Antonio - agora me diz a verdade, o que tanto voce faz naquela casa? eu não acreditei na historia do trabalho.
Não pensei duas vezes e respondi.
- era trabalho de aula, juro.
Antonio - tudo bem patrãozinho. Sei que não era, mas não vou insistir.
Antonio caminhou ate a vidraça da janela, colocou a mão no bolso e pôs-se a admirar o horizonte.
Felipe - Antonio?
- Senhor? falou ele virando-se em minha direção.
Felipe - eu queria dormir um pouco.
Antonio - pode dormir, mas eu não irei sair do quarto, seu pai ordenou que eu ficasse aqui.
Felipe - Eu tenho vergonha de dormir contigo aqui.
Antonio - eu não vou ficar te olhando dormir, patrãozinho, prometo.
Felipe - mesmo assim. Eu acho isso muito desconfortante.
Antonio - mas é meu trabalho. (falou Antonio calmamente).
Felipe - eu sei, mas...
- Voce quer que o seu pai me demita? (perguntou Antonio, me interrompendo).
Felipe - claro que não Antonio.
Antonio - então facilita meu lado patrãozinho.
Eu respirei fundo.
Felipe - O senhor esta sendo chantagista hen!? (falei apontando o dedo).
Antonio apenas sorriu.
Antonio - Vai aonde? (perguntou ele, assim que eu pus o pé fora da cama).
Felipe - tomar banho. Meu pai disse pro senhor entrar ao banheiro também? (perguntei sorrindo).
Antonio sorriu e sentou em uma cadeira próximo a cama.
Eu fui ao banheiro e tomei um banho para relaxar a tensão, era muito ruim ser privado de muitas coisas por causa do medo do meu pai.
Quando saí do banho, vi Antonio no mesmo lugar de antes.
Antonio - terminou?
Pedro - terminei.
Antonio - A Naná veio aqui, e pediu que eu te levasse pra fazer um lanche.
Eu passei a mão no estomago e percebi que minha barriga estava seca.
Pedro - blza.
Coloquei um short e descemos.
xXXX
Naná - resolveu sair da toca?
Pedro - resolvi. O papai não deu as caras ainda?
Naná - ele vai chegar mais tarde hoje.
Pedro - por que?
Naná - perguntei, mas ele não me deu resposta.
Pedro - deixou a senhora no vacuo foi?
Naná - exato.
rimos.
Pedro - o que tem pra comer ae Naná?
Naná - tou fazendo uns sanduíches naturais. Voce quer?
Pedro - pode fazer uma vitamina também.
Naná - posso sim, de que?
Pedro - Abacate.
Sentei a bancada e fiquei conversando com a Naná, aguardando pelo meu lanche.
Não demorou muito e a Naná me serviu.
Pedro - Obrigado, Naná.
Naná - por nada, e por favor coma tudo viu?
Pedro - deixa comigo.
Enquanto eu comia, Naná preparava algo que eu supus ser o jantar.
xXX
Dona Naná, tem um rapaz dizendo que veio limpar a piscina. (falou, Ana, uma de nossas empregadas).
Naná - deixe o entrar, ué.
Ana - acontece que ele não é o mesmo das outras vezes, é um homem diferente, e os seguranças querem saber, se a senhora contratou alguém novo.
Naná - e é? que estranho, eu não contratei ninguém não. Ta sabendo de alguma coisa Pedrinho?
Pedro - não Naná.
Naná - vou la ver quem é. (Naná passou as mãos em um pano de prato e saiu pela porta da cozinha.
xXX
Antonio - olha aqui patrãozinho. (disse o Antonio chegando na cozinha e me mostrando algo no celular).
Pedro - o que?
Antonio - meu filhote dançando o lepo lepo.
eu comecei a rir.
Pedro - que graça Antonio.
Antonio - puxou ao pai.
Pedro - sei...
Antonio - tou falando.
Antonio sentou a meu lado e começou a mostrar fotos e videos de seu filho. Estávamos entretidos quando ouvimos disparos.
Pedro - que foi isso Antonio?
Antonio - tiro Pedrinho, vai pro quarto.
Pedro - de onde esta vindo esses tiros?
Antonio - la da guarita.
Pedro - A Naná foi pra la. (falei correndo rumo a saída da casa).
Antonio - hey. (falou Antonio me segurando pelo braço)
Pedro - me solta Antonio.
Antonio - vai pro quarto Pedro.
Pedro - Vou não, me larga.
Antonio - eu não quero usar força, vá pro quarto Pedro.
Pedro - eu não vou Antonio, me solta, eu vou la ver o que ta acontecendo.
Antonio - eu vou la, voce vai pro quarto, é perigoso.
Pedro - eu não sou louco de me atirar na frente de uma bala. Só quero saber se esta tudo bem com a Naná.
Antonio - eu vejo, e volto pra informar, agora pare de ser teimoso, e vá para o quarto.
Antonio estava apertando meu braço, fazendo-o ficar roxo.
Pedro - Voce garante que vai la e volta?
Antonio - E ainda trarei a Naná, te dou minha palavra.
Pedro- então ta bom, irei o aguardar no quarto.
Eu fingi que iria subir as escadas, e quando Antonio me soltou, eu corri em disparada.
Antonio correu no meu encalço, mas eu fui mais rápido. Assim que cheguei a parte da frente da residencia vi muita confusão e gritaria.
Antonio chegou por trás me jogando no jardim, e caindo por cima de mim.
Pedro - ai Antonio, me machucou.
Antonio - é pra machucar mesmo, agora você vai me prometer que vai ficar aqui abaixado.
Eu fiquei calado.
Antonio - promete Pedrinho?
Continuei calado.
Antonio - promete? (falou Antonio meio irritado).
Pedro - ta bom, eu prometo. (respondi a contragosto)
Antonio levantou-se, tirou uma arma de dentro do terno e saiu.
Fiquei um tempo jogado no chão, e quando percebi que havia instaurado um silencio, eu resolvi me levantar.
xXX
O que aconteceu? perguntei entrando na guarita.
E antes que alguém respondesse, eu joguei outra pergunta.
Pedro - e a Naná, cadê a Naná?
Antonio - calma Pedrinho, esta tudo bem agora, Naná esta dentro de casa ilesa.
Pedro - e os outros?
Antonio - esta todo mundo bem, foi apenas uma tentativa de assalto, e houve troca de tiros.
Respirei aliviado.
Já chamaram a policia? (perguntei)
Já sim. - respondeu um dos seguranças.
Pedro - ok. Eu vou entrar, e procurar pela Naná.
Dei as costas, e Antonio ficou conversando com os seguranças.
xXXX
Pedro - Naná. (corri ao encontro dela que tomava uma água com açúcar.
Naná - ai meu menino, que coisa horrível. (e começou a chorar)
Pedro - Não Naná, não chora. (falei secando suas lagrimas). Já passou, foi apenas uma tentativa de assalto.
Apoiei o rosto da Naná em meu peito e tentei inutilmente consola-la.
Pedro - Isso acontece, o mais importante é que esta todo mundo bem.
Naná - Voce tem que sair daqui, já falei isso para o seu pai varias vezes, mas ele é muito cabeça dura. (falava ela aos prantos).
Afastei um pouco a cabeça da Naná, o suficiente que pudesse olhar em seus olhos.
Pedro - mas sair daqui porque?
Naná - não foi uma tentativa de assalto Pedrinho, não foi.
Pedro - foi o que então? -me conta Naná.
Antonio - foi tentativa de assalto sim. (falou Antonio entrando na cozinha e interrompendo nossa conversa) - A Naná ficou nervosa, é normal depois do que ela passou, não é Naná? (falou ele a encarando).
Naná secou as lagrimas do rosto.
Naná - é sim. ( e retirou-se da cozinha).
Antonio - esta tudo bem?
Pedro - hã?(perguntei meio atordoado).
Antonio - perguntei se voce esta bem.
Pedro - ah sim, estou, estou bem. (falei tomando o resto da água que a Naná havia deixado no copo).
Antonio - seu pai ja esta retornando, termine a água e volte para o quarto.
Pedro - porra de quarto, buceta de quarto. Agora eu vou ter que ficar preso no meu quarto?
Antonio - ja conversamos Pedrinho, é uma decisão de seu pai.
Pedro - projeto de pai, voce quer dizer.
Empurrei algumas cadeiras da cozinha no chão, e subi as escadas irritado. Entrei no quarto e passei as chaves.
Deitei na cama, e fiquei admirando a foto de minha mãe a cima do criado mudo.
xXX
- Pedro, abra essa porta.
Pedro - pai?
Pai - abra a porta. (falava ele forcando a maçaneta).
Pedro - já vai, não precisa arrombar.
Assim que abri a porta, meu pai entrou veloz.
Pai - voce esta bem? esta tudo bem?
Pedro - sim pai, estou bem.
Pai - graças a Deus. (meu pai falou aliviado).
Pedro - Por que tanta preocupação?
Pai - você ainda pergunta? a cidade esta cada dia mais perigosa.
Pedro - Mas ficar trancado com medo é pior, o senhor não acha?
Pai - eu só não quero perder você, ja tive muitas perdas.
Pedro - o senhor não vai me perder pai, o senhor não vai me perder. (falei o abraçando).
Quando eu olhei para trás o Antonio estava escorado na porta do meu quarto.
Pedro - Oi Antonio, teu expediente já não acabou?
Pai - Eu vou ter que fazer uma viagem de urgência, e o Antonio se disponibilizou a passar a noite com você.
Pedro - outra vez pai?
Pai - é necessário.
Pedro - mas pai, o senhor já é ausente durante o dia, tem que se ausentar também durante a noite?
Pai - é por pouco tempo meu filho, depois eu prometo que vamos tirar umas ferias juntos.
Pedro - então amanha o senhor não ira ate a escola conversar com a direção? (por um lado seria bom).
Pai - amanha a Naná ira me representar.
Eu não compreendia as atitudes de meu pai, saí do quarto e deixei ele com Antonio.
A noitinha meu pai se despediu e foi fazer a tal viagem.
Jantei com Antonio e Naná na cozinha mesmo, e depois subi para tomar um banho.
Estava no banheiro falando ao telefone com Kevin.
**
Kevin - bora pegar um cinema?
Pedro - hoje eu tou quebrado.
Kevin - eu passo ae pra te buscar.
Pedro -da não Kevin, eu vou dormir cedo hoje. Aqui em casa ta maior loucura.
Kevin - o que ta pegando?
Pedro - depois te explico.
Kevin - teu pai esta em casa?
Pedro - não, foi viajar.
Kevin - então da canal pra gente fazer umas brincadeiras, eu chego ae em 20 minutos.
Pedro - hoje eu não tou no clima não, vamos deixar pra outro dia.
Kevin - todo dia é a mesma coisa tu sempre me deixando na mão, eu tenho que ter muita paciência pra ainda estar contigo.
Pedro - Pois não tenha po, tu ta livre, vai comer quem tu quiser. (falei irritado desligando o telefone).
**
Kevin voltou a ligar varias vezes, mas eu coloquei o celular no silencioso e voltei a meu banho.
Quando sai do banheiro apenas de toalha, vi Antonio sentado ao lado da minha cama.
Pedro - o que tu ta fazendo?
Antonio - seu pai pediu pra eu não sair do seu lado, essa noite.
Pedro - mas tem que ser ao lado da cama, Antonio?
Antonio colocou a arma acima do criado mudo, tirou o terno, afrouxou a gravata...
- São ordens do seu pai, patrãozinho.
Continua...