Pela primeira vez em muito tempo eu estava feliz, não tinha ganhado na mega sena ou achado um poço de petróleo no quintal da minha casa, mas eu estava mais próximo do Arthur, e isso era tudo que eu precisava. Na verdade nunca tinha percebido isso, mas desde que o empurrei da escada a tanto tempo atrás, tudo o que mais queria era ser amigo dele, como um ima negativo precisa de um positivo e finalmente eu tinha isso, finalmente tinha meu imã.
— Suco de laranja, seu preferido – eu disse entregando o copo com o liquido para Arthur que estava sentado em um balanço que tinha em uma arvore no quintal atrás da sua casa, os cabelos cacheados estavam dourados devido à luz do outono que incidia sobre eles.
— Valeu manim – adorava quando ele me chamava assim.
Desde que Arthur saira do hospital sua irmã havia pedido que eu e Carlos cuidássemos dele, pois ela morava em outra cidade e não poderia cuidar dele, tarefa que eu e o ruivo aceitamos de bom grado. Ao chegar a casa dele tive um flashback de cinco anos atrás, quando eu cheguei ofegante aquele mesmo portão e bati esperando ver toda a bagunça que eram os cabelos de Arthur, mas encontrei aquela casa vazia, vazia como o meu coração. A residência aparentava ser velha pelo lado de fora, mas por dentro era maravilhosa, moveis planejados compunham a maioria da mobília da casa que era pintada com tons claros e alegres, mas mesmo assim o quarto de Arthur era a parte mais linda da casa: todo em um azul escuro que transmitia calor, exceto a parede que ficava atrás da cama que era de um material parecido com feltro, e a parede em frente à cama que era toda de vidro. O guarda roupa era perfeitamente organizado e me surpreendi com a quantidade de gorros que ele tinha, acho que dava pra ele usar um gorro por dia o ano todo sem repetir
Nas ultimas semanas eu e Carlos estávamos nos revezando cuidando de Arthur, mas no final das contas era eu que passava a maior parte do tempo com ele, pois Carlos trabalhava. Habituei-me aquela casa como se fosse a minha própria, na verdade queria que ela se tornasse a minha casa, afinal eu estava apaixonado pelo dono.
Não sei quando percebi ou decidi isso, e acho que assim que ocorre na maioria das vezes, você simplesmente não para e pensa: estou me apaixonando por um homem, o que será da minha sexualidade? Acho que isso vai ser acontecendo sem que tu perceba, e quando olha para a pessoa que esta na sua frente, sorrindo por estar na sua presença, ai sim você se da conta que se apaixonou por um homem. Depois dessa historia com Arthur comecei a dizer que hetero continua sendo hetero ate que ache um homem que o faça perder a cabeça, quando isso acontece meu amigo, não há sexualidade que não lhe faça amá-lo.
— Manim? – A voz de Arthur me tirou dos meus devaneios.
— Oi Arthur – respondi.
Ele ajeitou os óculos sobre o rosto, Arthur me dissera que só usava lentes de contato fora de casa.
— O que tem pro jantar? – Ele perguntou rindo.
— Não sou sua empregada rapazinho – respondi fingindo uma falsa raiva.
— Poxa Isaura – ele disse fazendo referencia a escrava Isaura.
— Isaura o caralho – respondi rindo.
— Desculpa, desculpa.
— Vamos la na cozinha, vou fazer uma lasanha pra nos.
—Ebaaaa – ele disse parecendo uma criança.
Rimos e seguimos pra dentro da casa, enquanto preparava a lasanha Arthur foi tomar banho. Desde que eu estava cuidando dele nunca o havia visto de cueca, ou melhor, pelado, e confesso que estava com curiosidade.
— Manim, que cheiro bom – Arthur disse chegando todo cheiroso atrás de mim
— Obrigado – respondi e me virei e me deparo com o moreno de cueca boxer preta, uma regata branca e um gorro cheio de caveiras, os óculos davam o toque final, deixando os olhos azuis parecidos com duas piscinas azuis, quase tive um ataque cardíaco, nunca tinha visto ele mais lindo.
— Vai se vestir rapaz – disse contendo meu nervosismo e minha ansiedade de continuar olhando.
— Que eu me lembre estamos na minha casa.
— Ah, tudo bem, vou embora então – eu disse fazendo graça.
— Vai não manim – ele respondeu me abraçando por trás.
Meu pau ficou duro na hora, ficamos nessa posição um bom tempo ate que uma voz atrás de nos diz:
— Que cheiro bom
Viro e me deparo com Carlos nos olhando com uma cara de: eu sei que não devia interromper vocês, mas não resisti.
— O Ota ta fazendo lasanha – disse Arthur – como ta indo com o Gabriel?
— Acho que bem – respondeu o ruivo se se sentando à mesa de jantar.
— Fico feliz que meu ex e meu ex inimigo estejam se dando bem – disse Arthur com aquele tom de voz que você não sabe se a pessoa ta brigando ou falando serio.
— Obrigado – respondeu Carlos e Arthur começou a rir.
— Mas serio, fico feliz que vocês estejam se dando bem – ele disse sorrindo, mostrando que seus votos eram verdadeiros.
— Obrigado – disse Carlos – você não tem nenhuma bermuda ou calça não? – Perguntou Carlos notando a nudez de Arthur da cintura pra baixo.
— Como eu disse ao Otavio, estamos na minha casa.
Jantamos e depois Carlos foi embora, Arthur começou a ter uma dor de cabeça e me pediu pra dormir com ele caso a dor ficasse muito forte, só que quando ele disse pra dormir com ele não imaginei que era na cama dele ao seu lado. Não que eu estivesse achando ruim, mas do jeito que estavam às coisas era capaz que eu o agarrasse durante o sono.
Arthur me emprestou uma regata e uma bermuda para dormir, ele por sua vez só tirou a regata e colocou uma regata de malha, e trocou o gorro de caveiras por um gorro azul claro com uma bola na ponta, igual aqueles que as pessoas usam em países muito frios.
— Qual o seu lance com os gorros? – Perguntei quando nos deitamos, me segurando para não abraçá-lo, pois havia tão poucas roupas nos separando: minha cueca, minha bermuda, a cueca dele. Três camadas nos separavam.
— Antes de eu aprender a pentear meu cabelo direito usava os gorros pra esconder e vamos combinar que fico muito mais bonito de gorro, realça meus olhos azuis.
— Seus pais tinham os olhos azuis? – Perguntei
— Não, eu e minha irmã puxamos nossos avos
— Você parece meu negativo, o que eu tenho claro, você tem escuro, o que você tem claro, eu tenho escuro.
Mas ele já tinha dormido, comecei a rir quando percebi que estava falando sozinho.
Enquanto olhava ele dormir calmo em sua cama, os cachos de seu lindo cabelo formando sombras em sua bochecha por causa da luz da lua que entrava pela janela, me arrependi de tudo o que tinha feito com ele, na verdade já tinha me arrependido, mas agora era como se mil toneladas se abatessem sobre meus ombros, mas não sentia dor, sentia vergonha, nojo de mim mesmo, e também uma vontade louca de abraçá-lo e nunca mais deixar que pessoas como eu o maltratassem, e enquanto esses pensamentos se abatiam sobre mim, um outro pensamento desesperador me ocorreu: como deixei a situação chegar a esse ponto?
E foi aqui meus caros amigos que começamos, eis o que veio a seguir.
Comecei a me sentir mal por tudo que fiz a ele, e levantei para ir tomar um ar, mas quando estava passando pela porta sinto uma mão segurando meu pulso, me viro e vejo Arthur com cara de sono me olhando.
— Não vai não – ele disse
— Arthur, fui eu que te empurrei da escada aquele dia na escola porque eu queria ficar com a Bruna e ela me pediu pra fazer isso com você – despejei todas essas informações sobre ele que ficou parado me olhando – sei que nunca ira me perdoar, então adeus.
Fiz força pra sair do aperto dele, mas ele fez mais força com a mão, tanta que chegou a doer meu pulso. Virei-me pra pedir que ele me soltasse, e encontro o rosto dele a centímetros do meu, e quando percebi ele estava me beijando, um beijo calmo mais cheio de desejo, a surpresa foi tanta que demorei a reagir, e quando me dei conta do que tava acontecendo foi como se uma engrenagem que estava enferrujada dentro de mim começasse a bombear adrenalina pra todo meu corpo, nunca havia me sentido tão vivo. Comecei a beijá-lo com a mesma suavidade e desejo com que ele me beijava, e foi como se fossemos um, como se fossemos um astro que emitisse sua própria luz.
Quando ele se afastou, me encarou com seus olhos azuis cor do céu por um tempo se virou caminhou em passos lentos em direção a cama.
— Deita aqui comigo – ele disse e abriu os braços
Fui em sua direção e me aconcheguei em seus braços, seu aperto era quente, ele me deu um beijo na cabeça e me apertou um pouco mais, e senti que nada e nem ninguém poderia me ferir ou me machucar enquanto permanecesse ali.
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Desculpem a demora galera, tive varios contra tempos, mas dei uma caprichada nesse capitulo e espero que gostem, a historia deve ter mais uns 5 capitulos, não tem muito mais o que contar, e não quero fazer aquelas historias de 50 capitulos que ficam acontecendo a mesma coisa o tempo todo mas de formas diferentes, quero contar minha historia simples e puramente. Quem quiser conversar comigo, meu email :