Boa noiteeee, gente bonita!
Gente, eu havia planejado para puxar a orelha dos que não estavam comentando a cada capítulo, mas quem estava em falta já se desculpou nos comentários. Agora vocês já sabem, eu puxo mesmo a orelha de vocês quando vocês deixam de comentar. Kkkk (Obs. Quando eu digo que sou abusado, é por que eu sou mesmo! Kkk)
€$: Não tem problema, mas não some mais! Kkk Pois é, acho que vontade não faltou, mas ele descontou tudo no gorducho. Cara, AMO as músicas da Colbie, amo mesmo! Amei a comparação! Me senti lisonjeado. Obrigadoooooo!!! Eu nunca tinha feito essa comparação, mas não que tu tens razão? Quanto ao pai do Thi, a coisa não bem assim como tu falaste, infelizmente! Beijooooos.
Talys: Pois é, eu achei estranho os contos não ter saído na parte Gay, mas isos é loucura do site. Obrigadooo!! Ei, mas não se engane, a vida não é um mar de rosas. Espera que tu verás... Kkkk Ah, e as aparências são tudo nessa nossa sociedade caótica, arcaica e preconceituosa. O amor? Esse também acaba sendo só mais uma máscara, felizes são os que encontram o amor verdadeiro. Beijuuuu
Rafagyn: Obrigadoooooo! Ninguém, mas ninguém mesmo merece passar por isso, Rafa! Beijinhos
Plutão: Esse site às vezes “dá a doida”! Às vezes eu quero publicar e ele não deixa. Acho que é pelo número de pessoas que acessam. Sei lá! Bom, mas eu também sempre me faço essa pergunta: quem é “pior” Jujuba, Maman ou minha Tia (sim, ela também já aprontou várias vezes!)? Ah, pode chamar por Thithi, sem grilo! Kkkk A e muiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito obrigado por me informar o nome daquela bendita cueca! Kkkk Mas me diz que site é esse, rapaz! Quero ver também! (Que o Thi não leia esse comentário... kkkk)
cintiacenteno: A fofura em pessoa? Ai meu Deus! Kkkkk Ooooo muito obrigado! Obrigado mesmo por estar orando por mim! Saibam que todos vocês já estão presentes nas minhas preces também! Eita, um kung fu? Kkk Olha que vai ser preciso mesmo, viu? Um mega beijo pra ti também, minha linda!
M/A: Como eu falei para o €$, não tem problema, desde que tu não sumas de novo! Kkkk E ponha ignorância nisso, não é? Mas, muitas pedras surgirão ainda. Beijuus
mille***: Eeeee tu voltaste!!! Só te perdoo por que tu estavas no carnaval! (Oooo motivo bom esse! Kkk). Acho que aqui todo mundo estava louco para cair na folia, mas não podia! E tu estavas trabalhando e caindo na folia? Gente, que coisa boooooooooooa!!!! Kkk Eita que o fígado deve estar só o pó! Kkk E ponha arcaico nisso, não é mesmo? Beijuuuuuuuus pra ti!
Geomateus: Eeeee tu voltaste, cara! Não some mais, não!
Bonne lecture, mes amours!!!
***********************
Quando eu acordei o Thi estava andando de um lado para o outro. Maman estava chorando ao meu lado, papa estava com o rosto todo machucado, tia Joana estava sentada no sofá chorando e tio Paulo não estava mais na sala de casa.
- Desculpa! Desculpa! Desculpa! Foi tudo culpa minha, tu me falaste para não trazer meus pais aqui hoje. É tudo culpa minha! – Ele falou vindo ao meu encontro assim que percebeu que eu estava acordando.
- Por que sempre que eu acordo tu estás me pedindo desculpa por algo? – Falei sorrindo.
- Tu não estás com raiva de mim?
- E eu deveria estar?
- Eu pensava...
- Thi, se tu querias contar ao teu pai, eu te entendo e te apoio. Não estou com raiva e nem vou ficar com raiva por tu teres chamado teus pais pra conversar.
- Eu te falei, meu amor, que ele não ficaria com raiva. – Falou tia Joana.
- Tu estás bem? Nós já chamamos o doutor Bruno. - Falou o Thi.
- Não precisava ter chamado ele, vocês sabem que esses apagões fazem parte da doença.
- Mesmo assim, nós já chamamos ele.
- Cadê o tio Paulo?
- Aquele desgraçado foi embora quando te viu cair no chão.
- Não fala assim dele, Thi! Ele é teu pai!
- Não, ele ERA meu pai, ele deixou isso bem claro.
- Ele só está confuso, quando ele colocar a cabeça no lugar ele vai te pedir desculpas por tudo.
- E quem disse que eu quero aceitar?
- Thiago! O Antoine está certo! Para de agir como uma criança! – Disse tia Joana
- Vocês falam isso por que não foram vocês renegados e chutados.
- Nós não vamos ficar falando disso agora – Falou papa - Bebe, como tu te sentes?
- Me sinto um pouco enjoado, mas deve ser efeito da quimio.
- Eu não sei o que eu faria se o Paulo tivesse tocado pelo menos um dedo em ti.
- Papa, o senhor acabou de pedir para ninguém falar nada, vamos seguir seu conselho? E mais, o senhor é amigo há séculos do tio Paulo, não vai ser nem por mim, nem pelo Thi que vocês deixarão a amizade morrer.
- Mas filhote, ele ia te bater, nem eu faço isso. Não aceito essa atitude dele!
- Mon amour, depois nós conversamos sobre isso. Vamos deixar o Antoine descansar.
- Vamos lá para o quarto, amigo? – A Jujuba falou.
Eu não tinha nem notado a presença dela ali, na verdade, com toda aquela confusão eu nem lembrava que ela estava em casa.
- Vamos, Ju!
Jujuba e Thi me ajudaram a subir as escadas. Nós ficamos no quarto conversando sobre várias coisas, a Jujuba conseguiu até fazer o Thi sorrir de tão maluca que ela era. Nós não conversamos, mas eu sabia que ele estava sofrendo com tudo o que aconteceu. Depois de bastante tempo o doutor Bruno chega.
- Pelo visto tu já estás bem, não é Antoine? – Falou ele entrando no quarto e vendo a algazarra que nós estávamos fazendo.
- Eu disse para eles não lhe incomodarem.
- Desculpa por entrar assim, mas eu bati na porta e ninguém respondeu.
- Tudo bem, doutor! Eu já lhe considero um amigo.
- Que bom ouvir isso! – Ele falou com um sorriso no rosto – Mas agora eu posso te examinar?
- Claro!
- Se o senhor quiser me examinar, eu também deixo. – Falou a Jujuba toda oferecida.
- Depois do Antoine, Jujuba! – Falou o doutor.
O doutor Bruno fez vários procedimentos e chegou a óbvia conclusão que era tudo efeito da quimio. Mas ele pediu para eu fazer alguns exames, só para confirmar.
- Então, está tudo bem doutor?
- Já que somos amigos, pode me chamar de Bruno, Antoine. Mas sim, está tudo bem.
- Eu disse dout.. Bruno! Eles que são preocupados demais.
- Somos preocupados por que nós TE AMAMOS! – Disse Thi.
- Ele está certíssimo, Antoine.
- Acho que agora o senhor já pode me examinar. – Falou a Jujuba.
- Ah, sim! Mas vou ter que fazer isso bem rapidinho, por que meu marido está lá embaixo me esperando.
- OI? O senhor é casado? E tem um MARIDO? O senhor é do babado também?
- Bom, o Antoine perguntou a mesma coisa, então, sim, acho que sou. – Falou Bruno rindo da cara de decepção que a Jujuba fazia.
- Quanto desperdício. O senhor podia ter falado antes, pelo menos eu não teria pagado tanto mico.
- E ponha mico nisso! – Falei rindo demais daquela cena.
- Antoine, CALADO! - Ela gritou
- Bom, meninos, eu tenho que ir, como disse meu marido está lá embaixo.
- Eu te levo lá embaixo, Bruno. – Falei me levantando.
- Não, pode deixar que eu levo ele. – O Thi falou pulando na minha frente.
- Tchau, Antoine! Até mais! – Falou Bruno pegando na minha mão.
- Tchau, Bruno!
O Thi foi deixar o Bruno lá embaixo e voltou logo.
- Mas que cara abusado, meu! – Falou o Thi entrando no quarto.
- Quem? – Perguntou a Jujuba
- Esse doutorzinho!
- O que ele fez? – Eu perguntei.
- O que ele fez? Ele ficava se insinuando pra ti.
- Ah, não! De novo não, Thi! Pode parar! Já vai começar com esses ciúmes bestas?
- Besta? Ele te manda chamá-lo de Bruno, pega na tua mão, fala com a voz toda doce...
- Para, Thiago! O MARIDO dele estava lá embaixo. Tu realmente achas que ele vinha aqui em casa dar em cima de mim e de quebra ia trazer o marido dele para assistir tudo? E mais, esqueceu que foi ele que permitiu tua entrada lá no hospital, mesmo sendo proibido? Tu achas que ele ia dar em cima de mim na frente do meu namorado? Acorda, meu!
-É Thi, isso foi meio ridículo mesmo! Ele só é muito gentil e educado. Ai, bem que ele poderia ser hetero.
- Agora o ridículo sou eu?
- Eu é que não sou! – Eu falei.
- Ok, vocês não vão brigar agora, né? Já basta o que acabou de acontecer lá embaixo.
*********
- Desculpa, tá? – O Thi falou quando nós já estávamos deitados para dormir.
- Thi, eu estou começando a ficar com raiva de tantas desculpas que tu pedes.
- É que eu não sei o que me dá, quando eu vejo um cara dando em cima de ti, eu saio de mim.
- Primeiro, o Bruno não estava dando em cima de mim.
- E aquele carinha lá em Ferreira?
- O Luiz? É, ele pode até ser, mas mesmo assim, eu não estava dando mole para ninguém. Todo esse ciúme só me mostra que tu não confias em mim.
- Claro que eu confio!
- Claro que não!
- Se tu sempre achas que as pessoas estão dando em cima de mim, e se tu achas que eu correspondo, é óbvio que tu não confias em mim.
- Eu confio em ti, confio mais que em mim mesmo.
- Então, eu acho bom tu começares a mostrar essa confiança.
- Des...
- Thiago, se tu pedires desculpa mais uma vez, eu te coloco para dormir lá com o Guillaume.
- De... Opa, tudo bem! Não quero dormir com teu irmão, ele ia fazer eu passar a noite brincando de carrinho com ele, agora ele acha que eu sou tio dele.
- Bobo! Olha, tu tens que agradar teus cunhados.
- Tu ainda estás com raiva de mim?
- Não, não estou! E isso é quase um pedido de desculpas, viu? – Falei sorrindo.
Nós dormimos logo depois, até que eu não estava me sentindo tão mal com a primeira aplicação da quimio. Dessa vez foi bem diferente. Os dias passaram e eu consegui fazer todas as seções de quimio. Meu organismo, graças a Deus, reagiu bem às novas drogas. Bruno ficou super feliz com os resultados.
Depois de dois meses eu consegui finalizar o tratamento, mas infelizmente eu teria que fazer o transplante de medula. Nós já estávamos em dezembro de 2009. Dia 05 de dezembro foi a minha primeira consulta para começar a me preparar para o transplante. Várias pessoas fizeram os testes para ver se eram compatíveis comigo, acabou que a Pâmela era compatível e ela se predispôs a fazer a doação de medula.
O Bruno estava tão feliz, mas tão feliz com a minha melhora e com o fato de termos tido muita sorte em ter encontrado um doador compatível comigo, que maman o convidou para jantar lá em casa.
Durante esses meses de tratamento, eu não ouvi ninguém falar do tio Paulo, não sei se era por que ninguém queria me preocupar ou se ele tinha sumido mesmo. Toda vez que eu perguntava para o Thi ele fugia do assunto, tia Joana também nunca quis falar sobre esse assunto. Então, eu tinha quase certeza que ninguém queria falar desse assunto comigo para não me preocupar. Eu percebia que o Thi ainda estava desconfortável com esse assunto, mas ele não se abria de jeito nenhum comigo.
A Jujuba continuava muito estranha, ela de vez enquanto sumia e falava que estava conversando com o Carlinhos, essa história continuava muito estranha para mim. A Loh sempre estava presente, mas de vez enquando ela também sumia, e esses sumiços nunca tinham uma explicação.
O Thi não saia do meu lado nenhum segundo. Quando o Bruno falava comigo, eu percebia que o Thi tinha vontade de torcer o pescoço do meu médico/amigo. Ele estava sentindo ciúmes de todos e de tudo. Isso já estava começando a me irritar.
A noite do jantar chegou, ele ficou marcado para o dia 12 de dezembro, nós já iriamos comemorar meu aniversário que seria daqui a três dias, por incrível que pareça, esse dia seria também o dia do transplante.
- Boa noite a todos! – Disse Bruno assim que entrou em casa.
- Boa noite! – Maman e Papa falaram juntos.
- Boa noite, Antoine! – Falou o médico me dando um beijo no rosto.
- Boa noite, Bruno! – Falei sorrindo. – Cadê teu marido? Eu pensava que ele vinha também.
- Pois é, ele teve uns probleminhas e não pôde vir.
- Boa noite, Bruno! – o Thi falou apertando a mão dele.
- Boa noite, Thiago! – Parecia que saia faísca entre os dois.
- Venha aqui, doutor, sente-se conosco. – Papa disse
- O senhor pode me chamar de Bruno, seu Carlos!
- E o senhor pode me chamar somente de Carlos.
- Tudo bem, Carlos!
- Aceita alguma coisa para beber?
- O que tu tens aí?
- Vem cá, olha aqui no bar.
Papa e Bruno se levantaram e foram olhar o bar que o Papa tinha em um dos cantos da sala. Ali tinha muita bebida, por onde ele viajava, ele trazia algumas garrafas, vinho era o que mais tinha ali, ele trazia muitos de Guyane.
Maman e tia Joana conversavam super animadas, nem davam muita atenção para nós. O Thi e eu aproveitamos para namorar um pouquinho. Fugimos e fomos para área onde ficava a piscina de casa. Ele sentou em uma daquelas cadeiras de pegar sol e eu sentei na perna dele. Essa área é a parte mais bonita da casa, tem uma piscina relativamente grande, e um jardim de flores tropicais que encanta qualquer pessoa. A iluminação dali fazia com que o lugar, a noite, ficasse muito mais aconchegante.
- Eu te amo, sabia? – Ele me perguntou.
- Eu também te amo, Thi!
- Eu nem acredito que isso tudo vai acabar.
- Eu também não, eu nem acredito que eu sobrevivi a tudo isso. Eu, em muitos momentos, pensava que eu ia morrer.
- Eu nunca pensei nisso, eu sempre soube que tu ias viver.
- Eu nunca te agradeci por tudo o que tu fizeste por mim durante esse tempo todo, tu nunca me deixaste, sempre esteve ao meu lado, cuidando de mim. Eu te amo ainda mais depois de termos passado juntos por essa doença.
- Não precisa me agradecer, eu fiz isso tudo por que eu te amo, por que eu não saberia viver sem te ter ao meu lado. – Ele falou me dando um beijo.
Nós ficamos ali apreciando o jardim por um bom tempo, até que maman aparece.
- Ah, achei vocês!
- Maman?
- Sim, chéri! – Ela falou saindo de trás de uma planta.
- Por que a senhora estava escondida, tata?
- Eu não estava escondida, eu só estava olhando minha plantinha ali.
- Sei, sei, sei... – Eu falei rindo.
- Eu vim aqui chamar vocês para jantar, estamos todos esperando por vocês.
- Ah, já estamos indo. – Falei me levantando.
- Amor, espera um minutinho. – Thi falou ainda sentado.
- Vamos logo, Thi! Eu estou com fome!
- Amor, espera só um minuto?
- Bom, enquanto vocês se decidem ai, eu vou na frente.
- D’accord, maman! Nós já vamos chegar lá.
- D’accord, chéri! – Maman falou indo em direção a casa.
- Thi, por que tu mandaste eu esperar?
- Por que não dava para eu me levantar assim na frente da Tata. – Ele disse se levantando
Ele estava com a barraca armada, e beeeeeem armada.
- Thi! Tu não te controlas, não?
- Amor, tu estavas sentado no meu colo, tu ficavas te mexendo toda hora, como que eu não ia ficar assim.
Nós esperamos alguns minutos, e quando já não tinha mais um volume tão evidente, nós fomos nos juntar aos outros.
- Nossa, até que enfim, eu estou verde de fome, meninos! – Falou tia Joana.
- Desculpa, tia! A culpa é do seu filho! – Falei sorrindo.
- O que ele aprontou dessa vez?
- Nada, mãe! Vamos jantar? – Thi falou super sem graça.
- Vamos!
Na mesa Maman e Papa sentaram nas pontas, tia Joana sentou ao lado do Thi e o Bruno sentou ao meu lado. Quando chegamos, os três já estavam sentados, o Thi foi praticamente obrigado a sentar ao lado da minha tia. Meus irmãos já tinham jantado e foram obrigados a dormir mais cedo. Tadinhos!
- Vocês demoraram muito, meninos...
- Desculpa, tio!
- Bom, vamos comer? – Eu falei.
- Olha, que bom que tu estás com fome, Antoine.
- Ah, é que essa qumio foi diferente, Bruno. Eu não virei um personagem de filme de terror macabro. – Falei rindo.
- Eu te disse que seria diferente. – Falou meu médico com um sorriso lindo no rosto.
Nós jantamos e conversamos bastante, em um determinado momento, Maman e tia Joana conversavam sobre coisas de mulher (moda, cabelereiro e sobre a vida dazamiga kkk), Papa e Thi conversavam sobre alguma coisa que eu não entendia. Eu estava calado ao lado do Bruno, até ele puxar conversa.
- Então, Antoine, tu e o Thiago estão juntos há muito tempo?
- Bom, nós somos amigos da vida toda, mas como namorados nós ainda não completamos nem um ano.
- Ah!
Ficamos mais um tempo em silêncio e dessa vez eu puxei assunto.
- E tu e teu marido? Há quanto tempo vocês estão juntos?
- Nós namoramos durante muito tempo quando éramos jovens, só que quando eu tinha 20 anos eu fiquei doente e fiz a mesma burrada que tu fizeste. Nós nos separamos por muito tempo, eu fui estudar fora, me formei em medicina em São Paulo. Quando eu voltei para Macapá nós nos reencontramos, primeiro nós começamos como amigos, mas depois o sentimento começou a renascer. Nós estamos casados há dois anos. – Ele falava mas eu não percebi muita felicidade no relato dele.
- Mas está tudo bem entre vocês? Eu te senti um pouco triste ao relatar tudo isso.
- Não, está tudo bem! – Ele falou ainda triste.
- Ele não quis vir hoje, não é?
- Não!
- E por isso tu estás triste?
- Não, não é por isso! Mas eu também não quero falar sobre coisas tristes hoje. – Ele falou com um falso sorriso.
- E do que nós vamos falar, então?
- Que tal nós nos conhecermos?
- Mas nós já nos conhecemos, Bruno. – Falei sorrindo.
- Eu sei, mas eu não sei nada de ti.
- Opa, eu acho que tu sabes muita coisa sobre mim, afinal tu és meu médico.
- Pois é, eu te conheço como médico, mas agora eu quero te conhecer como um amigo.
- Atah! Então, o que tu queres saber?
- Bom, para começar, o que tu gostas de fazer?
- Bom, eu amo ler, escutar músicas, adoro sair com meus amigos.
- De que músicas tu gostas?
- De quase todas, sou bem eclético. Eu só não gosto muito de funk e melody (Gente, melody é um estilo de música que é horrível, ele é característico daqui do norte. Há quem goste, mas eu não suporto isso!), funk eu ainda escuto quando já estou porre, mas melody não desce de jeito nenhum. – Falei soltando uma gargalhada.
- Tu bebes?
- Quando eu bebia... eu bebia um pouquinho, nada em exagero.
- Atah!
- E tu, o que tu gostas de fazer?
- As mesmas coisas que tu gostas, mas a diferença é que eu amo cinema, se eu pudesse eu iria toda semana.
- Ah, eu também gosto muito de cinema e de assistir filme em casa também.
- Filme em casa, com pipoca, chocolate e várias outras guloseimas é sempre muito bom. – Ele falou sorrindo.
- Verdade!
- Olha, a gente poderia marcar de assistir um filme depois que tu fizeres o transplante, o que tu achas?
- Ah, legal! Eu topo!
- A conversa aí está boa, não é? – Falou o Thi do outro lado da mesa com uma cara de bunda.
- Está mesmo! – Falou o Bruno.
Nessa hora, eu pensei que o Thi ia dar um bom soco no meu médico, pois foi o Bruno falar isso e ele se levantou da mesa arrastando a cadeira.
- O que deu nele? – Perguntou tia Joana dando uma pausa na conversa que ela estava tendo com Maman.
- Não sei, Tia! Deve ter ido ao banheiro.
- Atah! – Falou ela mergulhando na conversa novamente e deixando a saída do Thi de lado.
- Ele saiu daqui pelo meu comentário? – Bruno me perguntou baixinho.
- Não! Imagina! – Falei tentando disfarçar.
- Não quero criar problemas pra ti, Antoine.
- Isso não é problema nenhum, Bruno. Eu te considero um amigo, e eu prezo muito pelas minhas amizades. Não te preocupas com coisa boba, ok?
- Unrum.
Nós ainda conversamos sobre diversas coisas, nessa noite eu pude conhecer um Bruno totalmente diferente do que eu conheci durante esses meses. Ele era um cara engraçado, divertido, que colocava o astral lá em cima, tinha uma conversa muito boa, e claro ele é LINDO de morrer. Descobri que ele tinha somente 30 anos, achei ele bem novo para o cargo que ele ocupava no hospital.
*******
- Bom, acho que está na minha hora. – Falou Bruno se levantando do sofá.
- Mas já, Bruno? – Perguntou Papa.
- Já sim, Carlos! Amanhã tenho que estar bem cedinho no hospital.
- Que pena, ainda ia te mostrar uma cachaça guianense.
- Fica para a próxima. – Falou ele sorrindo.
- Bom, já que é assim...
- Bom, boa noite a todos! Ange, sua comida estava uma delícia, muito obrigado pela excelente recepção.
- De nada, mon cher! Depois do transplante de Antoine, nós faremos outro jantar para comemorar, o senhor já está convidado.
- Ah, muito obrigado!
- Vamos, Bruno, eu te deixo lá no portão. – Eu falei indo em direção a porta.
- Ah, que bom!
Nós fomos andando em silêncio. Quando chegamos no portão o Bruno se despede de mim.
- Antoine, adorei a tua família. Foi uma noite bem divertida.
- Verdade! Vamos marcar mais vezes, na próxima tu trazes teu marido. – Falei sorrindo.
- É! Bom, tchau então! – Ele falou me dando um beijo no rosto – Boa noite!
- Boa noite, Bruno!
Ele entrou no carro e eu fiquei esperando ele dar a partida. Quando o carro já estava longe, eu entrei em casa.
- Vem cá! Nós precisamos conversar! – O Thi apareceu no jardim da frente de casa me puxando pelo braço.
- Me solta, Thi! Tá me machucando!
- Que história é essa de ficar todo de papinho com esse doutorzinho? E que beijo foi aquele?
- Que beijo, Thi? Tu estás imaginando coisas.
- QUE BEIJO? ESSA PORRA DE MÉDICO TÁ DANDO EM CIMA DE TI DESDE DAQUELE DIA QUE EU CHAMEI ELE PRA VIR AQUI EM CASA.
- Thiago, para de gritar! Tá pensando o que? E ele NÃO está dando em cima de mim! Ele é C-A-S-A-D-O!
- E ELE NÃO PODE QUERER TRAIR O MARIDO DELE?
- E tu? Tu já te perguntaste se eu quero te trair?
- Tu não serias nem doido!
- Eu nunca te trairia, Thi. Nunca!
- Eu acho bom!
- Mas eu não faço isso por ti, eu faço isso por que eu sou assim. Agora, se tu não me conheces mesmo depois de todos esses anos, eu não sei o que eu estou fazendo ao teu lado. Tu não confias em mim, tu nunca confiaste em mim. – Falei e dei as costas pra ele e fui em direção a porta de entrada de casa.
Quando eu entrei, Maman ainda estava na sala conversando com tia Joana.
- Como elas conversam, folego! - Eu pensei
Eu entrei e não falei nada com elas, subi para o meu quarto e fui tirando a roupa para tomar um banho. Quando eu já estava debaixo do chuveiro, o Thi entra pelado no banheiro.
- Desculpa! – Ele falou tentando me abraçar.
- Thiago, sai agora da porra desse banheiro. Podes me deixar sozinho por um minuto?
- Tu estás com raiva?
- O que tu achas?
Ele ficou em silêncio.
- Sai, AGORA!
Quando ele já estava saindo eu chamei ele.
- Thiago?
- Oi? – Falou ele rindo.
- Hoje tu não vais dormir comigo.
- Como é que é, Antoine?
- É exatamente isso que tu ouviste.