Cap.30
- Natália !? - imediatamente ele olhou pra trás e também a viu - o que você está fazendo aqui ?
- Sai já desse carro sua vadia ! - falou ele, já ficando vermelho de raiva.
- Me xinga mais uma vez e eu acabo com a sua raça na frente dele - falou ela, apontando duas facas para nos dois.
- Aonde você conseguiu isso ? - perguntei.
- Não interessa. Agora dirige, ou os dois vão sofrer ! - falou ela, o ameaçando com a faca.
- Não faz nada com ele !
- Cala a boca. Se vocês quiserem sair ilesos vão fazer o que eu quiser. Agora dirija ! - ele então ligou o carro e saiu. A última coisa que eu pude ver foi o pai dele olhando o carro partir sem entender. Imediatamente comecei a me desesperar.
- Porquê você está fazendo isso Natália ?
- Porquê ? Vocês já estão indo longe demais com essa brincadeirinha de namoro.
- Mas que coisa garota ! Porquê você não entende de uma vez que eu não gosto de você ? Porquê você não vai procurar outro garoto ? Porquê você prefere fazer esse tipo de coisa a apenas entender a realidade ?
- Porquê eu sei que você não é assim ! Eu sei que este viado te enfeitiçou... - ela realmente não tinha escrúpulos. Foi capaz de nos sequestrar. O nível de sanidade mental dela já havia sido superado a muito tempo.
MINUTOS DEPOIS
Entre ameaças e ofensas ela fez o Ghi dirigir até o lado de fora da cidade, sempre com a faca no pescoço dele.
- Como vocês se sentem agora ein ? Como é ficar na mão da louca ? Vocês nunca deveriam ter me maltratado ! A culpa disso é sua Lucas... Se você tivesse seguido a verdade, teria voltado para mim. Mas não, preferiu se enganar e ficou com esse gay patético. Ele deve ter uma bunda muito grande para você ficar tanto tempo com ele - a minha vontade era de tomar a faca da mão dele e esquarteja-la viva. Mas eu não podia por em risco as nossas vidas. Eu não ia cair no jogo dela.
- Quando se há amor, o sexo é apenas um detalhe - falei, fazendo ela calar-se.
- Entra nesse ramal - andamos mais um pouco , até chegarmos numa área bem fechada, que só tinha mato para todos os lados. Eu rezava para o pai dele ter desconfiado e avisado imediatamente os policiais do acontecido. Ele sabia que teria que voltar com a gente, com certeza ele não acharia normal nós sairmos e deixarmos ele lá. Aquela altura nem o sinal do celular funcionava. Estávamos ilhados no meio do nada, reféns daquela louca - saiam do carro ! - descemos os dois juntos... Aquela altura eu já estava banhado em lágrimas. Ela era esperta, não nos dava tempo de tentar virarmos para pegar ela.
- O que você quer de nós Natália ?
- É muito simples, meu caro Lucas - o momento em que ela aproximou aquela faca dele, me deixou quase sem batimentos, de tão acelerado que ficou o meu coração - se você quiser que essa aberração destruidora de namoros continua viva, você vai terminar, tudo aqui na minha frente, e vai me beijar, na frente dele - arregalei os olhos.
- Não...
- Prefere ver ele morto ? - falou, triscando levemente a faca em seu rosto, mas o suficiente para fazer o sangue escorrer
- Porquê você simplesmente não encara a verdade ? Porquê ?
- Porquê eu sou louca ! Porquê essa verdade de vocês para mim e mentira ! Porquê agora eu mando na verdade. E então, como vai ser ? - ele parecia não estar assustado, mas os olhos denunciavam o medo que ele estava passando. Pela primeira vez a minha vontade era de mata-la. O ódio tomou conta do meu corpo.
- A gente não precisa fazer isso Natália . Do que adianta eu terminar se meu coração vai continuar sendo dele ?
- 3
- Você pode encontrar outra pessoaPelo amor de Deus Natália ! Não faça isso !
- 1 - neste mesmo momento um helicóptero surgiu sobre nós. Ouviu-se apenas um tiro, que imediatamente me fez fechar os olhos. Quando abri, percebi o que tinha acontecido. O policial do helicóptero havia matado ela. Com um tiro no peito. Ao ver isso, ele imediatamente se levantou e correu para me abraçar.
- Meu amor ! - o abraço foi tão forte que as nossas pernas falharam. Acabamos desabando no chão
- Eu não iria ter coragem... Eu não conseguiria terminar com você... Nem de mentira... Eu... Não conseguiria ! - imediatamente nós dois começamos a chorar. Logo uma viatura chegou. Enfim, o nosso pesadelo havia acabado. Nada mais poderia nos separar. Nada.
UM ANO DEPOIS
Nada mais nos afetou. Nos formamos no Ensino Médio, como sempre lado a lado. Chorei quando ele subiu e pegou o canudo. Ele idem. A cada dia que se passava, víamos os nossos lados se estreitar. E aquele amor de adolescente se tornar um amor maduro e seguro contra qualquer obstáculo. A gente vê a diferença de uma comum paixão para um amor verdadeiro. Não importa quantas horas, dias ou meses se fica junto. Nunca enjoamos um do outro. Sempre queremos ficar ainda mais perto um do outro. Sempre estamos perto. Doente ou não. Não figuramos um casal perfeito. Sabemos que temos defeitos. Mas estes não são o suficiente para que aos menos passe em nossas cabeças a teoria da separação. Não existe nada que possa nos separar. E assim foi durante um ano. Até o primeiro dia na universidade. A cumplicidade era tanta que nós dois escolhemos o mesmo curso. Medicina. Chegava na universidade sozinho, pois havia dormido em casa naquela noite. Não havíamos mudado nada . A aparência permanecia a mesma.
- Oi Amorzinho - dizia, se aproximando de mim. Nos abraçamos e logo nos soltamos -animado para a universidade ?
- Claro que sim, só espero que não passemos por nenhum trote...
- Eu trouxe a minha peixeira, para qualquer coisa eu ter como me defender - ri.
- Seu louco ! - fomos andando juntos para dentro da universidade - sabe com o que eu sonhei ontem a noite.
- Com o que ?
- Com você...
- Ah é ? E como foi ?
" Acordava para mais um dia de batalha neste mundo. Estranhava o local, não estava no meu quarto, e nem no quarto do Ghi. Porém o seu cheiro estava no ar, e era extremamente animador acordar com aquele cheiro. Apesar de não reconhecer o local, logo me recordei. Ele já esteve nos meus sonhos antes. Antes de eu o conhecer, sonhei com aquele local, e com ele muitas vezes.
- Amor ? - ele abria a porta, me fazendo olha-lo - já acordou meu lindo ? - vestia um jaleco, e trajava uma barba charmosa - Achei que aquele plantão de ontem tivesse cansado mais você... - dizia, vindo até mim e beijando o meu rosto.
- Espera... Onde estamos ?
- Ué, em nosso apartamento... A amnésia voltou de novo ? Se for assim me avise que processarei aquele hospital - ele me fez rir.
- Então já estamos casados ?
- Isso diz alguma coisa ?- perguntou, mostrando o meu celular, e na frente havia uma foto nossa, de terno, numa moldura, escrito "Casados para sempre - fazemos 10 anos de casados amanhã amor, não é lindo ?
- Sério ?
- Ah seu insensível, não brinca comigo que você esqueceu ?
- Não... Não ,óbvio que eu não esqueci o nosso aniversário - eu nem sabia que data era. Parecia que a minha mente havia envelhecido 15 anos sem repor os conhecimentos - e esse garotinho ?
- Que garotinho ? Eu ? - perguntou um garoto, entrando no quarto escovando os dentes - Achei que você ainda estaria dormindo papai. Chegou tão tarde ontem a noite...
- Filho !?
- O que foi ? Ah, já sei... Não gostou do meu corte de cabelo. Eu falei pro tio Gustavo que você não ia gostar, mas ele cortou mesmo assim.
- Em falar nisso, temos que ir lá no Gustavo depois. Minha mãe vai passar o dia se empiriquitando lá e eu preciso deixar ela lá
- Cabeleireiro é ? - ri da profissão que ele havia escolhido. Não achava que combinava com ele.
- Ah pai, diz que iremos no shopping hoje, diz ? - perguntava ele, pulando sobre mim, me fazendo rir "
- Que sonho lindo e louco !- dizia eu, olhando para ele antes que entrassemos na sala.
- Gustavo cabeleireiro. Será se dá certo ? - rimos.
Várias vezes eu havia sonhado com eles. Porém, a maioria das vezes eu não gostava. Queria esquecer. Porém agora era diferente. Eu não via a hora para aquilo acontecer. Queria ser o esposo do garoto dos Sonhos, o mais rápido possível. E ser feliz para sempre com ele.
FIM
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