"Decifra-me, mas não me conclua, eu posso te surpreender." - Clarice Lispector
Léo - Bom, decoração pronta. Hora de dar um tapa no visual.
Eu - É, mais pelo menos dois de nós tem que ficar para vigiar as coisas.
Lara - Concordo. Por isso, vocês dois ficam e eu vou me arrumar primeiro. Estou louca para tomar um banho! - nós concordamos e ela foi. Eles tinham trago a roupa deles e deixado no carro. Como minha casa é mais perto dali, eles iriam se arrumar lá em casa. Tão logo ela sumiu das nossas vistas, Léo se vira para mim e pergunta:
Léo - Já pensou no que eu te falei?
Eu - Sobre...?
Léo - Não se faça de desentedido, mocinho.
Eu - Senhor Leonardo, se você ainda não parou para pensar, você fala sobre cinco coisas em menos de quinze segundos kkkkk - ele deu um tapa no meu braço. - Ai!
Léo - Eu só não te dou umas porradas porque...
Eu - Porque você me ama? - perguntei brincando.
Léo - Te amar? kkkk Ah ta, vai sonhando.
Eu - Ai, assim você magoa meus sentimentos... - fiz biquinho para ele.
Léo - Desfaz o bico, senão eu pego um facão e corto ele kkkk.
Eu - Você é um menino muito violento! - ele cruzou os braços e me encarou. - O que foi?
Léo - Eu sou violento? Quem aqui está querendo se vingar de vaca? - nos encaramos por breves segundos e, logo depois, começamos rir.
Eu - Você não presta!
Léo - Muito obrigado, você também não! - nós sentamos na grama e ficamos olhando para o céu. Acho que São Pedro estava me ajudando, pois o céu estava sem nuvens, cheio de estrelas e uma linda e brilhante lua cheia. - O Pedro vem?
Eu - Não sei.
Léo - Você não convidou ele?
Eu - Não. Eu não disse que ele queria um tempo longe de mim?
Léo - E você vai dar esse tempo?
Eu - Sim.
Léo - Sabe que vai ser tempo suficiente para esse tal garoto se aproximar ainda mais dele, né? - respirei fundo.
Eu - Eu não sei o que fazer.
Léo - Porra, Marlon! Você é o garoto mais complicado que eu já vi na vida. - tirei os olhos do céu e o encarei. Ele fez o mesmo. - Quanto mais você se afastar dele, mais esse Miguel vai se aproximar dele. Se você realmente quizer esse garoto, ganhe espaço, volta a se aproximar dele. Se ele realmente te ama, eu tenho certeza que ele ainda não te esqueceu... AINDA. Mas se você quizer investir no Guilherme, deixa o Pedrinho e o Miguel se entenderem. - ele ficou em silêncio por alguns segundo, me deixando absorver suas palavras. - Você precisa entender duas coisas extremamente importantes: uma, é que se você demorar muito para escolher você vai perder os dois numa tacada só. E a outra, é que você não vai poder voltar atrás na sua decisão, pois isso vai magoar os três, ou melhor, os quatro.
Eu - Quatro?
Léo - É. Você, o Pedro, o Guilherme e o Miguel. Pensa bem no que eu te disse agora, porque você vai estar mexendo com os sentimentos deles... e com o seus. - eu abaixei a cabeça e fiquei pensando nas suas palavras. Eu estou adiando demais isso. Eu tenho que deixar claro meus sentimentos para mim mesmo. - Me entendeu?
Eu - Hum rum.
Léo - Acho bom mesmo. - ele se levantou e foi em direção à mesa das bebidas. Voltou com duas latas de Redbull nas mãos e me entregou uma. - Toma, vai te animar um pouco. - nó abrimos a lata.
Eu - Hoje é dia de comemoração. Hoje vou comemorar o inicio do fim.
Léo - O inicio do fim?
Eu - Sim, o inicio do novo eu e o fim da minha guerra contra a vaca.
Léo - Falou pouco, mas falou bonito. - nós sorrimos - Brinde ao começo do fim!
Eu - Ao começo do fim. - brindamos e bebemos. Tomara que tudo dê certo... - Que horas o seu "amigo" - fiz aspas com os dedos. - vai chegar.
Léo - Daqui a pouco. Mas porque as aspas?
Eu - Léo, vai me dizer que sua amizade com ele não é colorida?
Léo - Não sei do que você está falando. - disse olhando dando um gole no energético.
Eu - Não se faça de desentendido, Leonardo. Vai me dizer que vocês nunca ficaram? - ele olhou para o céu e sorrisinho, que eu acredito que tenha sido involuntário, com o canto dos lábios. Aquilo, para mim, foi a confirmação. - Ahhhhhhh eu sabia!.
Léo - Ok, ok, pode ser que tenha rolado algo...
Eu - Pode ser? Ou já rolou? - dessa vez seu sorriso foi maior.
Léo - Rolou...
Eu - ME CONTA TUDO!!
Léo - Marlon, você é muito fofoqueiro!
Eu - Eu sei, mas não foge do assunto.
Léo - Para resumir, nos conhecemos lá em São Paulo, na faculdade. Fomos ficando amigos, depois um pouco mais que amigos... aí nós ficamos.
Eu - Defina "ficaram".
Léo - Você é terrivel kkk.
Eu - Desde quando tivemos segredos um com o outro? Você já me contou coisas piores dos garotos que você já ficou kkkkk
Léo - Verdade kkkkkk. Mas, sei lá. Ele é diferente.
Eu - Hummmmm meu amigo está apaixonadooooooo
Léo - Se anima não, meu querido. Não é nada disso que você está pensando. Foi só uma noite e nada mais, e você sabe muito que eu não me apaixono.
Eu - Hum rum, sei. Mas foi só uma noite porque você não quis ou porque ele não quis? - ele parou para pensar um pouco. - E nem pense em mentir para mim!
Léo - Porque ele não quis. - murmurou.
Eu - EU SABIA. VOCÊ ESTÁ APAIXONADO, LÉO!!!! - antes que ele me desse outro tapa no braço, ouvimos um barulho de moto se aproximando. Olhamos em direção ao barulho e ela ainda estava um pouco distante quando o Léo disse:
Léo - É ele.
Eu - O DJ? Nossa, está tão apaixonado que já sabe distinguir o barulho da moto dele kkkk. - dessa vez não consegui escapar de outro tapa, só que dessa vez foi na nuca.
Léo - Vai à merda, Negão kk. Eu sei que é ele por causa do horário. Nós marcamos dele chegar às nove e meia. - vi o cara descer de sua moto vermelha e vir em nossa direção. A cada passo que ele dava, eu pude ver o quanto ele é bonito. Moreno claro, dos olhos escuros, cabelo cortado baixinho e dos lados tinham notas musicais desenhado à navalha. Estava com uma calça jeans clara, uma regata branca que deixavam amostra seus músculos. "Deve frenquentar academia todo dia", pensei. No levantamos enquanto ele estava à poucos passos de nós. - Oi, Hugo?
Hugo - Oi, Léo. - eles se olharam de um modo, que eu até me senti segurando vela. Como que acordando de um tranze, o Léo olhou para mim e depois para o garoto.
Léo - Hugo, esse é meu amigo Marlon. Negão, esse é o Hugo. - nós apertamos as mãos.
Eu - Prazer, Hugo.
Hugo - Prazer, Marlon. O Léo fala muito de você.
Eu - Mesmo? Ele também não parou de falar em você. - disse só para deixar ele com vergonha. E acho que consegui, pois pude sentir ele me fuzilando com os olho. Hugo sorriu e eu olhei para o Léo. Ele estava com um olhar tipo: "Eu vou te matar".
Hugo - Espero que tenha falado bem. - disse ainda sorrindo.
Eu - Você não sabe o quanto... - murmurei.
Léo - Hugo, me mostra as músicas que você vai tocar.
Ele pegou o Hugo pelo braço e saiu arrastando o coitado em direção à pickup. Enquanto se afastavam, Léo virou para mim e mexeu os lábios sem sair som algum, mas eu entendi o que ele quis dizer: "Você me paga!". Não aguentei e comecei a rir. Me sentei na grama novamente, fiquei olhando para o céu e continuei à beber o energético. O Léo apaixonado é novidade! Desde quando eu o conheci ele não era o tipo de garoto que se apaixonava, ele só queria ficar nunca namorar. Da última vez que ele namorou alguém, o garoto traíu ele e ele ficou muito mal com isso. A Lara e eu até tentamos animá-lo, mas ele ficou para baixo por um bom tempo. Depois que esse tempo passou, ele decidiu que não iria se apaixonar de novo. E assim foi... até hoje. Vi ao longe a Lara se aproximando, vestida com um vestido preto com rendas um pouco acima dos joelhos, um salto preto não muito alto e o cabelos presos num coque mas com uma mecha caída no rosto.
Eu - Olha, se eu fosse hétero pegava você kk.
Lara - Bobo rsrs. Cadê o Léo?
Eu - Serve aquele ali? - disse apontando para os dois, que estavam distraídos e rindo de algo.
Lara - Epa, aquele é o DJ?
Eu - É. E seu possível futuro cunhado...
Lara - Que?? Levanta daí e me conta tudo. - me levantei e nos afastamos um pouco. - Agora, me conta.
Eu - Eu não posso falar nada, deixa o próprio Léo te contar.
Lara - Larga de ser ruim comigo, Negão. Desde quando ele voltaou de São Paulo, ele anda meio aério, nas nuvens, sabe? Sempre que eu pergunto o que é, ele diz que não é nada. Eu sabia que aí tinha coisa...
Eu - É, ele está meio diferente mesmo. Está mais feliz, mais alegre... parecendo uma criança.
Lara - Uma criança de vinte e um anos rsrsrs
Eu - Kkkkkk. Vamos lá dizer para o menino apaixonado ir se arrumar?
Lara - Vamos rsrs. - ela passou o braço no meu pescoço e eu na cintura dela, e fomos em direção aos pombinhos. Chegamos bem perto e eles ainda não tinham percebido a nossa presença. A Lara pigarreou e disse:
Lara - Olá, meninos? - só então eles notaram a nossa presença e se viraram na nossa direção.
Léo - Nossa, como minha irmã está bonita...
Lara - Eu sei que sou linda, meu amor. - ela se virou para o Hugo. - Você deve ser o DJ, certo?
Hugo - Sim. Eu sou o Hugo. - disse apertando a mão dela.
Lara - Eu sou a Larissa, irmã do Léo.
Eu - Bem, dadas as devidas apresentações, Léo é a sua vez.
Léo - De...?
Eu - De se arrumar, menino.
Léo - Ah é rsrs. Então, vou indo.
Eu - Vai rápido!
Léo - Tá, tá. - ele deu um beijo na bochecha do Hugo. - Já volto. - disse com uma voz doce. A Lara e eu nos olhamos e depois olhamos para o casal O Léo já estava se afastando quando eu disse:
Eu - Eu te acompanho até o carro. - caminhamos em silêncio e, quando chegamos no carro, eu disse. - Ainda acha que pode me enganar?
Léo - Do que você está falando, menino?
Eu - "Já volto" - disse imitando ele.
Léo - Vai à merda, Negão rsrsrsrs. - ele pegou a roupa. - Não deixa minha irmã ficar interrogando ele.
Eu - Ok, mas só se você prometer não demorar. Estou louco para tomar um banho e tirar essa roupa.
Léo - Fechado.
O Léo foi para minha casa e eu voltei para junto dos dois. Como o Léo tinha previsto, a Lara já ia começar a interrogar o Hugo e o coitado, que estava todo tímido, ficou mega nervoso com isso. Dei meu jeito e logo voltamos a conversar normalmente. Faltando dez minutos para 22:00, o Léo voltou vestido com uma calça jeans escura, uma camiseta de manga curta azul da Oakley e um Nike preto.
Lara - Nossa, como ele está cheroso!!!!
Eu - Está mesmo rsrs. Não é, Hugo? - o Léo só faltou abrir um buraco e enfiar a cabeça no chão. Olhei para o Hugo e ele estava com um sorriso bobo no rosto. - Bem, já que o donzelo voltou, vou lá tomar meu banho. Lara, me acompanha até ali? - ela balançou a cabeça afirmando. - Já volto. - nos afastamos e ela começou a falar.
Lara - Você viu a cara dele quando você falou aquilo?
Eu - Vi rsrsrs.
Lara - Ele está gamadinho no garoto.
Eu - Também acho. Tomara que esse cara não o faça sofrer.
Lara - Tomara mesmo, senão ele vai sentir o peso do meu salto na cara dele kkkk
Eu - Se quiser ajuda... kkkkk.
Fui caminhando depressa em direção à minha casa, estava louco para tomar um banho. Assim que entrei em casa, vi minha mãe sentada no sofá assistindo à novela. Cheguei de mansinho por trás dela e passei meus braço em volta do pescoço dela.
Eu - Oi, mãeeeee.
Sara - Oi, meu amor. - dei a volta no sofá e me sentei ao seu lado.
Eu - O que aconteceu ali? - disse me referindo à novela.
Sara - O comendador está discutindo com o Maurílio.
Eu - E o que aconteceu com o Claudio?
Sara - Precisa de sangue, e o único que pode doar é o Enrico...
Eu - E ele não por preconceito, não é?
Sara - Muito babaca esse cara.
Eu - Concordo. - desde que os problemas começaram a surgir, nós não conversávamos assim. Seu tom de voz era calmo e isso me conforta, pois parece que nada pode me impedir de seguir em frente. Deitei e fiquei com a cabeça no colo dela, ela ficou alisando meu cabelo e vimos a novela até o fim.
Sara - Filho, você não ia para festa de boas vindas do Leonardo? - eu tinha dito à ela que a festa era para o Léo.
Eu - Vou, sim.
Sara - Então vai tomar um banho, você está todo suado kkk.
Sorri e me levantei. Fui direto para o banheiro, botei para tocar Do"t Wait, da Mapei e fui tomar um banho. Não consegui parar de pensar no que estava prestes à acontecer. Seria o momento do meu ano. Com esse pensamento, terminei meu banho, enrrolei uma toalha na cintura e fui direto para o meu armário escolher uma roupa. Depois de um tempo em dúvida, peguei uma calça saruel escura, uma blusa polo preta com detalhes roxos (como se tivesse espirrado tinta roxa na blusa) e um tênis Puma branco com detalhes azuis escuros. Passei perfume, coloquei uma corrente com um pingente de dragão, os olhos dele eram duas pedrinhas vermelhas. O Pedrinho tinha me dado ele de presente de aniversário... Pedrinho... será que ele vai à festa? E se ele for, será eu falo com ele? Afasto esses pensamento da minha cabeça e saio do quarto. Minha mãe estava na cozinha preparando alguma coisa. E pelo cheiro...
Eu - Mãe, eu não acredito que a senhora está fazendo brigadeiro de panela! Isso é injusto.
Sara - Injusto porque, menino?
Eu - Porque eu estou de saída e nem vou poder comer. - fiz bico para ela.
Sara - Nossa, como meu filho é dramático... kkkk.
Eu - Por que a senhora não chama a tia Sueli para sair. Assim a senhora se distrai um pouco, que tal? - "e fica longe do Antônio...", pensei
Sara - Hum, até que não é uma má idéia. Vou ligar para ela, continua mexendo aqui. - disse me dando a colher de pau. Não demorou muito e ela voltou. - Ela aceitou. Vamos numa roda de samba em Madureira. - eu apaguei o fogo e olhei as horas no meu relógio; 23:16.
Eu - Então eu vou indo porque eu já estou atrasado rsrs.
Sara - Está bom então. - ela me deu um beijo na bochecha. - Vai lá, boa festa.
Eu - Obrigado, mãe. Te amo.
Sara - Também te amo, meu amor. E tenha juízo, viu? Não quero qualquer um como genro.
Eu - MÃE!!
Nós dois rimos e eu fui para o campinho. Fiquei pensando no Antônio, meu prazo termina hoje e ele disse que iria me procurar. Seria bom que minha mãe não estivesse em casa, se ele for lá, não vai achar ninguém; tenho que pensar no que fazer com a bomba que está na minhas mãos, ou melhor, debaixo do meu colchão. Também fiquei pensando no que o Léo tinha me dito e tomei minha desisão, hoje eu vou resolver duas situações: minha vingança e meus sentimentos. Quando cheguei lá, estava lotado gente. Muitos rostos ali eram conhecidos da escola. Passei os olhos pelas pessoas e acabei vendo quem eu queria. Por um momento, cheguei a pensar se teria coragem de fazer isso. E se eu voltasse atrás? Daí minha reposta veio em forma de música. Percebi que estava tocando Dangerous, do David Guetta.
"...Não sei o que você está pensando, meu doce
Mas eu tenho essa sensação, meu doce
E eu posso ouvir as sirenes queimarem
As luzes vermelhas se apagam
Não posso voltar agora..."
"Gabriele, é hoje o seu dia.", pensei. Com um pouco de dificuldade, consegui chegar à pickup do Hugo.
Eu - HUGO, CADÊ O LÉO??
Hugo - EU NÃO SEI. DEVE ESTAR NA MESA DAS BEBIDAS. - fui para lá achei ele e a Lara. Tive que gritar para ele poder me ouvir.
Eu - LÉO, ESTÁ PRONTO??
Léo - MEU AMOR, EU JÁ NASCI PRONTO!!
Lara - ONDE ELA ESTÁ?
Eu - ESTÁ DANÇANDO NO MEIO DA MULTIDÃO.
Léo - HORA DO SHOW. - ele foi caminhando em direção à ela.
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Buuuuuuuuuu!!!!! Eu voltei, agora pra ficar. Por que aqui, aqui é meu lugar... kkkkkkkkkk. Ai, como é bom estar em casa por causa do carnaval rsrsrs. Gente, hoje eu não vou responder aos comentário porque, sempre quando eu vou escrever, acabo contando uma coisa que não devo e vou acabar estragando surpresa que eu tenho para vocês. AMEI os comentários de vocês, meus amores. Ai, gente, o conto já está quase no fim (ownnnnnn); acredito que daqui à dois ou três capítulos ele vai acabar... Bom, por hoje é só hehe, um beijão para vocês. Críticas, comentários, palpites e votos serão muito bem vindos. Quiser bater um papo comigo é só me mandar um e-mail: . Um ótimo domingo para vocês!!!!
Até segunda, amores :)