- Só falta você, Lu... - O Ítalo fica surpreso quando vê ela no sofá. - Você aqui?
Existem momentos em que por mais que a gente tente se dar bem, parece que tudo coopera contra. É como se uma onda viesse e começasse a derrubar o início da construção do seu castelinho de areia. Acho que a felicidade plena requer muito esforço - se é que existe felicidade plena.
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Ela levantou do sofá e o abraçou. O Ítalo ficou imóvel e olhando fixamente pra mim.
- Vim passar um tempo com você. Estou de férias da faculdade. A gente precisa se acertar. Eu te amo!
- Perdeu seu tempo, Íris. - Falou ele saindo do abraço dela. - Nós já conversamos e nosso relacionamento acabou. Eu estou interessado em outra pessoa. É melhor você ir embora, viver sua vida com outra pessoa... Eu vou ficar aqui em Solar (cidade fictícia do conto), e não existe mais nada entre a gente além de respeito e carinho.
- Eu fiz loucuras por você e é assim que me retribui? Você é um insensível! - Falou ela chorando.
- Enquanto vocês discutem a relação, eu tenho que acompanhar os hóspedes no passeio. - Falei e saí.
- Espera, Lucas. - Ele fez um sinal para eu esperá-lo. - Aproveita que seus malas estão arrumadas e vai embora. Não quero te ver sofrendo por algo que não tem volta. - Ele falou pra ela e veio correndo em minha direção.
- Ela está arrasada. Você foi muito duro com ela.
- Ela sabe que não tem mais volta. Ela não quer dar o braço a torcer por capricho.
- Tudo bem... Mas eu ainda acho que deverias ter falado com mais calma.
- Eu quero você, Lucas! Se não for você, prefiro ficar sozinho.
- Eu gosto de você, mas...
- Você o quê? Você gosta de mim? - Pude ver os seus olhos marejados.
- Gosto, ué. Depois daquele beijo... Um dos melhores.
- Eu posso te dar outro. - Ele aproximou seu rosto do meu.
- Não aqui e nem agora. Vamos dando um passo de cada vez. Nada de ir com muita sede ao pote. - Abracei ele.
Subimos no ônibus e levamos uma bronca da Clarinha.
- Eu podia ter ido embora. Ficam de namorico por aí e deixam a gente esperando.
Fiquei vermelho de vergonha.
- Ninguém estava namorando. Quer dizer, se dependesse do Ítalo, a namorada dele estava aqui.
- Não é bem assim... Ela não é minha namorada, é minha ex.
- Quero saber melhor dessa história depois. Vamos embora, Nestor. - Falou com o motorista.
Em dez minutos estávamos no pier. Solar é uma cidade pequena com quinze mil habitantes, mas que têm belas praias e ilhas. Os moradores são muito receptivos com os visitantes e nossa cidade está sempre cheia deles. Por ser pequena, Solar se destaca por ter tantos atrativos além dos naturais. Além de faculdade, temos um shopping pequeno, lojas de departamento... Os turistas ficam loucos com nossas trilhas, praias, ilhas, cachoeiras.
Nossa pousada tinha parceria com alguns barqueiros. Por isso sempre organizamos passeios e excursões. Dessa vez levaríamos os turistas na Ilha dos Contrastes. A ilha tinha esse nome por causa da diversa flora e fauna que lhe conferiam diversas cores. O contraste de cores é incrível. As cores da paisagem tornavam aquela ilha um lugar surpreendente e lindo.
Estávamos em quinze pessoas. Doze hóspedes e três guias - Eu, Clarinha e o Ivo. Já conhecíamos bem aquele lugar. Eu adorava vir pra cá quando era mais novo. Sempre sonhei em fazer Turismo, mas não resisti ao curso de Psicologia.
Seu João, o piloto do barco, nos deixou no pier da ilha. Começamos a fazer uma trilha em direção a uma cachoeira: A Cachoeira dos Amantes. Dizem que tinha esse nome porque a muito tempo atrás, um casal se jogou dela para não serem pegos em adultério. Eu acho muito mórbido, mas também muito romântico.
Tiramos muitas fotos naquele lugar. O Ítalo me fotografou muito. Ele me disse que faria um book meu. Eu amo tirar fotos, apesar de não ser tão fotogênico.
Tomamos banho na cachoeira, colhemos frutas na ilha. Foi um dos melhores passeios que fiz.
- O Bruno deveria ter vindo. Estou desolada por estar segurando vela.
- Dramática.com! Clarinha, quantas vezes eu tive que aguentar seus amassos com o Bruno?
- Poucas.
- "Mente pra mim, é o que eu gosto"... Vocês tem um fogo desgraçado.
- Tá bom, "Gusttavo Lima" de Solar! Muitas vezes, admito.
- Foram só uns beijinhos, não foram, Ítalo? - Olhei pra ele.
- Alguns... - Fez sinal de muitos.
- Todo mundo percebeu.
- Clarinha, meu amor, tenho hora para chegar em casa. Eu preciso fazer prova hoje. Vamos embora? - Dei um abraço nela.
- Vou reunir o pessoal.
Saímos da ilha e fomos de volta ao pier. Chegamos em casa uns trinta e cinco minutos depois. Ao que tudo indica, a Íris tinha ido embora. Eu tinha pouco tempo para me preparar. Era chegado o momento da minha última prova.
- Tô precisando correr. Tô com medo de perder a prova.
- Vai dar tudo certo, Lucas. - Falou o Ítalo.
- Torço por isso mais que você.
O Ítalo me deu um beijo e eu fui embora para o meu quarto.
Terminei de me arrumar, peguei meu documento, me despedi de todos e fui para a faculdade.
Acredito que tenha feito uma boa prova. O resultado sairia dois dias depois. Estava confiante.
Quando estou saindo da faculdade, escuto alguém me chamando em um carro importado. Olho para trás e conheci muito bem o condutor dele.
- Surpreso, amor?
A vida é cheia de surpresas. Algumas são tão desagradáveis que mais parecem um soco no estômago. Ser feliz requer mesmo muito esforço. Nem sempre ser otimista é suficiente.
Continua...
Mais um capítulo para vocês. Espero que estejam gostando da estória. Deem sugestões. Amanhã posto um novo capítulo. Estou achando ótimo postar capítulos curtos, mas que são atualizados diariamente. Obrigado por cada voto, comentário, email. Desculpem os erros. Amo vocês!
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