – ao ouvir ele falando assim eu o abracei para ele saber que estava tudo bem.
Eu: fique tranquilo meu filho, você não teve culpa de nada, foi o seu pai que fez isso, não você, você é inocente.
R: obrigado Liliana – ele falou limpando as lágrimas.
Eu: agora eu tenho que saber como falar tudo isso para o pai dele, Paulo vai surtar.
R: eu já fiz isso...
Eu: como assim você já fez isso?
R: ele ligou para o celular do filho e eu não consegui me segurar e contei tudo o que aconteceu.
Eu: ai Jesus, e ele?
R: essa hora deve estar voando para cá.
Eu: Fodeu, agora sim a gente vai tudo para a puta que pariu...
D: isso é jeito de falar mãe? – ouvimos aquela voz fraca vindo da cama.
Eu: filho – falei baixinho – você acordou.
R: amor – ele foi um pouco mais desesperado.
D: minha barriga dói um pouco – ele falou tentando se mover.
Eu: não, o efeito do remédio esta passando, vou chamar seu enfermeiro.
D: Eu to com sono – ele falou isso e apagou.
R: Diego? Amor?
Eu: ele voltou a dormir, mas ainda está sentindo dor, vou chamar o enfermeiro para resolver isso.
R: esta bem.
...
PAULO:
...
Quando o Ricardo me ligou meu mundo desabou debaixo de mim, larguei tudo e corri para a internet para comprar a primeira passagem que eu achasse para o Recife, minha esposa não poderia ir, pois estava viajando a trabalho só iria voltar depois de uma semana, liguei para ela avisando o ocorrido e disse que iria viajar para o Recife e que iria deixar nosso filho com a tia dele, irmã da minha mulher e voltaria quando tudo se resolvesse.
A primeira passagem que me apareceu eu comprei, o voo sairia as 18:00 então, fui até o escritório da polícia civil e expliquei minha situação, recebi por email todos os documentos do hospital que atestavam o que aconteceu com meu filho e recebi a licença do trabalho. Fui para o aeroporto e peguei o avião mais uma vez rumo ao Recife.
As 22:30 eu cheguei no Recife, Liliana estava no hospital mas eu liguei para o Ricardo e ele estava o apartamento junto com o Guilherme então resolvi ir para lá. Cheguei no apartamento e logo o Ricardo abriu a porta.
R: Senhor Paulo eu...
Não esperei ele terminar e com toda a minha força eu o segurei pela gola da camisa e o empurrei contra a parede com força.
Eu: é culpa sua seu idiota!
G: solta ele! – Guilherme veio ajudar Ricardo, o menino agarrou na minha perna e me deu uma mordida com toda força que tinha, isso fez eu soltar o Ricardo e empurrar o menino no chão.
Quando vi aquele menino caído no chão e o Ricardo com cara de assustado, eu voltei a mim e recobrei a minha razão, o que eu estava fazendo, claro que não foi culpa do garoto o meu filho estar nessa situação, foi culpa do pai dele que é um monstro, o que eu estava fazendo era querer achar um culpado por tudo o que tinha acontecido e nesse momento o culpado que eu achei foi o Ricardo.
Eu: des... desculpa – falei tremendo – eu não queria fazer isso, eu não sei o que estou fazendo – levantei Guilherme do chão que corajosamente estava segurando o choro e o abracei pedindo desculpas.
R: Senhor Paulo, a gente tem que conversar.
Ele me contou tudo o que aconteceu, nesse meio tempo o Guilherme que estava sentado conosco no sofá adormeceu e caiu com a cabeça no meu colo, peguei o menino nos braços e o levei para sua cama dele, o cobri e voltei para conversar com o Ricardo.
R: nós quase o perdemos Senhor Paulo, ele morreu, mas voltou para nós.
Eu: E foi o seu pai que fez tudo isso?
R: Sim, ele perdeu a razão, não suporta que eu seja gay e esteja namorando um garoto.
Eu: seu pai é um monstro, bom, acho que já vou dormir, amanhã bem cedo eu quero ir ver meu filho, Liliana não atende o celular.
R: é porque ela esta cuidando dele, então deve ter deixado seu celular desligado, enfim, vá dormir, amanhã vamos para o hospital.
Nos despedimos e eu fiquei no quarto com o Guilherme e o Ricardo foi para o quarto do meu filho, deitei no colchão que estava ao lado da cama do garoto e logo adormeci.
G: Tio Paulo, acorda.
Acordei com Gui me chamando, minhas costas doíam por causa do colchão e levantei devagar.
Eu: realmente estou muito velho para dormir assim.
G: vamos para o Hospital?
Eu: vamos sim, o que é isso garoto? Por que você esta pelado? – olhei para ele com uma cara de interrogação.
G: porque eu odeio usar roupas, prefiro dormir assim – falou ele pegando uma cueca e um short – mamãe odeia quando eu fico pelado.
Eu: não é pra menos, você já esta bem grandinho para sair pelado por aí.
G: eu sei, mas ainda não gosto de dormir vestido.
Eu: esta bem, vamos comer algo para ir para o hospital.
G: ok – falou saindo do quarto.
Eu: moleque maluco.
Quando saímos de casa, tudo o que eu pensava era ver o meu filho para ter certeza de que ele estaria realmente bem, Ricardo ia calado do meu lado quando eu resolvi quebrar o gelo que estava naquele carro.
Eu: então filho, não se preocupe, vai ficar tudo certo.
R: só estou pensando.
Eu: pensando no Diego?
R: também, estou pensando no que fazer com meu pai, ele esta preso mas esta lutando para sair da cadeia, nem fui lá falar com ele se não eu era capaz de mata-lo, então mandei minha mão o dizer que nunca mais me procure. Ele é a pessoa que eu mais odeio em todo o mundo.
Eu: eu também passei a odia-lo. Mas vai ficar tudo bem. E essa história de que vocês vão ter um filho, me explica isso.
...
Fomos conversando no carro e Ricardo foi me deixando a par te tudo o que acontecia na relação dos dois e comecei a perceber que meu filho acabou encontrando o cara certo para ele. Depois de uns 20 minutos chegamos ao hospital e logo fomos para o quarto do meu filho. Chegando lá encontramos ele comendo com a ajuda da mãe.
Eu: eu disse que da próxima vez eu te levaria de volta para o Rio não foi.
D: pai! – foi só o que ele falou e seus olhos se encheram de lágrimas.
Fui até o meu filho e o abracei forte me esquecendo de sua atual condição, ele deu um gemido de dor e eu separei o abraço.
D: não se preocupe, esse é um dos melhores abraços do mundo.
R: oi amor.
D: oi.
Ricardo se aproximou dele e lhe deu um selinho.
R: esta melhor?
D: sim, um pouco fraco, mas bem melhor do que ontem.
G: oi irmão, vim para ficar com você aqui.
D: vem cá Gui seu fofo – os dois se abraçaram.
Liliana veio até mim e pediu para a gente conversar lá fora, ela estava séria, foram poucas vezes que eu vi ela com aquela cara então fui na seriedade também, quando chegamos no corredor ela me abraçou e começou a chorar, um choro forte e silencioso começou a molhar meu ombro enquanto ela me abraçava com força.
L: nosso filho Paulo, olha o que fizeram com nosso filho...
Eu: xiiii, calma, vai ficar tudo bem, calma – eu a amparava enquanto ela chorava.
L: eu quero aquele monstro do Oswaldo trancafiado para sempre na cadeia, quero que ele morra lá dentro, quero ver ele destruído, quero o sangue dele.
Eu: calma Liliana, esse tipo de pensamento não ajuda em nada, nosso filho sofreu esse atentado mas ele esta vivo e temos que ser gratos por isso, isso é o que importa.
L: desculpe, eu não estou no meu melhor dia.
Eu: não se preocupe.
G: mãe, o Ricardo está chamando vocês dois lá dentro – falou o menino Guilherme nos chamando.
L: já vamos.
Enquanto entravamos no quarto, eu observava Liliana, tão forte e tão resistente, sempre foi assim que a vi, aquela mulher que há décadas eu conheci como uma menina e naquela época já era forte, bem estruturada e decidida quanto a vida, nunca se deixava abalar por nada, mas dessa vez eu a vi desmoronar, vi aquela mulher forte cair bem na minha frente, isso me mostrou que ela era a mãe que meu filho precisava ter, mesmo eu duvidando disso muitas vezes, mas naquele momento ela mostrou que realmente era mãe e apesar de suas loucuras ela realmente se importava e o amava, não posso separar eles dois de novo, tenho que deixa-lo com ela e seu namorado, ele não seria feliz voltando para o Rio de Janeiro comigo...
R: então, eu chamei vocês dois porque eu queria falar uma coisa importante.
L: fala logo rapaz, fiquei curiosa.
Ricardo se sentou na cama do lado de Diego, olhou em seus olhos e lhe deu um beijo na testa.
R: eu quase te perdi ontem, não quero ver isso acontecer nunca mais, meu pai fez aquilo para poder te dar um susto e nos separar, mas tem uma maneira de ninguém nunca nos separar. Diego, você quer se casar comigo.
Diego arregalou os olhos e abriu a boca de surpresa sem saber o que falar, Guilherme jogou as mãos para o alto e gritou um forte “viva!” Liliana sorria emocionada e com os olhos cheios de lágrimas e tudo o que eu consegui dizer foi...
Eu: O QUE??????????????
...
<3 Acharam mesmo que eu ia matar o meu personagem favorito? Kkkkkkkkkkk Beijos e até a próxima <3