Eu estava convicto a tirar minha vida, pois tudo o que havia se passado e o caminho que percorri até aqui não me deixavam outra alternativa senão a morte.
Sentia-me dilacerado por dentro e sem um pingo de esperança. Levantei em direção à porta de saída de minha casa, vestindo apenas um shorts de tecido fino, com meu corpo franzino exposto. Era uma madrugada fria de junho, e o que eu mais queria era que todo o meu sofrimento tivesse um fim.
Segui pela rua até o fim, e por já serem 3h30min da madrugada, não havia uma alma viva sequer, apenas eu em meio a penumbra da noite escura. Desci até a travessa que ligava minha rua ao viaduto acima do rio, e ao chegar subi lentamente cada pedaço mais alto daquela ponte, olhei o rio abaixo, e era quase impossível enxergar qualquer coisa a não ser a neblina que encobria a ponta de algumas pedras.
Respirei o ar gelado com dificuldades, e lágrimas insistiam em escorrer pelo meu rosto, de forma que o desespero tomava cada vez mais conta de mim até que não pude mais suportar, inclinei meu corpo o máximo que pude, soltei uma de minhas mãos e fechei os olhos pronto para que quando abrisse-os novamente, tudo já tivesse acabado. Começara então a cair uma chuva gelada, que arrepiavam ainda mais o meu corpo.
Por fim soltei a última mão que estava a me apoiar, e assim que senti que estava desequilibrado e começaria a cair, sinto algo tocar meu braço com força.
- Não faça isso!!
Ouvi uma voz firme atrás de mim, ainda segurando-me forte pelos braços.
- Me solte, você não tem esse direito- eu disse.
Mas antes que eu pudesse dizer uma palavra a mais, tive meu corpo envolvido por aqueles braços, que hora me apertavam tão firmemente, que pude sentir a dor em meus ossos.
- Não vou permitir que faça isso- disse o estranho...
Comecei então a me debater, e espernear, pois estava certo de que aquele era o momento certo de acabar com minha vida e se não fizesse isso naquele momento talvez não o fizesse mais.
- Me solta, me larga, eu preciso..- gritava desesperado...
O homem estranho, então envolvia-me em seus braços e comecei a me acalmar, pois não tinha mais forças para debater com aquele homem tão forte.
Aos poucos passei a me sentir frágil, e ao mesmo tempo protegido por aquele ser que eu jamais havia visto antes, comecei a chorar descontroladamente, soluçando, apertando forte o abraço daquele homem.
Chovia, uma chuva fria, e mesmo assim eu sentia que meu corpo estava a pegar fogo, em chamas, em pleno inverno, e assim que me acalmei mais passei a encarar o meu anjo da guarda, e quando nossos olhos se cruzaram pela primeira vez, senti como se o conhecesse a muito tempo, mesmo sem jamais tê-lo visto antes.
O homem me encarava, e eu o encarava. Mesmo numa situação como aquela o seu olhar não era de raiva ou de pena, e sim um olhar terno, puro.
Passei a observá-lo mais a fundo. Era moreno claro, braços fortes ( o que eu havia descoberto na prática ), rosto meio quadrado, enfim, ele tinha o estereótipo muito parecido com o ator Sérgio Marone( Faraó de Os Dez Mandamentos ). Um homem lindo e com olhar misterioso, que mesmo sendo totalmente másculo em cada célula de seu corpo, seria incapaz de fazer mal a uma simples mosca.
- Agora que já está mais calmo me diz: Por que está tentando se matar? –disse ele
-Você não entenderia! Respondi com a voz fraca.
- Talvez se me disser eu possa ajudar. Como se chama?
- Ju... (acabei desmaiando sem completar meu nome, talvez meu lado humano tenha falado mais alto e todo esse tempo exposto ao frio tenha feito meu corpo entrar em estado de alerta.)
Acordei meio desorientado, olhei para o meu braço esquerdo e estava no soro, passei a observar melhor o ambiente à minha volta para ter certeza que se tratava de um hospital, pois eu pensava que poderia estar morto.
Ao olhar direito observei no canto do quarto um rapaz, sentado naquela poltrona, que mal cabia o corpo dele, e estava dormindo, fiquei observando-o por algum tempo, até que entra no quarto uma enfermeira, se aproxima de mim, e ao notar que estou acordado...
- Senhor, boa noite, o senhor está me ouvindo?
Respondi que sim com a cabeça.
- Que bom que o senhor acordou, estava num quadro de hipotermia crítico e faz três dias que o senhor está aqui no Hospital XXX.
Fiquei ouvindo ela falar, mas minha cabeça doía um pouco, talvez por ter dormido todo esse tempo. Fazia muito tempo que não dormia...
- Quem é ele? Perguntei.
- O senhor não o conhece! Foi o rapaz que o impediu de... Bem... o senhor se lembra de tudo o que aconteceu?
- Não, só me lembro de estar na minha casa e acordar no meio da noite com frio, e agora acordei aqui.
- Bem , vou chamar o doutor...- disse ela com aspecto preocupado.
- Ju? VocÊ acordou? – disse o rapaz que estava acordando ...
- Ju? Você me conhece? Não me lembro de você.- respondi.
- É que esse foi o que você conseguiu dizer antes de desmaiar no dia que te conheci...
- Me chamo Junior... Junior Henrique! E você? Quem é?
- Cláudio. Cláudio Mendonça! A suas ordens.. disse rindo.
Por mais que aquele cara tivesse um sorriso encantador, aquele ar de riso dele me irritava...
- Sem gracinhas senhor Mendonça, e me diga, de onde me conhece?
-Bem, eu , eu fui o cara que te impediu de.. ah você sabe...
- Não não sei, que droga... Por que não falam de uma vez... Ficam enrolando... Odeio isso.
-Bem você estava prestes a se matar!
Nossa, aquelas palavras surtiram efeito como uma facada em minha cabeça, me fazendo estremecer de dor e começar a ter flashs do acontecido.
- Eu preciso ficar sozinho por favor.- eu disse envergonhado.
- Claro- disse Cláudio- eu não irei a lugar algum, alias, não fui a lugar algum nesses últimos três dias...
Tentei forçar um sorriso.
- Obrigado.
- Ju.. Junior, desculpe. Estou feliz que tenha acordado.- disse Claudio tocando em meu braço, fazendo me arrepiar, e olhar para aquele sorriso dele...
CONTINUA??
OBS: PRETENDO FAZER NO MAXIMO 3 OU 4 CAPITULOS PARA ACABAR ANTES DE TERÇA... Bjus... comentemmmmmm....
