Me arrumei e fui em direção ao hospital. O George estava horrível. Seus olhos inchados, seu rosto magro, sem contar as enormes olheiras. Pela vermelhidão em seus olhos, arrisco dizer que ele não estava dormindo há alguns dias.
Eu - Como ela está, seu George?
George - Pior, Renan, pior... Nem sei quanto tempo ela vai aguentar esperar pelo transplante. Ontem ela entrou em coma induzido. Ela perdeu uma pequena parte do fígado. Os médicos acharam melhor assim.
Eu - Nós vamos conseguir encontrar um doador. Fica calmo, por favor... Ela precisa de você forte. Você me chamou aqui por isso? Minha semana está tão corrida... Me desculpa por te deixar sozinho.
George - Eu preciso de alguém pra conversar, me ajudar nesta situação. Inclusive eu chamei a Olívia. Ela está chegando em breve.
Eu - Não posso dizer que não estou surpreso com essa novidade. Achei que vocês nunca mais falariam com ela. Mas, se me perdoaram, tenho certeza que foi mais fácil perdoá-la; ela nem teve nada a ver com a história do Arthur.
George - Nunca achamos que você foi culpado, Renan... - Pude sentir que o George estava com vergonha. - Nós só não tinhamos coragem de olhar mais pra você... Você não imagina o quanto fomos manipulados pelo Eduardo... Ele forjou muitas coisas contra você; ele induziu o Arthur a se matar... O maior culpado é ele! Aquele desgraçado! Erramos, mas você se mostrou ser uma pessoa de um coração enorme. Me perdoa?
Eu - Não precisa falar mais nada. Eu sei quem o Eduardo é. - Abracei o George. - Deixa eu te contar o que ele fez...
Quando terminei de contar tudo o wie tinha vivido nessa semana, o George me incentivou a acabar com os Guerrijos.
George - Sei que a Eliane te ama, mas eu discordo dela. Você precisa acabar com eles. Se quiser a minha ajuda, estarei sempre com você. Vou te dar o contato de um jornalista amigo meu... - O George tirou o celular do bolso e começou a procurar o contato. - Pronto. Te enviei o contato pelo app. Ele sabe como proceder.
Eu - Vou pensar melhor nessa história... Eu... - Meu celular começou a tocar. - Licença... É a minha avó... Alô, vózinha?
Vó - Onde você está, Rê? Estou feito uma louca te procurando.
Eu - Vim ao hospital. O George estava querendo conversar comigo. A Rosana está cada vez pior. Estou com medo, vózinha.
Vó - Você tem que passar segurança ao George. Ele precisa sentir confiança. Ele só tem o nosso apoio, então, precisamos ser fortes por ele.
Eu - Quando eu chegar eu te explico tudo... Beijo, meu amor...
Vó - Se precisar de mim é só ligar... Beijo...
Voltei para perto do George...
Eu - Minha avó disse que está à disposição caso você precise de alguma coisa. Eu vou ficar aqui com você, só preciso avisar ao Miguel.
George - Você o ama demais, não é? Posso ver a felicidade em seus olhos. Achei que nunca fosse superar o que o Arthur te fez... Sinto tanta vergonha do meu filho.
Eu - Seu George, o Arthur fez isso sem pensar. Eu o amei muito, e nunca vou esquecer tudo o que ele foi na minha vida. O Miguel me salvou de mim mesmo. Como fiz minha avó: eu não resisti à irresistível força do amor. Você acredita que conheci ele na balada?
George - Não... Me conta essa história direito...
Eu - Tá... Vou só avisar ao Miguel...
[Miguel narrando]
Tinha acabado de chegar em casa, quando recebo uma mensagem do Rê...
Mensagem - Amor, estou com o seu George no hospital. Não precisa se preocupar, eu estou bem. Só vim fazer companhia a ela. Olha, queria muito estar com você, mas ele só pode contar comigo nessa hora. Espero que entenda... Te amo!
Respondi rapidamente ao Rê...
Eu - Tá certo, amor. Eu te amo porque você é maravilhoso. Que coração lindo você tem, meu amor. Vou emprestar você a ele por esse dia. Te amo!
Joguei o celular em cima do sofá e fui comer. Eu estava faminto.
[Eduardo narrando]
Acordei nos braços do meu maninho. Como era bom ter um homem como ele ao meu lado. Somos irmãos e amantes.
Eu - Devo estar com a cara toda amassada... - bocejei. - Você daqui uns dias enjoa de mim.
Afonso - Ficou maluco? Por falar em maluquice, seu querida mãezinha está vindo nos visitar...
Eu - Céus! O que ela quer?
Afonso - Liga pra ela e pergunta você mesmo. - O Afonso me entregou o celular.
Eu - Qual desculpa você usou pra ter atendido o meu celular?
Afonso - Disse que esqueceu ele no bolso do meu blazer.
Eu - Vou saber o que ela quer... - Disquei o número da minha mãe. - Você está vindo me visitar?
Mãe - Claro que sim. O George me contou tudo sobre a doença da Rosana; eu estou chocada com isso tudo. Ia depois de amanhã, mas aluguei um jatinho... Saio daqui trinta minutos.
Eu - Tão rápido pra ver à morta-viva? Se fosse eu nem perderia meu precioso tempo...
Mãe - Você está cada dia pior! Essa convivência com o Afonso está te deixando sem coração igual a ele. Prepare a suíte principal. Eu chego antes de amanhecer.
Eu - Eu estou na suíte principal, mãe. Esqueceu que tudo me pertence?
Mãe - Metade de tudo! Eu também sou herdeira do seu pai. Quem não teve direito a nada foi o Afonso. Seu pai foi bem claro no testamento.
Eu - Vou preparar um quarto pra senhora. Vou pedir para o motorista lhe esperar. Preciso desligar. Beijo...
Mãe - Beijo, amorzinho...
Desliguei o telefone.
Eu - Ela fretou um jatinho pra chegar mais rápido. Ela quer ficar nesse quarto.
Afonso - Já pensou em se livrar da sua mãe? Não foi difícil matarmos o papai. A gente pode armar um sequestro, envenená-la... Se a gente pensar direitinho, conseguimos mandá-la pro além.
Eu - Ela é minha mãe, amor...
Afonso - Ela era o nosso pai, mas a gente cortou o suplemento de oxigênio dele. Esqueceu que o segurança levou toda a culpa? Foi muito fácil pagar a ele pra mentir. Nós forçamos ele a dizer que fez isso pra ter a senha do cofre, mas como o papai havia se negado, ele então torturou o nosso pai, deixando ele sem ar até morrer. Viu como a gente trabalha bem juntos?
Eu - Vamos pensar em um jeito de matar minha mãe. Ela sempre fica jogando na sua cara que você ficou sem nada. Mas tudo que me pertence é seu.
Afonso - Gosto de você assim, sempre obediente.
Transei com o Afonso naquele momento. Dessa vez fomos até o final.
[Afonso narrando]
Estava sentindo nojo do Eduardo. Eu só conseguia pensar no Renan. Eu ainda vou transar com aquela bichinha. Vou mostrar pra ele que sou melhor do que o Miguel. O Eduardo nem desconfia disso. Além de não o amar mais, roubei quase toda a fortuna dele. Eu agora sou dono de quase tudo o que era dele.
Horas depois...
[Renan narrando]
Já era bem tarde. Aproveitei que estava sozinho e entrei em contato com o jornalista amigo do George. O jornalista Márcio Collanzi é muito conhecido da sociedade carioca. O cara é um verdadeiro "abutre" e adora notícias bombásticas. Não sei da onde ele conhece o George, só sei que os dois pombinhos iriam acordar sendo notícia nacional.
Enviei todas as fotos. Lógico que ele adorou todas. Eu até sugeri o título da matéria: "Empresário espânico-brasileiro, Afonso Guarupe, tem um caso com seu irmão". Eu estava me sentindo revigorado. Quero ver se ele vai ter coragem de me peitar agora.
O dia amanheceu...
Já era notícia em todos os sites de fofocas. Eu tinha dado um verdadeiro furo de reportagem. Eu queria ter visto a cara do Afonso e do Eduardo quando ficaram sabendo.
Eu mostrei ao George todos os comentários que estavam fazendo. Eles estavam sendo massacrados pelos internautas. O mundo virtual é mesmo uma terra de ninguém. O incesto é um grande tabú.
[Afonso narrando]
Acordei com os gritos do Eduardo e da Olívia. Ela já havia chegado e estava aos berros com o Eduardo. Eu logo soube do quê se tratava: o Renan tinha entregue as fotos aos jornalistas de fofocas. Maldita bichinha!
Olívia - Vocês são dois doentes! Foi por isso que veio ao Brasil com ele! Eu tenho nojo de vocês! - Ela vira pra mim. - Pega as suas coisas e vai embora da minha casa.
Eu - Eu também mando aqui! Ele fica! Sai você!
Olívia - Eu não vou sair!
Afonso - Eu vou embora. Tenho que acertar as contas com uma pessoa. Ele me paga!
Saí enfurecido. Eu ia me vingar daquela bichinha. Ele que me aguardasse.
[Renan narrando]
Tudo parecia calmo demais. Eu já tinha recebido ligação da minha avó, da Eliane, do Rodrigo, do Miguel. Todo mundo queria saber o porquê de eu ter entregue as fotos. A resposta foi a mesma para todos: cansei de ser bonzinho.
Duas horas depois a Olívia chegou ao hospital. A Rosana já estava acordada, sentia dores, mas conseguia conversar. As duas ficaram sozinhas e eu resolvi ir para casa. Eu precisava tomar um banho, descansar. No dia seguinte seria a reunião do conselho dos acionistas do B. Health, e só Deus sabia o que iria acontecer.
Naquele dia pedi pra não receber visita de ninguém. Estava muito cansado. O dia passou voando. Eu não podia esperar outra coisa. Estava muito ansioso. O prazo havia acabado. O que será que aconteceria naquela reunião?
Cheguei na B. Health com o coração na mão. Daqui a uns minutos o destino da minha empresa seria decidido. O contrato com a B. Health era muito importante para mim.
Recebi uma ligação da Eliane. Minha avó havia sido sequestrada. Quem teria feito isso? Será que tinha sido o Afonso? Só lembro de tudo ter ficado escuro...
[Miguel narrando]
Quando me informaram que o Rê estava desmaiado na recepção, eu desci correndo como um louco. Nem consegui esperar o elevador. Encontrei ele caído no chão. Levei o Renan para minha sala e consegui despertá-lo.
Eu - Como está se sentindo, amor?
Renan - Ele sequestrou a minha avó... O Afonso sequestrou a minha avó... Me ajuda, amor! Me ajuda!
Eu abracei o Renan. Ele estava desesperado. Pedi pra trazerem um calmante para ele. Acionamos a polícia que já estava em busca dos sequestradores. A Eliane já tinha chamado os policiais.
Deixei o Renan na minha sala com o Rodrigo e a Stela e fui pra sala de reuniões com a doutora Lúcia. Quando vi o Afonso lá só consegui acertar um soco na cara dele. Tudo isso era culpa desse desgraçado.
Eu - Se acontecer alguma coisa com ela eu te mato!
Afonso - Foi só pra dar um sustinho nela e na bichinha.
Acertei outro soco na cara dele, mas os diretores do grupo nos seguraram.
Lúcia - Calma, Miguel. O Celso vai acabar com essa história de uma vez por outra.
Afonso - Eu não teria tanta certeza disso, Lúcia. Ele não deu a resposta ao Miguel porque está do meu lado.
Eu - Ele não me falou sobre a sua decisão. O Celso é uma incógnita.
O Celso chegou na sala de reuniões com seus dois advogados.
Celso - Pelo visto começaram sem mim. Desculpe o atraso. Estávamos preparando esses papéis. - Celso joga os papéis sobre a mesa. - Vou ser rápido e direto. - Pude ver o sorriso no rosto do Afonso. - Lúcia e Miguel, é o fim...
Continua...
Gente, eis aí o penúltimo capítulo. Eu dei algumas passagens de tempo para não cansar muito vocês. O que estão achando? O que vocês acham que reservei para o final? O que o Celso quis dizer com "é o fim"? Quem vai morrer? Quem vai ficar na cadeira de rodas? O que vai acontecer no último capítulo? Deem seus palpites.
Quero pedir desculpas pelos possíveis erros, pela demora em postar alguns capítulos. Obrigado por tudo. Amo vocês! Foi por cada comentário, cada voto, cada email que resolvi terminar o conto. Amanhã tem o último capítulo. Prometo caprichar, mas vou ser um pouquinho malvado. Beijos.
Meu email: