Olá, vou me apresentar a vocês. Me chamo Bernardo, tenho 14 anos (quase 15) e estou no primeiro ano do ensino médio. Morava numa cidadezinha do interior até que meus pais decidiram que eu deveria ter uma base de conhecimento melhor para tentar o vestibular. Então aqui estou eu, morando com meus tios numa outra cidade de interior, só que um pouco mais desenvolvida.
Sou um garoto tímido e introspectivo, meio nerd e muito responsável, acho que por esse motivo meus pais confiaram em mim a ponto de me matricular num colégio de uma cidade diferente.
Tenho olhos castanhos escuros, sou branco, tenho cabelos pretos e ondulados, uso óculos e sou magro. Eu sei, um ser nada atraente..., mas essa é a verdade, esse sou eu.
Bem, minha história se inicia na primeira semana no novo colégio. Eu sabia que as coisas não seriam fáceis. Sou nerd, tímido e gay não-assumido. O alvo perfeito para as brincadeirinhas dos garotos babacas, sempre foi assim, já estava acostumado, então só me restava ignorar tudo e seguir a vida.
Enfim o primeiro dia de aula, o pátio do meu novo colégio era enorme, as pessoas me pareciam mais atraentes e descoladas e a estrutura do prédio era simplesmente fantástica.
Logo que entrei na sala tive a impressão de ter chamado um pouco atenção, acho que pelo fato de ser novato, mas o interessante é que diferente do que eu imaginava, não ouvi nenhuma risadinha ou brincadeirinha de mal gosto. Parecia que as coisas eram diferentes nesse novo colégio, talvez eu fosse me dar bem e quando eu digo “me dar bem” entende-se passar despercebido.
Caminhei até o outro lado da sala e me sentei perto de uma garotinha ruiva, com óculos de fundo de garrafa e sardas no rosto. Ela não era bonita, mas algo me chamou atenção na sua aparência. É daquelas pessoas que você bate o olho e sabe que vai se dar bem.
Sentei ao lado da garota ruiva e logo ela se apressou a se apresentar.
- Oi, me chamo Alice. Você é novato, que bacana! Como você se chama? – disse ela dando um lindo sorriso que formava covinhas em suas bochechas.
- Eu me chamo Bernardo. – disse não demonstrando muito entusiasmo por causa da timidez, senti minhas bochechas formigarem, já deveria estar corado. Então apenas estendi a mão para cumprimentá-la.
- Prazer em te conhecer Bernardo, fico feliz em te conhecer. Não temos muitos novatos no colégio, a maioria estuda aqui desde o ensino fundamental. – disse ela ao apertar minha mão.
Depois de cumprimentar Alice, a professora de química entrou na sala e começou a apresentar a disciplina, interrompendo nossa quase-conversa. Nesse momento eu parei para observar minha nova turma. A sala era aparentemente cheia de grupinhos. Pelo que observei havia o grupinho dos nerds alternativos, no qual Alice e mais um casal se encaixavam, havia também o grupinho das garotas-modelo, a galerinha do rock, as meninas fofoqueiras, e mais ao fundo encontrei o grupinho dos garotos-academia, todos malhados e com cabelos moderninhos. Devo confessar que uns três garotos desse grupo me atraíram, mas apenas isso.
A aula transcorreu de forma maçante, sem nada de interessante acontecendo. Eu me senti bem, a turma parecia muito boa, pelo menos ninguém estava no meu pé enchendo a paciência.
Chegou a hora do intervalo, eu fui caminhar sozinho para conhecer o colégio, estava distraído quando de repente esbarro em alguém.
- Olha por onde anda garoto. Qual teu problema? Tá desorientado? – logo reconheci um dos garotos-academia, um dos mais bonitos, ele estava com o uniforme todo molhado, eu deveria ter feito aquele estrago.
- Desculpa, eu não te vi...
- Cala a boca, viadinho. Olha o que você fez no meu uniforme, vontade de te quebrar na porrada. Novato só faz merda. - O garoto era loiro, de olhos castanhos e pele branca, mas nesse momento estava muito vermelho. Não demorou muito para os amigos dele se levantarem e ficarem ao lado dele me encarando.
- Deixa ele, Pedro! Ele não fez por mal. – Disse uma garota morena e muito bonita que logo reconheci como sendo uma das garotas-modelo.
- Tira esse moleque da minha frente antes que eu dê uns tapas nele. – Gruniu o garoto se dirigindo ao banheiro.
- Vem comigo! – disse a garota me puxando e me levando para longe daquele monte de músculos ambulante.
- Obrigado por me tirar dali, eu não sabia o que fazer. – eu disse aliviado e longe da confusão.
- Tudo bem, só toma mais cuidado da próxima vez. Você deixou o Pedro bastante irritado e isso não é nada legal. Mas enfim, como você se chama mesmo?
- Bernardo. – disse tímido.
- Então Bernardo, me chamo Laura. É um prazer te conhecer! – percebi que o celular de Laura vibrou, ela olhou pra tela, leu algo e se dirigiu a mim novamente. -Bernardo, vou indo. Toma cuidado por aí, viu...
- Tomarei mais cuidado sim. Mais uma vez, obrigado! Não sei como te agradecer.
- Não foi nada! Você parece bem inteligente, podemos montar um grupo de estudos e estamos quites.
- Tudo bem.
Laura acenou e saiu correndo, como se fosse encontrar com alguém.
Logo me encontrei com Alice e os outros dois nerds que me perguntaram o que havia acontecido. Conversamos um pouco e voltamos a aula.
O dia de aula acabou sem mais emoções. Nem precisava de mais nada, né? Quase apanhar no primeiro dia de aula já bastava.
No dia seguinte quando entrei na sala pude ouvir cochichos e risadinhas. Pronto! Tudo estava como era antes, o nerd zoado. Eu mereço mesmo! O dia passou e eu sobrevivi sem nenhuma sequela. Só ouvi algumas piadinhas aqui e outras ali nos corredores vindas dos garotos-academia. Eles me chamavam de “Suco de uva fresca”. Qual seria o motivo?
Terceiro dia de aula, cheguei cedo para evitar ouvir risadinhas na hora de entrar. Estava concentrado conversando com Alice quando de repente um garoto novo entrou na sala. Pelo que percebi era amigo dos bombadinhos e das modelos, pois na hora em que ele entrou, esses dois grupinhos fizeram festa.
Ele não era bombadinho, tinha o corpo na medida certa, era branco, tinha os cabelos lisos e pretos e os olhos... Ah, os olhos... eram azuis, lindos e penetrantes azuis. Era definitivamente o garoto mais bonito da turma. O estranho era que diferente do que eu pensei, depois da comemoração ele não foi sentar no fundão com os muito-músculos-pouco-cérebro, ele sentou-se na frente, primeira cadeira.
Acho que fiquei tempo demais olhando pra ele e quando dei por mim a Alice me olhava com uma expressão inquisitória. Dei um sorrisinho sem-graça pra ela e fui correspondido com um sorriso no melhor estilo já-te-saquei.
Chegada a hora do intervalo, eu estava procurando Alice pelo pátio quando de repente sinto alguém me cutucar.
- Olá coleguinha. Lembra de mim? – Era Pedro com um sorriso malicioso no rosto e segurando um copo de suco na mão.
- Eu não quero confusão. Não fiz nada por mal.
Ao terminar de dizer isso já estava todo banhado com um líquido roxo.
- Pronto! Agora você foi batizado. Suco de Uva Fresco, faça jus ao seu apelido. – Disse isso dando gargalhadas com seus amigos.
Nunca tinha passado por nada parecido com isso, estava me sentindo humilhado. Não sei de onde tirei coragem e empurrei Pedro.
- O que você fez seu, Gayzinho? Tá afim de descobrir como homens de verdade resolvem as coisas? – Pedro dizia isso apertando meu braço com força e com a outra mão me dava alguns empurrões.
O pátio inteiro parou pra ver aquela confusão.
De repente Pedro soltou meu braço e me deu um empurrão com as duas mãos me fazendo cair no chão.
- Veja só onde é seu lugar, seu merdinha – dizia isso enquanto se preparava pra me chutar.
- Pedro, para com isso! – Disse um garoto atrás de mim, se pondo posteriormente na minha frente. Só aí pude notar que era o garoto que havia entrado na sala mais cedo.
- Sai daqui, cara. Esse moleque merece um corretivo pra aprender umas coisinhas.
- Se você bater nele, vai se prejudicar. É isso que você quer na primeira semana de aula? Há outras formas de se resolver um problema, essa forma não parece a mais viável pra você. Quer que seus pais sejam chamados pela direção no início do ano?
- Eu vou contar até 3, não quero ver esse babaca na minha frente. Some com ele daqui. – Disse Pedro contrariado e vermelho de raiva.
Não esperamos pelo início da contagem, quando ouvimos o número um ser pronunciado pelo Rei dos bocós já estávamos adentrando o banheiro masculino.
- Está tudo bem? Tá machucado? – Disse o menino com uma expressão séria e ao mesmo tempo preocupada.
- Eu acho que está tudo certo. – Disse indo em direção a pia para lavar meu uniforme.
- Não sei o que você fez ao Pedro, mas ele está realmente bravo... Quer ajuda aí com essa roupa?
- Não, obrigado!
- Acho que você vai ter que tirar essa camisa pra poder lavar. – Disse o garoto vindo em minha direção.
Eu fiquei vermelho quando ele tentou levantar minha camisa. Ele percebeu e riu.
- Cara, você não vai conseguir lavar isso desse jeito. Vai ter que tirar. Só estamos nós dois no banheiro e eu tranquei a porta pra evitar curiosos. Não precisa ter vergonha.
Eu cedi e tirei a camisa. Ele pareceu analisar um pouco o meu corpo, parece não ter visto nada demais e então resolveu me ajudar a tirar o excesso de suco do uniforme. Salvamos o que deu pra salvar e me vesti novamente com o uniforme um pouco menos sujo, me virei a ele e disse.
- Muito obrigado! Poucas pessoas fariam o que você fez hoje por mim.
- Tá tudo ok. Sou amigo de infância do Pedro e posso garantir que os danos seriam para ambas as partes. Se bem que eu acho que os danos físicos ficariam só com a sua parte. – ele disse isso rindo.
- Você parece ser muito legal pra ser amigo daquele idiota. – disse isso desviando o olhar do garoto.
- A vida tem dessas coisas... Mas eu ainda não sei teu nome.
- Me chamo Bernardo.
Ele estendeu e me cumprimentou.
- Bernardo, eu me chamo Gabriel. Lembre meu nome. – disse ele dando o sorriso mais lindo que eu já vi na vida.
- Ah, eu não vou esquecer. – eu estava corado e provavelmente rindo igual um idiota.
- Vou indo Bernardo. Te vejo novamente. Tchau!
Ao dizer isso ele se virou a caminho da porta e saiu.
Eu fiquei ali parado por uns cinco minutos admirando aquele garoto, até que fui acordado pela sirene avisando o término do intervalo.
Link para música: ( I Really Like You - Carly Rae Jepsen) />
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Olá pessoal! Esse é meu primeiro conto aqui e espero agradar. Acompanho alguns autores e agora resolvi postar o meu próprio conto, que é fictício.
Sobre o conto:
Devo dizer que vai ser uma história dividida em fases e essa fase colegial é a primeira, logo mais acompanharemos nossos protagonistas lidando com dilemas adultos.
Sou bem objetivo nas minhas histórias, então espero que este não se torne um conto saturado de capítulos.
Estou aberto a sugestões e críticas, levarei tudo que vocês disserem em consideração, desde que digam de forma respeitosa.
Ainda não sei o tamanho ideal de um capítulo, acho que esse primeiro ficou meio extenso, mas pretendo melhorar esse ponto nos capítulos posteriores.
Não sei se vou poder manter uma periodicidade diária, mas vou me esforçar ao máximo para publicar no mínimo três capítulos por semana.
No mais é isso, espero que vocês gostem, comentem e Avaliem. Desculpem quaisquer deslizes com o português. :)