Acordar cedo em pleno sábado não era, nem de longe, nem brincando a minha atividade favorita. Menos ainda se o que me acordasse fosse um celular tocando sem parar. Era o celular de André que tocava repetidas vezes ...
Abri os olhos e me deparei com ele em minha cama dormindo como uma criança. Cutuquei-o uma, duas, três vezes, resmunguei alguma coisa e saí pelo quarto a procura do aparelho infernal. Estava na calça dele na minha penteadeira.
- Merda!! - joguei-me na cama e comecei a sacudí-lo com mais força- André, acorda, é o seu pai.
Parece que aquilo soou como um soco em André que pulou na mesma hora, meio atordoado e atendeu o telefone..
-Oi Pai..- eu escutava o homem gritar do outro lado e André apenas respondia..- Eu sei pai.. eu estou bem, na casa do César... ( desligou em seguida ).
-Está tudo bem? – perguntei esperando uma negativa.
-Sim, meu pai está vindo me buscar!
- Ãn? – definitivamente eu não estava entendendo nada daquela situação... tudo parecia muito confuso pra mim.
-André, ontem você veio meio desesperado até aqui e disse que seu irmão ia te matar.. O que está acontecendo com você? Se não me disser não posso ajuda-lo.
- Esquece Cesar, está tudo bem...
Logo o pai dele tocou a campainha, fomos atender...
- Nossa filho, fiquei tão preocupado com você!! – disse o pai de André correndo para abraça-lo...
- André, eu e o pai te procuramos ontem em todo lugar meu irmão... quase fomos à delegacia... estávamos muito preocupados com você... – disse o Julio ( brutamontes ) se aproximando dele, e o abraçando fortemente...
Eu não estava entendendo mais nada!! Estava tudo muito estranho, uma vez que esses não aparentavam ser os verdadeiros pai e irmão de André, que sempre o tratavam com tamanho desprezo...
- Eu estou bem papai, só vim à casa do César e acabou ficando tarde pra eu ir embora.. Desculpe, desculpe mesmo.. Não vou mais fazer isso...- disse André olhando fixamente pra mim.
Em seguida despediram-se com uma cordialidade exagerada da qual eu nunca havia presenciado, e foram abraçados os três rua abaixo até virarem a esquina...
************ANDRÉ NARRANDO!!*********
Seguimos rua a baixo eu, meu pai e Júlio, todos abraçados como a família feliz que não eramos... eu estava farto daquela falsidade toda, quando viramos a esquina, meu pai aperta meu braço com força, puxando-o pra trás como se fosse quebra-lo..
- O que estava pensando em moleque? Já não te disse que não quero você falando com esse moleque? Alias, com ninguém! Eu vou matar você está entendendo? Você não veio pra cá a passeio não.. veio pra servir eu e o seu irmão... A única que defendia você era a vadia da sua mãe, mas ela já se foi, ainda bem! E como você sabe, você não é meu filho, assim como o Julio não era filho da sua mãe! Mas se quiser continuar tendo um teto pra morar vai ter que me respeitar infeliz... fazer tudo o que eu quiser... – disse isso e em seguida me deu um tapa que ardeu muito no rosto.
Júlio gargalhava, assim como muitas vezes quando eramos pequenos seu pai me batia e ele ficava apenas rindo de mim.
Quando minha mãe casou com o pai de Júlio, eu tinha 5 anos de idade, e o Júlio 11. Nunca tive uma vida fácil, e nem sequer conheci meu verdadeiro pai. Querendo ou não, o meu “pai” e o Júlio eram os únicos que eu tinha, e teria que aguentá-los por pelo menos mais um ou dois anos até arrumar um emprego e ter a maioridade pra sair de casa. Mas até lá teria que aguentar...
Quando chegarmos em casa, Júlio e meu pai me fizeram de saco de pancadas, um me chutando e outro me batendo com a toalha molhada para não ficar marcas.. eu nem chorava, pois minhas lágrimas maiores escorriam por dentro. Precisava ser forte.
Passei o resto da semana sem poder sair nem em frente de casa pela dor no corpo e pelo castigo que tinham me dado.
- André? –meu pai bateu à porta. – telefone pra você.. é o tal César,pra te chamar pra passar o fim de semana no sitio novamente!
- Pode dizer que não vou! Que estou doente!
-Mas é claro que você vai!! – disse ele
- Eu não te entendo sabia.. o que você quer? Me enlouquecer? Qual é? – eu disse, sendo interrompido com um tapa forte na cara.
- Cala boca filho da puta, eu dou as regras do jogo, e se eu disse que você vai, você vai!
Era difícil entender qual era realmente a dele, mas atendi o telefone e marquei com Cesar de me pegarem mais tarde.
No jantar descobri que Julio iria viajar novamente pra fazer seu curso de policial, e então entendi, que toda vez que Julio viajava, meu pai achava um jeito de me descartar pra ficar com a casa vazia, provavelmente pra trazer alguma puta pra dentro de casa.
Melhor pra mim, pois ficaria dois dias longe do inferno que era aquela casa, e estar com Cesar era muito bom!! Acho que no fundo eu sempre fui apaixonado por ele, mas ele tem namorada e preciso ficar longe dele, pois não precisava arrumar mais um problema pra minha vida. Meu pai e meu irmão já eram problemas demais, ainda lidar com uma homossexualidade e uma paixão por um cara hetero não seria nada fácil, e se meu pai descobrisse me mataria com certeza.
********************CÉSAR NARRANDO****************
Chegada a sexta feira fui, junto com Mariana buscar André em sua casa, fui recebido muito bem pelo seu “novo pai”, que me chamou pra entrar e me ofereceu algo pra beber, claro que recusei, pois queria mesmo é pegar meu amigo e ir pra chácara passar o fim se semana.
Entramos no carro e logo eu disse
- seu pai e seu irmão estão bem mudados hein André.. que bom!
- É. – foi a unca resposta que tive dele.
Chegamos na chácara e deixamos as bolsas nos quartos, e Mariana percebeu que não tinha lenha pra acender o fogão, e que a noite não conseguiríamos cozinhar nada.
Então decidi ir com André ao velho deposito que tinha nos fundos, onde sempre tinha lenha seca, e aproveitaria para pressioná-lo para tentar descobrir algo que se passava com ele.
Mariana ficou dentro de casa trocando as roupas de cama enquanto fomos até o depósito.
Abri a porta do depósito e as janelas pra entrar luz no quartinho que nem sequer tinha lâmpada.
- Aqui Cesar, aqui tem lenha!! – disse ele, pegando o primeiro feixe de madeira que achou em sua frente.
O interrompi, tirando as madeiras de sua mao e voltando-as no chão.
- André, olha pra mim. – eu disse pegando em sua mão.
- Me dá sua mão e olha no fundo dos meus olhos! – eu disse.
Reparei que ele tremia muito, estava claramente incomodado com aquela situação.
Continuei encarando-o e levantei seu rosto em direção ao meu.
- Você sabe que gosto muito de você não sabe? Confia em mim... Me diz, o que está acontecendo com você..
- Nada Cesar- disse ele desviando o olhar e virando-se de costas para mim.
Peguei em seu braço, virando-o de frente pra mim...
- Sei que está acontecendo algo, e quero te ajudar, mas sem saber não posso! Sabe que eu jamais deixaria algo acontecer com você! Eu te protejo, mas confia em mim..
- Você não entenderia! É melhor deixar como está... Eu disse que está tudo bem... – disse ele com os olhos cheios de lágrima
- Sabe que sou mais que um amigo, sou quase um irmão pra você, e sempre serei aquele que estará do seu lado, sempre estarei ali pro que precisar, porque quando a gente ama alguém a gente protege a pessoa e faz tudo pra ela, e você é assim pra mim...
Fui calado por um beijo! Isso mesmo, André me beijou ternamente... me deixei levar por aquele beijo.. Ele me beijava e chorava... eu acariciava seu rosto e seu cabelo, eu estava sendo movido por um sentimento que jamais havia sentido!! Quando cai em mim, o empurrei e disse que aquilo estava errado. Peguei o feixe de madeira e deixei o local extremamente confuso com o que havia acontecido...
*****************ANDRÉ NARRANDO****************
Meu Deus, eu o beijei... não devia ter feito isso... e agora? O que faço? Melhor agir como se nada tivesse acontecido, e se ele não tocar no assunto também não tocarei...
Voltei pra casa, ele estava no banho...
Mariana estava sentada no sofá da sala, assim que eu entrei ela me encarou, e eu senti como se ela soubesse, mas era impossível, a não ser que ele tivesse contado, o que era pouco provável.
- Me ajuda com o jantar André? – disse ela
- Sim claro, o que vamos cozinhar?
- Macarrão, o que acha?
- é o prato preferido do César.
- EU SEI – disse ela rispidamente.
- Está tudo bem Mariana? – eu perguntei esperando uma resposta
Mariana cortava cebola, meio nervosa e com firmeza disse:
- EU VI VOCÊS DOIS NO DEPÓSITO!
- Me desculpe, eu...
- Escuta – disse Mariana apontando a faca em minha direção. – Amanhã mesmo você vai pedir pra ir pra casa, e vai nos deixar em paz, está entendendo?
- Eu, eu não queria que tivesse...
- Está avisado.. isso vai acabar aqui entendeu?
- Sim, desculpe!
- Não diga nada desse nosso assunto pra ele, ele não precisa saber que vi vocês dois, mas eu tenho nojo de você, e quero que saia de perto de nós!
Cesar saiu do banho, com a toalha enrolada na cintura, veio à cozinha, abraçou Mariana, depois me abraçou, e disse:
- Que bom que meu melhor amigo e meu amor se dão tão bem!! É tão bonito ver vocês dois cozinhando juntos!!
- é sim meu amor- disse mariana pra ele, que sorriu.
Mariana me encarava. Saiu da cozinha rumo ao banheiro pra tomar banho, e Cesar me diz:
- Vamos esquecer o que aconteceu está bem?
- Sim claro! É que...
- Não precisa se justificar, eu também fui culpado, mas vamos deixar pra lá tá bem?
Cesar veio e me abraçou, talvez o ultimo abraço que eu receberia dele.
Jantamos, e fomos deitar. Na cama eu só podia pensar no que havia acontecido, e na desculpa que eu daria no dia seguinte pra poder ir embora... Não consegui dormir... rolei na cama de um lado para o outro. Olhei no celular sem rede, eram 4h da manhã, resolvi por o fone de ouvido e comecei a ouvir música com os olhos fechados e chorava muito, quando abro meus olhos e o vejo em pé ao lado da cama, me encarando firmemente!
CONTINUO???
************************************************
Obrigado a todos os que comentaram, e peço que continuem comentando mais e mais, pois a história que estou contando é realmente muito bonita!! e verdadeira!! estou contando o mais fielmente que posso!
Ru/Ruanito - obrigado pelos seus comentários,e fique em paz, que o conto é gay mesmo, mas precisamos dessa fase do namoro, para manter a história original... Continue comentando... Críticas sao sempre bem vindas, sejam negativas ou positivas...
Swiss - Martines -- John_99 -- Dimitri Tchébrikov -- Deutsch -- Escritor OcultoObrigado seus lindos pelos comentarios e podem confiar que a história nao vai decepcionar voces, e que como o título diz, esse amor é pra recordar mesmo.... Voces vao lembrar dessa história linda por muito tempo!! Bjus
COMENTEM MUITO E VOTEM!
