31 de Dezembro de 2014
Lá estava eu, jogado na areia da praia em prantos tentando assimilar o que aconteceu a minutos atrás, então eu olhei para o Diogo e vi sua face vermelha que estava escrito com todas as letras: RAIVA.
HORAS ANTES
A família estava em uma casa de praia numa praia bastante badalada em Pernambuco para passar o réveillon desde o dia 23 de Dezembro, estávamos todos reunidos na beira da praia vestidos de branco para agradecer mais um ano que tinha passado, apesar de turbulento, não foi um ano ruim, tivemos perdas? Claro, sempre temos, foi doloroso, mas tudo na vida passa, estamos sempre de passagem neste plano e sempre cumprindo missões, mas 2014 foi um bom ano e espero que o ano de 2015 seja ainda melhor e repleto de realizações.
Meia noite em ponto e os fogos começaram a colorir o céu daquele litoral, cada um mais colorido que o outro e ficava ainda mais belo quando refletia no mar, era maravilhoso!
Então nos abraçamos, beijamos, desejamos felicidades uns aos outros, com o clima fraterno tudo ficou mais leve. Depois das comemorações, dos estouros dos champanhes, das emoções, dos gritos de "FELIZ ANO NOVO" e de mais uma golada na minha dose de Whisky, fiquei parado na beira do mar sentindo as pequenas ondinhas passando por cima dos meus pés, deixando aquela sensação molhada e bem gostosa até sentir que o pessoal tinha voltado para a casa de praia que ficava a uns poucos metros atrás, eu dizia que a casa era literalmente dentro do mar, porque quando ele enchia pra valer, quando a maré estava bem alta, as ondas praticamente batiam na mureta de proteção entre a areia e a entrada da casa, mas não chegava a entrar, mas só acontecia isso quando a maré estava muito alta, muito alta mesmo, então olhei mais uma vez para trás e ainda consegui ver o resto do pessoal indo para a parte de trás da casa que era a área da piscina e lá tinha uma churrasqueira do tamanho do finado World Trade Center e na frente da casa tinha apenas um vasto gramado verde bem cuidado e uma cerca de madeira que dava para ver o majestoso mar e era lá que meu labrador costumava a ficar, ainda tenho saudades dele, chamava-o de "Meu Bebê".
Então pensando nessas coisas e observando aquele mar negro infinito, sinto uma pessoa abraçando por trás e beijando minha cabeça.
Que susto menino! — Exclamei realmente assustado.
O que foi Yego? Está devendo? — Zombou Diogo
Claro que não! Não sou Xexeiro — Xexeiro é o terno que se usa quando a pessoa não paga no Nordeste.
Sei! — Desconfiou Diogo.
Eu vim pegar a garrafa de Whisky que teu tio esqueceu aqui fora, ele é doido! — Explicou um Diogo meio bêbado.
Eu ainda estava todo arrepiado com aquele abraço que o Diogo tinha me dado, aquele gostoso.
Ei Yego! EI MENINO! — Gritou colocando sua mão na frente do meu rosto.
O que foi criatura? — Perguntei
Eu posso te dar outro abraço? — Falou igual a uma criança.
Eu revirei meus olhos e abri meus braços, então ele me deu um abraço bastante apertado que me deixou sem reação, até que eu solto um suspiro e o Diogo percebeu.
O que foi bebezão? — Perguntou
Para de me chamar de bebezão! — Ordenei o bonitão.
Sei lá, você parece apreensivo. — Investigou
Ah, são tantas coisas, Diogo. — Suspirei novamente.
Ele aproximou ainda mais o rosto me dando um calafrio.
Já sei o que é! — Afirmou
O quê? — Perguntei apreensivo.
Mulher! — Disse com um sorriso de canalha
Que mulher menino, nada a ver. — Eu gargalhei.
Então ele fez uma cara engraçada.
Não é mulher? — Perguntou mais uma vez.
Não, Diogo, não é mulher! — Neguei mais uma vez.
Dinheiro? Olha, porque se for dinheiro, a gente dá um jeito e... — Começou a tagarelar
Também não Diogo — O interrompi.
Então é o quê? Me conta para eu poder te ajudar. — Disse me olhando nos olhos.
Mas tem uma coisa que poderia me ajudar muito! — Perguntei exalando coragem.
O quê? — Indagou
Tomei fôlego e falei.
Um abraço ainda mais apertado! — Minha coragem foi para a puta que pariu!
Oh meu Deus, que coisa mais linda! — Zombou me abraçando do jeito que eu mais gosto.
Não te dou só um abraço, mas sim vários milhões de abraços — Falou ainda abraçado.
Tá bom! Me larga se não vão pensar que nós somos baitolas — Zombei.
Deixa de besteira garoto, nós somos primos e se eu fosse veado, eu te comia na boa. — Ele falou isso.
Meu coração veio até a boca com essa revelação.
Vo...você o quê? — Perguntei gaguejando.
Eu tô brincando cara! — Gargalhou alto me dando um abraço.
Sim, ele não estava meio bêbado, ele estava um pouco mais que "meio" e eu também não estava no meu estado normal, então nós ficamos nos olhando sem falar mais nada, eu vendo aquele homem na minha frente, o homem que no qual me apaixonei e do nada eu soltei;
Eu te amo, Diogo. — Me declarei sem pensar, sem me preparar.
Oi? — Diogo me perguntava incrédulo.
Então aproveitando o calor da emoção, o efeito da bebida e além já está de saco cheio de tudo aquilo, liguei o botão do foda-se e investi para cima dele, o abracei e dei um beijo, estava mais para selinho, mas foi um beijo, mas tomei um banho de água fria quando ele com toda sua força e raiva me empurrou agressivamente e cai que nem merda naquela areia fria.
Uma lágrima desceu do meu olho direito e só assim, mesmo com o álcool no organismo, eu percebi a merda que eu fiz.
Cara! Que merda foi essa? — Perguntou Diogo furioso.
Me responde porra! — Diogo já gritava.
Não me diga que você é gay? — Perguntou ferozmente.
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Continuo?