O FRUTO.
Capitulo Final Parte I
O dia tinha amanhecido frio e chuvoso. Uma pequena nevoa cobria o chão de toda a propriedade tornando tudo um pouco mais sombria. A noite de ontem havia sido perfeita, eu estava com todos os meus amigos, estava feliz por minha ultima noite ter sido assim. Math ainda não falava comigo, mas eu não desistiria assim. Eu ainda tentava esquecer a boa sensação que era dormir pressionado contra os gêmeos. Até mesmo ser acordado por não uma, mas duas ereções cavalares, tinha seu charme. Isso até o restante do pessoal acordar quase que magicamente neste momento constrangedor. Sabe-se lá onde em que momento os dois canalhas livraram-se de seus pijamas.
- Safados! – Marcelle acusou-nos. Após acordar e puxas os cobertores e se deparar com duas catedrais armadas nas cuecas dos gêmeos. – Você tá duas vezes ferrado, David. – Falou rindo descaradamente e apontando para aquelas coisas que eles tinham entre as pernas.
- Que nojo! – Guttofalou.
Puxei os lençóis e escondi meu rosto, que a esta altura deveria estar mais vermelho que uma plantação de tomates maduros.
-TODOS FORA! – Gritei.
Que ótimo jeito de começar seu último dia de vidaxAumentei o volume do meu celular e me livrei da minha cueca, fiquei me encarando no espelho, enquanto deixava a agua do chuveiro esquentar. Afinal este seria um dos meus últimos banhos, que fosse ao menos quente. A melodia tocou alto e forte e me fez pensar sobre a minha escolha. Enquanto “Back to Black” da Amy tocava alto eu tentava me livrar da sensação de estar fazendo o errado.
Eu ainda teria algumas horas antes da cerimônia que seria exatamente as 23h56. O mesmo horário em que eu faria dezoito anos. Era irônico, alguns ao chegar nessa idade ganhavam um carro, outros a liberdade para fazer o que bem queiram da vida, mas eu simplesmente morreria. Que ótimo! O café foi feito em silencio e os garotos recusam-se a ir para a escola. Marcelle até tinha se esquecido do meu sacrifício e acreditado que eu não iria a escola por estar doente. Oque mudou exatamente as 01h47 da manhã quando ela acordou e me bateu por mentir e voltar a dormir como se nada tivesse acontecido.
- Qual foi?! – Perguntei alto. – O que aconteceu com a estranha família metade humana metade sobrenatural que eu tenho. – Os olhei.
Como se tivesse tirados do transe, o que antes parecia um monte de figurantes do “The WalkingDead” Agora parecia um filme de guerra onde Alice e Marcelle disputavam no grito um pedaço de melão, levando em conta que havia uma bandeja cheia entre elas. Seguidas por um Gutto que pouco se importava para sua namorada apontando uma faca de pão para a irmã, ele estava mais preocupado em encher seu prato com um pouco de tudo ali. Math continuava a me ignorar, mas Igor estava sempre ao seu lado. Controlei minha curiosidade de perguntar se eles tinham se acertado e como ele tinha reagido a toda essa história de sobrenaturais e sacrifícios. Também vi os gêmeos que comiam e tinham um sorriso de vitória olhando em minha direção. Caius tentava tomar seu chá em paz em meio aquela confusão.
- Agora sim. – Falei satisfeitoxPassei o dia com meus amigos e rindo como se não houvesse o amanhã e para mim de fato não iria, não pra mim pelo menos. O almoço foi como o café, regado a muito barulho e uma enorme dose de confusão. Eu estava deitado no terraço. A verdade era que eu não sabia o que fazer, não tinha nenhum manual de como passar o seu último dia vivo. Se houvesse eu estaria com ele em minhas mãos agora. Suspirei entediado. Até que eles vieram. Marcus e Matheo. Ali, em minha frente.
Eles sentaram-se e me encararam.
- É feio encarar. – Falei
- Você parece tão calmo. – Marcus grunhiu. – Por quê? – Jogou os braços sobre os joelhos em um tom claro de raiva e impaciência.
- Você queria que eu estivesse como? – Perguntei arrumando-me no balanço. – Desesperado, chorando pelos cantos? Ou tendo um acesso de loucura e fazendo tudo que eu acho que deveria fazer antes de morrer? –Bufei.
- Sexo seria uma boa. – Matheo falou – Até me habilito, se for o caso. – Um sorriso sacana estava estampado em seu rosto.
Foi impossível não corar. Que clichê!
-Matheo! - Marcus o repreendeu.
- Marcus – O irmão caçoou.
- Parem! – Falei.
Após essa cena deprimente. Um silencio constrangedor tomou conta do ambiente. Eu os encarava e eles retribuíam. Passou pela minha mente como seria se eu simplesmente escolhesse um deles. Como seria ser amado por eles? Como seria acordar amanhã e ter uma vida ao lado de um deles? Mas qual?
Essa era a questão! Eu já havia parado de mentir para mim mesmo, sobre qual deles eu amava mais. A verdade era que eu não conseguia escolher, eu os amo de maneira igual. Que bastardo egoísta eu sou! Por que eu simplesmente não posso escolher um, sabendo que quero o outro com a mesma intensidade.
- Droga! – Pensei alto.
- Oque foi? – Ambos perguntaram ao mesmo tempo.
- Nada, só pensei alto. - falei.
- Sabe... – Matheo começou.
- A gente conversou. – Marcus continuou.
- Sobre a sua escolha. – Matheo deu continuidade.
- E... – Marcus ia falar mas o interrompi.
- Deus! Parem com isso! Que coisa estranha! Um fala, e o outro continua. Parem! Por favor – Me levantei. Mas a verdade era que eu estava tentando evitar aquela conversa.
Claro que eles não iam desistir assim tão fácil.
- Calado e sente-se! – Marcus falou.
Imediatamente meu corpo me traiu e obedeceu a ordem. Marcus levantou uma sobrancelha enquanto o irmão ainda sustentava aquele maldito e sexy sorriso.
- Nossa! Que obediente. – Matheo Falou me fitando.
- Vá a merda. – Falei, mas ainda estava sentado.
- A questão é que eu e meu irmão conversamos sobre você. – Marcus falou.
- E chegamos a conclusão de que você pode escolher qualquer um de nós. Sem dramas. Sem neuras. Eu e ele... – Apontou para o irão. – Aceitaremos. Sem brigar. Sem questionar... – Suspirou. – Só não queremos que você morra! Merda David! Escolha qualquer um! Só não se mate. Matheo falou passando as mãos em seus olhos.
Eu realmente não estava preparado para aquilo. Eu havia me preparado para lutar até o último momento contra a investida de ambos. Separadamente. Droga!
Os olhei incrédulo. Mas antes mesmo que pudesse falar algo, Marcus tomou a dianteira.
- Por favor.... Só não morra. Fique conosco. Mesmo que você queira o Matheo eu não me importo. Eu te amo tanto que prefiro te ver com meu irmão, do que te ver morrer hoje.
- Eu...- Tentei falar. Mas fui interrompido.
- Calado!- Matheo falou. – Eu concordo com meu irmão. Qualquer destino, ou qualquer cara é melhor do que isso que você está fazendo. Por favor... – implorou ficando de joelhos entre minhas pernas.
Os olhei e vi que ambos me amavam, da mesma forma que eu os amava. E que eles aceitariam que eu escolhesse qualquer um cara. Mesmo que para isso eles sofressem. Alguém havia me dito que amor de verdade era isso: Deixar a pessoa que você ama ir, ser feliz com outra pessoa. Mas confesso que passar por isso na prática era uma merda. Ali, naquele momento resolvi abri meu coração para ambos.
- Meninos. – Respirei fundo tomando coragem – Eu amo vocês dois. – Assumi. – Este é o problema, eu o amo Marcus. – Falei apertando suas mãos. – Mas também te amo, Matheo. Falei soltando uma das mãos de marcos e passando pela face do seu gêmeo. “Quando eles chegaram tão perto de mim?”
- Mas não posso fazer isso. Não posso simplesmente escolher um de vocês. Por que eu os amo de maneira igual. Eu sei que parece doentio e egoísta de minha parte, mas a verdade é essa. Meu coração está divido ao meio, não consigo decidir qual de vocês dois eu amo mais, seus idiotas. – Lagrimas desciam livremente por meu rosto agora. – Mas que merda. – Esbravejei.
Ambos me abraçaram e pela primeira vez no dia me senti realmente em paz.
Continua...
E aí? Ficou legal?