Muita gente já havia me perguntado se eu iria voltar a escrever. Bom, eu nunca descartei a possibilidade. Mas ainda não sabia qual seria o momento certo de fazer isso. Daí essa semana estava pesquisando umas coisas na net, e sem querer caí num link, que vai te levando pra outros, e mais outros. Sankofa é um símbolo criado pelos povos de língua Akan. Cada um pode fazer suas pesquisas individuais, afinal, isso é um conto erótico, neh? Haha... Bora voltar, pra não perder a linha de raciocínio. Em suma diz respeito ao fato de você voltar atrás, voltar ao passado, mas não para ficar lá, e sim – agora falo em alegoria – para recomeçar. Tudo que acontece conosco é alicerce para o nosso presente/futuro. Sankofa é retorno e recomeço! Pulando as justificativas do batismo, gostaria agora de me apresentar. Eu não sou nova na casa, quem acompanhou “O caminho das Borboletas”, conhece bem minha história. A Mah voltou, com uma bagagem de 5 meses, desde o último conto, mas com sensação de no mínimo uns 5 anos. Por que não continuei o antigo? Porque a CDC fez o favor de não me reconhecer mais. Já tentei recuperar a senha umas mil vezes e nada. Enfim... tirando isso, eu precisava de fato escrever em outra conta. Não queria ficar com cara de quem tomou banho e colocou a mesma roupa, sabe? Se é pra mudar, que seja de vez logo. Mas vamos para o que interessa? Infelizmente eu preciso voltar a um pouco do conto anterior pra vocês entenderem e não ficar um break grande demais.
Lembram da Ci, neh? Bom, como eu havia falado no Caminho das Borboletas, precisei me mudar para a capital. E isso afetou bastante nosso relacionamento. Eu chegava em casa às 21h, depois de um dia de trabalho cansativo. Por sua vez, ela chegava por volta das 23h. Eu já tava pra lá de cochilando. Nessa situação fomos levando nosso relacionamento aos trancos e barrancos. Se por um lado ela não entendia meu cansaço, do outro eu achava ela incompreensiva. A situação foi piorando cada dia mais. Eu continuava minhas cobranças pra ela retomar os estudos. Se eu que estava terminando uma graduação já tinha dificuldade com trabalho, pra ela a situação só tendia a piorar (Lúcia Bruno e a Teoria do Capital Humano, pra quem se interessar). Ela só tomava jeito quando eu enlouquecia. Aí eu terminava o namoro, ela corria e se inscrevia num supletivo, prometia procurar cursos técnicos. E eu me enchia de esperança, voltávamos e o ciclo se repetia outra vez. Passei o Réveillon longe dela. Trabalhei dia 31 e iria trabalhar dia 1 também, então não dava para ir vê-la. Passei a virada de ano numa praia, com uma família relativamente “estranha” pra mim. Quase fui devorada por uma Pitbull sedenta por uma perna branquela. Pense numa noite agoniada! Enfim... Dias depois, uma nova discursão, e agora um fim. A priori pensei que seria como das outras vezes, e que logo voltaríamos. Mas por incrível que pareça, eu fui fiel à minha decisão. Decidi que agora iria apenas observar as iniciativas dela, se eram reais ou apenas “forçadas”. Dias depois ela se mudou para a capital também. Como sempre, coisas confusas e estranhas, que só aconteciam com ela. Tipo, ela estava no trabalho, chegou um cara e mostrou-se impressionado com a eficiência dela. Ofereceu um pequeno comércio na capital, moradia, e um salário relativamente suficiente, para quem não iria pagar aluguel. Eu nada disse, nem me cabia mais me meter na vida dela. Eu tinha tantas preocupações maiores nesse momento. Sair da casa dos seus pais tem lá suas vantagens, mas venhamos e convenhamos, também tem suas desvantagens. Pagar aluguel, alimentação, plano de celular, cartão de crédito e tantas outras coisas que aparecem, que você nem se dá conta, mas que se tornam necessidades que antes nunca foram. Minha cabeça tava mais aflita com meus problemas, do que com o dos outros, a verdade era essa. Embora eu ainda a amasse, eu tinha outras prioridades. Precisava me estabelecer como pessoa e como mulher. Nessa perspectiva, fui tocando minha vida. Claro que foi uma mudança brusca de vida, do nada me vi sem ligar pra alguém, nem que fosse pra brigar, já tínhamos nossos próprios hábitos. Isso não foi fácil! Me senti só muitas vezes, mas como enfatizo sempre nos meus contos: eu sabia que ia passar. Nada é pra sempre, nem o sofrimento, nem a alegria. Você precisa aprender a estar equilibrado com a vida. Então aguentei, segurei e fui levando. Ela insistia que devíamos manter nossa “amizade”, mas eu sabia que talvez já fosse hora de dar um basta. Ela nunca ia mudar. Nunca. Ninguém muda ninguém, minha gente. Verdade seja dita. No entanto, numa dessas nossas conversas amigáveis, ela me chamou para conhecer o lugar onde ela estava morando. Relutei um pouco, mas ela insistiu muito e eu cedi. Embora a casa fosse grande, a maioria dos ambientes era alugado para outros fins. Já no fundo, havia uma pequena suíte/casa em que ela residia. Não havia nada demais: uma cama de casal, uma cômoda, uma tv e um banheiro. Sentei na cama, conversamos um pouco. Senti vontade de ir embora, mas nas circunstâncias em que me encontrava, não dava mais. Ficamos falando sobre a vida, ela me disse das dificuldades de se adaptar a capital, falamos da sua família, rimos um pouco. Papo vai, papo vem e ela tentou me beijar. Resisti. Eu não queria mais. Estranhamente eu não me reconhecia. E todo aquele amor que eu sentia por ela? Ela foi destruindo, minando, dia após dia. Restava uma pequena esperança de mudança, como uma luz no fim do túnel. Talvez depois de um tempo, ela amadurecesse e as coisas estabilizassem novamente. Ela tentou me beijar outra vez. Resisti. Então ela começou a chorar, disse que eu não a desejava mais. Nos abraçamos uns minutos. Ficamos em silêncio. Até que transamos. Tô fazendo questão de deixar claro isso. Não fizemos amor, apenas transamos mesmo. Após o ato, levantei da cama, fui ao banheiro, me olhei no espelho e falei que precisava ir embora. Já em casa, tomei um banho demorado. Me sentia estranha. Nunca fui de ficar apenas por ficar. Nunca fui pra baladinha pra pegar uma pessoa numa noite e desaparecer no dia seguinte. Isso não faz parte da minha personalidade, mas por incrível que pareça, eu tinha consciência de que aquilo não iria se repetir mais. Daí pra frente, tentei ser breve nas vezes que ela me ligou. Dizia que estava ocupada, que estava saindo, ou entrando no trabalho. Qualquer coisa para não falar com ela. Eu não queria mais nutrir esperanças de volta. Por que? Eu não sabia de fato o que iria acontecer, mas sentia que deveria ser assim. Encasquetei com essa ideia e decidi andar por esse caminho, para ver até onde iria chegar. Isso vocês vão saber nos próximos contos, mas eu adianto logo: eu tinha toda a razão de agir assim.
Então vamos com calma. Eu vou tentar escrever com mais frequência e ser mais detalhista nos pormenores. Nesse meio tempo conheci outras pessoas, reencontrei outras pessoas, recebi um aumento, e assinaram minha carteira, haha. Olha aí... Ainda não é a melhor coisa do mundo, mas continuo lutando. No mais, a vibe tá boa. Escrevi esse conto ouvindo Phoenix – Lasso.
“Forever is a long long time
When you’ve lost your way
Trying to follow your ideals,
Oh sorry, but your so called life
It is such a waste
[...]
So lonely, so pretty, such a lack of diplomacy
You can’t get out
Don’t you know, don’t do it
what you do, well you should do to me
Far-out, so far-out
Such a fall-out
Not only that you’re lonely
Don’t matter if you’re not so well
No, you’re not so well”.
Um beijo pra todo mundo.
Mah
Sankofa ^^