"As sensações são os detalhes que controem a história da nossa vida - Oscar Wilde"
Volto para casa e a encontro vazia. Nossa, que milagre ter a casa só para mim! Sabe, durante o caminho, do hospital até minha casa, não consegui pensar em outra coisa: por algum motivo vinha na minha cabeça a imagem do olhar daquele garoto. Aqueles olhos cinzas tem algo que eu não sei explicar, algo que me deixou muito intrigado. Por um instante me senti bem olhando nos olhos dele... Mas o que é que eu estou dizendo? Aquele foi o garoto que deixou o Pedrinho no hospital! Mas mesmo assim, naõ consegui tirar aquele olhar da minha cabeça. Jogo a mochila no sofá e ligo o som bem alto. Começou a tocar "O Que É Que Eu Faço Pra Tirar Você Da Minha Cabeça - Ivo Mozart".
"O Que É Que Eu Faço Pra Tirar Você Da Minha Cabeça?
Quanto mais eu tento te esquecer, é quanto mais eu penso em você
O que é que eu faço pra tirar você da minha cabeça?
Tudo, tudo, tudo me lembra você..."
Vou para o meu quarto, tomo um banho e vou comer alguma coisa. Estranho, já era para minha mãe ter chegado. Mal acabo de pensar nisso e já ouço um barulho na porta.
Sara (minha mãe) - FILHO, CHEGUEI!
Eu - Nossa mãe, a senhora demorou a chegar e... - Vou para a sala e olho minha mãe toda suja - O que aconteceu?
Sara - Eu estava ajudando a dona Mercedes a empacotar as coisas dela. Já não disse para você não ligar o rádio no último volume? Quantas vezes tenho que repetir isso? - Ela vai etá o rádio e desliga.
Eu - Boa tarde para a senhora também! - digo baixinho
Sara - O que?
Eu - Nada não, mãe.
Sara - Como foi a escola?
Eu - Mãe é que... - Hesitei um pouco em contar, mas ela vai ficar sabendo de qualquer jeito mesmo.
Sara - Marlon...
Eu - Aconteceu uma coisa e eu não...
Sara - Peraí, porque que você não foi para a escola? Pensei que já tivessemos conversado sobre matar aula. E você, já no primeiro dia, falta aula. Espero que tenha um bom motivo! - Ela ficou me olhando, esperando uma resposta, com as mãos na cintura.
Eu - MÃE, DEIXA EU FALAR. A SENHORA QUANDO ENGATA A PRIMEIRA NÃO PISA O FREIO NÉ? - Tudo bem que ela é minha mãe mas... CARALHO, ela nem me deixou falar!
Sara - Pode baixar a crista porque para o meu lado você não se cria não. Anda logo, estou esperando um bom motivo!
Eu - Tá, senta aqui porque a história é longa. - Sentamos no sofá e comecei a contar para ela a história, mas com ela me interrompendo o tempo todo para perguntar alguma coisa.
Sara - Nossa, coitado do Pedro. E como ele está?
Eu - O médico disse que não foi nada grave. Ele vai ficar de observação lá por uns dois dias só para ter certeza.
Sara - Ele sempre foi tão calmo e, quando resolve ficar valente vai parar no hospital!!
Eu - Verdade - a situação seria cômica se não fosse quase trágica.
Sara - Ok, mas amanhã não quero que o senhor falte aula. Pode morrer o papa, mas você vai para a escola. Me ouviu, né
Eu - Sim, senhora - Disse eu batendo continência
Sara - Hum. Já comeu?
Eu - Já. - ela se levanta do sofá e vai até o quarto dela. Dois minutos depois, volta com outra roupa bem surrada e vai em direção a porta. - Mãe, a senhora vai aonde vestida assim, igual a gata borralheira? - comecei a rir
Sara - Vai fazendo chacota mesmo, vai. Vou na casa da dona Mercedes.
Eu - Mas a senhora acabou de voltar de lá.
Sara - Virou meu segurança, foi? Vou lá continuar ajudando ela. Ela vai se mudar.
Eu - Ela vai se mudar?
Sara - É, já até vedeu a casa. Eu te contei isso, não lembra?
Eu - Não.
Sara - Só não esquece a cabeça porque está presa no pescoço. - disse isso e saiu rindo. Viram como minha mãe é um doce? Eita gênio forte da porra!
Resolvo ir para o meu quarto e dormir um pouco. Como de costume, tranco a porta do quarto, coloco meus fones e durmo...
Acordo com meu telefone tocando. Olho o visor e leio o nome. PEDRINHO??? Mas como? Aqueles sedativos fazem dormir por horas! Resolvo atender.
Eu - Alô?
Voz - Alô - Essa voz não me é estranha... Mas com certeza não é do Pedrinho.
Eu - Quem está falando?
Voz - Meu nome é Guilherme, é que eu queria entregar esse telefone que um tal de Pedro deixou aqui.
Eu - Guilherme... - Uma sensação esquisita no peito - O garoto que bateu no Pedro... O filho da puta que mandou meu amigo para o hospital?
Voz - Você é garoto marrendo que entrou na frente da minha moto?
Eu - O que você está fazendo com o celular dele?
Guilherme - Calma aí, ô garoto. Ele deve ter deixado cair quando...
Eu - Quando você bateu nele. - completei
Guilherme - Olha só, se for para ficar de ignorâcia para o meu lado eu desligo e seu amiguinho vai ficar sem celular - Engoli em seco, tive que me conter. Respirei fundo.
Eu - Tudo bem. Mas você me tirou do sério.
Guilherme - Olha, me encontra em meia hora no campinho. Sabe onde fica?
Eu - Sei, sim. - A linha ficou muda. Olhei para o visor e vi que ele tinha desligado. AQUELE DESGRAÇADO DESLIGOU NA MINHA CARA?? Calma Marlon, respira fundo. Fui para o baheiro e tomei um bom banho. Coloquei uma bermuda bege cheia bolso, uma regata branca e um Olympikus branco. Arrepiei meu cabelo e me olhei no espelho. Não é para me gabar não mas, eu estou um gato. Olhei para o relógio e faltava quinze minutos para o horário combinado. Fiquei meio apreensivo, com um frio na barriga. Fui caminhando para o campinho. Lá é um lugar bem calmo, quase deserto, cheio de árvores e flores. É o lugar onde eu vou quando quero pensar na vida. Cheguei faltando cinco minutos ainda. Sentei em baixo d uma árvore e coloquei meus fones. Coloquei para tocar "Seu Olhar - Seu Jorge" fechei os olhos. Nem percebi o tempo passar. Sabe aquela sensação de estar sendo vigiado? Abri os olhos e o vi encostado numa árvore, bem na minha frente. Vestido com uma calça jeans clara, com uma camiseta cinza clara e um All Star branco. Seus olhos estavam mais claros do que mais cedo. Ele estava me observando. Dois segundos depois, ele sorriu. Só o seu sorriso foi o suficiente para me arrepiar dos pés a cabeça. Era como se uma corrente elétrica corresse por todo meu corpo. Meu Deus, o que é isso que eu estou sentindo?
Oi gente? Quero me desculpar com todos pela demora. Digamos que eu tenho uma professora muuuuito boa que passou três trabalhos em grupo para o mesmo dia. E se um trabalho em grupo já é uma confusão, imaginem três!! Então, o que estão achando do conto? Podem soltar o verbo! Falem-me TUDO e não escondam-me NADA!!! Rsrsrs Crítica, comentários, palpites, elogios e votos serão muito bem vindos.
Até a próxima ;)