Vamos Nós Três - Parte 12

Um conto erótico de calango86
Categoria: Homossexual
Contém 1628 palavras
Data: 09/03/2016 01:45:51

Antes de começar o capítulo ,galera, meu wattpad é: />

Quem tiver, fala comigo lá! Me manda mensagem, me segue e te sigo, me mostre suas obras, etc... Vamos interagir! :)

PARTE 12

TOC, TOC. Era a mamãe batendo na porta entreaberta do quarto, evitando olhar pela fresta. Ela tinha medo de atrapalhar nossa intimidade e ser vista como uma mãe enxerida, mas, ao mesmo tempo, fazia questão de deixar claro que tinha voltado pra casa. Não tolerava nenhum tipo de “libertinagem” (e adorava usar essa palavra) enquanto estivéssemos debaixo do mesmo teto que ela.

– Pode entrar, mãe.

Ela entrou na ponta dos pés, brincando, como se não quisesse incomodar. Alexia já havia levantado da cadeira do computador, onde estava sentada durante toda a história do pai do Leandro.

– Tia Rita! Tudo bem com a senhora? Foi mal pelo sorvete, acho que detonei metade do pote com o seu filho – ela disse, enquanto abraçava minha mãe.

– Só Ritinha, Alex. Só Ritinha. Você não é minha sobrinha! Haha

– Foi mal, ti... Ritinha. Força do hábito! – a Alexia, diferente de mim, nunca corava ou parecia sem jeito. Era mais fácil ela fazer graça de alguma merda dita sem querer do que se sentir constrangida.

– E seus pais, querida? Estão indo ao culto nos domingos? Não os vi por lá nesse fim de semana, nem no outro...

– Pois é, mamãe voltou com a sinusite atacada depois daquela viagem à Bariloche. Acho que ela vai esperar melhorar direitinho pra poder ir.

Minha mãe conheceu os pais da Alexia em um desses encontros da igreja, antes mesmo dela ser transferida para meu colégio. Acho que era sobre o poder do espírito santo na harmonia do lar, algo assim. Mamãe buscava auxílio logo após ter se separado do meu pai, enquanto os pais da Alexia estavam em crise conjugal e tentavam salvar a relação com ajuda da religião. Preciso dizer que dona Rita a acha um bom partido pra mim?

– Entendo, querida, entendo. Bom, diga que estarei orando pela melhora dela. Deus há de querer isso rápido – e colocou a mão em cima do seu ombro, dando uns tapinhas de consolo. – E no mais, tudo bem? Estudaram muito pra prova?

– ôôôô, demais... tô com a cabeça até doendo, acredita? – a Alexia respondeu, passando a mão na testa como se estivesse limpando suor.

Que cara de pau! Além de mentir, ainda fez uma ceninha. Bom, não posso reclamar. Ela me salvou de minutos de encheção de saco antes de dormir, caso mamãe soubesse que a tarde tinha sido desperdiçada em conversas, sushis e confissões. E beijos, claro, mas ninguém precisava ficar sabendo disso. Era um segredo meu e do Leandro.

– E você, Du? Pelo menos deu alguma coisa pra Alex comer, além do sorvete? Eu deixei umas empadas de carne seca na geladeira, bem abaixo dos iogurtes, pra você encontrar fácil.

– Hiii, mãe, relaxa. Nem precisou... A doida da Alex trouxe comida japonesa no meio da tarde.

– Se isso não é amor, Du, então não sei o que é... – minha mãe disse de modo divertido, antes de piscar pra Alexia, bagunçar meus cabelos com os dedos e sair do quarto.

“Que ótimo, elas realmente se adoram”, pensei com ironia, imaginando que isso era o desejo de todo cara que namora, mas que no meu caso particular só piorava as coisas em um possível término.

Pouco tempo depois, após me mostrar um site de animação que capturava nossa foto e fazia a imagem cantar as músicas escolhidas, a Alexia começou a bocejar e disse que precisava ir pra casa. Ela ainda ia passar na farmácia e comprar remédio pra mãe dela. Seu plano era voltar de ônibus, mas minha mãe não aceitou e fez questão de levá-la, de carro (“Imagina, onde já se viu deixar uma menina bonita dessas andando sozinha pelas ruas, de noite?!”).

Fiquei no meu quarto e me despedi das duas, disse que precisava revisar o conteúdo ensinado pelo Leandro no começo da tarde. Eu até iria junto, mas sabia que elas não ficariam embaraçadas na companhia apenas uma da outra. O papo sempre rendia. Uns dez minutos após a porta se fechar, reparei na bolsa em cima da mesa do computador. Ri comigo mesmo, lembrando-me do casaco rosa no outro dia. Era clássico ela esquecer as coisas na minha casa. Só não se esquecia de comer, isso nunca.

Fiz uma contagem mental, sabendo que ela ligaria pedindo que eu guardasse a bolsa e não ficasse bisbilhotando seu interior. Alguns segundos depois, meu celular vibrou em cima da cama. Pronto, dito e feito. Atendi falando, descontraidamente:

– Bem, você é muito cabeça de ven...

– Edu? – a voz do Leandro soou hesitante do outro lado da linha.

– Le... Leandro?!

***

Meu coração quase saía pela boca. Mudo, segurava o celular com mãos tremidas que já começavam a suar. Eu não esperava escutar a voz dele novamente naquele dia, em que tantas coisas aconteceram. Apesar de termos muito que conversar, principalmente sobre nossa briga que virou o melhor beijo da minha vida, antes eu precisava saber como ele estava. Ainda impressionado com a história que Alexia havia contado, perguntei:

– Leandro... Você tá bem? Tá tudo certo?

Ele pareceu achar graça da pergunta.

– Ué, Edu... Você me viu agora há pouco, cara. Tirando o soco mal dado que você me acertou, acho que eu parecia inteiro... – e completou, rindo. – Você achou que eu ia sofrer algum acidente no caminho pra casa, algo assim?

“No caminho, não. Eu imaginei que você fosse sofrer um acidente EM casa”, pensei, mas já me sentindo aliviado por reparar que depois daquele diálogo tenso com o pai não houve nenhuma sova. Respirando fundo, consegui relaxar a pressão que exercia ao segurar o celular contra a orelha e disse:

– Esquece, foi um pressentimento bobo. Às vezes eu tenho esses palas, releva...

– Engraçadinho você... Será que algo ainda pode acontecer até o final do dia? Tipo, eu ser atingido por um raio enquanto tô deitado na cama, com a janela aberta? Que você vê na bola de cristal, Nostradamus?

– Idiota. Nostradamus com certeza não tinha uma bola de cristal.

Rimos. Aquele senso de humor... tão parecido com o da Alexia.

– Ahn... a Alex tá aí ainda? – ele disse após um instante.

– Não... Acabou de sair. Minha mãe foi deixá-la em casa. Tô sozinho.

Silêncio. Quase podia escutar a mente dele maquinando, tentando colocar em palavras o motivo que o levou a fazer aquela ligação. Algo me dizia que o destino da minha relação com a Alexia seria finalmente definido depois de escutá-lo, seja lá o que ele fosse dizer.

Foi quando reparei. Antes de ficarmos no meu quarto, eu tinha decidido continuar com a Alexia e deixá-lo em um pedestal, intocável, apenas na minha imaginação. Com o tempo, esses desejos ficariam desbotados e eu conseguiria voltar pro meu mundinho anterior, como sempre fiz. Mas isso tudo mudou depois daquela queda no chão com o Leandro. E foi somente naquele momento, escutando a voz dele pelo celular, que me dei conta: eu só precisava do seu apoio e do seu querer para finalmente terminar o meu namoro e recomeçar minha vida. Do zero. As pessoas iriam se machucar? Sim, mas eu me machucaria mais ainda se continuasse vivendo uma mentira.

Só o que bastava era ele falar o que eu queria ouvir. “Me ajuda, Leandro, por favor... me ajuda”. Segurei minha respiração, esperando. Tentava controlar meus batimentos cardíacos, uma bomba-relógio dentro do peito. E então ele soltou as palavras que tanto deve ter ensaiado mentalmente:

– Acho melhor a gente esquecer o que aconteceu nessa tarde.

Pensei ter escutado errado. A frase ecoando na minha cabeça não poderia significar que ele queria apagar tudo. Apesar de não termos conversado sobre isso ao longo do dia, aqueles instantes no quarto tinham sido tão preciosos... Foram como um presente que a gente demora pra desembrulhar quando criança, o embrulho nas mãos podendo conter mil possibilidades. Nem precisamos transar para saber que nossa sintonia física seria delicada e visceral ao mesmo tempo, quando acontecesse. E eu vi isso em seus olhos também, enquanto mexia no seu cabelo. Não era possível.

– Mas... Leandro... – disse enquanto me sentava na cama, a perna balançando pra cima e pra baixo. – Eu não quero esquecer, cara. Não quero. Não vou.

– Foi mal, Edu... É que... – ele começou dizendo, mas sendo interrompido por mim.

– O problema é a Alexia? Sei que foi sacanagem o que fizemos, lógico, mas se eu explicar direitinho eu sei que ela vai entender... É uma menina muito show, talvez fique puta da vida, me dê um tapa na cara e não queira me ver por um mês, mas depois ela pode até virar minha amiga. Nossa amiga. E...

– Eduardo...

– Você tá assustado achando que eu quero casar contigo, né? Não, cara, nada a ver! Eu só iria te chamar pra sair, a gente pode se conhecer melhor, te mostro alguns lugares, você me passa umas dicas de livros... E eu prometo que leio! De qualquer forma, não acho que vá faltar assunto, ou coisa do tipo, e... – nesse momento, eu já tinha me levantado e andava de um lado pro outro no quarto.

– Não é isso, Edu, é que...

– Você não curtiu ficar comigo, é isso? Eu beijo mal, não tenho pegada ou uma coisa dessas? Ahhh... Minha falta de traquejo, certeza! Não tenho muito jeito pra paquerar mesmo, mas saiba que... que... você foi o primeiro cara que beijei na vida.

– Edu, calma. Me escuta.

Parei de metralhá-lo com minhas teorias e tentativas desesperadas. No afã para convencê-lo a não esquecer aquele dia, falando tudo que já estava entalado e ruminado na minha cabeça, acabei não reparando que ele tinha algo importante para falar. Parado no centro do quarto, imóvel, perguntei:

– O quê?

– Eu tenho namorado.


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Comentários

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Nossa... Tenso. Conto maravilhoso *-* . Espero que ele não faça nenhuma besteira... E que ele aproveite o tempo para se resolver

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Que pena q Leandro tem namorado... Capítulo perfeito!

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Melhor assim por enquanto! Primeiro ele que deixe de enrolar a Alex!

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