Alex cumprimentou a companheira com um beijo e o homem com um aperto de mão frio, logo imaginei não ser alguém íntimo, apesar dos sorrisos que trocava com Maíra.
- Rafael, esse é o Lucas, meu sócio. Lucas, esse é o Rafael.
- Prazer, Rafael.
- O prazer é todo meu. Imaginava você bem diferente. Me agradou bastante.
Não entendi bem o que ele quis dizer, mas estava mais preocupado em saber do que se tratava. Segurei, mas não me contive por muito tempo:
- Então, do que se trata esse encontro?
- Lucas, o Rafael quer comprar sua parte do restaurante.
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- Como assim comprar minha parte? A gente nem discutiu isso.
Rafael tomou a palavra para amenizar as coisas.
- Calma, Lucas. Eu só comentei com o Alex do meu interesse, mas a gente vai ter tempo pra conversar melhor sobre essa ideia.
- Ok, Rafael. Desculpa pela grosseria. Eu... Eu vou voltar pra cozinha.
Segui em disparada e Alex veio atrás. Eu estava muito triste. Não consegui me conter e debrucei sobre o balcão da cozinha. Acabava ali a amizade, a sociedade, talvez até a minha carreira.
- Lucas, eu não queria que fosse desse jeito, mas acho melhor...
- Eu não quero ouvir você. Pode comemorar, você vai estar livre de mim. Cansei de insistir, cansei de lutar. Esse restaurante é seu e ponto final.
Tirei meu avental e decidi ir embora. Aquele clima estava acabando comigo. Logo eu que sempre recebi elogios por ser alegre, feliz, animado, estava agora condenado a tristeza por conta de uma noite que tinha tudo para ser perfeita. Na verdade, foi bom enquanto durou. Cheguei em casa e antes que eu pudesse começar a chorar ou quebrar os móveis, a campainha soou.
- Rafael? O que você faz aqui? Como sabia que eu morava aqui?
- Quantas perguntas... Posso entrar?
- Claro, desculpa. Senta.
- Respondendo, eu te segui porque fiquei preocupado com aquela cena no restaurante. Eu não queria causar aquele problema e te deixar chateado. O Alex que insistiu em falar daquele jeito.
- Sim, o Alex.
- Mas a atitude dele teve um ponto positivo: eu pude conhecer você.
Recebi seu olhar atencioso e me senti acolhido. Estava precisando disso.
- Verdade. Aceita uma água, um suco?
- Aceito uma água sim.
Os próximos minutos foram para nos conhecermos. Ele, alto, moreno claro, olhos castanhos, cabelo curto recém
cortado, estava de terno, mas tive a impressão de que tinha um bom corpo, advogado de 32 anos. Muito bonito, aliás.
Além disso, galanteador. Sabia o que falar sem ser invasivo e ao mesmo tempo demonstrar interesse. Confesso que me perguntei por um tempo se estava entendendo certo ou exagerando, mas tive certeza que estava sendo cantado quando ele decidiu ir embora.
- Bom, sabendo que seu humor está melhor, vou embora.
- Muito obrigado pela sua visita, Rafael. Por sua causa que eu fiquei melhor.
- Não foi nada. E ainda nem entendi o que te aconteceu, você não quis me contar né?!
- Papo pra um outro dia. E eu não esqueci que você é amigo dele, hein?
- Não sou amigo dele, só nos conhecemos há muito tempo.
- Se é assim, podemos ser amigos então.
- Só amigos?
Meu breve silencio, breve e constrangedor, fez com que Rafael retomasse:
- Então, temos muito o que conversar. Anota meu numero?
- Claro.
Assim o fiz, nos despedimos com um abraço forte e pude constatar que realmente seu corpo era bem interessante. Fiquei com tesão. Não demorou nem 10 minutos para a campainha tocar novamente. Abri mais animado, mas durou pouco a felicidade.
- Ah, não, Alex. Mais uma vez não.
- Lucas, me perdoa.
- Oi? Tá louco?
Percebi que seu nariz estava vermelho e seus olhos também. Ele sempre fica assim quando chora.
- Me perdoa? Eu não consigo mais seguir com essa loucura.
- Do que você tá falando? Não tô entendendo nada.
Ele entrou como um furacão na minha casa, gozando da liberdade que sempre teve. Liberdade que estava ameaçada.
Mas sua expressão de tristeza e seu tom de voz de súplica me fazia relevar e buscar entender o que acontecia.
- Lucas, você não merece um amigo como eu. Sou um idiota. Eu quero suas desculpas.
- Desculpas pelo que exatamente?
- Por tudo. Eu agi como um otário com você, por medo.
- Você tá bem, Alex? Quer um copo d’água? Está confuso...
- Eu amei a nossa noite, Lucas. Foi a melhor noite da minha vida. Eu não estava tão bêbado assim. Sei que fiz porque também queria, há anos.
- Como?
- Depois dessa noite eu tive certeza e tenho tentado fugir disso, mas não dá mais! Eu preciso de você – ele se aproximou enquanto me olhava fundo nos olhos – Preciso de você do meu lado. Por favor, me perdoa?
- Você está muito nervoso, acho melhor você se acalmar e...
- Eu te amo, porra! Você ainda não entendeu? Te amo como homem, caralho. Fica comigo?
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Mais uma parte aqui... Agradeço demais os comentários de vocês. Comentem bastante e deixem a torcida de vocês. Muita coisa pra rolar e eu espero conseguir postar todos os dias pra andar mais com a história. Grande e forte abraço!
Valeu