Eu apenas balancei a cabeça que sim, sentei no sofá e Guilherme deitou apoiando a cabeça nas minhas pernas.
ficamos um tempo nessa posição. O gelo já estava quase derretendo, e o Guilherme dormia feito um anjo, aproveitei e dei uma fiscalizada em seu corpo todo, músculo por músculo, ate meus olhos chegarem a seu pau. Dei uma risada baixa pensando no mau que aquele pau pudesse fazer a alguém. Era notável que aquele pau estava meia bomba e eu fiquei estatua admirando. Meus olhos estavam parecendo duas estrelas de tão encantados com aquela imagem.
Ta olhando o que ae? (perguntou Guilherme abrindo os olhos)
Felipe - e-eeu? (perguntei gaguejando)
Guilherme -é. Você! (disse ele olhando para o seu corpo, como se tentasse identificar para onde eu estava olhando).
Felipe - tou olhando nada não, só tava querendo ver se você não estava com outro machucado.
Guilherme - Hummm, sei.
Felipe - Mas acho que não neh!? deve ter sido apenas o maxilar mesmo.
Guilherme - sim, só o maxilar. (falou Guilherme se levantando)
Será que ele percebeu? (pensei)
Guilherme - eu vou dormir, Feli...
Felipe - Posso dormir aqui? (perguntei, antes que Guilherme me expulsasse).
Guilherme - claro que pode.
Felipe - Obrigado.
Guilherme - precisa agradecer não. Faria por qualquer um.
Caralho. fiquei meio frustrado com aquele ''faria por qualquer um''
Guilherme - Boa noite Felipe. Pode dormir no quarto de hospedes, fica a vontade ta!?
Felipe - Boa noite.
Guilherme foi para o seu quarto e eu fiquei um tempo sentado, no sofá da sala pensando.
Sera que eu estava confundindo os sentimentos?
Depois de uns 30 minutos pensando, fui ate o banheiro social e tomei um banho caprichado, coloquei um short simples, deitei no sofá e fiquei vendo tv ate cair no sono.
Acordei no dia seguinte deitado na cama do Guilherme, mas sem o Guilherme nela. Levantei, lavei meu rosto na pia do banheiro e em seguida abri a cortina da janela, o sol ja estava latejante.
Deitei novamente, mas ouvi um barulho na cozinha e fui ate la.
xXX
Felipe - Que foi isso ae, Guilherme?
Guilherme - o forno do fogão imprensou meus dedos. (falava Guilherme soprando pra aliviar a dor)
Felipe - que tenso hen!?
Guilherme - tenso e doloroso. E o que tu ta fazendo acordado a essa hora?
Felipe - que horas são?
Guilherme - Ainda vai dar 8 horas.
Felipe - dormir ate esse horário pra mim é luxo. Tou acostumado a acordar bem mais cedo quando tou trabalhando.
Guilherme - Mas como você não esta trabalhando, pode dormir ate mais tarde um pouco neh!?
Felipe - Consigo não. Mas e tu ta acordado cedo por que?
Guilherme - Tenho uma audiência no tribunal. (Falou guilherme colocando uma fatia de pão na boca). Ja que levantou cedo, toma café ae comigo.
Felipe - Processo contra você ou você processou alguém? (perguntei me sentando a mesa)
Guilherme - nenhum dos dois. (falou Guilherme me servindo café) - Tenho que acompanhar meu cliente.
Felipe - Você é advogado?
Guilherme - Sim. Você não sabia?
Felipe - Não.
Guilherme - Como não Felipe? Voce já foi la no escritório
Felipe - Já sim, mas nao sabia que era de advogado.
Guilherme - na realidade é advocacia, consultoria e contabilidade.
Felipe - porra, e tu faz tudo isso?
Guilherme - Não, não, eu apenas sou advogado, mas temos uma parceria boa de outras áreas.
Felipe - entendi.
Guilherme - Eu ja estou em cima da minha hora. Como eu estou? tou bonito? (perguntou Guilherme arrumando o terno)
Felipe - Ta sim, muito bonito.
Guilherme - Fica a vontade viu, se eu não vier para o almoço, mas no cair da noite eu chego.
Felipe - Obrigado meu amigo, é só ate o tempo de eu conseguir um lugar para ficar.
Guilherme - O tempo que precisar. Há, a porta é automática viu!? cuidado pra você não ficar trancado por fora.
Felipe - Pode deixar.
Guilherme pegou sua maleta, se despediu de mim e saiu pela porta.
Terminei de tomar meu café, arrumei o apartamento do Guilherme, principalmente o quarto, arrumei a cama, as roupas e os moveis, em seguida fiquei assistindo um filme na sala. Fiz o almoço com os produtos que tinham na despensa, mas como Guilherme não veio pra casa, eu acabei almoçando sozinho. Dormi na parte da tarde e acordei com hora de ir à oficina do Diogo.
Tomei um banho caprichado, coloquei uma roupa bonita e uma camisa do Guilherme e finalmente sai pra rua.
xXX
O horário combinado havia sido as 16 h, mas como eu tive dificuldades em encontrar o endereço, cheguei ao local ja ia dar 17 h. parei em frente a oficina '' rodas de ouro'' e um rapaz moreno magro e boné virado, veio me atender.
Posso ajudar? - perguntou o rapaz.
Felipe - queria falar com o Diogo.
lá - apontou o rapaz para um escritório de vidro que ficava nos autos de uma escada.
Felipe - Posso subir la? (perguntei)
Pode sim - (falou o rapaz, tirando o excesso de graxa das mãos em um trapo sujo).
Subi as escadas chegando ate o escritório e logo bati na porta.
Ta aberta - Falou o Diogo sentando em uma mesa mexendo no computador.
Felipe - Posso entrar?
Diogo - chega ae. Fmza?
Felipe - tou bem.
Diogo - senta ae. (apontou Diogo para uma cadeira que ficava de frente a sua mesa).
Felipe - Obrigado.
Diogo - então, vou direto ao assunto. Eu conversei com o Alberto, mas ele disse que não tem possibilidade alguma de você retornar a trabalhar la.
Felipe - Pois é, ele falou a mesma coisa pra meu amigo.
Diogo - A minha intenção nunca foi te prejudicar cara. Como eu havia dito, ja fui preso varias vezes e ele nunca me recriminou por isso.
Felipe - ah, mas, vocês devem ser amigos a muito tempo já neh!?
Diogo - Nada. Ele é muito amigo do meu pai, e pra falar a verdade eu falo com ele apenas o basicão, sacas?
Felipe - saquei.
Diogo. Eu andei estudando alguma possibilidade de te ajudar. Você percebeu que aqui é uma oficina com posto de lavar carros?
Felipe - Percebi apenas a oficina.
Diogo - vamos aqui embaixo.
Acompanhei Diogo, e ele me mostrou todas as dependências de sua micro empresa.
Diogo - então. Essa parte logo na entrada funciona como oficina, trabalhamos com todos os tipos de automóveis e serviços, aqui é o posto de lavagem. Ta vendo aquela salinha ali?
Felipe - Com o poster do flamengo na porta?
Diogo - Isso. Ali é uma sala ''vip'' para clientes que queiram aguardar aqui mesmo.
Diogo me levou ate la e abriu a porta.
Felipe - Uaww, que massa, cara. Essa sinuca funciona?
Diogo - com certeza. A sinuca, o bar, a mesa de pingue-pongue. É um serviço mais sofisticado.
Felipe - Muito bacana.
Diogo - Pois é. Essa oficina foi meu pai que montou pra mim, e eu não vou mentir não, no inicio eu achei que não fosse da certo, mas hoje essa oficina é meu bebê.
Felipe - tou ligado cara, é tudo muito bonito.
Diogo - Você achou mesmo?
Felipe - claro.
Diogo - vlw. Aqui eu tenho quatro...
Chefe, terminamos por hoje, ainda vai precisar de nós. (perguntou o cara que me atendeu quando eu cheguei)
Diogo - Não, não. Apenas tranque tudo e coloque as chaves na minha mesa.
Ta ok - respondeu o rapaz.
Diogo - Então, Felipe. Como eu falava tenho quatro funcionários, e todos colocam a mão na massa, trabalham no posto, na oficina e no bar. E você esta disposto a colaborar?
Felipe - Acho que eu só teria dificuldades na oficina.
Diogo - Isso é o de menos. O Léo pode ficar ajudando ate você pegar o ritmo, ele é um mecânico de mão cheia.
Felipe - quem?
Diogo - O Leonardo é o rapaz que veio falar comigo agora a pouco.
Felipe - a sim.
Diogo - e ae. topa?
Felipe - topo mesmo!
Diogo - Voce pode começar amanha as 8?
Felipe - posso sim.
Diogo - então combinado. (falou Diogo me cumprimentado)
Felipe - que horas tem ae no teu relogio?
Diogo - 19:30.
Felipe - tudo isso?
Diogo - Sim.
Felipe - tenho que ir nessa. Ainda vou pro outro lado da cidade.
Diogo - também já vou, tu me espera só pegar a chave e ligar o alarme?
Felipe - espero sim.
Eu e o Diogo fomos os últimos a sair da oficina, ele me deixou em um ponto de ônibus e eu parti pro apartamento do Guilherme.
xXX
Toquei a campainha varias vezes e nada do Guilherme. Tentei abrir a porta, mas estava trancada na chave ou por dentro.
Será que ele se arrependeu de me oferecer guarida? (pensei)
Insisti mais algumas vezes ate que desisti e resolvi ir pedir informação ao porteiro do condomínio.
xXX
Felipe - Boa noite amigo.
Boa noite - respondeu cordialmente o porteiro.
Felipe - O senhor sabe dizer se o morador de 212 saiu?
- Infelizmente não posso ajuda-lo, sou novo aqui nessa função e não conheço todos os moradores ainda.
Felipe - entendo. Que horas você tem ae?
- São 22:20 respondeu ele olhando para o relógio.
Felipe - Tudo isso? (perguntei eu espantado)
Porteiro - sim. olhe! (disse ele levantando o pulso para que eu pudesse confirmar as horas)
Felipe - eu acredito amigo. É que fui pra uma entrevista de emprego agora a tarde e nem vi a hora passar (falei sorrindo).
Porteiro - Entendo, e conseguiu o emprego?
Felipe - consegui mesmo, começo amanhã já.(rs)
Porteiro - Parabéns!
Felipe - Obrigado!
Porteiro - Disponha!
Felipe - Eu vou dar uma saída, se alguém pergunta por mim, você fala que eu saí.
Porteiro - qual o nome do senhor?
É Felipe - respondi.
Porteiro - Ta certo senhor Felipe, eu transmito o recado a quem perguntar.
Felipe - Obrigado! (falei saindo pela porta)
Ate parece que alguém iria perguntar por mim. (falei baixinho enquanto caminhava. Atravessei a rua do condomínio e sentei em um banco frente pro lago ''do ferroviário'').
Depois de uns 30 minutos eu ouvi gritos próximo a mim.
- Hey Guilherme, ele ta aqui.
- Aonde? (gritos um pouco mais distante)
- Aqui no lago.
Pera ae. Guilherme? Lago? será que... (olhei pra tras e era Miguel juntamente com Guilherme, pareciam esta me procurando, sem eu esta perdido).
- Porra Felipe, pra onde tu andava cara? sai assim sem avisar, nos deixando preocupados.(Dizia Guilherme correndo em minha direção).
Felipe - eu tou bem, Guilherme.
Guilherme - Te procuramos na praça dos engraxates, na praça central, rodamos la pras bandas do enforcado e nada de tu. Até na lanchonete fomos a tua procura.
Felipe - eu fui a uma entrevista de emprego.
Guilherme - Tudo bem Felipe, mas que fosse mais cedo, ja vai da 23 horas.
Fomos todo o trajeto ate o apartamento com Guilherme e Miguel me dando bronca.
xXXX
Ja dentro do apartamento do Miguel
Guilherme - Mas a essa hora? Você tem noção de como a cidade esta perigosa?
O Guilherme tem razão. (O Miguel falou atras do Guilherme)
Felipe - Mas eu sei me virar cara, esqueceu que eu ja dormi ate em banco de praça?
Miguel não teve palavras para responder. Guilherme sim.
Mas você não precisa mais disso, agora você tem aonde dormir. Já falei pra você ficar aqui o tempo que precisar.
Felipe - Eu sei cara, e te agradeço. Mas eu tenho que correr atras das minhas coisas neh!? sou só na vida e tenho que me virar.
Guilherme - Você não é mais sozinho, ja te falei que agora você pode contar comigo, e tem o Miguel também.
Eu comecei a chorar, estava acostumado a ser sozinho na vida, a ultima pessoa que eu sabia que podia contar era meu avô quando era vivo.
Guilherme - ei o que houve? (Perguntou Guilherme se aproximando).
Felipe - Nada não. (respondi ja soluçando)
Guilherme - alguma coisa aconteceu, ninguém chora por nada.
Eu não conseguia responder, estava sensível demais.
Guilherme - Miguel, pega um copo com água la pro Felipe.
Miguel foi ate a cozinha pegar a água e eu fiquei conversando com o Guilherme.
Guilherme - ei, me diz o que ta acontecendo.
Felipe - É que eu não tenho ninguém. Desde que cheguei aqui na cidade, só quebro a cara direto. (falava sem conseguir parar de chorar)
Guilherme - ja falei, agora você tem a mim. Chora não cara, vem cá. (Guilherme me abraçou e eu deitei minha cabeça no ombro dele).
Quando Miguel voltou com a água que nos viu abraçados, fechou a cara imediatamente.
Miguel - pega ae. (falou ele, praticamente me empurrando o copo com água).
Enquanto eu tomava a água o Guilherme voltou a me abraçar e mais uma vez o Miguel fechou a cara.
Miguel - Vou la em casa trocar de roupa e volto pra gente terminar de montar a defesa do cliente. (falou pro Guilherme).
Guilherme - Vamos deixar isso para amanhã, Miguel. Estou cansado demais.
Miguel - Nada disso, temos que terminar o mais rápido possível.
Guilherme - Você quem sabe, mas corre grande risco de eu dormir e você acabar trabalhando sozinho.
Miguel - Tem problema não, eu vou dormir por aqui essa noite mesmo.
Guilherme - Aqui aonde?
Miguel - na tua casa ué. ( Miguel falava com Guilherme, mas olhando serio pra mim, eu estava começando a entender o que estava acontecendo).
Guilherme - Mas o Felipe ja esta no quarto de hospedes.
Miguel - Damos um jeito nisso nê Felipe? pra quem é acostumado a dormir em banco duro de praça!
Felipe - é.
Minha ficha caiu. O Miguel gostava do Guilherme e estava se sentindo ameaçado com minha presença, por isso fechou a cara e começou a me destratar, depois de ter me visto abraçado com ele.
Miguel foi ate a sua casa e eu sentei no sofá, Guilherme deitou e apoiou a cabeça nas minhas pernas.
xXX
Guilherme - Felipe, faça mil faculdades, mas nunca invente de fazer direito.
Felipe - pode deixar. (rs)- O Miguel também é advogado, Guilherme? (perguntei curioso)
Guilherme - é sim. Fizemos faculdade juntos.
Felipe -Então vocês são bastante amigos neh!? Fizeram faculdade juntos, trabalham juntos e ainda moram no mesmo condomínio.
Guilherme - Mais que amigos.
Felipe - Como assim, mais que amigos?
Guilherme - Nós somos irmãos.
Felipe - irmãos? (perguntei espantado)
Guilherme - exato.
Felipe - de sangue?
- isso. (respondeu Guilherme começando a fechar os olhos)
Então se eles são irmãos, por que sera que o Miguel estava me tratando mal daquele jeito?
Continua.
Atheno; O que seria pov?