- Isso é negócio! Hoje, ao meio-dia, no restaurante do meu hotel. Até mais, sogrão.
Desliguei.
[Álvaro narrando]
- Alexandre, por um momento cheguei a pensar que você não viria, mas enganei-me.
- Não vim por você, mas pelo meu filho. O que você pretende?
- Sente-se - apontei para a cadeira -, a conversa vai ser longa.
- Não precisa fazer rodeios ou usar meias palavras, Álvaro, eu sei que você quer dinheiro.
- Vejo que você não é só um bom pai, mas também é bem esperto, Alexandre. Vou deixar o senhor de lado. Você tem como me conseguir muito dinheiro. O Lucas nunca conheceu o avô, não foi? Você só veio para esse fim de mundo com o propósito de afastá-lo do seu pai. Que relação conturbada a de vocês...
- Eu não gosto de falar do meu pai, seu animal. Como você descobriu?
- A vida é uma verdadeira baderna! Mas, digamos que... que eu tenho minhas fontes.
- Primeiro eu quero saber do que você sabe...
- Eu falei que a conversa seria longa... Vou pedir um champanhe para molhar a garganta. Ah, você paga!
[Lucas narrando]
- Ítalo, eu sei que eu fiz besteira, mas quero conversar com você. Será que você poderia me dar só mais uma chance? Esse já é o quinto recado que te mando, será que você nunca vai me perdoar?
Sei que o que fiz foi uma verdadeira burrada, mas que nunca errou nessa vida? Eu não perderia o Ítalo por nada.
Escolhi uma das minhas melhores roupas, tomei um banho, me perfumei e fui em direção ao estúdio do Ítalo. Eu tinha o endereço de lá que ele havia me dado alguns dias antes.
Saí sem pensar duas vezes. A Clara até queria perguntar para onde eu ia, mas eu precisava ser rápido. Eu não estava conseguindo pensar em nada naquele momento, a não ser no fato de conversar com o Ítalo e tentar resolver a situação.
Fui até o endereço do Ítalo, mas não o encontrei em casa. Do lado de fora, pude perceber que o interior da casa estava bagunçado, mas percebi que alguns móveis eram de extremo bom gosto. Resolvi caminhar um pouco antes de voltar para casa.
Caminhei, acredito, por uns doze minutos, até que avistei o Ítalo em um barzinho, próximo a minha faculdade. Fui até ele, e ele me chamou para sentar fazendo sinal com a cabeça.
- Te procurei no estúdio. Te liguei várias vezes\
- (cortou-me) Eu ouvi todos os recados. Lucas, não quero que pense que estou aqui, sozinho, por estar triste. Estou pensando na vida, refletindo sobre tudo. Eu quero dizer que você bagunçou minha vida - de uma maneira boa, lógico -, pois eu nunca senti isso que estou sentindo por você. Eu sei que não sou bonito como o Álvaro, que não tenho o corpo dele, mas achei que o meu caráter e a minha integridade, poderiam te fazer esquecê-lo. Mas, de alguma maneira, isso não foi suficiente. Você ainda pensa em voltar para ele?
- Antes eu quero que você olhe nos meus olhos - o Ítalo estava olhando para o copo, circulando-o com um dedo. - Vou ser bem sincero: eu não penso, de maneira alguma, em voltar para o Álvaro. Você falou que eu baguncei a sua vida, na verdade, quem bagunçou a minha foi você. Sabe o quanto me custou te dar uma chance? Fiquei com o Álvaro, sim, mas foi um erro. Eu estou péssimo por ter jogado os meus princípios e valores no lixo quando fiquei com ele. Sei que para você foi difícil terminar tudo com a Íris. Afinal de contas, ela é muito bonita, culta, rica. Pode ser meio maluca, mas têm muitas qualidades. Quanto aos atributos do Álvaro, isso não se compara ao tamanho do seu coração. Você é lindo, Ítalo. Me dói dizer isso, mas eu não te mereço.
- Vamos para minha casa? A gente pode conversar melhor lá, topa?
- Claro...
Quando o Ítalo fez esse convite e colocou a mão sobre a minha, pude perceber o tamanho do sentimento dele por mim.
O Ítalo pagou a conta, e fomos embora.
[Álvaro narrando]
- Eu sei de tudo isso, Alexandre. O fato do seu pai ter sido contra o seu casamento, de tê-lo expulsado de casa, não anula o seu direito legal de herdeiro direto da fortuna da sua família. Eu posso ir para São Paulo, receber uma boa quantia para me manter afastado do Lucas, mas isso não vai me fazer desistir de reconquistá-lo. Ele precisa saber do estado do avô, da história por trás do nascimento dele. Você acha que ele irá perdoá-lo por ter omitido tudo dele?
- Eu sei que vai ser difícil para ele ouvir toda a verdade. Te peço dois dias para ver o que posso fazer.
- Não, você não vai "ver o que pode fazer", você vai fazer. O valor que eu pedi vai impedir que à noite de amor que tive com o Luquinhas pare na internet. Eu volto para São Paulo, resolvo algumas coisas, mas volto para buscar o Lucas. Ele vai me render muito dinheiro.
- Você é um canalha, Álvaro! Como você pode ser assim?
- O que precisávamos resolver, nós já resolvemos. Dois dias. Vou para o meu quarto. A conta é sua.
Quando cheguei ao quarto, peguei o celular e liguei para o Bruno.
- Parceiro, ele me pediu dois dias.
- Você falou tudo para ele?
- Fui bem claro: o Lucas é minha minha de ouro.
- Será que ele vai pagar o valor combinado?
- Vai, ele não seria tolo de recusar minha oferta.
- E o que você vai fazer depois que receber o dinheiro?
- Volto para São Paulo, visito o César, marco um encontro dele com o Lucas e volto. Vou te pagar o que combinamos.Preciso que você mantenha o Lucas longe do fotógrafo, pelo menos até a minha volta.
- Vou fazer o impossível.
- Não espero outra coisa de você, amigo. Vou até as últimas consequências nessa história.
Continua...
Pessoas amadas do meu coração, eu estou de volta. Por diversos problemas, falta de tempo, desânimo, eu acabei abandonando o conto. Peço desculpas a todos vocês por ter feito isso, mas acredito que muitos já passaram por momentos depressivos.
Resolvi continuar a estória e terminá-la. Por respeito a vocês, resolvi voltar. Não sei quantos capítulos ainda faltam para o fim, mas, em breve, um assassinato vai movimentar a estória. Aguardem e confiem. Desculpem os erros. Beijos.
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