CAPÍTULO ÚNICO
Era uma noite de domingo. Estava sem fazer nada em casa, apenas no Facebook, de pernas pro ar, aproveitando meu sossêgo, quando meu celular começou a vibrar.
- Alô ?
- Gabriel ? Você tá livre agora ? - era minha amiga Cláudia, minha melhor amiga.
- Tô Cacau, porquê ?
- Não quer ir comigo numa festa de um amigo meu ?
- Ah, não sei não. Nem conheço ninguém lá, vai ser chato.
- Vai não. Tem um monte de comidas e bebidas legais. Fora que são poucas pessoas. No máximo 15. Vamos ? - ri
- Tá Cacau, eu vou. Mas só porquê tô sem nada para fazer - falei, desligando o celular e fechando o notebook. Me levantei, fui para o espelho, estava um caco depois de tanto tempo deitado. Tomei um banho rápido, vesti-me, ajeitei meu cabelo, passei perfume. Dizem que eu sou bonito, mas sei lá. Não me considero muito. Sou bem branco, de cabelos pretos cacheados, olhos pretos, corpo de magro para definido, alto. Me orgulho apenas de ter uma pele limpa e um nariz sem falhas. Não deu 20 minutos e Cláudia estava ali.
- Pronto, podemos ir - falei, entrando no carro.
- Acho que vai ser bem legal...
- Espero
TEMPO DEPOIS
A casa aonde estava se realizando a festinha era bem legal. O pai dela nos deixou lá e partiu. Fomos entrando lentamente. Quando chegamos eles estavam bebendo.
- Galera, cheguei ! - realmente era bem pouca gente, sentada no chão, em volta de um monte de guloseimas para comer.
- Cláudia, que bom que você veio - uma voz de homem se pronunciou. E então um garoto se levantou. Bonito, vestia um chapéu, um casaco grande quase que até o chão. Tinha um sorriso bonito e branco. Loiro, branco, alto, olhos castanhos. Não podia ver bem o corpo, a roupa cobria.
- Eu falei que vinha, não falei Rodrigo ? - os dois se abraçaram. Era ele o aniversariante - feliz aniversário ! - riram - trouxe um amigo meu - e então o garoto olhou para mim. E sorriu.
- Seja bem vindo.
- Me chamo Gabriel - falei, o cumprimentando - bem, eu trouxe um presente - na verdade era um dos livros que eu tinha. Mas como ele estava bem novo, sem nenhum sinal de uso, servia perfeitamente.
- Ah é ? Obrigado então - falou ele recebendo - venham, sentem-se, comam alguma coisa, estamos nos divertindo muito - Cláudia me puxou.
- Como você conseguiu um presente em tão pouco tempo ?
- Foi fácil, peguei um dos meus livros novos e trouxe. Espero que ele goste.
- Ah, tenho certeza que ele vai gostar, ele ama ler qualquer coisa
- Que bom kkk
MINUTOS MAIS TARDE
Realmente a festa estava divertida. Ao contrário do que eu pensava, acabei me enturmando rápido com aquele monte de desconhecidos.
- Pois é, só quando o Vasco subir para a primeira - um deles dizia no meio da piada.
- Bem gente, tenho uma ideia melhor do que a gente pode fazer ao invés de ficar conversando.
- O que ?
- Brincar de Verdade ou Desafio - todos começaram a rir.
- Mas então só vai poder ter 3 verdades.
- Tá bom então, três verdades - todos riram. E então a roda foi formada. Eu fiquei meio amedrontado de participar daquela brincadeira, mas no final participei. Colocaram a garrafa no meio, giraram e a ponta de pergunta parou num rapaz, e a de responde num outro.
- Verdade ou desafio ?
- Verdade, lógico...
- Bem... É verdade que... Você já fez sexo a três ? - e as perguntas foram quase todas assim, picantes. Eu ficava só olhando, o meu nome nunca saia. Até que em certo momento a de pergunta caiu na Cláudia, e a de resposta no Rodrigo. Eles sorriram um para o outro.
- Verdade ou desafio ? - Cláudia perguntou.
- Desafio ! - todos se entreolharam. Cláudia riu.
- Eu desafio você... A beijar o Gabriel na boca e demorar 15 segundos - arregalei os olhos.
- Eu Cláudia ?
- É, você... - olhei para ele, ele para mim. Ele estava tão surpreso quanto eu
- E o que vou ganhar com isso ?
- Eu pago sushi para você dá próxima vez que a gente for - ri.
- Bem, sendo assim... - na verdade eu... Nunca me rotulei de verdade. Mas, não nego. Sempre senti atração pelos dois sexos, mas nunca tinha tentando nada com garotos. Nem um beijo que seja. Por isso estava nervoso. Ele parecia indeciso, mas todos começaram a fazer pressão até que ele falou.
- Tá bom ! - gritou ele, se levantando levemente de onde estava e vindo até perto de mim. Ficamos frente a frente. Olhei nos olhos dele. Eram lindos, e demonstravam todo o nervosismo que ele estava sentindo.
- Vai ! - Cláudia falou - ele se aproximou e eu pude sentir o perfume dele, era forte. Até que os lábios dele se tocaram aos meus. Realmente era diferente de tudo o que eu havia sentido. E então ele moveu os lábios como sempre se fazia num beijo. Não foi um beijo frio como eu esperava.
- eles contaram. Tremi quando senti uma língua tocar a minha - e então ele se separou de mim. Ao fazer isso, me olhou, assim como eu. Seu olhar era de confusão e surpresa. Ele não parecia estar enojado. Todos riram e a brincadeira seguiu. Mas aquele beijo não saiu da minha mente. E nem ele saiu do meu olhar. Me levantei.
- Rodrigo ? Aonde fica o banheiro ?
- Ali naquele corredor, a primeira porta a direita - apontou ele.
- Tá bom - fui até lá e entrei. Olhei-me no espelho, e vi o quanto estava vermelho. E nervoso depois daquele beijo, que eu havia gostado.
DIAS DEPOIS
Os dias seguiram, eu não o vi mais após aquele dia, então julguei que aquele mini beijo não devia ser levado a pena, nem por ele e nem por mim. E então continuei estudando, indo e voltando para a casa, como se nada tivesse acontecido. Porém, quase tremi quando vi ele entrando na escola alguns dias depois.
- O que ele está fazendo aqui Cláudia ?
- Ué ? Eu não te contei ? Ele vai se transferir para cá ? Aquela festa também era uma despedida dos amigos dele, agora eles vão se ver bem menos - falou ela, se levantando para ir atrás dele. Ele havia ficado bonito sem o chapéu e com aquele uniforme. Ficou feliz em ver a Cláudia. E não muito tempo depois e eles vieram em minha direção.
- Oi Gabriel - falou ele, me cumprimentabdo. Imediatamente o beijo voltou a minha mente.
- Oi Rodrigo. Vai estudar com a gente agora né ?
- É... Os meus pais se mudaram para uma casa aqui perto e fica mais prático estudar aqui.
- Sei, entendo - ele se juntou a nós três e ficou conversando.
HORAS DEPOIS
Cláudia acabou pedindo para sair mais cedo, com cólica e apenas eu e ele ficamos na sala. Quando a aula acabou, saímos juntos.
- Para aonde você vai agora ?
- Para a sala de música.
- Tem uma sala de música aqui ?
- Tem. Eu cuido da sala e, a banda da escola ensaia lá.
- Eu posso ir ver ?
- Claro - falei, andando com ele lado a lado. Mais alguns segundos ele falou.
- Você não ficou incomodado com aquele beijo não ?
- Não. Porquê ?
- Ah, sei lá né... A gente nem se conhece direito.
- Ué, a gente tava zoando. Não tem nada demais...
DIAS DEPOIS
Ele passou a vir praticamente todos os dias depois da aula para a Sala de música. Ficava me olhando afinar os instrumentos, ensaiar e depois fechar a sala. Naquele dia não foi diferente.
- Os meninos estão demorando, não é ?
- Eu não falei para você não ? Hoje eu só vim aqui afinar e limpar.
- Sério ? Ah, já tava acostumado a ouvir aquelas músicas toda noite.
- Mas hoje, você vai ouvir apenas eu afinando os instrumentos - falei, começando a manusear o piano.
- Você sabe tocar todos esses instrumentos ?
- Sim, sei...
- Me ensina a tocar o violino ?
- Tá bom. Só esperar eu terminar aqui.
MINUTOS DEPOIS
E lá estava eu, ajudando ele a aprender.
- Olha como se segura o violino - falei, demonstrando - a forma como segura é importante para o bom desempenho - segura dessa forma - ele então começou a segurar. Era meio desajeitado mas bem antenado, e queria muito - ó, acho melhor assim - falei, puxando a mão dele com a minha. Só alguns segundos depois percebi que minha mão estava tocando a dele, e estávamos perto. Ele olhou para mim naquela hora. Estranhei. De repente ele colocou o violino no suporte e me beijou. Pior do que da outra vez, mais profundo, de língua, com tudo o que um beijo precisa. Eu não acreditei. Quando ele parou, me olhou. Saiu correndo, pegou as coisas e saiu. Eu fiquei lá, com a maior cara de tacho, sem ter reação. Minha boca estava cheia do gosto da dele. Meu coração estava acelerado. Porquê ele havia feito aquilo de novo ?
NO DIA SEGUINTE
Eu havia pensando um pouco na noite anterior. Haviam acontecido poucas coisas entre nós, e ainda sabia pouco. Mas sabia o necessário. Que ele era esforçado, estudioso, humorado, bonito. Bem que se ele me desse uma chance... Vinha entrando na escola quando senti uma mão no meu ombro. Olhei e não vi ninguém. Senti no outro ombro, e mais uma vez não vi ninguém. Até que senti algo gelado no pescoço.
- Aí ! - quando olhei, era ele. Com um sorvete.
- Trouxe para você...
- Ah... Rodrigo... Obrigado.
- Queria conversar com você...
- Claro - fomos andando em direção ao jardim da escola, sozinhos... Em silêncio, ouvia-se apenas o som dos nosso passos.
- Você está solteiro ?
- Sim. Porquê ?
- Existe alguma chance da gente ficar ?
- Porquê eu não consigo esquecer nenhuma das duas vezes que a gente se beijou. Por favor, queria ficar com você e ver se realmente não pode dar certo.
- Você quer realmente ficar ?
- Quero - falou. Eu apenas me aproximei dele.
- Tá bom. A gente pode ficar... - ele riu. E então me beijou. E a partir de então, tudo começou... É, foi um desafio...
FIM
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