Cap.18
Depois daquele almoço e daquela conversa ligeiramente triste, voltamos para o hotel.
-E depois de tudo o que aconteceu comigo, é assim que eu me sinto... Meio encurralado, sem saber o que fazer...
-Sabe o que eu acho ?
-O quê ?
-Você sabe sim o que tem fazer. Só não quer aceitar. Seu caso é igual o meu Elias...
-Mas, como eu posso ter certeza disso ?
-Você quer mesmo ter certeza ?
-Quero... - ele sorriu.
-Quer sair comigo a noite ?
-O quê ?
-Tem uns bares por aqui, a gente pode beber algo. Só lembra que eu não bebo álcool mais então eu vou beber um refrigerante. Depois a gente pode ir pro seu quarto, sem pressão... - eu entendi logo o que ele queria dizer com aquilo. Olhei ele de cima a baixo e, ele não era um homem feio.
-Ok, eu saio com você de noite...
TEMPO DEPOIS
Eu nem sei porquê aceitei aquele convite. Talvez a vontade de experimentar aquilo de novo e ver se eu realmente gostava daquilo. A noite caiu, decidi vestir uma camisa branca que eu gostava muito, uma bermuda e um sapato. Por volta de oito horas ouvi batidas na porta. Quando abri, era ele.
-E então, vamos ?
-Vamos... - falei, trancando a porta assim que sai.
MINUTOS DEPOIS
Chegamos num bar lá perto. E como sempre, bares de cidades turísticas vivem lotados a noite. Fomos até o balcão, eu pedi um drink, ele um refrigerante. Mas eu não pretendia beber muito aquela noite. Seria apenas aquele drink.
-E então, de onde você é ? - ele perguntou.
-Do Rio de Janeiro.
-Nasceu lá ?
-Sim...
-E o que você faz da vida ?
-Sou médico. Trabalho num hospital de lá a algum tempo.
-Esse seu amigo que você me contou hoje a tarde é seu amigo de trabalho ?
-É... Ele trabalha comigo já a alguns anos.
-Interessante... Olha, eu não sei o que você pensou depois do convite que eu te fiz... Se ficou assustado, sei lá... Também não quero que pense que eu inventei aquela história apenas para amolecer seu coração. Mas é que... Depois de sofrer tanto, as vezes é bom conhecer alguém e sentir a sensação de beijar alguém de novo.
-Eu não pensei nisso em momento algum. Eu aceitei esse convite por que quero saber como me sinto com você... Se é parecido com o que senti por ele...
-Você tem certeza que quer fazer isso ?
-Tenho...
MINUTOS DEPOIS
Bebi esse drink, conversamos um pouco mais, comemos alguns aperitivos e então viemos embora. Não nego, eu estava nervoso. Parecia que eu ia perder a virgindade de novo. Minhas mãos estavam geladas e minha mente estava confusa. Assim que eu entrei no quarto e ele entrou em seguida, travei. Não sabia o que fazer direito, nem o que pensar.
-Tá tudo bem ? - ele perguntou.
-Tá, tá sim... Eu só acho que, eu não consigo tomar a iniciativa... - ele sorriu.
-Você é tão parecido comigo... - falou ele , saindo de trás de mim e vindo para a minha frente. De repente então ele pegou na minha mão – nossa, você está gelado. Está bem mesmo ?
-Sim, eu estou, é o nervosismo... - ele me puxou levemente em seguida, me fez caminhar até a cama. Fez com que lá eu deitasse. Em seguida ele se deitou sobre mim. Meu coração foi a mil. Eu olhava nos olhos dele, ele nos meus e não sabia o que pensar. Estava incrivelmente submergido no nervosismo que não me deixava pensar direito. Engoli a seco aquele olhar dele. E apesar de tudo, começei a me excitar. E então ele me beijou. Num primeiro momento não pensei em nada. Porém em seguida o rosto do Renato veio a minha mente, e o que se passou com a gente na cama veio com tudo, de modo que eu não consegui mais continuar com aquilo. De repente, tirei ele de cima de mim.
-O que foi ? - ele perguntou.
-Não dá... Não dá...
-Não dá porquê ?
-Não é nada parecido com o que eu senti quando eu beijei ele... Desculpe-me Lucas mas eu não posso fazer isso. Agora eu entendo tudo... É só com ele, é só com ele que eu me sinto assim... - falei, para em seguida começar a arrumar as minhas coisas.
-Espera, para onde você vai ?
-Vou voltar pro Rio...
-Mas a essa hora ?
-Não posso perder um minuto a mais... - falei. Arrumei rapidamente,tinha trazido poucas coisas. Ele logo se levantou – me desculpe Lucas... Você parece ser uma boa pessoa, e eu realmente espero que encontre a sua felicidade – falei. Peguei um post-it por entre as minhas coisas e escrevi o meu número dele – espero que sejamos amigos. Se quiser falar comigo, é este o meu número. Se for ao Rio, pode me ligar que eu te ajudo no que precisar. Mas eu não posso mais me enganar... Agora eu entendo tudo – falei. Ele saiu, e em seguida eu também.
-Até breve... - falou.
-Até... - sai quase que correndo. Fiz o meu check-out no hotel, corri para a garagem e peguei o meu carro. Ele precisava saber. Enfim eu havia descoberto a verdade.
MINUTOS DEPOIS
Fui no meio da madrugada mesmo para o Rio. Não pensei em segurança, em risco, nada... Eu só queria vê-lo e dizer que eu havia descoberto a minha verdade. Como esperado, a estrada estava vazia. Por volta das 02h da manhã, eu cheguei no prédio dele. Pedi as minhas coisas e apertei a campainha, uma, duas, três, várias vezes. Até que a porta foi aberta.
-Elias ? O que está fazendo aqui a esta hora ? Não estava em Búzios ? – ele estava todo amassado e com cara de sono, mas aquilo não importava. Dei o abraço mais forte que eu já dei em alguém naquele momento.
-Você não sabe o quanto eu queria te ver.
-Me ver ? Mas porquê ? Aconteceu algo ?
-Aconteceu... Aconteceu sim... Eu descobri a verdade Renato...
-Verdade ? Mas que verdade homem ? Você bebeu foi ?
-Não... Estou mais sóbrio do que nunca... A verdade, é que é só você que me faz feliz neste mundo. De que mais ninguém me traz tanta felicidade e alegria quanto você. De que você é extremamente importante pra mim, e que eu não sei o que faria sem você. De que você acelera o meu coração sem motivo algum, e que me dá coragem para fazer coisas que eu não sei se faria sozinho. Acho que estou apaixonado por você Renato !
Continua
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